Mandou agora convocar a CARMEN PEREIRA, combatente da liberdade da Pátria. A audição está relacionada com o encargo de saúde ou seja aquela questão em que já foram ouvidos os ministros Geraldo Martins e Valentina Mendes.
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O PGR António Sedja Man
Mandou agora convocar a CARMEN PEREIRA, combatente da liberdade da Pátria. A audição está relacionada com o encargo de saúde ou seja aquela questão em que já foram ouvidos os ministros Geraldo Martins e Valentina Mendes.
Especialista apela à África Ocidental que vigie vírus Zika devido a semelhança com Ébola
Um especialista em doenças infecciosas alertou hoje 8quinta-feira) , em Washington (Estados Unidos), que os países afectados pelo Ébola na África Ocidental, incluindo a Guiné-Bissau, devem começar a fazer a vigilância do Zika, devido à semelhança dos sintomas entre ambas as doenças.
Num comentário publicado na edição electrónica da revista científica Health Security, o infecciologista Daniel Lucey, da Universidade de Georgetown, Washington, apelou à vigilância do Zika e a estudos prospectivos para monitorizar eventuais casos de microcefalia na África ocidental, em particular nos países afectados pela epidemia de Ébola, como a Libéria, a Serra Leoa e a Guiné-Conakry.
Em causa está a epidemia de Zika em Cabo Verde, país onde já se registaram 7.457 casos suspeitos desde Outubro de 2015, e o perigo de o surto se espalhar aos países afectados pelo Ébola, que estão ainda em alerta para eventuais ressurgimentos da doença.
"A apresentação clínica da infecção pelo Zika, embora extremamente ligeira quando comparada com a típica infecção pelo Ébola, pode causar uma confusão inicial, porque ambas as doenças podem provocar febre, dores musculares e articulares, olhos vermelhos e erupção cutânea", escreve Lucey.
Para o especialista, o problema é que se um paciente com infecção por Zika levantasse a suspeita de um eventual ressurgimento do Ébola, "uma cascata de desnecessárias questões médicas, de saúde pública, sociais e políticas poderia ser iniciada".
Em Fevereiro, uma avaliação de risco de Zika em África realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) colocou a Libéria, a Serra Leoa e a Guiné-Conakry na categoria de risco elevado ou moderado. Hoje, Lucey sugere que a informação sobre o Zika que se reuniu desde que essa avaliação foi feita e exige uma mudança.
Para o epidemiologista, três medidas devem ser acrescentadas, nomeadamente, uma recomendação explícita e forte para a realização de estudos epidemiológicos prospectivos para monitorizar eventuais casos de microcefalia, após qualquer caso conhecido de Zika.
Outra medida, segundo o especialista, é a discussão sobre a potencial confusão entre as apresentações clínicas iniciais de infecção por Zika e de doença de Ébola (ligeira) e a última prende-se com a disponibilização de testes rápidos para o Zika tão cedo quanto possível, "em especial na Guiné-Conakry, na Serra Leoa e na Libéria, assim como na Guiné-Bissau".
O professor de medicina e investigador do Instituto O'Neill para a Legislação de Saúde Nacional e Global passou vários meses na África Ocidental a tratar pacientes com Ébola em 2014.
"Ter testemunhado o sofrimento causado pelo Ébola leva-me a apelar agora a uma intervenção precoce sobre o Zika e a microcefalia na África Ocidental", disse Lucey. A epidemia de Zika em Cabo Verde foi oficialmente declarada a 22 de Outubro de 2015 e até 06 de Março de 2016 foram registados 7.457 casos suspeitos.
Esta semana, o Ministério da Saúde cabo-verdiano confirmou o primeiro caso de microcefalia com provável associação ao vírus Zika, adiantando que desde o início da epidemia foram registadas 165 grávidas com suspeita de infecção. A epidemia do Ébola causou mais de 11 mil mortos desde o final de 2013, na sua maioria na Guiné-Conakry, Serra Leoa e Libéria, e desorganizou os seus sistemas de saúde, destruiu as suas economias e afugentou os investidores. PortalAngop
EXCLUSIVO DC: PGR transfere juíza que recusou prender DSP
Uma fonte do ministério Público contou ao DC que o PGR, António Sedja Man, ordenou à magistrada Telma que despachasse a detenção do presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira no âmbito de um processo ligado à Câmara Municipal de Bissau.
