Confederação Empresarial da CPLP organiza reuniões em Bissau



A CE-CPLP organiza as próximas reuniões ordinárias de Direção e Assembleia Geral na Guiné-Bissau no dia 22 de Abril de 2015. As reuniões serão apoiadas pela Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços da Guiné-Bissau, que irá facultar aos membros da delegação da CE-CPLP todas as infraestruturas necessárias para a realização das reuniões.

A cerimónia de abertura das reuniões e dos eventos empresariais da CE-CPLP na Guiné-Bissau será presidida por Sua Ex.ª o Presidente da República da Guiné-Bissau, Mário Vaz.

EUA querem construir «relacionamento forte e duradouro»


Em editorial divulgado neste sábado, o Governo dos Estados Unidos da América (EUA) fala sobre a recente conferência de Doadores Internacionais para a Guiné-Bissau, que decorreu em Bruxelas, na Bélgica. Garante que quer continuar a construir um relacionamento forte e duradouro com o executivo de Bissau.

Comunicado do Governo dos Estados Unidos da América:

«A Guiné-Bissau, uma pequena e conturbada nação da Africa Ocidental, tem enfrentado muitos desafios, nos últimos anos.

Golpes militares frequentes abalaram o regime democrático e com o vácuo de um governo eficaz, criminosos internacionais utilizaram áreas remotas da sua costa marítima para transbordo de drogas ilegais da América do Sul para a Europa.

Assistiu-se, todavia, a um sinal de esperança, quando os doadores internacionais encorajados pela recente estabilidade política prometeram mais de 1000 milhões de euros para apoiar um programa de desenvolvimento de 10 anos.

Os doadores que participaram numa conferência de Doadores Internacionais realizada, o mês passado, em Bruxelas, e patrocinada pela União Europeia aprovaram um plano ambicioso preparado pelo governo para promover o crescimento, o desenvolvimento e melhorar os serviços governamentais, e assim reforçar as instituições democráticas.

Como amigo e parceiro do povo da Guiné Bissau, os EUA elogiaram a visão do plano apresentado pelo primeiro-ministro Domingos Simões Pereira e Presidente da República José Mário Vaz.

Articularam, claramente tanto a aspiração como as propostas específicas exigidas para uma Guiné-Bissau, forte, vibrante e prospera dentro da comunidade das nações da África Ocidental.

Agradecemos à União Europeia, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e ao governo da Guiné-Bissau terem organizado a conferência.

Os EUA, em parceria com a comunidade internacional, vai ajudar a construir um relacionamento forte e duradouro com a Guiné-Bissau que irá ajudar a concretizar os objetivos definidos na conferência: estabelecer uma economia forte e diversificada que forneça oportunidades para os jovens; a reforma e o reforço das instituições democráticas; combate à corrupção e promoção de boa governação e a erradicação da pobreza.

Pela nossa parte estamos comprometidos na continuação da cooperação bilateral no setor da segurança, no setor militar, e na reforma judicial, para além da nossa assistência técnica ao setor da saúde.

Os habitantes da Guiné-Bissau devem estar orgulhosos do progresso que ocorreu nos últimos 10 meses desde as eleições e podem contar com a continuidade do apoio dos EUA.»

CE-CPLP PROGRAMA Missão Guiné-Bissau | 21-23 Abril 2015

21 abril – terça-feira

13h00 Chegada da delegação da CE-CPLP e dos participantes dos países da CPLP
Acolhimento do Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira e instalação nos hotéis
15h00 Reunião CE-PALOP – Malaika Hotel (Sala de Reunião)
17h00 Reunião Direção da CCIAS & delegação da CE-CPLP – Malaika Hotel
18h30 Encontro Empresarial – Malaika Hotel (Salão Nobre)
Dirigentes de entidades associativas e empresariais de Guiné-Bissau

22 abril – quarta-feira

09h00 Cerimónia de abertura das reuniões e eventos da CE-CPLP na Guiné-Bissau – Hotel Azalaï Presidida por Sua Ex.a o Sr. Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz
10h00 Reunião Ordinária da Direção da CE-CPLP – Hotel Azalaï (Sala de Reunião) 13h00 Almoço
14h30 Reunião Ordinária de Assembleia Geral da CE-CPLP – Hotel Azalaï (Sala de Reunião)

23 abril – quinta-feira

09h00
13h00

Audiências

 Audiência com Sua Ex.a o Sr. Ministro da Economia e Finanças, Geraldo Martins
 Audiência com Sua Ex.a o Sr. Primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira
 Audiência com Sua Ex.a o Sr. Presidente da República, José Mário Vaz
Almoço de Trabalho – Malaika Hotel

Delegação da CE-CPLP, convidados e Presidente da CCIAS
Confederação Empresarial da CPLP secretariadogeral@cecplp.org

18h30
PROGRAMA
Missão Guiné-Bissau | 21-23 Abril 2015
Conferência de Bissau - CPLP e o Futuro – Hotel Azalaï
 Abertura da Mostra Saberes e Sabores da CPLP;
 Apresentação da Mesa de Honra;
 Discurso de Abertura;
 Presidente da CCIAS, Braima Camará
 Entrega da bandeira da CE-CPLP ao delegado da CE-CPLP na Guiné-Bissau;
 Apresentações;
 Apresentação da CE-CPLP e projeção do vídeo 10 anos de CE-CPLP
 Apresentação da Estratégia da CE-CPLP e projeção do vídeo CPLP rumo ao futuro  Apresentação da União de Exportadores da CPLP e projeção de vídeo institucional
 Assinatura de Protocolos de Parcerias Institucionais; CCIAS / CE-CPLP / UE-CPLP / Governo da Guiné-Bissau
 Discursos de Encerramento.
 Presidente da CCIAS, Braima Camará
 Presidente da CE-CPLP, Salimo Abdula
 Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira
Jantar de Gala da CCIAS – Hotel Azalaï
Entrega de diplomas a personalidades e instituições distinguidas pela CCIAS
20h00

