Emílio Kafft Kosta, em entrevista à UNIOGBIS

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Prof. Doutor Emílio Kafft Kosta
Entrevista ao programa PERSPECTIVAS da UNIOGBIS

A Guiné­-Bissau tem um sistema semipresidencialista?​ Qual é a d​iferença entre este e outros sistemas políticos?

K​afã Kosta: O sistema de Governo instituído pela versão actual da Constituição de 1984 é semi-presidencialista.​ É verdade que dá importantes poderes ao Presidente da República, mas ainda é um sistema semipresidencial. Um sistema assente na existência separada dos quatro poderes: O Presidente não manda no Governo, nem no Parlamento, nem no Tribunal, nem na PGR (não estamos numa forma c​esarista de Governo);

O PR é um árbitro. E, como no desporto, um grande árbitro não é aquele que joga, que toma partido por uma equipa. Deve fazer com que o jogo seja jogado pelos jogadores, dentro das regras pré­-estabelecidas (a Constituição e as leis); o Governo não manda no PR, nem no Parlamento (em princípio), nem no Tribunal; o Tribunal não manda nos outros órgãos.

Há zonas de colaboração interdependente, mas cada um tem o seu quintal e manda no seu quintal. A isto se chama D​emocracia Representativa​.
S​istema de Governo tem a ver com a forma como o poder político se organiza internamente e com o estatuto e competência dos órgãos do Estado​.
Há e houve vários sistemas de Governo.

Por exemplo:
Sistema parlamentar, sistema presidencial, sistema semi-presidencial, sistema directorial, sistema orleanista, sistema representativo simples, sistema convencional.
Mas cinjamo­-nos aos 3 primeiros.

S​istema Parlamentar:
Há quatro órgãos: Chefe de Estado (Rei ou Presidente); Parlamento; Governo; Tribunais.

O Chefe de Estado, ou é simbólico (tão só) – simboliza a continuidade do Estado, ou tem competências diminutas.​ Quatro ideias­-força são corolários do sistema parlamentar:
O Governo nasce da maioria parlamentar; o Governo baseia­-se na confiança política do parlamento; o Governo é responsável politicamente perante o parlamento; o Chefe de Estado não pode dissolver o parlamento [ele pode nomear ou exonerar Ministros, mas fá­-lo seguindo as orientações do parlamento​].

Essas 4 linhas são os traços fortes, que sofrem, porém, v​ariações – como, por exemplo: no P​arlamentarismo clássico (puro ou de assembleia) = prevalência absoluta do parlamento sobre o governo; no P​arlamentarismo racionalizado (ou mitigado, ou de Gabinete) = a influência do Governo contrabalança os poderes do parlamento.

S​istema Presidencialista:
Há três órgãos: o Presidente; o parlamento; os Tribunais.

O sistema guineense é, pois, claramente semi-presidencialista. Podemos ter as nossas ideias sobre qual o mais adequado sistema, mas enquanto não mudarmos a Constituição para que ela institua outro sistema, outro regime, outra forma de Governo, todos têm a obrigação de cumprir o que a Constituição e a lei ditam. Ora, não se pode viver num sistema semi-presidencialista e actuar como se se estivesse num sistema presidencialista ou parlamentarista ou num regime monárquico.​

Actuar no sistema vigente como se o modelo fosse, por exemplo, presidencialista equivaleria (caso saísse vitoriosa aquela orientação) a uma ruptura na ordem constitucional, um golpe de Estado civil institucionalizador de uma espécie de forma cesarista de Governo com que algumas almas sonham.​

Mas atenção: o​s golpes de Estado civis, laboriosamente arquitectados e executados nos gabinetes políticos que têm dirigido na sombra o poder e o contra poder políticos, desde a instauração da democracia, são armas perigosíssimas numa democracia.​ E mais perigosas se tornam para a democracia, quando estivermos a falar de um país (Guiné) com uma democracia débil e uma classe política em grande parte inconsistente.

Há uma elite que já se especializou na arte dos golpes de Estado civis ou militares, nas Transições, Governos de Transições, de Unidade Nacional, etc. E vão sendo os mesmos “Conselheiros” da Desgraça de líderes, que eles vão empurrando para o abismo. E quando o desgraçado líder deu conta, já tombou do precipício... Mas os empurradores saem sempre sãos e limpos (prontos para “aconselharem” a próxima vítima). Seja como for, os líderes mal orientados não são crianças, nem inimputáveis. Eles devem carregar a responsabilidade das suas escolhas.

Se os políticos continuarem a seguir o atalho dos golpes palacianos para serem Presidentes disto e daquilo, Srs. Ministros, Directores disto e daquilo, Conselheiros, chefes disto ou daquilo, condimentados os golpes com muito xico­-espertismo, intriga e politiquice, então os Donos dos Quartéis Militares poderão dizer: s​e os políticos acham os golpes civis perfeitamente constitucionais e legítimos, nós os militares também podemos fazer golpes militares constitucionais e legítimos... E eu sou e sempre fui, realmente, contra todos os tipos de “golpes”.

Essas manobras (que roçam a d​elinquência constitucional​) são perigosas para a democracia, para o Estado de Direito (ainda que este se reduza a um Estado de mera legalidade). E o poder na Guiné é tão ilusório, tão volátil ! Vê­-se tanta ostentação de poder, quando sabemos que o somatório hoje de todos os poderes reais de todos os chamados órgãos de soberania não ultrapassa o poder de um único quartel militar !!!

