CEDEAO PEDE DIÁLOGO PARA RESOLVER CRISE POLÍTICA NA GUINÉ-BISSAU

XNB24 DAKAR (SENEGAL), 26/3/2012.- Foto de archivo del 29 de febrero de 2012 donde aparece el candidato de la oposición y anterior primer ministro Macky Sall, hablando en una conferencia de prensa en Dakar, Senegal. Los senegaleses celebraron la victoria de Macky Sall en la segunda vuelta de las elecciones a la presidencia ayer, 25 de marzo. Según la cadena de televisión estatal el presidente Abdoulaye Wade admitió la derrota y telefoneó a su rival Macky Sall para felicitarle por la victoria. En los alrededores de la sede del partido de Sall, miles de personas se congregaron para celebrarlo bailando por las calles, lanzando fuegos artificiales y cantando. EFE/NIC BOTHMA.

O Presidente do Senegal e da Autoridade dos Chefes de Estados da Comunidade Económica do Estados da África Ocidental (CEDEAO), Macky Sall, pediu ontem uma solução através do diálogo para a crise política na Guiné-Bissau.
“O Presidente (Sall) está confiante e acredita que é possível encontrar uma solução pacífica e sustentada para a crise, através de um diálogo concertado envolvendo todos os atores políticos da Guiné-Bissau, em estreita colaboração com os parceiros regionais e internacionais”, refere uma nota publicada no portal da CEDEAO.
No comunicado, o líder senegalês mostra-se “preocupado” com o facto de os desentendimentos entre o Presidente Vaz e o primeiro-ministro Simões Pereira terem levado o chefe de Estado a demitir o Governo.
Sall lamenta que os esforços da CEDEAO e da restante comunidade internacional no sentido de resolver a crise não tenham tido resultado.
De acordo com o comunicado, o Presidente Sall considera que a crise “pode afetar os compromissos dos doadores da Guiné-Bissau” que numa mesa redonda realizada em março, em Bruxelas, anunciaram mil milhões de euros de intenções de apoio.
“A prioridade deve ser o bem-estar dos guineenses, impulsionado pela reconciliação nacional, democracia, boa governação e desenvolvimento”, acrescenta.
Apesar de “aplaudir a atmosfera pacífica observada até agora no país”, Macky Sall “apela aos líderes políticos para continuarem a explorar formas pacíficas para resolver o atual impasse e insta as forças de defesa e de segurança a manterem o compromisso de ficarem fora da política”.
O Presidente da República demitiu na quarta-feira o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, num decreto em que se justifica com quebra mútua de confiança, dificuldades de relacionamento e sinais de obstrução à Justiça por parte do Executivo.
Num discurso à nação, Vaz acusou ainda o primeiro-ministro e o Governo de corrupção, nepotismo e de falta de transparência na gestão pública.
Domingos Simões Pereira anunciou na quinta-feira estar “chocado” pela maneira como o Presidente “faltou à verdade” e refutou as acusações.
O executivo estava em funções há um ano, depois de o PAIGC vencer as eleições com maioria absoluta e de ter recebido duas moções de confiança aprovadas por unanimidade no Parlamento – para além de ter o apoio da comunidade internacional.
Apesar de todas as forças políticas e várias entidades, dentro e fora do país, terem feito apelos públicos dirigidos ao Presidente no sentido do diálogo e estabilidade, José Mário Vaz decidiu derrubar o Governo e pediu ao PAIGC que indique um novo nome para primeiro-ministro.

Fonte LUSA

Espanha preocupada com "crise institucional" vivida

O Governo espanhol manifestou ontem oficialmente "uma certa preocupação" com a "crise institucional" vivida na Guiné-Bissau, esperando que os acontecimentos políticos "não ponham em causa os passos dados nas últimas eleições presidenciais e legislativas" naquele país.


"O governo de Espanha está a seguir com atenção e uma certa preocupação a crise institucional na Guiné-Bissau e espera que os acontecimentos políticos dos últimos dias não ponham em causa os passos dados após as últimas eleições presidenciais e legislativas de 2014, em prol do desenvolvimento económico do país e da sua estabilidade política e institucional", indicou o Ministério dos Assuntos Exteriores de Espanha.