Saúde Materna: GUINÉ-BISSAU POSSUI SEGUNDA MAIOR TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL NO MUNDO


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O Ministro de Economia e Finanças Geraldo Martins revelou nesta sexta-feira (10 de abril) em Bissau, no lançamento oficial do relatório do inquérito aos indicadores múltiplos (MICS-5) que o nosso país possui a segunda pior taxa de mortalidade materna infantil a nível mundial.
O relatório visa facilitar a divulgação oportuna e uso dos resultados do inquérito aos MICS5 da Guiné-Bissau antes da publicação das tabelas e do relatório final do inquérito que incluirá informações mais detalhadas sobre construções do inquérito por características demográficas, sociais, económicas e culturais.
Geraldo Martins assegurou a’O Democrata que o MICS-5 é um instrumento de planificação importante que ajudará o governo fundamentalmente na orientação de políticas públicas. O titular da pasta da Economia e Finanças considerou de alarmante a situação da mortalidade infantil no nosso país que é actualmente a segunda maior taxa da mortalidade infantil a nível mundial.
“Costumo dizer que o acto de dar luz, de trazer a vida ao mundo, é um acto de amor mais nobre e é nesse acto de amor mais nobre que as nossas mães morrem. Isto é inadmissível; penso que todos nós temos que refletir e entender o que está a acontecer com a mortalidade materna”, exortou o governante. Sublinhou que o governo com o MICS-5 dispõe de um instrumento que facilitará o seu trabalho com as organizações bilaterais e multi-laterais que apoiam o país na área da melhoria da vida das mulheres e crianças.
A Coordenadora Residente do Sistema das Nações Unidas no país, Maria do Valle Ribeiro, defendeu na sua intervenção que o inquérito MICS-5 foi estabelecido para dar resposta à necessidade de apoiar a Guiné-Bissau na avaliação dos progressos alcançados em direcção às metas que promovem o bem-estar e os direitos das crianças bem como na avaliação do progresso registado na realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio no país, nomeadamente em termos da nutrição, educação, água potável,saneamento, saúde infantil e reprodutivo.
A responsável onusina no país considerou o MICS-5 como um instrumento valioso para ajustar programas e estratégias no novo ciclo que arranca na Guiné-Bissau através do Plano Estratégico Operacional do Governo e a Visão 2025, e servirá também para disponibizar dados actualizados do sector através da Guiné-Bissau info.
Maria do Valle Ribeiro realçou que a Guiné-Bissau tem registado progressos comparativamente ao Inquérito aos Indicadores múltiplos de 2010 nomeadamente no que respeita à redução da mortalidade infanto-juvenil que passou de 116 para 89 e a utilização de fontes de água melhorada, um dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, aumentou para 75 por cento. Sustentou que apesar do progresso alcançado ainda há um longo caminho a percorrer devido a alguns indicadores que não registaram os progressos desejados, nomeadamente a mortalidade materna infantil estimada em 900 óbitos durante a gravidez, parto ou 2 meses pós-parto em cada 100.000 nascimentos, a prevalência da excisão feminina nas crianças de 0 a 14 anos.
De referir que o programa global MICS foi desenvolvido pela UNICEF nos anos 90 como programa internacional de inquérito aos agregados familiares para recolher dados internacionalmente comparáveis numa vasta gama de inquiridores sobre a situação das crianças e mulheres. O inquérito MICS mede indicadores chaves que permitem aos países dispor de doações para utilização em políticas e programas e monitorar os progressos a nível dos Objectivos de Desenvolvimento de Milénio (ODM) e de outros compromissos internacionais no caso específico da Guiné-Bissau.

Crime de guerra no Mediterrâneo

 

Imigrantes africanos bombardeados pela Marinha egípcia: Crime de Guerra no Mediterrâneo


13/4 - No momento em que se coloca em online esta informação, 600 africanos que tentam reconquistar as costas europeias estão em perigo no mar Mediterrâneo. Além disso, no meio da tarde de hoje, um outro barco de imigrantes, levando Somália e Eritreia foi apenas bombardeados por navios de guerra da Marinha egípcia.A bordo deste barco improvisado, estes refugiados, em grande número, tentou sair da costa egípcia para participar de um lado em um país europeu.

O alarme foi dado por um grupo de refugiados egípcios a uma ONG: Amera. Já, lamentamos dois mortos, incluindo uma mulher. Durante a tarde, as ONGs internacionais mobilizados para alertar marinha de todo o país para ir prestar a ajuda a estes africanos. 
Note-se que esta é a primeira vez que o exército regular de um país bombardeou um barco em mar aberto os imigrantes.  O que constitui um crime de guerra pior do que a cometida por Israel contra o navio turco "Marmara" transportando militantes que haviam tentado afrouxar o bloqueio a Gaza.


Correio de droga detido no aeroporto de Bissau com quase um quilo de cocaína no estômago


 

A Polícia Judiciária da Guiné-Bissau anunciou hoje a detenção de um homem de 41 anos no aeroporto da capital com cápsulas de cocaína no estômago, disse à Lusa fonte daquela força de segurança.


O cidadão guineense tinha ingerido quase um quilo de droga e foi apanhado à chegada a Bissau, na madrugada de domingo, proveniente de São Paulo, Brasil, depois de ter feito escala em Casablanca, Marrocos.

De acordo com a mesma fonte, trata-se de mais um correio de droga, que há semelhança de outros detidos nos últimos meses, faz parte de uma rede.

A organização introduz cocaína no país para depois ser traficada ou transformada em "crack" e consumida localmente.