Os poderes políticos guineenses não estão a lidar bem com a sua impotência não só conjuntural, mas também estrutural. Porque, em vez de aproveitarem esta oportunidade histórica para se fortalecerem, se credibilizarem (face ao poder militar, por exemplo) e lançarem a nação para a unidade, paz e desenvolvimento, inventam guerrinhas, destroem­-se e entram numa rota de implosão.


Em termos muito simples, Professor, pode­mos explicar o​ que é o Estado de direito? (e porque é importante?

K​K: Estado de Direito é um conceito com muitos sentidos. E se há matéria em relação à qual o único consenso que existe é o de que não há consenso, esta é uma delas: Estado de Direito! Aparentemente, é fácil a sua definição. Basta dizermos: E​stado de Direito é o Estado que se rege pelo Direito.​

A parte menos consensual é responder à pergunta: que Direito? Se estivesse a falar apenas para constitucionalistas, traria para esta nossa conversa opiniões de juristas e filósofos que cruzaram séculos e continentes, do Centro ao Sul da Europa, das Américas à África... Onde descobriríamos uma divisão de campos: por um lado, os formalistas e, por outro, os substancialistas. Tudo com o fito de densificarmos o conteúdo dessa tão falada ideia ou princípio do Estado de Direito. Mas como não quero adormecer os vossos ouvintes, t​entarei ser directo, claro e simples.

Estado de direito = é o Estado cuja organização e acção se conformam ao direito instituído (qualquer que seja)? Ou esse Direito em vigor tem de ter determinadas características? Ou, ainda, incluirá tal Direito normas de carácter divino ou natural...​?

Qualquer que seja a opção, por mais minimalista que seja o nosso conceito de Estado de Direito, duma coisa não nos livramos: uma comunidade política, para ser Estado de Direito, deve, no mínimo, respeitar as normas jurídicas que ela mesma aprovou. Um Estado cujos órgãos se divertem a pisar as suas próprias leis, a sua própria Constituição não merece o título de Estado de Direito.

Quando alguém se candidata para Presidente da República, sabe que o sistema vigente é o semi-presidencialista, sabe que as regras do jogo são essas, fixadas pela Lei Fundamental. Deve, pois, exercer o seu mandato respeitando as tais regras que jurou respeitar no acto de empossamento, nos termos do art. 67 da Constituição: «​J​uro,​ por minha honra, d​efender a Constituição e as leis (...) cumprindo com total fidelidade os deveres​da alta função para que fui eleito»​.


C​omo é que o Estado está organizado na Guiné­-Bissau?

K​K: A organização do Estado guineense baseia-se no seguinte quadro: ​P​oder presidencial; Poder legislativo (ANP); Poder executivo ­​que tb desempenha a função legislativa e administrativa (Governo); P​oder Judicial.​ Estes quatro poderes estão separados uns dos outros, embora haja, a título excepcional, alguns espaços de interdependência entre eles​[...]

Isso é que se chama princípio da S​EPARAÇÃO DE PODERES. Que não se confunda: O princípio, a raiz, a regra é a separação de poderes; a interdependência é uma dimensão complementar da separação. Portanto, não se pode subverter a ordem de preferência e, com a desculpa da interdependência,​ invadir espaços de outros poderes. Isto é usurpação de poderes e um insuportável atentado ao geralmente chamado E​stado de Direito.

A​ Guiné-Bissau é um Estado unitário, formalmente centralizado.​ Formalmente, s​em qualquer descentralização administrativa.​ Curiosamente, o poder local a​utárquico que existe manifesta­-se não como uma descentralização DO Estado, mas como reconhecimento da impotência do Estado nascido nos anos 70, perante uma realidade multi-secular: a​s tribos e os seus reinos e domínios. São os únicos poderes locais autárquicos, à data.​

EMBAIXADOR GUINEENSE NA ONU PEDE QUE COMUNIDADE INTERNACIONAL NÃO ABANDONE O PAÍS



João Soares da Gama defende que o país continua a ser monitorado porque "só eleições não chegam".

O Conselho de Segurança das Nações Unidas terminou há momentos uma reunião em que analisou a situação actual na Guiné-Bissau. O representante especial do secretário-geral para a Guiné-Bissau Miguel Trovada apresentou o seu relatório.

À saída da reunião, o representante de Bissau junto das Nações Unidas João Soares da Gama disse à Rádio da ONU que a comunidade internacional deve manter uma forte presença no país para ajudar na resolução da situação actual.

"Deve continuar a pressionar o Presidente da República, o PAIGC, o PRS, junto ao Parlamento e outros intervenientes para ajudar a estancar essa situação", defende Soares da Gama.

Apesar de reconhecer a situação tensa no país, o embaixador guineense apela a comunidade internacional a manter a ajuda prometida na conferência de Bruxelas em Março.

"Uma das razões porque temos esses problemas de instabilidade é precisamente a falta de desenvolvimento, temos de cortar o mal pela raiz, ajudando o país a ultrapassar essa fase de sobressalto, através de um apoio financeiro forte", pediu Soares da Gama.

O representante da Guiné-Bissau junto da ONU foi mais longe e afirmou que "o país deve ser monitorado de perto porque só as eleições não chegam".

