TRATAMENTOS TÃO PERTO E TÃO LONGE, NO MAIOR HOSPITAL PÚBLICO DA GUINÉ-BISSAU



Hospital Nacional Simão Mendes de Bissau 
No Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau, falta quase tudo: medicamentos, lençóis e comida, por exemplo. Curiosamente, há aparelhos de diagnóstico modernos, mas estão parados.
 
Ao percorrer as várias unidades do Hospital Nacional Simão Mendes pode sentir-se uma ambivalência de emoções: esperança de vida e desespero por se perderem vidas, por vezes, por tão pouco.
Num dos quartos do internamento, a DW África encontrou uma paciente num estado visivelmente frágil. Enrolada em panos tradicionais de Guiné-Bissau em tons de laranja e sentada na cama, sem lençóis, a paciente estica as pernas inchadas sobre uma cadeira de plástico. A doente depende da filha para poder ter comida ou lençóis para se deitar. 
 
A paciente veio do interior do país para Bissau em busca de cuidados de saúde. Mas nem na capital se pode tratar a sua doença: insuficiência renal. "O diretor clínico falou com os familiares [da doente] para saber se têm condições para a transferir para o exterior para fazer tratamento", afirma o enfermeiro.
 
A insuficiência renal é uma das doenças mais preocupantes na Guiné-Bissau. O país ainda não consegue tratar os pacientes, principalmente quando a doença se encontra em estado grave.
 
Normalmente falecem os doentes com insuficiência renal aguda
 
Recentemente, o hospital registou "dois, três casos de insuficiência renal aguda, que tiveram algumas complicações e [as pessoas] faleceram quase no mesmo momento", lamenta Nelson Delgado, o único médico especializado em nefrologia no Hospital Nacional Simão Mendes.
 
"É uma situação muito lamentável que estamos a atravessar aqui no hospital. Na insuficiência renal aguda não temos o que fazer com os pacientes. Normalmente falecem", confessa o médico.
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Nelson Delgado, o único nefrologista do hospital
 
Quando a doença está numa fase avançada, é necessário o tratamento de hemodiálise. Uma solução aparentemente simples e disponível em muitos países africanos. Contudo, ainda não é possível na Guiné-Bissau.
Quem pode procura tratamento no exterior. Mas no Senegal cada sessão de hemodiálise chega a custar 100 mil francos CFA, ou seja, cerca de 150 euros. O que torna o tratamento insustentável para a maioria dos doentes. Quando é possível, aciona-se o mecanismo de evacuação médica no âmbito da cooperação com Portugal. Mas é um processo lento. E se o paciente for sinalizado já em fase avançada da doença, o mais provável é não haver tempo para a evacuação.
 
Com uma verdadeira aposta na hemodiálise na Guiné-Bissau, "muitas vidas poderiam ser salvas", ressalva o médico nefrologista Nelson Delgado.
Hospital Nacional em Bissau (Gilberto Fontes)
O hospital tem estas instalações novas para iniciar tratamentos de hemodiálise
 
A solução fechada à chave
 
No entanto, enquanto continuam a morrer pessoas por falta de acesso ao tratamento, sabe-se que existe um aparelho de hemodiálise há vários anos no hospital. Está desmontado e guardado numa sala, cuja chave se encontra com o Ministério da Saúde, segundo fonte hospitalar. A máquina terá sido doada por uma organização internacional, que promoveu ainda a formação de vários técnicos.
 
"Estou aqui como especialista há dois anos sem estar a fazer hemodiálise Também fizemos um curso em Marrocos, de alguns dias, onde vimos como se trabalha com a hemodiálise, com alguns técnicos que estão aqui. Mas já se passou mais de um ano dessa formação. É necessário fazer uma reciclagem aos técnicos a fim de poderem fazer [o tratamento]”, sublinha o médico Nelson Delgado.
 
Além disso, o Hospital Nacional Simão Mendes tem já preparada uma nova unidade de hemodiálise. Todos aguardam o início de um tratamento que poderá salvar muitas vidas. Entretanto, muitas se perdem. Ninguém compreende o paradoxo.
 