O comunicado oficial do Ministério dos Assuntos Exteriores (Negócios Estrangeiros) surge um dia depois de a agência Lusa ter questionado o governo espanhol sobre o facto de o presidente guineense, José Mário Vaz, ter demitido o executivo do seu país.

O Governo espanhol deixa ainda um aviso às instituições guineenses, afirmando que o diálogo é fundamental para que se mantenham os compromissos dos doadores internacionais.

"Espanha apela ao diálogo construtivo entre todos os actores institucionais e considera que o mesmo é essencial para a preservação da estabilidade e do bom governo, dentro dos parâmetros estabelecidos pela Constituição, e para garantir o compromisso da comunidade internacional para com a Guiné-Bissau, tal como foi acordado na Mesa Redonda de Doadores realizada em Bruxelas no passado mês de março", indica o comunicado do executivo espanhol.

No entanto, Madrid reafirma "o seu compromisso para com a transição e consolidação democráticas na Guiné-Bissau, bem como com o desenvolvimento e o bem-estar da sua população".


 

Milhares de mulheres percorreram as ruas de Bissau para pedir a resolução da crise política no país.


A marcha nas ruas da Guiné Bissau na última sexta-feira serviu para chamar à atenção para a situação no país, na semana em que o Presidente da República demitiu o Governo.

Elisa Tavares Pinto, da rede Paz e Segurança, esclarece que esta marcha de protesto serve para lançar um "apelo à paz e estabilidade".

Durante o protesto, a polícia interditou o acesso a várias ruas, mas a marcha decorreu sem qualquer incidente.

 

(Elisa Tavares Pinto, líder da Rede das Mulheres para a Paz na África Ocidental 
Facebook Elisa Tavares Pinto)


COMUNICADO DO GOVERNO


A mega-manifestação contra o decreto presidencial, de apoio e de solidariedade ao governo deposto  do Engº Domingos Simões Pereira, está (re)confirmada para o dia 17 de Agosto de 2015

PROGRAMA
Hoje, dia 17 de Agosto (Segunda-feira)
07HOO – Concentração nos Círculos Eleitorais;
– Marcha a partir da Chapa de Bissau; 
– Marcha a partir do Largo da Câmara de Bissau;
14H00 – Concentração de todos Círculos Eleitorais na PRAÇA DOS 
HERÓIS NACIONAIS (Império);
– ATO CENTRAL DECORRE NA PRAÇA DOS HERÓIS NACIONAIS