A denúncia, contou a mesma fonte, foi feita por um tal de Zé Carlos. Segundo a magistrada Telma, as acusações eram totalmente infundadas e dai não ter acatado a ordem do PGR para prender o presidente do PAIGC.
Todos os outros magistrados que recusaram cumprir ordens para prender os outros membros do Governo, também foram transferidos. "Ele agora colocou novos magistrados para abrirem novos processos contra os membros do governo", contou a fonte. Ditadura do Consenso
FÓRUM DE CPLP REÚNE PARA ESCOLHER PRÓXIMO SECRETÁRIO-EXECUTIVO
Decorre em Lisboa o fórum de Conselho de Ministros da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), onde Guiné-Bissau está representado por Artur Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e Comunidade.
Em cima da mesa está a situação política vigente na Guiné-Bissau, (proposta de visão estratégica a crise), debate do programa da comunidade dos países falantes o português bem como a escolha do próximo Secretário-executivo da CPLP.
Quanto a esse ultimo ponto, está certo que o próximo secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) será são-tomense, disseram à agência Lusa os chefes da diplomacia guineense e cabo-verdiana.
No final de um Conselho de Ministros extraordinário da CPLP, Artur Silva (Guiné-Bissau) e Jorge Toletino (Cabo Verde) disseram que os nove países chegaram a um consenso quanto ao sucessor de Murade Murargy, em Julho.
FEDERAÇÃO GUINEENSE REAGE ÀS ACUSAÇÕES DO SECRETÁRIO DE ESTADO
O Presidente da Federação de Futebol, reagiu as declarações do secretário de estado de Desporto, Conduto de Pina, que acusa a federação de incompetente, irresponsável, corrupta que nunca apresentou as contas,
Manuel Nascimento Lopes |
Por conseguinte acusa o governo de pretender transferir para a federação de futebol as disputas políticas e problemas internos do PAIGC e diz que o jogo da selecção nacional da próxima quarta-feira está em risco.
Para falar do desempenho da sua equipa e Manuel Nascimento Lopes, afirma que houve grandes melhorias nos estágios da selecção nacional. E, disse que se não fosse por ameaças e interferências do governo teria já financiado às despesas do campeonato e da selecção.
Manelinho garantiu que a federação sempre remeteu ao governo despesas do campeonato e da selecção, mas, pelo contrario, o governo nunca se dignou disponibilizar alguma subvenção a Federação.
Em declarações à Rádio Sol Mansi, Irénio Nascimento Lopes, disse que herdou a federação já cheia de dívidas, encutindo sem rodeios o seu antecessor no cargo, o que ele designou de "caso mandato de Lobato".
Mister Baciro Candé: “TEMOS QUE ASSUMIR O CONTROLO DO JOGO”
O selecionador nacional, Baciro Candé defendeu ontem, 17 de março 2016, que a selecção da Guiné-Bissau deve assumir o controlo do jogo, na próxima quarta-feira 23 de março, contra o Quénia, para vencer a partida.
Falando ao Jornal O Democrata depois de cumprir o primeiro treino [com alguns jogadores que já se encontram em Bissau] no Estádio Nacional “24 de Setembro”, Baciro Candé disse que os “Djurtus” têm a obrigação de assumir o controlo do jogo e trabalhar no máximo para alcançar um resultado positivo.
O actual treinador do sporting clube de Bissau, vai dirigir a selecção nacional sucedendo o português Paulo Torres, que passa a orientar a equipa de sub-23 até o final do ano, segundo as informações avançadas pela Federação Nacional de Futebol. Baciro Candé [coajuvado por Romão dos Santos] divulgou a lista oficial dos jogadores convocados.
O jogo da seleção nacional guineense contra o Quénia, é referente a terceira jornada do Grupo E do apuramento para Campeonato Africano das Nações (CAN2017).