O suspeito foi levado para as instalações da PJ, onde continua detido.



ENTREVISTA COM O DR. ERNESTO DABO


Dr. Ernesto Dabo


1-Conosaba: Vive na Guiné-Bissau, mas está constantemente viajando pelo mundo. Que retratos tem do país, antes, agora e que perspectivas?
Ernesto Dabo: Se tivermos em conta que fomos uma colónia durante quase cinco seculos e que dessa colonização herdamos apenas um liceu e menos de um porcento da população inserido num sistema educativo (colonial), creio que hoje podemos assumir que evoluímos significativamente. O indicador principal disso no presente, é o facto de em menos de 50 anos de construção do nosso Estado, termos uma nova geração de dirigentes políticos formados no pós independência, com elevada qualidade e, no exterior, centenas de quadros oriundos dos nosso país brilham em diversos países mais desenvolvidos.
Quanto a perspectivas, estou convencido de que, tal como estamos a consolidar a estabilização do país, assim conseguiremos desenvolve-lo: com dialogo, trabalho, inclusão e patriotismo.
2-Conosaba: De sua infância em Bolama, adolescência e juventude em Portugal, aos tempos de hoje, que balaço faz do seu percurso como activista, intelectual, escritor? Sabe que é visto como uma referencia destacada e muito respeitada no mundo da cultura? Sente-se reconhecido pela Guiné-Bissau?
ED: Julgo que esta questão deve ser colocada de outro modo, porque a entendo como uma questão a responder pela sociedade, visto que, como cidadão que sou, cabe a sociedade avaliar o meu percurso e não eu autoavaliar-me. Mas no tocante a reconhecimento, lhe digo que da parte do poder se acontecer, aconteceu. Do lado da sociedade guineense, observo com desmedida felicidade o carinho com que recebem as minhas criações e, por consequência, a estima que os meus compatriotas me manifestam dentro e fora do país. Nenhum reconhecimento se pode igualar a esse.
Para mim, o mais justo, essencial e dignificante acto de reconhecimento a que o nosso Estado deve proceder, é o de criar o MUSEU DA LUTA DE LIBERTAÇÃO NACIOAL, o mais urgentemente possível. Acho que nem vale a pena fundamentar as razões desta razão. 
3-Conosaba: Ernesto Dabo consta que faz parte dos primeiros promotores da africanização da música moderna guineense, com José Carlos, Aliu Bari e outros. Importa-se de retratar-nos essa época, uma vez que, não era fácil?
ED: Essa era a época da Luta Armada de Libertação Nacional. Numa situação de guerra, municiar consciências com um repertorio e género musical que contrariava as intenções do inimigo, naturalmente implicava riscos de todo o tipo. Mas, o importante foi o termos conseguido fazer o que fizemos.
4-Conosaba: Sente-se mais jurista ou homem totalmente entregue à causa, designadamente da cultura?
ED: Estudei direito e como profissional trabalhei na função publica como jurista. O meu estatuto profissional é apenas mais um componente da minha identidade cultural, enquanto ser humano e cidadão.
5-Conosaba: qual a sua visão da importância para a conscientização da sociedade e a importância pro-activa da cultura como nossa identidade e para a construção de um “homem novo”?
ED: Segundo Amílcar Cabral, a luta de libertação “é um acto de cultura e um factor de cultura”. Sendo a libertação um complexo e infinito processo, me parece que todas as etapas de sua conquista assim devem ser entendidas. Poderes que não defendem e promovem a cultura nacional, podem conseguir o maior crescimento possível, mas jamais oferecerão desenvolvimento às respectivas sociedades, porque desenvolvimento “é um acto de cultura e factor de cultura”.
6-Conosaba: Será que os criadores culturais tiveram e têm alguma importância depois da nossa independência?
ED: Se friamente analisarmos estas quatro décadas de vida do nosso Estado, julgo que se poderá concluir que o sector artístico e literário do país, foi o mais determinado e consequente no combate a desvios, corrupção, assassinatos, golpes, impunidade e outros males que vivemos. Em todas as disciplinas artísticas e literárias, há registos de manifestações de repulsa e combate a esses dramas vividos pela sociedade guineense.
O mais seguro indicador da mediocridade de um regime, dirigente ou responsável, é o de subestimar a importância do papel dos homens da cultura para o avanço da sociedade.

7-Conosaba: Consta que o angolano Mário Pinto de Andrade, foi Ministro da Cultura na Guiné-Bissau. Que memórias tem dessa eminente figura da cultura mundial e do seu mandato?
ED: Depois do DR. Mário de Andrade, ninguém mais conseguiu dignificar, defender e promover a cultura nacional como ele o fez, na condição de dirigente político. Apesar de só termos a aprender com ele, instituiu um mecanismo de diálogo permanente com os agentes culturais, cujos frutos foram diversos e estruturantes para as actividades artísticas e literárias no país. Ensinou-nos a intercambiar com humildade, solidariedade e autoestima. 