Opinião: GUINÉ-BISSAU E A NECESSIDADE DE UMA NOVA CÂMARA POLÍTICA

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Por: Tamilton Teixeira

A Guiné-Bissau vive o seu mais inesperado momento instável de sua dita democracia semipresidencialista. O que se vive e se assiste, é uma  crise Inter institucional  frenética entre presidência e primatura, que resultou na queda do governo legalmente constituido. Concordamos que na verdade ninguém sabe a essência, o fulcro dicotômico entre o Presidente da República e Primeiro-Ministro, apesar das múltiplas comunicações de cada lado e estrategicamente elaborados para tentar  fintar o povo. Desde a inauguração de sistema democrático importado sem um estudo prévio, o País sempre viveu graves momentos institucionais como destituição dos sucessivos governos democraticamente eleitos através de sufrágio livre.
A verdade é que ninguém esperava que algo desta natureza acontecesse num curto espaço de tempo, por mais que na Guiné tudo pode-se, esperar devido seu histórico de “País instável”. Após mais de dois anos de instabilidade do governo de transição, nascido do golpe de Estado de 12 de abril 2012 que perturbou o já moroso percurso dos guineenes, agora o povo vê-se  suas escolhas nas incertezas. É praxe que as crianças perguntem e ou, os leigos de Direito constitucional questionarem se ambos foram eleitos num processo díspar porque um teria que ter a legitimidade de destituir o outro mesmo quando os que lhe deu a legitimidade não assim querem. Na verdade o que continuamos ver na nossa importada constituição, é um Presidente com pouca poder de ação governativa mas, com uma potência de derrubar o governo quando bem entender e ainda o que considero mais autoritário presidir concelho dos ministros quando bem entender (vide constituição nas disposições sobre poder de presidente).
Por que motivo propôs a criação de uma nova Câmara Politica? Na verdade, temos um modelo de Estado caducado e que não condiz nunca com nível cultural dos nossos políticos estadistas. Digo isto porque entendo que, há uma escassez de cultura de Estado, do espírito publico e de zelo pelo bem estar e paz democrática. Os presidentes da História da Democracia guineense costumam ver e aproveitar da nossa débil e lacunosa constituição a possibilidade de fazer Justiça pessoal. Foi o caso de Nino Viera e Carlos Gomes e agora também de Mário Vaz e Domingos Pereira. Uma coisa pode-se concluir com o que se está a passar na Guiné, brincadeira de falta do diáloga para derrubar a vontade popular começou a ser uma ofensa a massa popular, isto nos demonstra um nível de maturidade política da população.
Para defender a minha tese propus que a Guiné tivesse um presidente e governantes que assumiriam o compromisso de criar um Estado de verdade, criador dos direitos humanos sagrados, que vão investir mais vezes na educação para poder ajudar a crescer outras áreas do País. Não é mais de desejar, um País de miséria democrática, onde a corrupção é uma festa cultural e impunidade praxe. É urgente a criação de um modelo de Estado novo, forte e coeso. Para materializar isso não temos que ter homens de negócios no Estado e muito menos aventureiros na política. Vai se precisarem de um grupo de quadros políticos com uma larga experiência, mas precisaremos sobre tudo de pessoas com percurso político acadêmico, levando em consideração a vida pública.
Podemos criar um Estado alegre que possa sorrir, um País de uma cultura democrática exemplar. Hoje o povo guineense demonstrou que perdeu paciência com brincadeiras de mau gosto. Por isso exigem um presidente que seja de facto garante de Paz, dotado de ética, que saberá que nem tudo o que se pode fazer deve-se fazer. Para melhor enfatizar o papel de presidente, é desejável que uma nova câmara política guineense tenha um presidente que seja apenas observador atento e paciente, ou melhor, como disse Professor Marcelo Ribeiro Sousa, “um presidente não pode estar metido na coisa de governação, deve ser apenas o zelador e protetor da constituição”.
Sobre o governo, com a nova Câmara política seria desejável que, adotássemos um novo modelo de homens de Estado. Guiné não pode continuar a ter  empresários metido na política e coisa de governação o que só tem complicado as coisas. Dizia Mia Couto, “o País pobre produz muitos ricos porque eles usam a fome e miséria como estratégia sempre para benefícios deles”. Não pode se ter pessoas com processo no Ministério Publico a representar o povo, ou seja, nós precisamos redefinir e reformular o sentido da Política, mesmo que terá que começar nas escolas básicas, precisou começar a ensinar o conceito de Estado desde cedo aos nossos cidadãos em geral.
Investir na educação deve ser uma prioridade indispensável para que de facto tenhamos um modelo de Estado novo, forte, solidário, proporcionador de bem estar e de paz estável.
Como dizia Amílcar Cabral, nós temos que criar uma nova geração de quadros políticos para que possamos ter uma independência política. O que ele chamou de homem novo. Esse homem novo seria um ser compromissado com a nação e zelador de compromisso político Inter Geracional para recordar Rousseau.
Convido e desafio a todos guineenses a pensar um novo modelo de Estado.
“Nós queremos que tudo quanto conquistarmos nesta nossa luta pertence ao nosso povo e temos que fazer o máximo para criar tal organização, que mesmo que alguns de nós queira desviar as conquistas da luta para seu interesse, o nosso povo não deixe. Isso é muito importante.” Amílcar Cabral
Eu diria que o povo só não vai aceitar quando na realidade é verdadeiramente emancipado e isso só será possível num estado solido e crível de valores humanos e ético sagrados.