A lista dos convocados:
- Jonas Mendes,
- Rui Dabó,
- Romário,
- Emanuel,
- Juari,
- Emanuel,
- Rudinilson,
- Eridson,
- Tino,
- Mamadu Candé,
- Agostinho Soares,
- Beto,
- Nanizio,
- Bruno,
- Sana,
- Lote,
- Toti,
- Piquete,
- Lula,
- Idi,
- Bata,
- Ansu,
- Bucundji Cá,
- Falilo,
- Zezinho,
- Mário,
- Amido,
- Santos,
- Ensa Fati,
- Ibraima só,
- Cícero,
- Tomas Dabó,
- Pedrito
- Sami
AMADU NOGUEIRA PINTO SAMBU AO JORNAL A BOLA - FUTEBOL: "QUERO DEVOLVER O BOM NOME À GUINÉ-BISSAU", DIZ ANTIGO ASTRO GUINEENSE
Alguns projectos:
"Se a minha candidatura for avante, e se ganharmos as próximas eleições: eu e o meu Staff pretendemos que no futuro venhamos a alcançar sucessos em todos os escalões e criar bases sustentadas para a nossa selecção principal, para que marque sempre presença nos grandes eventos desportivos da modalidade, ou seja CAN e MUNDIAL DE FUTEBOL" afirmou o Nogueira
"A aplicação deste projecto não tem somente a ver com a formação de futebolistas, mas também com a formação de homens para que desta forma se possa alcançar um maior êxito em todos os aspectos. A criação de uma cidade desportiva permitirá um maior desenvolvimento da actividade no país, uma cidade amplamente equipada com infraestruturas desportivas fará com que a modalidade saia reforçada e o seu êxito seja mais fácil de alcançar. Até porque o futebol deve ser utilizado como um veículo de desenvolvimento intelectual, para que desta forma se formem homens que façam uma sociedade mais justa, mas nunca deixando de lado o êxito desportivo"disse o nosso Astro Guineense-Mansoanka
"Academia de futebol anopisa" na Guiné Bissau: testes teóricos (formação)
MISSÃO DE CONSELHO DE PAZ DA UNIÃO AFRICANA CHEGOU A BISSAU
Uma missão do Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) chega no início da noite da quarta-feira a Bissau para uma visita de contacto com as autoridades da Guiné-Bissau. A missão estará no país de 16 a 20 de Março, onde procederá às consultas com diversas entidades nacionais, actores políticos, sociais para melhor compreender a situação política actual.
Segundo as informações apuradas, o objectivo da missão passa por “encontrar mecanismos de apoio e de ajuda para uma saída da crise política guineense que se arrasta já há meses”.
“Esta missão visa por outro lado manifestar a total disponibilidade da União Africana em conjugar esforços com as autoridades nacionais e em especial com os parceiros internacionais para uma melhor coordenação dos apoios necessários à República da Guiné-Bissau”, acrescentou a organização.
A delegação que estará no país de quinta-feira a domingo, será composta por todos os 15 membros do Conselho de Paz e Segurança da UA, apoiados pelo secretariado da Comissão da UA.
O Embaixador da Gâmbia junto da Comissão detém a Presidência rotativa do Conselho de Paz e Segurança no mês de março.
De referir que na semana passada uma missão do Conselho de Segurança das Nações Unidas esteve no país com o mesmo propósito de consultar as partes envolvidas na crise política.
Após vários encontros em Bissau , o chefe da missão, recomendou aos líderes guineenses o “respeito pelas regras institucionais”.
Suzi Barbosa: “EMIGRANTES GUINEENSES ENFRENTAM DIFICULDADE DE FALTA DE MÃO-DE-OBRA”
A Secretária de Estado da Cooperação Internacional e das Comunidades, Suzi Barbosa disse hoje, 14 de Março 2016, que a maior dificuldade dos guineenses na Diáspora tem a ver com a falta de emprego. A governante sustentou que a maioria dos emigrantes trabalha em “obras de construção civil”.
A governante falava a’O Democrata à margem de um seminário de formação de cinco dias promovido pela sua instituição em parceria com o Programa da União Europeia de Apoio aos actores não estatais (UE_PAANE), em matéria da capacitação dos técnicos em administração e secretariado.