Técnicos e doentes expostos a radiações

defaultÉ com este velho aparelho e nesta sala sem proteção que se fazem as radiografias
 
A inutilização de aparelhos novos é um problema geral. Na unidade de radiologia trabalha-se em constante desequilíbrio entre a falta de recursos e a não utilização de equipamentos que se encontram no hospital.
 
"Esta é uma sala de mamografia nova, mas não temos instalado o chassi nem a revelação. Precisamos também de reciclagem dos técnicos para a sua utilização", justifica Hécio Norberto Araújo, técnico de radiologia e diretor do serviço. Por isso, a máquina de mamografia continua também por estrear. Assim, torna-se impossível o diagnóstico precoce de doenças como o cancro.
 
Há também um novo aparelho de raio x parado, devido à falta de componentes. Na falta de opções, o velho equipamento de raio x, com arranjos improvisados de fita-cola, continua a ser muito requisitado. No entanto, a pequena sala de diagnóstico “não tem proteção” contra as radiações, explica o técnico Hécio Norberto Araújo, que está diariamente exposto a radiações. 
 
Diagnóstico tardio na pediatria
 
Krankenhaus in Bissau (Gilberto Fontes)A pequena Roquiato Sanha aguarda por tratamento no exterior
 
A pequena Roquiato Sanha, de sete anos, sofre de cardiopatia. O maior hospital público da Guiné-Bissau não consegue tratar a menina, que está à “espera de uma evacuação” há mais de um ano, explica a mãe da criança.
O diagnóstico tardio de doenças pode ser fatal. No entanto, nem sempre é fácil diagnosticar doenças atempadamente. O eletrocardiograma quase não funciona no serviço de pediatria, devido à falta de formação de técnicos, o que explica o "diagnóstico tardio" de doenças. "Normalmente acabamos por descobrir uma cardiopatia já no estado terminal, que já podia ter sido resolvida muito antes", afirma Nádia Mendes da Silva, médica de clínica geral e diretora do serviço de pediatria.
 
Por isso, quando se faz uma "junta médica a fim fazer uma evacuação para o exterior", "normalmente acontece tarde". "Às vezes fazemos a junta, mas a criança nem chega a ir, porque acaba por falecer", lamenta a médica.
 
No serviço de pediatria faltam também especialistas. Com apenas nove médicos – um único especializado em pediatria – e 38 enfermeiros, o atendimento costuma demorar.
 
Médicos trabalham com o mínimo de recursos
 
defaultMansatá Cassama precisa de fazer um TAC, aparelho que só existe no Hospital Militar da Guiné-Bissau
 
Mansatá Cassama veio do norte da guiné-Bissau para os cuidados intensivos do Hospital Nacional Simão Mendes devido a complicações com diabetes quando estava com oito meses de gravidez. Perdeu o bebé e o quadro clínico acabaria por se agravar. "O meu problema é no olho, agora nem consigo ver", explica Mansatá Cassama.
 
Devido ao aparente descolamento da retina que sofreu, Mansatá Cassama precisa de fazer uma Tomografia Axial Computarizada ou TAC. Mas o hospital não tem. O único que existe está no Hospital Militar.
 
"Às vezes, o aparelho tem problemas, porque é o único que tem no país e a procura é grande. Quando o aparelho tem problemas, acabamos por solicitar também no país vizinho, Senegal, só que isso custa dinheiro. Como aqui, no nosso país, custa 75 mil francos CFA [mais de 110 euros], dependendo da tomografia. Os nossos pacientes, às vezes, não têm [esse dinheiro], o que limita o diagnóstico. Trabalhamos com muita dificuldade", descreve a doutora Luísa Sanca Nhaga, da unidade de cuidados intensivos.
 
O ideal: apostar da formação
Krankenhaus in Bissau (Gilberto Fontes)
Luísa Sanca Nhaga, médica de clínica geral, diz que por vezes faltam medicamentos de emergência
 
Com a instabilidade política agravaram-se as necessidades do hospital de referência da Guiné-Bissau e caíram por terra as expectativas da equipa hospitalar, que esperava mais atenção e apoio por parte das autoridades. Organizações internacionais como a Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras prestam apoio. 
 