Tamilton Gomes Teixeira
Estudante da sociologia na UNILAB/Brasil

PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA AVISA QUE A FUNÇÃO PUBLICA NÃO DEVE PARAR


A Presidência da República exorta a todos os funcionários públicos a se apresentarem nos seus lugares de serviços, no dia 17 de Agosto (segunda-feira), como habitualmente.  
De acordo com o comunicado assinado pelo ministro conselheiro e porta-voz da Presidência da Republica, recorda aos guineenses, que não obstante a queda do governo, por força do 
decreto Presidencial nº 05/2015 de 12 de Agosto, os trabalhos na administração Publica continuam a decorrer normalmente.
Por outro lado da cortina, o Movimento Nacional da Sociedade Civil, comunica a população em geral que por “ordem da força maior”, a mega manifestação contra o Decreto Presidencial que derrubou o Governo do Domingos Simões Pereira, agendada para segunda-feira, 17 de Agosto, ficou protelada para uma data a indicar.
No comunicado assinado pelo seu presidente, Jorge Gomes, com a data de 16 de Agosto, pede desculpas e compreensão na desmarcação na última da hora a referida manifestação. Mas segundo disse, por “MOTIVO da FORÇA MAIOR”. 
Por agora, Só resta esperar para ver o desfecho da crise política na Guiné-Bissau, que paralisou parcialmente as instituições estatais fazendo o “tesouro público guineense a perder avultadas somas de dinheiro.”

CEDEAO adverte exército para ficar fora da crise da G-Bissau

Nações da África Ocidental no domingo advertiram o exército para ficar fora da crise constitucional da Guiné-Bissau.


O país atormentado por golpes está em turbulência política desde que o presidente José Mario Vaz demitiu Domingos Simões Pereira na quarta-feira sobre uma série de disputas, incluindo a nomeação de um novo chefe do Exército.

Presidente do Senegal, Macky Sall, que lidera a CEDEAO, a Comunidade Económica dos Estados Oeste Africano que reúne 15 países, apelou para conversações entre os dois homens.

Em um comunicado, ele instou-os "para continuar a explorar formas pacíficas de resolver o impasse e as forças armadas devem respeitar os seus compromissos para ficarem fora da política".

No sábado, o partido governamental PAIGC renomeou Pereira como primeiro-ministro apenas três dias depois ele ser demitido.

Até agora, Vaz não reagiu ao movimento.
O Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu durante a crise em curso na sexta-feira, também enfatizou que o exército deve ficar de fora.

A 2012 golpe militar atirou Guiné-Bissau no caos e mal começou a recuperar na sequência da eleição do ano passado.

Em uma declaração unânime, o Conselho de Segurança da ONU de 15 membros pediu a todos os lados para "resolver a disputa política em curso no interesse da paz na Guiné-Bissau".

Os membros do Conselho "ressaltaram a importância da não interferência das forças de segurança na situação política."

 O Presidente do Senegal e da Autoridade de Chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Macky Sall, pediu hoje uma solução através do diálogo para a crise política na Guiné-Bissau.

"O Presidente [Sall] está confiante e acredita que é possível encontrar uma solução pacífica e sustentada para a crise, através de um diálogo concertado envolvendo todos os actores políticos da Guiné-Bissau, em estreita colaboração com os parceiros regionais e internacionais", refere uma nota publicada no portal da CEDEAO.

No comunicado, o líder senegalês mostra-se "preocupado" com o facto de os desentendimentos entre o Presidente Vaz e o primeiro-ministro Simões Pereira terem levado o chefe de Estado a demitir o Governo.

Sall lamenta que os esforços da CEDEAO e da restante comunidade internacional no sentido de resolver a crise não tenham tido resultado.

De acordo com o comunicado, o Presidente Sall considera que a crise "pode afectar os compromissos dos doadores da Guiné-Bissau" que numa mesa redonda realizada em março, em Bruxelas, anunciaram mil milhões de euros de intenções de apoio.

"A prioridade deve ser o bem-estar dos guineenses, impulsionado pela reconciliação nacional, democracia, boa governação e desenvolvimento", acrescenta.

Apesar de "aplaudir a atmosfera pacífica observada até agora no país", Macky Sall "apela aos líderes políticos para continuarem a explorar formas pacíficas para resolver o atual impasse e insta as forças de defesa e de segurança a manterem o compromisso de ficarem fora da política".

O Presidente da República demitiu na quarta-feira o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, num decreto em que se justifica com quebra mútua de confiança, dificuldades de relacionamento e sinais de obstrução à Justiça por parte do Executivo.

Num discurso à nação, Vaz acusou ainda o primeiro-ministro e o Governo de corrupção, nepotismo e de falta de transparência na gestão pública.

Domingos Simões Pereira anunciou na quinta-feira estar "chocado" pela maneira como o Presidente "faltou à verdade" e refutou as acusações.

O executivo estava em funções há um ano, depois de o PAIGC vencer as eleições com maioria absoluta e de ter recebido duas moções de confiança aprovadas por unanimidade no Parlamento - para além de ter o apoio da comunidade internacional.