Barbosa anunciou que durante o seu périplo por diferentes países europeus, pediu às autoridades daqueles países o apoio aos emigrantes que desejam regressar à pátria.
“Devido à situação de dificuldades muitos têm ficado sem pagar rendas de casas onde moravam e acabaram por ficar nas ruas. Isso levou-nos a fazer uma diligência junto das autoridades com vista a uma redução do custo de rendas com base em dificuldades vigentes”, contou.
Relativamente à situação da integração e documentação dos cidadãos guineenses na diáspora, assegurou que os emigrantes guineenses não têm problemas em áreas mencionadas e não se regista muitas queixas em casos de criminalidade.
Sobre o seminário em curso, assistido por mais de duas dezenas de participantes, Suzi disse ser preocupante a situação de diferentes instituições do Estado guineense e defendeu a necessidade de se “formar mais e melhor os técnico-profissionais” para garantir a eficiência e eficácia na gestão laboral das instituições públicas.
“Com quadros técnicos capacitados e eficientes para executar as tarefas que os esperam. É muito importante capacitar os técnicos para adoptá-los das competências técnicas e específicas para juntos actuarmos como profissionais e aptos para correspondermos às demandas da população”, disse a governante.
ERNESTO DABÓ, MÚSICO, ESCRITOR E ACTIVISTA: "QUALQUER INDIVÍDUO É UM PRODUTO CULTURAL"
ERNESTO DABÓ
Podia ser o Mohamed Dabó, mas para que pudesse ir à escola teve que mudar de nome. Hoje éErnesto Dabó, convidado do Roteiro Literário, o músico, escritor, jurista, activista cultural e político que deu a conhecer ao Hoje Macau a vida que fez com que faça o que faz.
As histórias têm um início… a cultura na sua vida, como aconteceu?
Começou em casa. Os meus pais motivaram-me desde muito cedo para o estudo e então começamos todos em casa a relacionarmo-nos com os livros, com outras esferas da cultura e aí por diante. No meu caso particular, desde muito cedo senti que tinha um gosto especial por estas áreas e em determinado momento já estava a fazer música e depois a escrever e assim por diante.
Uma educação motivada para o conhecimento numa família Muçulmana que o pôs a estudar na Missão Católica. Como é que isto aconteceu?
Nasci em Bolama, e o meu pai era um indivíduo que tinha a sua visão da vida, tinhas os seus conceitos e o regime colonial não oferecia muitas escolhas, nomeadamente as estruturas escolares. As mais abertas eram as chamadas missões católicas que davam instrução primária. Mas para ser matriculado nessas escolas, para ser aluno tínhamos que praticar a religião cristã: estudar a catequese, ir às missas e inclusivamente o meu nome Ernesto é uma imposição colonial. Naquele tempo, para ser matriculado tínhamos que ter um nome cristão. O que também aconteceu no meu caso. Quando me fui matricular mostrámos o meu nome e disseram que não era possível, quando chegámos a casa o meu pai pegou no nome Ernesto e disse “o importante é que ele vá para a escola”. Houve ainda a particularidade do meu pai nunca ter pressionado ninguém para a sua fé. Admitiu que nós praticássemos a religião que entendêssemos. E o meu caso foi esse, conheci a religião cristã, evolui na mesma até que cheguei a uma altura em que disse “agora não pratico nada”. Agora penso que há qualquer coisa que gere este universo e respeito muito isso, mas o essencial é praticar tudo aquilo que é a recomendação positiva de qualquer religião. Faço questão de fazer da vida um acto de partilha. Enquanto conseguir isso estou seguro que estou bem .
Também é conhecido pela sua actividade politicamente interventiva, e em plena época colonial, dirigida à independência. Quando a determinada altura foi para Portugal, já tinha esta consciência? Como é que esta problemática ganhou forma?