Mas, mesmo assim, assegura a médica dos cuidados intensivos Luísa Sanca Nhaga, perdem-se muitas vidas por falta de condições básicas de assistência. "Falta muita coisa, como medicamentos de urgência. Às vezes, quando estamos em plena paragem cardíaca, temos de solicitar ao paciente para comprar medicamentos que faltam, mas são coisas que deveriam estar no serviço", diz Luísa Nhaga.
 
A falta de meios técnicos é gritante. Mas, de uma maneira geral, médicos e enfermeiros destacam sobretudo a escassez de recursos humanos. No serviço de cuidados intensivos, por exemplo, há um único cardiologia. A médica Luísa Sanca Nhaga defende que é necessário "persistir na formação técnica e em condições de trabalho, porque isso vai diminuir a mortalidade dos nossos pacientes, da nossa população e também vai diminuir a evacuação médica que fazemos sempre para o exterior". 
 
"O ideal é que o país invista em formar os nossos técnicos e equipar os nossos hospitais, porque muita gente morre por coisas que atualmente em medicina os doentes não deveria morrer", conclui a doutora Luísa Sanca Nhaga.
 
Fonte: DW África/MO

PRESIDENTE DA GUINÉ-BISSAU DESEJA A TODOS OS GUINEENSES UM FELIZ NATAL E UM PROSPERO ANO NOVO



COMUNICADO DO CONSELHO DE MINISTROS DO PASSADO DIA 23/12/2016













CAN-2017: BACIRO CANDÉ DIVULGOU A LISTA COM 26 SELECIONADOS



O selecionador nacional de futebol da Guiné-Bissau divulgou a lista de 26 jogadores nos quais 23 participarão representarão o país no Campeonato Africano das Nações a realizar de 14 de Janeiro a 5 de Fevereiro de 2017 no Gabão.
 
Na referida lista, a única surpresa é o defesa Tomás Dabó actualmente com o vínculo contratual com a equipa de Arouca da primeira liga portuguesa. Tomás Dabó de 23 anos de Idade não consta na lista dos 35 pré-seleccionados, mas o timoneiro nacional Baciro Candé já tinha inicialmente advertido que a referida lista estava aberta pelo que ainda podem ingressar outros jogadores.
 
Ainda sobre esta lista, pode-se notar a ausência do experiente avançado Cícero Semedo que actualmente está lesionado. Submetido a cirurgia no passado dia 5 de Dezembro, o ano 2016 parece estar acabado para o internacional guineense Cícero, pelo que só deve voltar a competir no próximo ano e não terá o tempo necessário de recuperar da lesão a fim de participar no maior evento de modalidade no continente berço da humanidade.
Segundo apurou O GOLO GB, a presente lista já tinha sido enviado a CAF desde o dia 20 deste mês, e entre esses 26 obviamente ficarão 3 e só 23 estarão na lista final segundo manda os regulamentos da referida competição.
 
Eis os convocados:

Guarda Redes

1– Jonas Mendes – Salgueiros (Portugal) Guarda-redes;
2– Rui Suleimane Camará Dabó – Cova da Piedade (Portugal) Guarda-redes;
3–  Papa Masse Nbaye – Costa Dulce (Espanha) Guarda-redes;

Defesas
4– Emanuel Gomis – Mendy – Ceahlaul (Roménia) Defesa;
5– Rudinilson Silva – Lechia de Gdansk (Polônia) Defesa;
6– Juary Marinho Soares – Mafra (Portugal) Defesa;
7– Agostinho Soares Nconco- Sporting de Covilhã (Portugal) Defesa;
8– Mamadu Candé – Tondela (Portugal) Defesa;
9– Tomás Dabó – Arouca (Portugal) Defesa;
10– Eridson Mendes Umpeça – Fraimunde (Portugal) Defesa;

Médios
11– Nanisio Lopes – Felgueiras 1932 (Portugal)
12– José Luís Mendes Lopes (Zezinho) – Levadiakos (Grécia)
13– Boucundji Cá – Stade Reins (França)
14– Francisco Santos da Silva Júnior – Stomsgodset (Noruega)
15– Sene Dabó (Abudu) – Operário Lagoa (Portugal)
16– Lassana Camará (Saná) – Ac Viseu (Portugal)
17 – Jean-Paul Mendy – US- Quevilly Roun (França)

Avançados
18– Idrissa Camara – Avelino (Itália)
19– Toni Silva Brito Sá – Levadiakos (Grécia)
20– Piqueti Djassi- SP Braga B (Portugal)
21- Frédéric Mendy – Ulsan Hyundai (Correia do Sul)
22 – Leocísio Júlio Sami – Akhisar (Turquia)
23 – Abel Issa Camará – Belenenses (Portugal)
24 – João Mário Nunes Fernandes – Chaves (Portugal)
25 – José Correia (Zé Turbo) – Tondela (Portugal)
26 – Aldair Adulai Djaló Baldé – Olhanense (Portugal).