Apesar de todas as forças políticas e várias entidades, dentro e fora do país, terem feito apelos públicos dirigidos ao Presidente no sentido do diálogo e estabilidade, José Mário Vaz decidiu derrubar o Governo e pediu ao PAIGC que indique um novo nome para primeiro-ministro.


Opinião: A LÍNGUA PORTUGUESA E O SÉCULO XXI

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Por: Juca Ferreira
Sociólogo, ministro de estado da cultura do Brasil.
O século XXI começou desafiando a todos nós falantes da língua portuguesa. Está a nos exigir um protagonismo de grandes proporções. Hoje, há uma expressiva presença de nosso idioma em todos os continentes, presença que não para de crescer e tomar maiores dimensões planetárias. Compomos um universo de falantes que supera o de línguas muito mais tradicionais no mundo da cultura e dos negócios. Somos mais falados do que o italiano e o alemão. O francês nos supera apenas quanto ao número de falantes não nativos. Juntos, estamos entre as cinco maiores economias do planeta.
A nossa língua está a nos exigir uma afirmação global, a nos cobrar uma responsabilidade para com ela. Impressiona-me que não tenhamos uma política comum a todos os países que falam o português. Quem há de negar que precisamos definir uma grande estratégia cultural de presença no mundo que abranja todo o nosso território linguístico?
Quem há de subestimar a importância da língua? É grande a sua dimensão social, política, econômica e geopolítica. Ela é muito mais que uma ferramenta de comunicação. Nela, não estão armazenados apenas conhecimentos e informações. A língua é a cultura que ela produz. É ela quem nos dá os sentidos. É o universo desenhado por ela que nos referencia e nos singulariza. A língua gera coesão, nos fortalece no mundo globalizado, “é a casa onde a gente mora”. Nela, se deposita know how, tecnologia. Língua também é economia.
Não subestimemos o assunto. Ele é sério. Estamos diante de uma questão de afirmação da qual não podemos nos furtar. Por meio de nossa cultura podemos afirmar uma visão de mundo, um modo de vida, projetos de civilização fundados em estratégias generosas e abrangentes. Estou convencido de que podemos ser portadores de uma mensagem planetária singular.
No mundo globalizado em que vivemos, nunca houve tantas trocas de ideias, de discurso, de palavras, entre todos os falantes de língua portuguesa – nunca houve tanto conhecimento e reconhecimento mútuo.
O português de Portugal, o português que emerge nos países africanos e a língua que é falada no Brasil formam um só idioma. Não tenho dúvidas que uma ortografia comum, como parte de uma maior interação cultural, nos dará a grandeza e dimensão que nossos artistas e escritores projetam.
É claro que precisamos de uma ortografia uniformizada. É insensato não crer na
necessidade de um acordo ortográfico. Possíveis erros de condução não diminuem sua importância, e o que representa para o fortalecimento da língua no contexto global. A diversidade e a riqueza de um português que floresce em vários cantos do planeta, e que a enriquece, sem uma escrita comum podem vir a comprometer a sua unidade.
Precisamos dar novos passos para a consolidação de uma comunidade de língua portuguesa, compartilhar nosso universo cultural num grau e proporção ainda não experimentado. Precisamos fortalecer ações de colaboração e integração mútua rumo a uma maior projeção global.
Convoquemos a todos para a montagem de um estratégia planetária para a língua portuguesa. Convoquemos aqueles que com ela criam, tendo-a como matéria prima, aqueles que a mantém viva, que a recriam diariamente e que expressam seus falares.
Convoquemos os poetas, os escritores, os artistas, os jornalistas, os cronistas, os tradutores, os editores, os professores, os filólogos, os intelectuais, os sociolinguistas, os midialivristras, os críticos literários e, também, os normatizadores. Precisamos de todos, inclusive dos estados nacionais.
Pensemos a língua em suas várias dimensões. Consolidemos um universo cultural comum, não apenas em suas expressões literárias e poéticas, mas também na música, no teatro, no cinema, no pensamento; e em suas inserções na internet, no rádio, no jornalismo, na TV, etc. etc. Pensemos globalmente.
Não podemos, enfim, simplificar o assunto, reduzindo-o a uma questão puramente técnica. Não podemos desconectar a uniformização da ortografia de um contexto cultural mais amplo que diga respeito toda a comunidade lusófona.

