Especialista apela à África Ocidental que vigie vírus Zika devido a semelhança com Ébola



Um especialista em doenças infecciosas alertou hoje 8quinta-feira) , em Washington (Estados Unidos), que os países afectados pelo Ébola na África Ocidental, incluindo a Guiné-Bissau, devem começar a fazer a vigilância do Zika, devido à semelhança dos sintomas entre ambas as doenças.

Num comentário publicado na edição electrónica da revista científica Health Security, o infecciologista Daniel Lucey, da Universidade de Georgetown, Washington, apelou à vigilância do Zika e a estudos prospectivos para monitorizar eventuais casos de microcefalia na África ocidental, em particular nos países afectados pela epidemia de Ébola, como a Libéria, a Serra Leoa e a Guiné-Conakry.

Em causa está a epidemia de Zika em Cabo Verde, país onde já se registaram 7.457 casos suspeitos desde Outubro de 2015, e o perigo de o surto se espalhar aos países afectados pelo Ébola, que estão ainda em alerta para eventuais ressurgimentos da doença.

"A apresentação clínica da infecção pelo Zika, embora extremamente ligeira quando comparada com a típica infecção pelo Ébola, pode causar uma confusão inicial, porque ambas as doenças podem provocar febre, dores musculares e articulares, olhos vermelhos e erupção cutânea", escreve Lucey.

Para o especialista, o problema é que se um paciente com infecção por Zika levantasse a suspeita de um eventual ressurgimento do Ébola, "uma cascata de desnecessárias questões médicas, de saúde pública, sociais e políticas poderia ser iniciada".

Em Fevereiro, uma avaliação de risco de Zika em África realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) colocou a Libéria, a Serra Leoa e a Guiné-Conakry na categoria de risco elevado ou moderado. Hoje, Lucey sugere que a informação sobre o Zika que se reuniu desde que essa avaliação foi feita e exige uma mudança.

Para o epidemiologista, três medidas devem ser acrescentadas, nomeadamente, uma recomendação explícita e forte para a realização de estudos epidemiológicos prospectivos para monitorizar eventuais casos de microcefalia, após qualquer caso conhecido de Zika.

Outra medida, segundo o especialista, é a discussão sobre a potencial confusão entre as apresentações clínicas iniciais de infecção por Zika e de doença de Ébola (ligeira) e a última prende-se com a disponibilização de testes rápidos para o Zika tão cedo quanto possível, "em especial na Guiné-Conakry, na Serra Leoa e na Libéria, assim como na Guiné-Bissau".

O professor de medicina e investigador do Instituto O'Neill para a Legislação de Saúde Nacional e Global passou vários meses na África Ocidental a tratar pacientes com Ébola em 2014.

"Ter testemunhado o sofrimento causado pelo Ébola leva-me a apelar agora a uma intervenção precoce sobre o Zika e a microcefalia na África Ocidental", disse Lucey. A epidemia de Zika em Cabo Verde foi oficialmente declarada a 22 de Outubro de 2015 e até 06 de Março de 2016 foram registados 7.457 casos suspeitos.

Esta semana, o Ministério da Saúde cabo-verdiano confirmou o primeiro caso de microcefalia com provável associação ao vírus Zika, adiantando que desde o início da epidemia foram registadas 165 grávidas com suspeita de infecção. A epidemia do Ébola causou mais de 11 mil mortos desde o final de 2013, na sua maioria na Guiné-Conakry, Serra Leoa e Libéria, e desorganizou os seus sistemas de saúde, destruiu as suas economias e afugentou os investidores. PortalAngop

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