8-Conosaba: Considera que hoje, nesta fase geracional do poder, haver uma nova visão, nova dinâmica e horizonte politico por parte deste governo? Merece o seu apoio?
ED: Acho que, só o facto de haver uma nova geração no poder, significa, naturalmente, nova visão, nova dinâmica e novo horizonte no comando político do país. Aqui, apraz-me saudar o primeiro e maior resultado da conjugação de todos esses atributos do presente Governo, que são os resultados, acima dos esperados, consequentes da realização da Mesa Redonda. E, também me merece saudação o acentuado caracter inclusivo que norteou a preparação da Mesa Redonda. 
Em menos de um ano de Governação, conseguir baixar significativamente a tensão no país, merecer tamanha confiança da comunidade internacional, expressa pelos apoios prometidos em Bruxelas, julgo serem fortes razões para apoiar o Governo. A meu ver, esse apoio deve implicar também, que cada cidadão se autoavalie para saber o que fez e pode fazer para que a governação seja cada vez melhor e preferir o sentido crítico na sua relação com os actos e ideias do Governo e governantes, porque estamos todos no mesmo barco. 
11-Conosaba: CPLP e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental são parceiros incontornáveis da Guiné-Bissau?
ED: A pertença a essas organizações são mais-valias incomensuráveis, a explorar com competência e estrito respeito pelos princípios que os norteiam. 
Em ambas as organizações exercemos parcerias com os seus membros, que devem ser cada vez mais incentivadas e fraternas.
12-Conosaba: Para terminar, para si, Barack Obama é o novo messias?
ED: Para mim é um HOMEM para lá desta época.
Fim

BIOGRAFIA
Ernesto Dabó, nasceu em Bissau, onde iniciou os seus estudos primários. Cedo viajou para Portugal, a fim de prosseguir seus estudos. Faz parte de grupos de jovens artistas guineenses que fundaram um movimento artístico-cultural, do qual surgiu o primeiro agrupamento de música moderna da Guiné-Bissau, o “Cobiana Djazz” e o registo do primeiro disco pelo conjunto “Djorson”, onde faziam parte José Carlos Schwarz, Aliu Bary e Duko Castro Fernandes. Em 1971, foi o primeiro artista guineense a passar na Rádio Televisão Portuguesa (RTP). Formou-se em direito e é jurista; escritor e músico. Em 2013 fez a gravação do seu primeiro álbum discográfico “Lembrança”.


Guiné-Bissau, empossados 28 Administradores de Sectores


O Ministro da Administração Interna “MAI” conferiu posse esta manhã aos 28 administradores de sectores nomeados por um despacho governamental.

 Na ocasião, Octávio Inocêncio Alves disse que os administradores “jovens”, na sua maioria, com formação superior irão trabalhar para o desenvolvimento dos respectivos sectores.

O titular da pasta da Administração Interna, referiu que a nomeação foi feita na base dos resultados das últimas eleições gerais e apelou aos empossados no sentido de trabalharem para melhor servirem o país.

Os sectores de Cacheu e Prabis, que até aqui não tinham administradores passam, agora, a contar com estes responsáveis, segundo explicações do Chefe de Gabinete do Secretário de Estado da Segurança pública, Augusto Benhafa.

Por sua vez, o Secretário de Estado do Ordenamento e Administração territorial disse que os novos empossados estão imbuídos de responsabilidade acrescida, uma vez que vão trabalhar em sintonia com os Governadores pondo de lado quaisquer pertença partidária, para melhor servirem o pais e o povo guineense.

Abu Camará disse que até aqui os administradores dos sectores são vistos como simples vendedores de talhões de terreno e organizadores dos mercados locais para arrecadar

Eis a lista nominal por regiões:
Região de Tombali:
Sector de Quebo (Braima Djaló)
Sector de Cacine (Seco Indjai)
(...)
Região de Biombo:
Sector de Quinhamel (Pedro da Silva Cá)
Sector de Safim (Libano Gomes Dias)
Sector de Prabis (Joaozinho Có)

Região de Cacheu:
Sector de Cacheu (Ana Paula Rodrigues Sanches)
Sector de Calequisse (Jorge Lima)
Sector de Canchungo (Pedro Mendes Pereira)
Sector de Caió (Abílio Mendes)
Sector de São-Domingos (Elmer Baticã Ferreira)

Região de Quinara:
Sector de Buba (Martinho L. dos Santos)
Sector de Empada (Mário Joáo dos Santos)
Sector de Fulacunda (Mamadú sanhá)

Região de Bafatá:
Sector de Bafatá (Djamila Gomes)
Sector de Bambadinca (Fernando Ramiro Inácio Semedo – Mio)
Sector de Galomaro Cossé (Amadú Candé)
Sector de Ganadú (João Tcherno Candé)
Sector de Xitole (Lancas Seide)

Região de Gabú:
Sector de Gabú (Adulai Bobo Cissé)
Sector de Pitche (iaiá Cassamá)
Sector de Sonaco (Domingos Lopes Moreira Gomes)

Região de Oio:
Sector de Bissorã (José Incaté Nanque)
Sector de Farim (Dicson Varela Pinto Caetano)
Sector de Mansabá (Silvestre Daramé)

Região de Bolama/Bijagós:
Sector de Bolama (Aicha Alfama)
Sector de Bubaque (Mário Valentim)
Sector de Caravela (José Formoso)
Sector de Uno (Armando da Silva)

Governo da Guiné-Bissau, pagou salários com onze bilhões da câmara de comércio


O Presidente da Mesa de Assembleia Geral da Câmara de Comércio Indústria, Agricultura e Serviços (CCIAS), Armando Correia Dias, revelou à reportagem do jornal “O Democrata” que o Governo de transição de Rui Duarte de Barros recebera sete bilhões de francos cfa do Fundo Nacional para Promoção Industrial (FUNPI) e que o actual executivo liderado por Domingos Simões Pereira também recebeu quatro bilhões de francos cfa para pagar salários à Função Pública.

Em declarações ao nosso jornal, o responsável da Mesa de Assembleia Geral da CCIAS explicou que “o Governo de transição tinha dificuldades em pagar salários. Solicitou-nos e disponibilizamos sete bilhões de francos. Também demos ao actual Governo mais de quatro bilhões de francos em dinheiro e combustível para poder melhorar o abastecimento de água e corrente eléctrica no país” disse, sublinhando de seguida que tem na sua posse o documento comprovativo assinado pelo Secretario de Estado de Tesouro. Armando Correia Dias esclareceu também ao nosso semanário que a conta de FUNPI é gerida pelo Ministério das Finanças e Ministério de Comércio, com o aval de CCIAS.