Juca Ferreira
Sociólogo, ministro de estado da cultura do Brasil.

DOMINGOS SIMÕES PEREIRA: "PAIGC PEDE QUE REGRAS SEJAM APLICADAS"


Domingos Simões Pereira, Primeiro-ministro, até 12 de agosto, altura em que foi demitido, pelo Presidente da República da Guiné- Bissau. Liliana Henriques/RFI

O nosso Convidado é Domingos Simões Pereira, Primeiro-ministro, da Guiné Bissau, até 12 de Agosto, quando foi demitido, pelo Presidente, José Mário Vaz, avançando argumentos de crise política grave, impedindo o normal funcionamento das instituições do Estado.

Domingos Simões Pereira, antigo secretário-executivo da CPLP e actual Presidente do PAIGC, que ganhou as eleições legislativas de 2014, em entrevista exclusiva à RFI, reconhece que há problemas pessoais de desentendimento, com o Presidente da República, mas que, não podem ser argumentos plausíveis, entre homens de estado, para o chefe de estado, demitir um Primeiro-ministro.

"A menção desses desentendimentos e dificuldades de relacionamento, nós próprios, reconhecemos que temos tido dificuldades, mas, nunca entendemos, que isto tinha uma expressão, ao ponto de impedir o normal funcionamento das instituições; o Presidente da República, tratou de elevá-lo, a este ponto, portanto, nós não estamos de acordo, mas compreendemos."

"Agora, o problema é que o Presidente da República optou por associar a esse argumento, um conjunto de acusações, que nós, não só, refutamos, liminarmente, como dizemos, não corresponder, minimamente, à verdade!"

"E portanto, não só, em termos pessoais, mas mesmo, em termos da representação, nós não podemos aceitar, que sejam feitas, de forma gratuitas, essas acusações, e portanto, temos a intenção de trazer a limpo, elementos, que permitam trazer alguma luz, porque parece-nos, evidente, que se alguém tem que fazer alguma explicação de recursos, mal apropriados, certamente, que não sou eu (...)

"Agora, a nível do nosso relacionamento, há leis, há regras, e o que o PAIGC pede, é que essas regras sejam respeitadas e sejam aplicadas."

Palavras de Domingos Simões Pereira, cujo nome, foi escolhido pelo PAIGC, de que é líder, esta quinta-feira, 13 de agosto, e que vai ser apresentado, ao Presidente da República, para Primeiro-ministro, do próximo governo, da Guiné Bissau.

«OPINIÃO» O DERRUBE DO GOVERNO FOI APENAS UM COMEÇO DE UMA LONGA TEMPORADA DE CRISE POLÍTICA


Alfa Aliu Embaló

Mais uma vez o país entrou noutro círculo crítico oriundo de falta de capacidade do diálogo e do bom senso da figura nº 1 do país. Sendo o derrube do governo um fato já consumado, resta nos fazer uma análise do provável rumo do país. 

Do ponto de vista político, pode-se acreditar que será muito difícil voltarmos a uma normalidade política durante os anos restantes que a deposta legislatura deveria governar. A partir de agora, o Presidente da República tem dois cominhos a seguir obrigatoriamente: redimir-se aceitando e reconduzir o Simões pereira como primeiro ministro ou prosseguir com o seu grave erro dissolvendo o parlamento e formar um governo da iniciativa presidencial que não necessitará de suporte parlamentar. O motivo da primeira opção, refere-se ao fato de o PAIGC ter afirmado de que reenviará o nome do DSP como proposta de chefiar o governo. Caso o presidente escolher a segunda opção, o país terá que entrar numa contagem para realizar eleições antecipadas muito rapidamente. 

Ainda em caso de eleições legislativas, o Domingos Simões Pereira sendo o presidente do partido seria a mesma pessoa a ser indicada pela sua formação política e, numa suposta vitória deste partido permaneceríamos na mesma crise porque o presidente outra vez vai cometer o pior erro da sua vida, decretando a queda do governo. Isso é só um ilustrar de como as coisas ainda podem piorar.

Posto isso, o PAIGC como partido promotor de instabilidade política só ele pode neste momento facilitar a resolução desta crise apenas seguindo uma estratégia.