REUNIÃO DA COMISSÃO POLÍTICA DO PRS SUSPENSA E SERÁ RETOMADA HOJE SEGUNDA-FEIRA




Comissao politica PRS


A reunião da Comissão Política do Partido da Renovação Social (PRS) que iniciou este sábado, 29 de Agosto, em Bissau, foi suspensa e será retomada na segunda-feira próxima. O encontro do órgão político hoje segunda feira, a maior força política do país, fora convocada para analisar a possibilidade da integração ou não no futuro governo a ser dirigido por Baciro Dja, nomeado na semana passada pelo Presidente José Mário Vaz.
Uma fonte que assistiu a reunião de hoje disse que os 117 membros da Comissão Política estão claramente divididos quanto à questão de adesão ao executivo. Segundo o mesmo informador, a suspensão e o adiamento do encontro são “sinais desta divisão muito delicada para o partido”.
A nossa fonte afirmou que os defensores da entrada do partido no governo insistem na necessidade de se viabilizar o país que se encontra paralisado.
De acordo com a fonte, durante o encontro a ala favorável a ideia de não adesão ao próximo governo sustentou, entre vários argumentos, o facto de o Supremo Tribunal ainda não se ter  pronunciado sobre a petição submetida quanto à inconstitucionalidade ou não da nomeação do Baciro Dja, terceiro vice-presidente do PAIGC, sem consultas prévias aos partidos políticos e ao Conselho de Estado.
Comissao politica PRS