Dias disse ainda que a sua instituição cedeu as referidas verbas, porque se tratava de assuntos nacionais e que o dinheiro seria usado para os superiores interesses da nação guineense. Por outro lado, Armando Correia Dias esclareceu que foi devolvido aos comerciantes que pagaram o FUNPI em 2012 os respectivos montantes em dinheiro, devido à má campanha de comercialização registada.

Instado a pronunciar-se sobre a dívida interna paga pela CCIAS, o Presidente da Mesa de Assembleia Geral da CCIAS não confirmou nem desmentiu se houve ou não pessoas que teriam recebido o pagamento por duas vezes, como sustenta o Movimento do Sector Empresarial da Guiné-Bissau.

Armando Correia Dias desmentiu, no entanto, informações de que as quotas e jóias só foram fixadas depois do término do mandato da Direcção do CCIAS liderado por Braima Camará, defendendo de seguida que o valor das quotas nunca foi alterado e que sempre foi 20.000 francos cfa para a classe “A”, 15.000 francos cfa para a classe “B” e 10.000 francos cfa para a classe “C”.

Contudo, “o Democrata” teve acesso à convocatória da reunião extraordinária do Conselho Directivo datada de 16 de Março deste ano e assinado pelo presidente Braima Camará, que convocava todos os membros da Direcção para uma reunião extraordinária a ser realizada a 19 do mesmo mês. O terceiro ponto da ordem dos trabalhos dessa reunião era “análise e aprovação da tabela de preços para inscrições (jóias e quotas) na CCIAS”.

“O Democrata” apurou ainda que os importadores pagam à CCIAS, por cada saco de arroz, de farinha, de açúcar que importarem para o país 50 francos e por cada litro de combustível importado 2.000 francos cfa. No “porto seco” de Safim cada camião paga 17.000 francos. Quanto a eventual possibilidade de o Governo mandar encerrar a Câmara, Armando Correia Dias garantiu ao nosso jornal que o Governo “não tem competências de fechar” a instituição que actualmente dirige, sublinhando que o papel do Governo, nesta matéria em particular, é apenas de aconselhar.

Armando Correia Dias considerou que a solução saudável para este impasse na CCAIS é a de todos os seus associados regularizarem as suas condições de sócios, pagando as suas quotas e jóias para poderem estar em condições de reivindicarem os seus direitos e participarem na próxima assembleia.

Entretanto, na passada quinta-feira 2 de Abril, um grupo de associados invadiu a sede da CCIAS para reivindicar a regularização da sua situação para assim poderem estar presente na assembleia que decidirá a marcação da data de eleições e aprovação de relatórios de contas dos seis anos do mandato de Braima Camará.

Os associados da CCIAS disseram à imprensa que saíram insatisfeitos daquela instituição empresarial que gere todas as actividades do Sector Empresarial Nacional. Tudo isso, porque pediram à Mesa de Assembleia Geral da CCIAS sob liderança Armando Correia Dias a revisão dos valores das quotas porque entendem que as deliberações em termos de valores propostos para associados são exorbitantes, tendo em conta os rendimentos dos próprios associados. A Direcção sob o comando de Armando Correia Dias remeteu para assembleia geral do dia quatro deste mês a fixação dos valores das quotas, joias e inscrições.

O Presidente da Mesa de Assembleia negou categoricamente que a actual Direcção da CCAIS esteja a distribuir indevidamente cartões às pessoas que não são associadas da instituição para poderem votar na próxima assembleia, como forma de renovar o mandato do actual Presidente Braima Camará. Disse ainda ao nosso jornal que a nível de regiões, os sócios das regiões de Bafatá e Gabú são os que mais pagaram as suas quotas. Por isso, em 500 sócios com quotas em dia, as duas regiões terão mais participantes.

“É curioso que aqui em Bissau, onde vivem os patrões das empresas, poucas pessoas tenham a sua condição como sócio da CCIAS regularizada. Mas, em Bafatá e Gabú muitas pessoas pagaram as quotas e têm a sua situação legalizada e podem participar na próxima assembleia. A Região de Gabú, por exemplo, tem cem lugares, mas queria mais porque muito dos seus associados pagaram as suas quotas e tem a sua situação legal para participarem na assembleia”, explicou Armado Coreia Dias.

EMPRESÁRIOS EXIGEM LEGALIDADE NA GESTÃO DA CCAIS

Por seu lado, o Movimento do Sector Empresarial da Guiné-Bissau exige dos responsáveis máximos da CCIAS o cumprimento da lei interna da Câmara para que se possa esclarecer de uma forma transparente a gestão de 2.2 bilhões de Francos CFA que o Governo cedeu à CCIAS no quadro do FUNPI. O seu Porta-voz Idrissa Djaló assegurou a “O Democrata”, depois de um encontro de trabalho com o Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) Cipriano Cassama, que “o desejo destes homens de negócios era informar ao Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da grave situação de gestão de fundos de FUNPI”.

Na sua visão, a Direcção da CCIAS tem vindo a violar sistematicamente a lei de transferência de fundos do FUNPI desde que em 2010 Braima Camará assumira a liderança daquela instituição do Sector Privado Nacional. Considerou de muito nebuloso o processo de pagamento da dívida interna, havendo pessoas ilegíveis, mas que receberam e algumas chegaram a receber duas vezes. Idrissa Djaló lamenta que a CCIAS se tenha transformado num banco de crédito de alguns governantes do país para satisfazerem as suas necessidades pessoais em detrimentos dos verdadeiros homens do Sector Empresarial nacional.