Quando fui para Portugal ainda não tinha esta consciência, era ainda muito novo, com 13 ou 14 anos. Ela nasce também com a minha família. Na altura estava em Portugal com um irmão meu e ele já percebia o que se estava a passar no país. O meu pai também mais uma vez, foi alguém que estava ligado em Bolama, a essa corrente de pessoas que já estavam a perceber que a libertação nacional era um projecto que tinha que ir para a frente. Associando estas questões comecei a observar o que se passava, a aprender e a ler, e como gostava muito de ler fui aprofundando as coisas. Depois também tive a sorte de ter bons amigos, com quem cresci e que alguns, da classe média portuguesa, eram também gente com uma cultura muito diferente e que me deram muitas dicas no sentido de perceber o que se passava. E depois também era fácil entender que eu era diferente. Sou negro, estou numa sociedade portuguesa, branca, que na altura, por sinal, não era assim tão culta e desenvolvida e juntando o meu carácter e a minha curiosidade em saber o que se estava a passar e porque fui forjando a minha consciência política até ter percebido, “ah, afinal é isto e não tem nada de mal, afinal a prova está aqui e agora compreendemos que afinal estávamos todos no mesmo barco”. Era o fascismo a fazer estragos em Portugal e era o colonialismo a fazer estragos na Guiné e eram combatentes pela democracia em Portugal e combatentes lá também. Gostei imenso de ter vivido este período.
Ainda antes do 25 de Abril, e já com essa consciência política, ingressou no exército, na Armada Portuguesa. Como foi para si estar na “trincheira do inimigo”?
Sim, foi das coisas mais giras que me aconteceram na vida. Fui recrutado, porque na altura era mesmo assim, mas ( vou-lhe revelar aqui algo que nunca revelei) eu já tinha relações com as estruturas que funcionavam da luta pela libertação. E quando entro para a Marinha, vou, e acontece uma coisa milagrosa – ainda há dias tivemos um almoço em Lisboa para celebrar os 45 anos desse encontro – um capelão da unidade resolveu criar um conjunto musical e como vinha com alguma experiência da Escola Agrícola onde tinha estado, convidaram-me para participar no projecto e participei. Aquilo ganha dimensão e o capelão propôs aos comandos da altura da Marinha para que esse conjunto, chamado “Os Náuticos”, começasse a animar no Ultramar, que fizesse uma digressão . Estava no conjunto como vocalista do grupo e lá no fundo disse “ isto vem mesmo a calhar, vou dar tudo por isto e vou fazer uma tropa de música e assim ninguém me põe a fazer guerra contra mim mesmo. E isso foi no fundo o que fiz, mas essa passagem pela vida militar foi ainda uma escola de vida muito importante para mim.
Em que sentido?
No sentido, por exemplo, humano! Estamos num período de guerra e as amizades que ganhei nesse período ainda hoje são as maiores amizades que tenho. Depois do ponto de vista da minha consciencialização, essa digressão em que estivemos na Guiné, Cabo Verde, Angola e Moçambique, foi aí que, finalmente, conclui esse processo “de tomada de consciência”. No contacto com a realidade. Estava fora da Guiné deste garoto e foi um choque brutal, extramamente interessante. Os meus amigos e os meus colegas da tropa que conhecia bem e que tínhamos confidências, também estavam contra a guerra mas não podiam fazer nada. E chego à Guiné e a guerra está a fazer mal às pessoas que não a querem . Foi um drama humano que não sei explicar. Vivi isto de forma dramática, fechava-me no quarto a pensar “mas, caramba, pessoas amigas aqui, ninguém tem nada contra mim enquanto pessoa e depois vês pessoas que o que têm para fazer é matar”. É das coisas mais absurdas que eu já vi na vida e que me marcou profundamente.
Um outro aspecto é que a vida militar permitiu-me amadurecer como homem. Saber que eu devo contar comigo em primeiro lugar. Não tem pai, nem mãe nem irmão, é a tropa. Mas no fundo posso dizer que não me arrependo de nada nessa trajectória porque me valorizou muito. Aliás, em toda a minha vida tenho tido dificuldades e problemas , mas graças a esta escola de vida também tenho sabido saber sair e saber entrar. E tive a sorte de não confundir nada. De separar as águas, por isso é que mantenho as amizades que tenho, que são fraternas.
Em 74 regressa à Guiné, e paralelamente inaugura o mercado musical Guineense com os Djorson e o disco “folclore da Guiné….