PORTA-CONTENTORES ENTUPEM AS VIAS DE CIRCUILAÇÃO DA CIDADE DE BISSAU


porta-contentores em Bissau

As portas contentores que circulam diariamente nas vias públicas e nas avenidas da nossa capital continuam a representar não só uma grande ameaça a vida dos citadinos de Bissau, como também a circulação de outras viaturas. A reportagem do semanário “O Democrata” passou nas diferentes artérias do centro da cidade, onde constatou a paragem de portas contentores nas ruas e em algumas artérias, que segundo as populações representa uma ameaça as suas vidas.
A circulação diária na avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátrica e nas avenidas pelo centro é perturbada pelas portas contentores provocando o engarrafamento e acidentes que até certo ponto podiam ser evitáveis. As portas – contentores que estão parradas no centro da cidade a espera de descarregamento são controladas pelos jovens ajudantes (assistentes dos condutores).
A nossa reportagem apurou que os jovens ajudantes fazem ao mesmo tempo o serviço de guarda dos camiões, pelo que são obrigados a permanecer no local todo o tempo, ou seja, até que o camião consiga descarregar. Estes jovem fazem tudo e mais alguma coisa nos locais onde se encontram parados os camiões.
Na estrada que liga as Alfandegas à Universidade Lusófona da Guiné e o Estado-Maior General das Forças Armadas existem sempre longas bichas dos atrelados que acabam por interromper circulaçao de taxis e consequentemente das pessoas que frequentam aquela zona. Também a mesma situação de bicha da porta – contentores se regista na estrada da zona do Instituto da Segurança Social e a Marinha da Guerra Nacional.
AJUDANTES VIVEM NA SITUAÇÃO DE PENÚRIA NAS RUAS PARA GUARDAR OS CAMIÕES
Um dos motoristas revelou a ”O Democrata” que a situaçao é de total penúria para os ajudantes que são obrigados a pernoitarem debaixo dos carros enquanto os produtos não forem descarregados.
“Para além desta situação, temos um outro problema ligado a higiene e a falta de água potável. Quem não tem dinheiro tem que recorrer a outros meios. Ficamos aqui às vezes três ou quatro dias a espera de descarregamento das nossas mercadorias”, explica.
O nosso interloculor revelou igualmente que no período da noite a história é bem diferente, porque o espaço é transformado num campo de “prostituição gratuita” sem proteção mínima.
“Como pode ter reparado não temos casas de banho. Quando não temos alternativa, recorremos ao interior dos contentores para lavar o corpo e à noite defecamos ao ar livre, porque não temos como fazer”, lamenta.
Uma outra fonte disse à nossa equipa de reportagem que cada carregamento feito do interior a centro da cidade recebe um valor que ronda cerca de seiscentos mil Francos CFA, dependendo em certas ocasiões das negociações entre as partes.
“Comigo isso tem funcionado assim e quando passam três dias sem descarga, o proprietário da mercadoria é obrigado a pagar diariamente cerca de cem mil Francos CFA ao dono da viatura em compensação dos prejuízos. Pois, é através desta soma que nós, os motoristas também sobrevivemos quando há situação de morosidade na descarga a partir do porto”, nota.
Para cidadão comum, circular nas vias que dão acesso à Universidade Lusófona, Minsitério da Justiça, às Alfandegas, às Nações Unidas e aos Correios da Guiné-Bissau em direção ao mercado central é um autêntico pandemónio, pelo que é urgente que se tome medidas para pôr cobro à situação.
JOVEM AJUDANTE: “LAVAMOS CORPO E FAZEMOS A NOSSA NECESSIDADE AQUI NA PRAÇA
Um ajudante de camião que carrega contentores da castanha de caju da empresa “ETC-Bissau” e que pediu anonimato, disse a nossa reportagem que o camião em que se encontra a trabalhar leva mais de dez dias parado ao lado do ministério da Economia e Finanças a espera de descarregar o contentor nos portos.
“Estamos aqui a desempenhar dupla função. Um, estamos como ajudante do condutor de camião e a outra função é como  guarda do camião, para evitar que os produtos sejam roubados ”, especifica.
Explicou ainda que recebem semanalmente um subsídio de cinco mil Francos CFA e que muitas vezes são obrigados a partilharem o mesmo montante com os condutores, tendo uma diferença de mil francos CFA. Isto é, dois mil francos CFA para os motoristas e três mil Francos FCA para os ajudantes.
“Este dinheiro que recebemos é para comprar a comida desde o pequeno-almoço, almoço e jantar, ou seja, satisfazer as nossas necessidades básicas. É claro que isso não chega, mas como fazer? É a nossa opção. Escolhemos que queremos ser condutores e é desta forma que estamos a aprender, portanto vamos saber lidar com o que escolhemos. Imagina só, lavamos o corpo e fazemos as nossas necessidades aqui na praça. Apenas procuramos lugares isolados para fazer essas necessidades”, lamentou o jovem ajudante de 21 anos de idade.
O jovem ajudante disse que estão consciente dos riscos de saúde que correm, sobretudo em termos da contaminação de paludismo ou outras doenças devido às condições em que dormem sem nenhuma protecção.
“Dormimos aqui sem mosquiteiros e às vezes ficamos dois dias seguidos sem tomar banho, sobretudo no período antes da época da chuva. Agora isso não se verifica, porque chove sempre e até porque o acesso a água já é fácil”, contou.
A nossa reportagem viu um jovem ajudante a tomar banho entre dois camiões carregados da castanha de caju ao lado do ministério da Economia e Finanças. O jovem explicou a nossa reportagem que tinha terminado de lavar a roupa, pelo que aproveitou para tomar o banho.
“No dia anterior não consegui tomar o banho, por isso aproveitei hoje para tirar um pouco de sujidade. Tenho a consciência que não devo assumir esse comportamento, mas tenho ao lado de mim dois camiões que estão – me a proteger para não ser visto pelas pessoas e, por isso decidi tirar a roupa para lavar o corpo.
O jovem confessa, no entanto, que para além de aproveitar da protecção das duas viaturas, à noite toda malta lava corpo no mesmo local.
Este jovem ajudante disse que durante o período da noite recebem as visitas das jovens raparigas que passam ali para oferecer os seus serviços para quem está interessado. Frisou neste sentido, que os preços avançados pelas jovens raparigas para o acto sexual se estima no valor de 2.500 Francos CFA (dois mil e quinhentos francos cfa), mas negociável até dois mil Francos CFA.
PORTOS DE BISSAU TEM DUAS MÁQUINAS PARA DESCARREGAMENTO DE CONTENTORES
Uma fonte de portos contactada pela nossa reportagem que pediu anonimato, contou que no momento existe apenas duas máquinas para o descarregamento dos camiões que carregam contentores da castanha de caju.
Relativamente ao atraso registado no descarregamento de camiões e que condiciona o estacionamento dos mesmos nas avenidas do centro da cidade, explicou que a morosidade no descarregamento às vezes acontece quando há problemas de avaria nas máquinas disponíveis.
“São duas máquinas apenas a operarem. Quando uma tem problema técnico somos obrigados a ficar a espera da outra que está operacional que faça o  descarregamento dos camiões. As duas máquinas trabalham 24 horas sobre 24 horas, por isso registam sempre avarias técnicas. É preciso procurar mais máquinas para facilitar o trabalho do descarregamento dos camiões, porque neste período da campanha da castanha de caju há sempre movimentações para exportação deste produto”, explicou.
A fonte avança ainda que as duas empresas de transporte de carga pesada, designadamente a MAERSK LINE e PORT LINE, conseguem trazer para o país os barcos de grande porte que carrega entre 500 a 700 contentores da castanha de caju.
VIAÇÃO PROMETE ACABAR COM ESTACIONAMENTO DE PORTA – CONTENTORES NAS RUAS DE BISSAU
Em entrevista a ”O Democrata”, Ângelo da Costa, Diretor de Segurança Rodoviária começa por explicar que a presença das viaturas portadoras de contentores nas avenidas do centro da cidade e nas vias públicas acontece com maior incidencia no período de campanha de comercialização e exportaçao da castanha de caju.
Segundo Ângelo da Costa, apesar do despacho do Secretário de Estado de Transportes e das Telecomunicações emitido no ano passado que é de proibir a circulação e estacionamento das viaturas porta – contentores ao longo da Avenida, Amílcar Cabral até ao Cais de Pindjiguiti, os atrelados, como são tecnicamente chamados têm provocado uma autêntica invasão nas avenidas no centro da cidade.
O responsável pela Segurança Rodaviária lamenta ainda o facto de o Governo ter criado uma comissão interministerial para sanar a situação de atrelados nas avenidas públicas sem solicitar a Direcção-Geral da Viação, para em conjunto accionarem mecanismos necessários, como tem acontecido em 2014.
De acordo com Ângelo da Costa, a má condição das estradas e as vias alternativas ainda em obras de construção e reabilitação estão a condicionar os trabalhos da Direcção-geral da Viação, facto que obriga os cargueiros a entrarem pelo eixo principal, Avenida dos Cambatentes da Liberdade da Pátria em direção ao Porto de Bissau, passando pelas vias do centro da cidade de forma descontrolada.
“Hoje vemos remorques por todos os lados do centro da cidade e estacionados descontroladamente, durante uma semana a espera do descarregamento. O mais grave de tudo isso é que os motoristas não são encontrados nos locais de estacionamento”, explica.
Como medida, Ângelo da Costa espera ter uma mão dura sobre motoristas e proprietários dos atrelados a partir de 2016, quando as estradas ainda em construção retomarem a sua forma regular, sinalizadas e entregues às autoridades do país.
“Acreditamos que a partir do próximo ano não vamos ter esta situação, porque teremos já uma estrada com ligação directa ao Cais de Pindjiguiti. A partir do Guimetal as viaturas terão duas alternativas para chegarem ao porto. Ou por via do cemitério de Antula ou através do Guimetal passando por Alto Bandim em direção ao porto”, justifica.
Na opinião de Ângelo da Costas, as viaturas que saiem dos países vizinhos trazendo mercadorias passarão, a partir de novas alternativas, a escuarem seus produtos nos armazéns existentes nos arredores da capital para serem depois transportados pelas viaturas de menor porte ao centro da capital.
“Tendo esta medida, teremos a situação mais controlada e favorável a uma circulação mais adequada e sem atrelados a circularem na praça pública ”, defende.
O Diretor de Segurança Rodoviária esclarece na mesma entrevista que a comissão interministerial criada todos os anos na abertura da acampanha de comercialização da castanha de caju para facilitar a circulação das viaturas que transportam os produtos para cidade, não significa que essas mesmas viaturas estão isentas de inspecção.
“É apenas para evitar os estrangulamentos na circulação. Todavia, ninguém está isento de estar munido de um livrete, a carta de condução ou de levar o carro à inspeçao”, refere.
Ângelo da Costa acusa igualmente os condutores de estarem a aproveitar de Livre Trậnsito como um tudo. Neste particular, revela que na Guiné-Bissau o nível de inspecção é quase nulo e comparável a forma tal como as pessoas fogem do fisco.
Este alto funcionário da viação terrestre, critica igualmente a actuação dos motoristas da porta – contentores que diz porta-contentores sem utilizar os pinos (pequenos ferros) para assegurar os quatro cantos do contentor.