Idrissa Djaló considera incompreensível que a CCIAS, embora tenha utilizado indevidamente dinheiros do Sector Privado, se tenha dado ao luxo de não realizar em seis anos, uma simples reunião com os verdadeiros empresários. Nem uma assembleia organizou para, pelo menos dar uma simples explicação das razões de ter utilizado desta forma dinheiros de homens de negócios.

“Há seis anos que estamos neste impasse de tentar convencer a Direcção da Câmara para que nos apresente o relatório de contas, sem sucesso. Alguns de nós foram obrigados a demitir-se das funções que ocupávam, porque não queríam participar numa gestão nebulosa de fundos que estavam a disposição da Câmara”, explicou sublinhando de seguida dizer que alguns se demitiram das suas funções, mas não deixaram de ser sócios de Câmara. Por isso entendem que têm o direito de saber da gestão dos fundos públicos que entram na Câmara.

No seu entender, a decisão do Conselho Directivo da CCIAS do dia 19 do mês passado, de aprovar a tabela de preços de inscrições, quotas e joias, é ilegal, uma vez que é da competência exclusiva da Mesa de Assembleia Geral deliberar a fixação dos referidos valores e não do Conselho Directivo. Por outro lado, e na opinião do Porta-voz do Movimento do Sector Empresarial da Guiné-Bissau é também à Mesa de Assembleia da Câmara que compete definir as condições dos sócios que possam ou não participar na sua reunião magna. Manifestou a sua preocupação de a actual Direcção da CCIAS poder agravar ainda mais a situação já por si degradante, se insistir em realizar a Assembleia Geral sem que esteja esclarecida a situação dos associados que podem participar no conclave.

Idrissa Djaló disse ao nosso jornal que recebera garantias do Presidente da ANP de que informaria à Comissão Especializada da Área Económica e ao Tribunal de Contas. Só depois destes “démarches” que, de acordo com Cipriano Cassama, aquele órgão de soberania nacional que dirige assumirá uma posição face a gestão de fundos públicos na CCIAS. O Democrata sabe que o Movimento do Sector Empresarial da Guiné-Bissau tem também um encontro agendado com o Chefe do Governo Domingos Simões Pereira para lhe testemunhar da gestão de fundos na CCIAS, pela sua actual Direcção liderada por Braima Camará.

GOVERNO É CÚMPLICE NA MÁ GESTÃO DO FUNPI

O Presidente da Associação Nacional dos Agricultores da Guiné (ANAG) Jaime Boles considerou, por seu turno, que “o Governo, durante todo este tempo, tem assumido uma posição de certa cumplicidade perante a má gestão dos fundos da FUNPI”. Na sua visão, o Governo, enquanto elemento central no controle do FUNPI, deveria assumir um papel de maior rigor na autorização e seguimento de gestão de fundos desbloqueados a favor de vários empresários que operam no sector privado nacional. O Governo deveria ter coragem de exigir a entrega de relatórios de gestão financeira à Direcção da Câmara de Comércio. O mesmo deveria acontecer em relação às associações filiais da Câmara. “Se o Governo não exige o relatório de contas à Câmara e se a Câmara não exige também justificativos financeiros de fundos que concede aos seus associados, então há aqui algo de muita cumplicidade”, defendeu o líder da ANAG

Ainda na sua opinião, “o desentendimento à volta do FUNPI é resultado de desorganização e má gestão da parte de algumas pessoas e quem deve explicar sobre a má gestão do FUNPI é o Governo”. Apesar de tudo, Jaime Boles não concorda com a suspensão temporária de FUNPI pelo Governo.

Jaime Boles Gomes assegurou a “O Democrata” que, como membro da Direcção cessante da ANAG liderada por Mama Samba Embalo, teve acesso à informação segundo a qual a Câmara de Comércio teria desbloqueado um fundo, num valor que não precisou, para agricultores, mas que naquele momento não tinha em sua posse nenhum documento sobre actividades agrícolas desenvolvidas para o bem-estar dos agricultores nacionais com os referidos fundos disponibilizados pelo CCIAS.

Instado a pronunciar-se sobre a decisão do actual Governo em realizar uma auditoria à FUNPI, o novo homem forte da ANAG congratula-se com a decisão do executivo de Domingos Simões Pereira assegurando que “é acto de legalidade que executivo quer agora repor” na CCIAS.

O responsável máximo dos agricultores defendeu, por outro lado, a necessidade da revisão dos estatutos da CCIAS de forma a vedar ao seu Presidente exercer quaisquer outras funções no Governo e noutros órgãos de destaque no aparelho de estado da Guiné-Bissau.

Por seu lado, a Primeira Vice-Presidente da Associação das Mulheres da Actividades Económicas (AMAE), Antónia Adama Djaló, manifestou o seu desagrado para com o FUNPI, asseverando que “esperava que o FUNPI viesse ajudar-nos no desenvolvimento de negócios tal como estava estabelecido aquando da institucionalização deste fundo em 2011” pelo Governo.

Todavia, de acordo com Antónia Adama Djaló, a CCIAS disponibilizara a AMAE, em 2013, no quadro de FUNPI, cem (100) milhões de francos cfa. Mas nenhuma das suas associadas conseguiu ter o acesso a esse crédito bancário devido a garantia patrimonial que fora exigida às mulheres que praticam actividades económica no país. Por isso e na sua opinião, as associadas da AMAE não vêm agora importância da manutenção de FUNPI pelo Governo uma vez que não satisfaz as necessidades dos seus associados do Sector Empresarial da Guiné-Bissau.

Tal como o Presidente da ANAG, Antónia Adama Djaló defendeu também a necessidade da revisão dos Estatutos da CCIAS no sentido de permitir no seio da organização que gere as actividades económicas e empresariais do sector privado nacional, a separação e desconcentração de poderes.