Pelo bom senso do seu presidente (Domingos Simões Pereira) e dos restos do partido, poderiam indicar outra pessoa a chefiar o próximo governo como forma de salvaguardar o parlamento e, através da sua bancada parlamentar em colaboração com outras bancadas propondo uma revisão constitucional, principalmente no que se refere a relação entre o Presidente da República e Primeiro-Ministro preparando assim uma estabilidade duradoura no país.

Do meu ponto de vista, esta seria o caminho mais viável, e acredito também ser o único que pode acabar com esta brincadeira da crise permanente no país. Nem votar para outra formação política, nem votar a um candidato independente poderia mudar este tipo de cenário repetitivo. 

MON NA LAMA PA SUSA, TERRA RANKA PA TRÁS

Alfa Aliu Embaló, Estudante de Curso de Bacharelado em Administração Pública. Unilab,Brasil.

PAIGC VOLTOU A INDICAR DOMINGOS SIMÕES PEREIRA



O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) voltou a indicar o nome do primeiro-ministro recém-demitido, Domingos Simões Pereira, para liderar o próximo governo da Guiné-Bissau.

«Entregámos esta sexta-feira a proposta do nosso partido para o futuro primeiro-ministro. É o nome do presidente do Partido, Domingos Simões Pereira», declarou, este domingo, a segunda vice-presidente do PAIGC, Adja Satu Camara.

Recorde-se que o presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitiu o primeiro-ministro, na passada quarta-feira, alegando incompatibilidades e corrupção política, tendo solicitado ao partido vencedor nas eleições de 2014, o PAIGC, que indique um novo chefe de executivo.

abola

ESTOU MUITO TRISTE


O gesto de demissão do Governo Bissau-guineense, procedido (12.08.2015) pela S. Exa. Sr. Presidente da República da Guiné-Bissau é mau, uma loucura! 

Mas enfim, ele (o gesto) não é novo e não passa do “déjà-vu” dos últimos 21 anos da instituição e “exercício” da nossa democracia pluralista, multipartidária e parlamentar. As 1as eleições de 1994 constituíram o pontapé de saída. 

FERNANDO KÁ, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO GUINEENSE DE SOLIDARIEDADE SOCIAL EM PORTUGAL APELA À ESCOLHA DE OUTRO PRIMEIRO-MINISTRO



Fernando Ká, presidente da Associação Guineense de Solidariedade Social e ex-deputado ao parlamento português pelo Partido Socialista considera que a melhor solução para a crise política que atravessa o país é a escolha de um novo primeiro-ministro.

Num artigo de opinião publicado no Público, este domingo, Fernando Ka escreve que «a incompatibilidade entre o presidente e o primeiro-ministro é inultrapassável, portanto, não se pode fazer desta questão uma tragédia paralisante à caminhada para um futuro risonho».

«A solução realista e melhor para a Guiné é o PAIGC, como partido responsável e vencedor das eleições, indicar outra personalidade para encabeçar o novo governo, demonstrando assim o seu verdadeiro sentido de estado, em vez de se envolver em polémicas inúteis ao país, embora podendo discordar da decisão do presidente. Os supremos interesses da Guiné deveriam estar acima dos interesses pessoais ou do grupo», conclui.


VIGÍLIA NA EMBAIXADA DA GUINÉ-BISSAU EM PORTUGAL




Depois de termos á notícia da marcação da Reunião de Concelho de Estado para as 16 horas de Bissau, 17 horas de Lisboa que é inquietante sobre o ponto de vista do resultado que poderá vir desta Reunião, ... e parrecendo tão iminente, a queda do governo, achamos a necessidade a criação do “Movimento Pensa Guiné-Bissau” que é urgente irmos a Embaixada para uma vigília de forma a manifestar a nossa preocupação pela instabilidade no País.

César Barbosa, indigitado pelo Movimento, chegou se a conclusão que deveriamos ir rapidamente a Embaixada tendo a necessidade da URGÊNCIA que a situação impõe.
Ao chegarmos a Embaixada sob a orientação do Responsavel do Movimento, César Barbosa, dirigiu-se á Secretária do Encarregado do Negócio da Embaixada da Guiné-Bissau, Dra Ana Semedo, solicitando a audiência de URGÊNCIA com o Sr Encarregado de Negócio Dr Mbala Alfredo Fernandes.