Impasse político e incerteza arrastam-se


Mais de duas semanas depois de o Presidente, José Mário Vaz, ter demitido o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, e mais de uma semana após ter nomeado um novo primeiro-ministro, a Guiné-Bissau permanecia este sábado num impasse político que preocupa quem conhece a história do país, pontuada por golpes de Estado e violência política. A hierarquia militar prometeu às Nações Unidas que se manterá à margem da crise, mas a incerteza permanece.


“É estranho que tenha sido nomeado um primeiro-ministro há uma semana e a isso não tenha sucedido a formação de um Governo. Significa que está a haver dificuldades em encontrar gente para isso”, considera Xavier Figueiredo, director do África Monitor, uma newsletter sobre países africanos lusófonos.

Os olhares estavam este sábado virados para o PRS (Partido da Renovação Social), segunda principal força política, que reuniu a sua comissão política. Um membro do órgão partidário disse à agência guineense ANG que seria decidido viabilizar, ou não, um executivo chefiado por Baciro Djá.

Dirigentes do partido, incluindo o presidente, Alberto Nambeia, e o secretário-geral, Florentino Mendes Pereira, regressaram na sexta-feira da Gâmbia, onde se deslocaram a convite do Presidente Yahya Jammeh, um “amigo próximo” de José Mário Vaz, segundo o jornal The Standard, que poderá ter tentado convencê-los a viabilizar uma solução de Governo.

A meio da semana, fontes da rádio Voz da América em Bissau indicavam que Florentino Pereira, ministro da Energia do executivo demitido, se manteria fiel aos compromissos com Simões Pereira e teria o apoio de uma clara maioria dos 41 deputados do PRS. Mas Nambeia teria dado o seu apoio à decisão de José Mário Vaz de demitir o Governo.

A emissora noticiou também movimentações de bastidores do campo presidencial junto de deputados do PAIGC, que tem 57, e da suposta dificuldades do primeiro-ministro demitido em manter unido à sua volta o partido de que também são militantes José Mário Vaz e Baciro Djá, e cujos órgãos dirigentes consideram estar em curso um “golpe constitucional”.

O executivo chefiado por Simões Pereira, líder do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, principal força política) foi demitido a 12 de Agosto. A decisão do Presidente de afastar um Governo com apoio parlamentar alargado e participação das principais forças políticas guineenses foi mal recebida pela generalidade dos partidos e das organizações da sociedade civil.

Com os votos do PAIGC e do PRS, o Parlamento recomendou no início da semana passada a exoneração de Baciro Djá, nomeado pelo Presidente a 21 de Agosto, e pediu ao Supremo Tribunal que se pronuncie sobre a constitucionalidade da nomeação.
 
Também organizações da sociedade civil agrupadas na Aliança Nacional para a Paz e Democracia entregaram na sexta-feira ao Procurador-Geral da República uma petição em que solicitam um pronunciamento sobre a constitucionalidade, de que duvidam, dos decretos presidenciais que demitiram o Governo e nomearam novo primeiro-ministro.

“Aversão” recíproca

Sem prejuízo de outras motivações, Xavier Figueiredo considera que o Presidente e o primeiro-ministro são “duas pessoas que têm uma aversão enorme um pelo outro” e que a sua “rivalidade” começou a ser notada “muito pouco tempo depois da normalização”. Entenda-se: após as eleições de 2014, que puseram fim ao período de transição após o golpe militar de 2012 e deram a vitória nas legislativas ao PAIGC e nas presidenciais a José Mário Vaz.

“Na Guiné-Bissau, o poder é partilhado, com clara preponderância do primeiro-ministro”, observa o director do África Monitor. “A Constituição atribui alguns poderes de acompanhamento da política do Governo ao Presidente e José Mário Vaz interpreta isso de forma muito lata”.

O actual Presidente, recorda também, não era o preferido por Simões Pereira para a corrida presidencial. O líder do PAIGC, diz, gostaria que o candidato do partido tivesse sido Mário Lopes Rosa, depois ministro dos Negócios Estrangeiros. Mas no processo de escolha do candidato acabou por ser preponderante a ala que no congresso tinha estado com Braima Camará, então o principal adversário de Simões Pereira, e um dos principais apoiantes de Vaz.