Não obstante considerar que CCIAS não conseguiu satisfazer as necessidades dos seus associados até a data presente, a Vice-Presidente da AMAE espera que nos próximos tempos a Câmara assuma a sua missão de mobilizar fundos e defender os interesses económicos de todas as organizações nela filiadas.

FÓRUM DE COMERCIANTE NÃO QUER UMA CCIAS ELITISTA

Também como todas as outras organizações do Sector Empresarial da Guiné-Bissau,o Fórum de Concertação de Diferentes Associações do Sector Privado do país exigiu que a Direcção da CCIAS apresente contas de seis anos do mandato da Direcção cessante liderada pelo empresário Braima Camará que acusam de dirigir a Câmara de uma forma elitista, representando apenas um pequeno número de pessoas que vivem a sua volta e marginalizando a maioria dos comerciantes, importadores e vendedores dos mercados da Guiné-Bissau.

Para o Presidente da Associação dos Comerciantes, Importadores e Vendedores dos Mercados da Guiné Bissau Meta Candé, a Direcção cessante do CCIAS não tem competências para marcar assembleia geral sem antes prestar as contas do período do seu mandato de seis anos.

Sendo a sua organização uma das associações integrantes no Fórum de Concertação, Meta Candé sustenta que o artigo 23º dos Estatutos da CCIAS no seu ponto dois (2) estipula que “a Assembleia Geral deve reunir em sessões ordinárias duas vezes por ano e realizar-se-ão, salvo justo impedimento, até finais do Mês de Março e finais do Mês Dezembro, excepto no ano das eleições”, todavia, a Direcção cessante não realizou nenhuma assembleia geral durante todo o período de seis anos do seu mandato. Esse facto deixou o responsável da Associação dos Comerciantes, Importadores e Vendedores dos Mercados da Guiné-Bissau muito indignado. Na sua visão, a Direcção da CCIAS não poderia agora fazer uma assembleia geral para apresentar as contas de todo o período do seu mandato só de uma vez. Considerou que a marcação da assembleia geral para o efeito no dia 04 de Abril não passa de manobras para manipular a opinião pública sobre o que realmente se passou naquela organização empresarial do sector privado do país. Meta Candé questionou a transparência da reunião do dia quatro de Abril deste ano. “Tenho sérias dúvidas da transparência da assembleia geral do dia quatro de Abril, porque temos informações em como a Direcção da CCIAS está a distribuir indevidamente, em todo o território nacional, cartões às pessoas que não são comerciantes nem empresários. Tudo na tentativa de manter Braima Camará na liderança da Câmara”, explicou ao nosso jornal, defendendo de seguida pela mesma diapasão que a fixação ou a alteração das quotas é da competência exclusiva da Mesa Assembleia Geral da CCIAS e não do Conselho Directivo.

No seu entender, o facto da Direcção da Câmara ter aumentado a quota sem a deliberação da Mesa da Assembleia Geral é uma prova inequívoca da sua pretensão em obstaculizar a participação dos verdadeiros sócios da Câmara. “Sabemos que essas manobras são para poderem encher a sala da assembleia geral com simpatizantes de Braima Camará, no sentido de aprovarem as contas dos seis anos do seu mandato sem oposição”. Meta Candé testemunhou ainda a O Democrata que o valor das quotas era dois mil (2000 francos cfa). A sua alteração só pode ser perante a deliberação da Mesa da Assembleia Geral da CCIAS.

Defendeu que a única saída saudável para o impasse que reina agora na CCIAS passa necessariamente pela criação, pelo Governo, de uma comissão independente de auditoria às contas dos seis anos do mandato de Braima Camará. No seu entender só depois de uma auditoria transparente que estarão reunidas as condições para a realização de eleições na CCIAS.

Meta Candé considerou de um desastre autêntico a gestão dos fundos do FUNPI pela Direcção da Câmara liderada pelo empresário Braima Camará, pedindo para que haja uma auditoria externa para garantir a transparência na gestão dos fundos. Entretanto, “O Democrata” apurou que o Ministro do Comércio, António Serifo Embaló, garantiu, em Dezembro do ano transacto, ao Sector Empresarial nacional que o executivo de Domingos Simões Pereira excluiu o FUNPI do Orçamento Geral de Estado de 2015 e pretende agora promover uma auditoria externa às contas da CCIAS no sentido de instaurar a transparência na sua gestão.

Por outro lado, Meta Candé disse a “O Democrata” que confia nas instituições judiciais do país que poderão fazer a CCIAS cumprir a lei, fazendo vincular as reivindicações do Fórum de Concertação de Diferentes Associações do Sector Privado do país. Exigiu um esclarecimento de como foi utilizado o fundo de FUNPI e como foram pagas as dívidas internas aos empresários. O Presidente da Associação dos Comerciantes, Importadores e Vendedores dos Mercados da Guiné Bissau exigiu que a Direcção da Câmara divulgue publicamente a lista de pessoas do Sector Privado que beneficiaram do pagamento no quadro da dívida interna, pondo assim um ponto final na nebulosidade que reina em torno da dívida interna.

“O pagamento da dívida interna foi tão nebuloso ao ponto de haver pessoas que receberam duas vezes e entre elas há pessoas que nunca foram empresários nem fizeram uma única transação bancária de, pelo menos, dois milhões de francos cfa nas suas contas num Banco da Guiné-Bissau”, explicou, acrescentando: “Não reivindicamos há seis anos apresentação de contas pela Direcção de Braima Camará, porque somos pequenos comerciantes não podíamos reclamar contra os grandes patrões, empresários elitistas, esperando que o processo eleitoral fosse uma oportunidade única para reivindicarmos todas as irregularidades e exigirmos o respeito pelos Estatutos e os nossos direitos.”