Fomos recebidos pouco minutos antes das 17 horas, pelo responsavel Mbala Fernandes. Fazia parte da Delegação do “Movimento Pensa Guiné-Bissau”, Cesar Barbosa, Genilson Nunes, Aldonça Ramos, Malam Seidi, Carlos Jamanca e o Luí Afonso Mendes.
No Gabinete do Encarregado de Negócio Drº Mbala Fernandes, estavam presentes os Senhores, Bacar Sanha, Mário da Silva, Armindo Marques Vieira (Mota) e a Ana Semedo e Mariama Pinto, este saiu antes do fim da reunião por motivos laborais.
O Responsável do “Movimento Pensa Guiné-Bissau” Cesar Barbosa fez a esplanação do motivo da ida a Embaixada:
O “Movimento Pensa Guiné-Bissau” preocupado com a situação da iminência da instabilidade no País, decidiram solicitar a Embaixada, sendo um Representante ofícial do Estado da Guiné-Bissau para manifestar a intenção da entrega de uma MISSIVA dos Cidadões guineenses, e marcar presença no recinto da Embaixada, como acto de solidariedade com o governo da Guiné-Bissau liderado pela Sua Excelência Engenheiro Domingos Simões Pereira.

Na resposta do Encarregado de Negócio Drº Mbala Fernandes, ouviu atentamente e frisou: louvou a ideia da nossa vinda á Embaixada, mas, que todos todos os elementos da delegação tem o contacto dele. Porque não o comunicamos antes a nossa vontade?....pois quando alguém vai a casa de alguém comunica, pois, poderíamos não lhe encontrar, e neste preciso momento devia estar no aeroporto da Portela. Arrematou que todos sabíamos das questões legais para tal, principalmente o Genilson Nunes que já tinha organizado e com sucesso uma manifestação. Chamou atenção também a questão da autorização Policial, pois podiamos ter necessidade, quem sabe.
Da porta da Embaixada para fora já é território português logo precisava de autorizacão no governo cívil etc...

Carlos Jamanca usou da palavra... agradecendo á disponibilidade do responsável e pedindo desculpas por nosso acto, deveríamos ter pedido permissão houve troca de palavras e depois Malam interrompeu para afirmar, sabiamos o que fazer mas não houve tempo para organizar nada foi um impulso de momento... achavamos que a nossa Embaixada podia-nos estender a mão para esta vigilia pois não iria haver tempo para nada...

O Encarregado de Negócios repostou que isso já se falava em Bissau há algum tempo e que teríamos algum tempo suficiente para reunir todos os requisitos anterior por ele dito (comunicação prévia á Embaixada, a autorização policial e a autorização do governo cívil) etc. Dito isso, entendemos, que haja uma barreira da iniciativa expontânea “Movimento Pensa Guiné-Bissau”... ao que o Malam respondeu prontamente que não tinha essa informação... posto isso Bacar Sanhá ainda afirmou que da porta para o passeio estradas já é território português... deveriamos ter autorização e ou fazer uma carta a Embaixada algo também reforçado pelo Armindo Marques Vieira (Mota).


Após a justificação da Embaixada, alegando falta de comunicação prévia e autorização, já não hávia condições de continuar a reunião e a delegação do “Movimento Pensa Guiné-Bissau, pediu “desculpas”.
*       
Logo a Embaixada, fechou as portas e foram embora.

Estivemos á porta da Embaixada concertando ideias para novas deligências e entretanto, foram chegando mais pessoas porque a RDP ÁFRICA quantinuava a emitir comunicado.
Tivemos que cancelar á VIGÍLIA.


A Delegação do “Movimento Pensa Guiné-Bissau”:


César Barbosa

Genilson Nunes

Carlos Jamanca

Aldonça Ramos

Malam Seide

Luís Afonso Mendes

CC. Encarregado de Negócio
Drº Mbala Alfredo Fernandes



Feito em Lisboa, 09 de Agosto de 2015

“ESTADO É MAIOR DEVEDOR DE APGB COM MAIS DE CINCO BILHÕES DE FRANCOS CFA

  Não dá para acreditar mas leia a notícia para tirar ilações. “Estado guineense é maior devedor de APGB, com mais de cinco bilhões de fr...