No dia em que demitiu Simões Pereira, para além de atribuir ao Governo “preocupantes sinais” de querer obstruir a actuação da Justiça, José Mário Vaz não escondeu, e escreveu-o no decreto presidencial, as “incompatibilidades de relacionamento institucional” com o primeiro-ministro. Numa entrevista ao jornal cabo-verdiano Expresso das Ilhas, o líder do PAIGC disse que o Presidente não lhe explicou os motivos que o levaram a demiti-lo e atribuiu ao chefe de Estado “uma vontade desmedida de chamar a si todos os poderes”.

Simões Pereira tem dito que só um recuo do Presidente pode resolver de forma rápida a crise e admitiu que o PAIGC, que inicialmente insistiu no seu nome, pode propor outros políticos para a chefia do Governo. “Se o problema é o relacionamento entre o Presidente e Domingos Simões Pereira, o PAIGC, ouvidas as suas estruturas, tem outras soluções”, disse numa entrevista à Voz da América.

Na ausência de uma solução negociada, no plano das hipóteses, caso o Parlamento mantenha a firmeza que tem revelado na oposição às iniciativas presidenciais, um Governo de Baciro Djá chocaria com a rejeição dos deputados e poderia levar a novas eleições. José Mário Vaz poderia também dissolver a Assembleia Nacional Popular, precipitando novas eleições. Só que a comunidade internacional poderá não estar disposta a pagar nova ida às urnas, pouco mais de um ano após a última consulta.

Os apelos ao bom senso têm-se sucedido, interna e externamente. Uma delegação de chefes religiosos da Igreja Católica, das comunidades muçulmana e evangélica reuniu-se, separadamente, com Simões Pereira e com José Mário Vaz.

Na sexta-feira, as Nações Unidas apelaram às forças políticas para seguirem a via do diálogo de modo a pôr fim à escalada de luta pelo poder que ameaça a estabilidade do país. O Conselho de Segurança ouviu o representante do secretário-geral em Bissau, Miguel Trovoada, dizer que as Forças Armadas se comprometeram formalmente a manter a neutralidade na actual crise política.

Trovoada lembrou aos membros do Conselho de Segurança que o Governo demitido “era inclusivo e composto por representantes de quase todos os partidos da Assembleia Nacional Popular, o que lhe assegurava uma confortável base de apoio”. “Parecia que estavam criadas as principais condições para um quadro de estabilidade política favorável a um adequado funcionamento do Estado.” Menos diplomático tinha sido o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, que quando soube da nomeação de Baciro Djá disse que apenas “piorou a situação política”.
 
Fátima Proença, directora executiva da ACEP (Associação para a Cooperação entre os Povos), organização com programas e projectos na Guiné-Bissau, considera “incompreensível” o que tem ocorrido em Bissau. “Olho com enorme preocupação e com alguma revolta para o que está a acontecer: as pessoas que apostaram na construção de um futuro para o país não mereciam isto, as pessoas que agora tinham água e luz também não mereciam isto. Há uma esperança que é completamente torpedeada”.
 
“Não está em causa apoiar o Governo ou primeiro-ministro. As pessoas podiam ser críticas do Governo mas ninguém punha em causa que o país estava a mudar” ”, afirma a dirigente associativa, que tem uma relação muito próxima com a Guiné-Bissau desde os anos 1980.

Numa análise publicada pelo África Monitor, Guilherme Dias escreveu que “se a curto prazo esta nova crise mergulha novamente o país na incerteza, a sua resolução pode finalmente responder à pergunta que se impõe — quem é o chefe em Bissau?”
 
 (João Manuel Rocha)
 

Movimento quer que Mutilação Genital Feminina volte a ser permitida na G-Bissau

Um álbum de fotografias está em cima da mesa e não se deve abrir. "Essas imagens impressionam e já puseram muitas 'fanatecas' a chorar", conta Fatumata Baldé. 


As "fanatecas" são as mulheres que fazem a excisão a outras mulheres. O álbum mostra os ferimentos e malformações que surgem mais tarde às que foram sujeitas à Mutilação Genital Feminina (MGF) e aos seus filhos. 


Quando ainda alguém tem dúvidas sobre os males provocados pela MGF, "logo desaparecem ao ver estas fotografias", descreve.


A Assembleia Nacional Popular (ANP) guineense aprovou em 2011 uma lei que proíbe a excisão, mas agora há um movimento liderado por um punhado de homens que quer abolir esta legislação. O grupo já entregou um abaixo-assinado no parlamento, em que dizem reunir 12 mil subscritores que querem que a MGF volte a ser uma prática livre.

Quando ainda alguém tem dúvidas sobre os males provocados pela MGF, "logo desaparecem ao ver estas fotografias", descreve.

Fatumata lidera o Comité Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas na Guiné-Bissau que tem levado "fanatecas" de todo o país a abandonar a actividade.

A Assembleia Nacional Popular (ANP) guineense aprovou em 2011 uma lei que proíbe a excisão, mas agora há um movimento liderado por um punhado de homens que quer abolir essa legislação.

Para o efeito, este grupo já entregou um abaixo-assinado no parlamento, em que dizem reunir 12 mil subscritores que querem que a MGF volte a ser uma prática livre.

Porquê? Iaia Rachido, 64 anos, acredita que a excisão "não faz mal a ninguém". E se lhe pedissem para cortar nele próprio? Diz que "não", que não deixava. "Mas nas mulheres também não se corta tudo: cortam um pouco, como o profeta ensinou".