ONG PORTUGUESA PLANEIA COMERCIALIZAR ARROZ BIOLÓGICO NA GUINÉ-BISSAU



A ONG portuguesa Afectos com Letras tem em marcha um plano para comercializar arroz biológico na Guiné-Bissau e aumentar o rendimento local.
 
A Afectos com Letras, organização não-governamental portuguesa, tem em marcha um plano para comercializar arroz biológico na Guiné-Bissau e aumentar o rendimento local, disse à agência Lusa a presidente, Joana Benzinho. “O objetivo é criar uma cooperativa” na região de Cacheu, para onde a ONG já doou três descascadoras de arroz que estão ao serviço em diferentes aldeias e assim criar uma fonte de receita acrescida para a população local.
 
O arroz está na base da alimentação guineense, de manhã à noite, das crianças aos mais velhos. No entanto, o ciclo de produção (da sementeira ao descasque) funciona de forma artesanal em todo o país, ocupando grande parte do tempo das mulheres. A oferta de descascadoras “tem tido impacto”, relatou Joana Benzinho.
 
“Há mudanças positivas: as meninas já frequentam as escolas, as mães dedicam-se a outro tipo de horticultura que permite aumentar o rendimento do agregado familiar e os vizinhos tentam também ter tempo para usar a máquina”, descreveu.
 
A presidente da Afectos com Letras quer que este seja o primeiro passo de um plano maior para valorizar um produto alimentar guineense cujo potencial, baseado nas propriedades de origem biológica, o país desconhece. “Neste momento não há excedentes, a população consome tudo o que produz. Mas o objetivo é criar uma cooperativa entre as três tabancas (aldeias) abrangidas: Bamarmbe, Blequisse e Jeta” que possa promover o produto mal haja quantidade.
 
Será criado um ponto de recolha geograficamente equidistante das três descascadoras e para tratamento final do arroz, de maneira a ser “ensacado e rotulado como arroz da terra, totalmente biológico”, referiu. O “selo” biológico dos produtos locais pode ser o contraponto de um setor onde a mecanização e o uso de adubos é quase inexistente.
 
Um estudo encomendado pela União Europeia sobre o potencial da Guiné-Bissau para produzir arroz e apresentado em 2015 concluiu que o país pode ser auto-suficiente e até exportar se apostar na formação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico. No entanto, a instabilidade política crónica tem feito com que as políticas públicas não avancem e o território não supera a habitual produção anual a rondar as 200 mil toneladas, às quais é preciso juntar outras 90 mil toneladas de importação para satisfazer o mercado interno.
 
Na região de Cacheu, a Afectos com Letras acompanha o trabalho feito pela população com as descascadoras para avaliar o momento em que poderá ser dado o passo para comercializar o arroz biológico. A produção pode dar o exemplo de uma iniciativa que avança pela mão dos residentes, independentemente da instabilidade política.
 
Uma das premissas base, que as descascadoras funcionem, tem sido conseguida graças à constituição de grupos locais que tratam da sua gestão e manutenção — incluindo mudanças de filtros e óleos do motor da máquina. Tudo é tratado “por três pessoas responsabilizadas pela gestão e manutenção” de cada máquina.
 
Ter mulheres “sempre no comité de utilização é importante porque como são elas as principais utilizadoras”, logo “a tendência para tratar bem a máquina é maior”.
 
Fonte: Lusa, em http://observador.pt/MO

“ESTADO É MAIOR DEVEDOR DE APGB COM MAIS DE CINCO BILHÕES DE FRANCOS CFA

  Não dá para acreditar mas leia a notícia para tirar ilações. “Estado guineense é maior devedor de APGB, com mais de cinco bilhões de fr...