Antes de regressar, ainda em Lisboa, com uns amigos em Lisboa criámos esse grupo, ainda na tropa. E gosto de criar, não consigo estar sem criar, e naquela altura disse “temos que ter um disco, Angola tem, Moçambique também, todos têm, nós também vamos ter que ter um disco. Então peguei no projecto, ensaiámos, gravámos e fui ter com o meu mais velho Rui Mingas que já tinha uma carteira de relações, era uma figura respeitada e tinha vários contactos. Ele disse que ia ver o que podia fazer, ligou ao Victor Mamede que foi o produtor do nosso disco e gravámos um single com duas canções e foi o primeiro disco da discografia da Guiné.
Cobiana Djazz, mais que um agrupamento musical, um projecto multifacetado…
Iniciou-se como um agrupamento musical, mas para mim extravasou essa condição, aliás até estou a preparar um ensaio acerca disso que se chamará “ O movimento Cobiana Djazz”. Desencadeou uma série de consequências na nossa vida cultural, quebrou uma série de tabus, o primeiro é que não se cantava em crioulo coisas modernas, uns até diziam que o crioulo não era uma boa língua para cantar e nós começámos a cantar em criolo o que motivou com este projecto a criação de poemas em crioulo e letras para músicas . Os espaços nobres de dança em Bissau alargaram para as periferias, e mais, começou a ser um instrumento de divulgação de várias ideias e influenciou várias coisas da vida da sociedade guineense e pela primeira vez uma cultura urbana estava a ganhar espaço. Passado pouco tempo as canções da Guiné Bissau já estavam a circular pelo mundo fora, transformando-se em mais um veículo da luta que estava a decorrer. Estravazou os limites de uma simples orquestra e tornou-se um movimento cultural.
Da sua relação entre as experiências que foi tendo e o que faz…
Qualquer individuo é um produto cultural, por isso se quiser fazer arte, se quiser produzir cultura, não há outra reserva, a reserva que tem é aquele que temos em nós.
O seu último trabalho escrito “PAIGC: Da Maioria Qualificada à Crise Qualificada” é um um livro político de um homem da política e das artes que (re)olha para o seu país. Como é que o vê, bem como à cultura e à sua importância, nos dias que correm?
As nossas crises têm como fundo a alienação, uma crise cultural. No dia em que a nossa elite política começar a reflectir na cultura nacional e com a realidade nacional, tenho a impressão que vai ser mais humilde e mais responsável. Porque às vezes estão com cargos políticos mas a reflectir como se fossem administradores coloniais, e isso choca.
“Podem tirar o homem da favela mas não podem tirar a favela do homem”, é isto que sente, mas no que respeita a esse pensamento colonial?
É isso! O elemento de dominação mais importante é cultural, faz a pessoa negar-se a si mesma e subjugar-se ao outro, e segui-lo sem saber que tem o seu próprio caminho. E a luta de libertação é um facto de cultura porque rompe com isto e porque permite seguir por ti e para ti.
hojemacau.com.mo/Conosaba/MO
CPLP ALERTA PARA POSSIBILIDADE DE FADIGA DOS DOADORES INTERNACIONAIS QUANTO À GUINÉ-BISSAU
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) encorajou as autoridades da Guiné-Bissau a"procurarem soluções políticas duradouras que garantam a estabilidade política" e a continuidade do apoio internacional, alertando para a "possibilidade de fadiga" dos doadores.
A posição consta do comunicado final da XIV reunião extraordinária do Conselho de Ministros da CPLP, que hoje decorreu na sede da organização, em Lisboa, e que decidiu também estender o mandato do representante especial da comunidade [o cabo-verdiano António Alves Lopes] em Bissau, até 31 de julho de 2016".
"[O Conselho de Ministros] encorajou, assim, as autoridades da Guiné-Bissau - Presidente da República, Assembleia Nacional Popular, Governo, e principais partidos políticos - a procurarem soluções políticas duradouras, que garantam a estabilidade política e permitam que a comunidade internacional possa manter o seu apoio, no quadro dos compromissos assumidos na conferência de parceiros para o desenvolvimento, que teve lugar em Bruxelas, em março de 2015", lê-se no comunicado.
Lusa/MO
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