15 Outubro
2014
A atual
epidemia de ébola começou na Guiné-Conacri em dezembro de 2013 e alastrou-se à
Libéria, à Serra Leoa e à Nigéria. Até agora, foram registados 8033 casos e
3879 pessoas morreram. É o surto mais devastador desde o aparecimento do vírus,
em 1976. A gravidade está relacionada com as características do vírus e com as
condições socioeconómicas e sanitárias dos países afetados.
A
Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou tratar-se de uma situação de
"extraordinária" e "um risco" para outros países. Por isso,
declarou o estado de emergência de saúde pública internacional. O agravamento
da propagação poderá ter sérias implicações. Para conter o risco, a OMS apelou
a uma ação coordenada a nível global e apresentou várias
recomendações, que foram reforçadas. Devem procurar aconselhamento médico em caso de exposição
ao vírus ou se desenvolverem os sintomas da doença.
Serra Leoa,
Libéria e Nigéria são os países atingidos. As condições socioeconómicas e
sanitárias agravam a transmissão do vírus.
Transmissão
e sintomas
A infeção com o vírus do ébola resulta do contacto direto com fluidos corporais
dos doentes (saliva, transpiração, sangue, urina, fezes, vómito e sémen). Tocar
em materiais usados para tratá-los (como luvas de látex ou agulhas) ou nas suas
roupas também implica risco de contágio. Se uma pessoa estiver infetada mas não
desenvolver os sintomas, não representa perigo de transmissão. Está também
excluída a propagação pelo ar, pela comida ou pela água.
A doença tem um período de incubação que varia entre 2 e 21 dias. A
transmissão por via sexual pode ocorrer até 7 semanas após a recuperação
clínica.
O vírus provoca uma febre hemorrágica, com sintomas que incluem febre elevada
de início súbito, mal-estar geral, dores (cabeça, garganta, peito, abdominais,
musculares), manchas na pele, náuseas, vómitos, diarreia e hemorragias (não
relacionadas com traumatismos).
Doença sem cura
Ainda não há solução para o vírus do ébola. Após os primeiros sintomas (dores,
fraqueza e febre alta), segue-se uma fase de diarreia, vómitos, erupção cutânea
e insuficiência dos rins e do fígado. Nalguns casos, podem desenvolver-se hemorragias
internas e externas. Mas a maioria dos pacientes morre devido ao choque
provocado pela pressão arterial baixa. Em situações de surto, a taxa de
mortalidade de pessoas infetadas chega aos 90%. Os tratamentos
possíveis são de suporte e passam pela hidratação do doente, pela manutenção
dos níveis de oxigénio, pelo controlo da pressão arterial e por tratar as
complicações da infeção.
Existem
medicamentos experimentais, que ainda não foram sujeitos aos ensaios clínicos
protocolares, pelo que a sua utilização levanta reticências. Mas a gravidade do
atual surto levou a OMS a considerar ético o recurso a esses tratamentos.
Recomendações para viajantes
Já foram acionadas algumas medidas de controlo na África Ocidental,
nomeadamente isolamento, monitorização ativa dos casos e vigilância reforçada
nas fronteiras. Se tem mesmo de viajar para um dos países afetados,
siga os conselhos da DGS.
- Cumpra as regras de higiene básicas indicadas pelas autoridades de saúde locais. A principal é lavar as mãos com frequência, pois o vírus é facilmente eliminado pela ação do sabão, da lixívia, da secagem ou da luz solar (sobrevive pouco tempo em superfícies expostas ao sol).
- Evite estar próximo de pessoas com suspeita ou confirmação da doença. A regra também se aplica aos cadáveres, antes e durante as cerimónias fúnebres.
- Não mexa em nenhum material ou objeto usado no tratamento dos doentes.
- Não contacte com animais selvagens, vivos ou mortos (macacos, morcegos, antílopes, entre outros), nem consuma a sua carne.
- Cozinhe muito bem os alimentos de origem animal (carne e leite) antes de os consumir. A refrigeração e a congelação não inativam o vírus.
- Procure imediatamente um médico se tiver algum dos sintomas da doença.
- Durante a viagem (aérea ou marítima), informe a tripulação se sentir algum sintoma.
- Vigie o seu estado de saúde nos 21 dias após a entrada em Portugal. Informe a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) se apresentar algum indício da doença ou em caso de contacto direto com algum doente sem proteção adequada. Relate a viagem recente e descreva a sintomatologia.