Para este homem, que dirige uma mesquita em Bissau e é filho de um "sábio" muçulmano, a mutilação é um corte com medida divina -- e quando confrontado com ferimentos, casos de morte provocada pela excisão ou com a interpretação do Corão (livro sagrado muçulmano) livre do corte, diz que tudo isso "não corresponde à realidade".

Desvaloriza também as cartas e convenções internacionais (das Nações Unidas e suas agências, como a Organização Mundial de Saúde, entre outras entidades) que condenam a prática.

"Quando há americanos ou europeus que fazem uma regra, toda a gente vai atrás da regra", queixa-se, considerando, por isso, que essas convenções não deviam ser consideradas universais.

Para ele, não deve ser assim e chega a dar um exemplo que contraria a carta dos Direitos Humanos. "Fala do direito da criança em escolher a religião, mas nós, muçulmanos, não nos importamos com isso".

Mesmo que se diga que a lei é para toda a gente, "eles sabem quem é que pratica isto", refere Iaia Rachido, apontando o dedo ao poder político.

Por outro lado, "na Guiné-Bissau há crimes de droga, de sangue e corrupção. Até à data ninguém foi julgado, mas há duas senhoras que estão a cumprir pena por praticarem a excisão".

"Deviam prender primeiro aqueles que cometeram crimes mais graves", acrescenta.

Não há argumentos que demovam Iaia Rachido. A conclusão é sempre esta: "no nosso entender [a MGF] é obrigatória", de acordo com os preceitos religiosos e com a tradição em que se incluem mães, irmãs e até as cinco filhas de Iaia.

Mas "pode haver quem entenda que é facultativo".

"Quem quiser faz, quem não quiser, não faz" e o movimento até aceita isso, mas o objetivo é acabar com a proibição: "vamos continuar pela via legal, longe da violência, para conseguir a abolição desta lei".

Apesar de desvalorizar a importância dos intervenientes, Fatumata Baldé considera gravíssima a posição assumida pelo grupo e pede a intervenção do Procurador-Geral da República (PGR) da Guiné-Bissau.

"O PGR devia chamar esse senhor para lhe perguntar o que se está a passar", porque está a instigar a população "contra uma lei adoptada por um Estado. Ele merece ser chamado ao Ministério Público". "Estamos num país democrático em que cada um pode expressar-se livremente, mas sem contrariar as leis", sublinha.

Fatumata Baldé acredita que a oposição à excisão na Guiné-Bissau e a caminhada com vista à sua erradicação já chegou a um ponto sem retorno: a lei passou no parlamento quase por unanimidade e a os principais líderes islâmicos rejeitam que a religião obrigue à MGF.

Os mais recentes indicadores revelam uma diminuição da prática, apesar de continuar a ser expressiva.

Segundo o Inquérito aos Indicadores Múltiplos (MICS) de 2010, promovido pelo Governo e Nações Unidas, a excisão afectava metade (50%) das mulheres da Guiné-Bissau com idades entre os 15 e os 49 anos, valor que desceu para 45% no MICS 2014.

Há um senão: com medo da lei, há cada vez mais pais a sujeitar as filhas à MGF quando ainda são bebés, para haver menos possibilidades de denúncia.

E aos recém-nascidos nada resta senão depender dos adultos, num país onde ainda se defende a mutilação.


Enquanto a negligência médica não for crime

Citando um relatório recente, o professor argumenta que o Paquistão se senta no lado errado da maioria das estatísticas relacionadas com a mortalidade infantil: "O Paquistão tem a maior taxa de mortes primeiro dia e natimortos em 40,7 por 1.000 nascidos, seguido pela Nigéria (32,7), Serra Leoa (30,8), Somália (29,7), Guiné-Bissau (29,4) e no Afeganistão (29,0).


Em muitos países, a legislação actual não é nem capaz de proteger os pacientes nem salvaguardar os prestadores de cuidados.


VER ARTIGO COMPLETO: http://www.dawn.com/news/1203147




O QUE ESTÁ EM CAUSA É O FUTURO DO PAÍS


Domingos Simões Pereira, diz que apenas o recuo do Presidente de República pode resolver de forma rápida e eficaz a crise política actual.

Em entrevista à VOA, na passada segunda-feira, 24, Simões Pereira revelou que o PAIGC tem soluções para ultrapassar esta crise, mas para isso José Mário Vaz terá de "anular o decreto que nomeou o novo primeiro-ministro e pedir ao partido maioritário que indique um novo candidato a chefe de Governo".

No seu entender, embora a posição do Presidente da República "não seja a que se configura com o nosso sistema e totalmente inconstitucional, se o problema é o relacionamento entre o Presidente de Domingos Simões Pereira, o PAICG, ouvido as suas estruturas, tem outras soluções".

Entretanto, o antigo primeiro-ministro lamenta que José Mário Vaz continue a não dar voz ao povo que se tem manifestado contra a sua decisão.

"Espero que não só ouça a pressão internacional, mas também a voz do povo expressa nas urnas", reiterou Simões Pereira que culpa Vaz pela situação actual, "no momento em que todos os indicadores dizem que os níveis alcançados por este Governo são comparáveis aos melhores de sempre da Guiné-Bissau".

O antigo primeiro-ministro continua a acreditar que o Presidente da República irá recuar porque não há outra alternativa, frente à instabilidade criada por ele próprio.

"O que está em causa é o o futuro do país", conclui Domingos Simões Pereira que lembra haver outras soluções, mas que por agora espera "pelo bom senso do sr. Presidente da República para recuar e devolver a palavra ao povo, que manifestou o seu desejo através do voto".