Estando agora a CCIAS a caminhar para o acto eleitoral, Meta Candé advertiu que o Fórum de Concertação de Diferentes Associações do Sector Privado do país não aceitará a continuidade da situação de “ilegalidades”. Por isso, os seus membros pretendem recorrer à justiça para fazer vincar os seus direitos de associados na Câmara. Concorda, por outro lado, que o Governo autorize o encerramento da CCIAS por algum tempo para reestruturá-lo uma vez que até aqui não conseguiu representar os interesses da maioria dos seus associados.

Também o Presidente de Associação Guineense de Retalhistas, Mama Samba Sabali, disse à reportagem de O Democrata que a Direcção cessante da CCIAS devia, antes de tudo, preocupar-se com a legalidade, na prestação de contas, como recomendam os seus Estatutos. Aconselhou os membros da Direcção cessante no sentido de se pautarem pela legalidade que, segundo ele, é a única forma de promover o desenvolvimento do nosso país. Exortou o Governo a assumir o seu papel, enquanto responsável do Estado, no sentido de pôr cobro à “ilegalidade” que reina na CCIAS.

No seu olhar, os comerciantes retalhistas sofreram silenciosos durante seis anos do mandato, e gritavam e choravam no calar da noite sem que alguém desse conta. Não possuíam meios económicos e financeiros para competir na sub-região e na Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), porque reinava na CCIAS a lei do mais forte. Por isso, com as próximas eleições que estão a porta, surgiu uma oportunidade única de os retalhistas poderem combater as ilegalidades que reinavam no seio da Câmara.

Por seu lado o Vice-Presidente da Associação Industrial, Carlos Lopes, considerou que a gestão dos fundos de FUNPI foi a maior corrupção que já aconteceu em toda África porque as pessoas utilizaram o dinheiro do fundo antes da própria organização estar estruturada legalmente. O empresário precisou à nossa reportagem que o decreto da constituição do FUNPI é claro quanto ao destino a dar aos seus fundos lamentando porém que foram “as pessoas que ignoraram pura e simplesmente o decreto e começaram a meter as mãos no dinheiro. Assim ganharam o gosto pelo dinheiro e esqueceram-se de que estão a cometer um crime”.

O número dois de Associação Industrial da Guiné-Bissau acusou o Governo de ter participado também na “ilegalidade” no uso dos fundos de FUNPI, uma vez que, tem vindo a criar protocolos ilegais com a CCIAS para a utilização dos fundos. Na sua visão, o Governo não pode criar protocolos com uma instituição de utilidade pública, sabendo de antemão que aquela instituição nunca realizou uma assembleia geral para apresentar legalmente as contas durante seis anos do seu mandato.

“A utilização dos fundos do FUNPI foi totalmente ilegal, fraudulenta e criminosa, porquanto a criação da comissão paritária para geri-los não está prevista na lei. A referida comissão paritária é constituída por membros da CCIAS e membros do Governo e foi criada para gerir os fundos do FUNPI a revelia do decreto que o criou”, disse à nossa reportagem o industrial Carlos Lopes, sublinhando ainda “a forma como foram líquidadas as dívidas internas foi igualmente fraudulento, porque não se pode pagar as dívidas internas quando, na realidade, não existe uma lista organizada e actualizada dos nomes e os títulos dos montantes devidos”.

Para Carlos Lopes, houve uma confusão generalizada entre dívidas internas e prejuízos de guerra. Sem papas na língua o industrial foi mais longe, revelando ao nosso jornal que uma boa parte de pessoas receberam duas, três e até quatro vezes consecutivas uma vez que as dívidas não são tituladas pelo Estado. Assim elas voltam novamente a ser reequacionadas, dependendo de conivência dos amigos ou dos conhecidos.

O vice-presidente da Associação Industrial não tem dúvidas de que a CCIAS não tem competências para decidir quem deve receber ou não. Essa decisão é da exclusiva competência do Estado, mediante uma publicação de títulos como forma de garantir a transparência do processo. Nesse particular, o responsável do sector Industrial guineense garantiu a O Democrata que “não houve transparência no processo de pagamento da dívida interna, porque não se sabe quem recebeu e quem não recebeu”.

O industrial guineense deixou também claro à nossa reportagem que a sua associação já entregou um abaixo-assinado dos seus membros aos órgãos de Estado no sentido de suspender todos os protocolos de cooperação com a Câmara até depois da resolução do problema. A seu ver o Estado é cúmplice dessa situação. Não obstante as denúncias que fizeram, nunca a Procuradoria-Geral da República fez alguma coisa para fazer cumprir a lei, e nem o Tribunal de Contas exigiu que a Câmara apresentasse as contas de actividade, conforme recomenda os seus próprios Estatutos.


De acordo com a sua leitura a nossa reportagem, o Presidente da Direcção cessante e o Presidente da Mesa de Assembleia Geral não reúnem agora condições de representar nem dirigir a Câmara, cabendo-lhes apenas fazer funcionar o aparelho administrativo sob a orientação do Secretário-Geral, uma vez que o seu mandato já caducou e não têm competências de organizar assembleia geral. No seu entender deve-se criar uma comissão independente que garanta a transparência do processo eleitoral. Revelou que o Presidente da Direcção cessante não tem as quotas em dia, porque a Câmara não tem um relatório de actividades e de contas nem uma contabilidade aprovada em que constem os nomes dos sócios que pagam as quotas e as respectivas jóias. Mas, de acordo com o regulamento da União Económica Monetária de Estados da África Ocidental, (UEMOA) no primeiro capítulo, artigo numero um (1), estipula que “qualquer empresa abrangida pelo artigo dois (2) deve dispor de uma contabilidade destinada a prestar informação externa, bem como para o seu próprio uso” interno.

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