REUNIÃO DA COMISSÃO POLITICA NACIONAL DO PRS FICOU INCONCLUSIVA













A reunião da Comissão Politica Nacional do PRS, ficou inconclusiva devido ao número de inscritos para o debate ao 3º ponto da ordem do dia dos renovadores.
A reunião do sábado 29 de Agosto, tem três pontos em agenda, a saber:
1º- Informação geral;
2º- Situação da crise política nacional;
a)-Adesão do PRS ao governo do Baciro Djá;
3º- Diverso.
O segundo ponto da agenda, (a adesão do PRS ao Governo do Baciro Djá), não esgotou o numero dos inscritos para debater este ponto tido como mais Importante de todos. Dessa forma, para acautelar numa conclusão tranquila, tudo ficou protelado para a próxima segunda-feira 31 de Agosto no mesmo local.
Segundo a nossa fonte, apesar do PRS ter reconhecido que a postura do PR é ilegal, mas a parte maioritária “quer viabilizar o país mediante num apoio ao futuro Governo do Baciro Djá.”
A parte minoritária dos participantes manifestaram solidários com o requerimento apresentado junto ao Supremo Tribunal de Justiça, para avaliar a inconstitucionalidade do PR sobre a matéria, por formas a poderem evitar um eventual apoio da ilegalidade.
De momento a comissão Politica Nacional do PRS, está dividida em duas alas e a anuência ou não da adesão dos renovadores poderá ser conhecida nos próximos dias.

REUNIÃO DA COMISSÃO POLÍTICA DO PRS


29 de Agosto Dia da decisão do futuro do PRS, na Guiné-Bissau.
A Comissão Política do PRS, se encontra reunida neste sábado 29 de agosto em Bissau, para análise da crise poplítea vigente e decidir se vai tomar parte ou não no futuro governo liderado por Baciro Djá.
A reunião está esperada com muitas expectativas por parte do Presidente Mário Vaz, do novo PM Baciro Djá, do PAIGC, da população em geral e bem como da comunidade internacional.
Nos estatutos do PRS, compete a Comissão Politica Nacional dos renovadores, decidir sobre a matéria. 
Florentino Mendes Pereira Secretário-geral do PRS, desdramatiza alegada crispação política entre ele com o Presidente do partido, “É natural que haja posicionamentos diferente, como sabem é uma matéria muito delicada para o futuro do partido. Há um entendimento serio e profundo. Não há divergência entre nós. A Bancada Parlamentar respeita as posições do partido.” Conclui Mendes Pereira  
Tudo indica que o PRS, não poderá tomar parte no futuro governo do Baciro Djá. Uma vez que, os renovadores almejam vencer as próximas eleições na Guiné-Bissau.
A ver vamos!...

DEMISSÃO DO GOVERNO DE DSP PELO PR JOMAV "SUBVERTE" A CONSTITUIÇÃO DA GUINÉ-BISSAU


Pedro Bacelar de Vasconcelos
É a visão de um dos maiores constitucionalistas portugueses e perito nas constituições dos países de língua portuguesa. Pedro Bacelar de Vasconcelos diz que a decisão do presidente da Guiné-Bissau de demitir o governo, que resultou na atual crise política, “subverte” o modelo constitucional guineense, baseado no parlamentarismo.
A opinião consta do primeiro de um conjunto de artigos de opinião sobre “Constituições da CPLP”, publicado no Jornal de Notícias, do Porto. Bacelar de Vasconcelos lembra que o objetivo comum dos dois modelos constitucionais que chegaram até aos dias de hoje, presidencial e parlamentar, é apenas um “impedir a restauração da tirania”, mas que divergem no funcionamento das instituições.
Enquanto Angola ou Moçambique optaram pelo presidencialismo, a Guiné-Bissau escolheu um modelo próximo do “parlamentarismo mitigado”, tal como Timor-Leste e Portugal. Num regime presidencial como o americano, recorda, “governo é confiado a um presidente democraticamente legitimado para um mandato limitado e estreitamente vigiado pelo legislador”.
A recente demissão do primeiro-ministro pelo presidente da Guiné-Bissau, afirma Bacelar Vasconcelos, “com base na violação de uma suposta relação de hierarquia e dependência funcional entre os dois órgãos, “subverte as diferenças essenciais entre os dois modelos e os caminhos diferentes por que visam prevenir o mesmo mal: o regresso da tirania”, escreve o constitucionalista.
Em Bissau, prossegue o conflito institucional. Esta semana, o Parlamento recomendou a exoneração do primeiro-ministro empossado pelo presidente na sexta-feira, Baciro Djá. Vai agora pedir ao Supremo Tribunal de Justiça que avalie a constitucionalidade da nomeação de um chefe do Governo sem o acordo do principal partido, o PAIGC.
Quarta-feira, o comité de Paz e Segurança da União Africana emitiu um comunicado sobre a “crescente tensão” entre os líderes políticos guineenses, que tem “o potencial para minar seriamente os progressos registados” desde as eleições de abril e maio de 2014. Em causa está a mobilização de ajuda internacional para o país, alerta.
O organismo apela a conversações entre as partes, sublinhando a necessidade de “respeitar a Constituição e o Estado de Direito”. As forças de segurança, apela, devem manter-se afastadas de todo o processo.
Af. M, 27 de Agosto de 2015

“ESTADO É MAIOR DEVEDOR DE APGB COM MAIS DE CINCO BILHÕES DE FRANCOS CFA

  Não dá para acreditar mas leia a notícia para tirar ilações. “Estado guineense é maior devedor de APGB, com mais de cinco bilhões de fr...