Guiné-Bissau vai levar aos doadores um plano com ambição e prazos reforçados.



O Governo da Guiné-Bissau vai apresentar aos doadores internacionais um programa "mais ambicioso" e mais longo que os quatro a cinco anos que servem de referência para o encontro de Março, anunciou hoje o primeiro-ministro guineense.

Questionado pela agência Lusa sobre se há uma expetativa quanto aos fundos que podem ser angariados para o país, Domingos Simões Pereira não referiu números, mas disse que as necessidades justificam uma estratégia ambiciosa e para vários anos.

"Possivelmente vão sair alguns elementos de referência, mas insistimos em dizer a todos os nossos parceiros que temos uma visão de médio a longo prazo", referiu hoje o líder do Executivo, no aeroporto de Bissau, à partida para uma reunião de preparação da mesa redonda com parceiros da África Ocidental, em Accra, capital do Gana.

"Sabemos que os doadores preferem planear para um horizonte de quatro a cinco anos, até porque os planos indicadores têm esse horizonte temporal. Nós temos que ter uma visão muito mais panorâmica e apresentar um programa muito mais ambicioso do que aquilo que sabemos que à partida pode ser o envelope financeiro já pronto pelos nossos doadores", referiu.

Esta postura pretende também mostrar determinação, destacou o primeiro-ministro.

"O que pretendemos dizer com isso é que o programa é nosso, a visão é nossa, os parceiros estão convidados e esperemos que estejam disponíveis para nos acompanhar", sublinhou.

A visão assenta nas prioridades expostas no programa de Governo.

"Tentamos ser bastante consistentes nas grandes políticas anunciadas: escolhemos quatro eixos fundamentais de intervenção: governança, infraestruturas e desenvolvimento urbano, agroindústrias e o desenvolvimento humano", sublinhou Simões Pereira.

A biodiversidade da Guiné-Bissau surge como "fator transversal para aglutinar e alavancar todas essas políticas", acrescentou.

A viagem a Accra é a última antes da reunião com doadores internacionais a realizar em Bruxelas, a 25 de março.

Nestas reuniões preparatórias, o executivo guineense espera "dissipar inquietudes que ainda possam existir" junto dos doadores, face ao registo crónico de instabilidade e desgovernação do país.

"Durante muitos anos, a Guiné-Bissau foi apresentada por fatores que não são necessariamente os melhores. Agora estamos a apresentar uma Guiné diferente, pela positiva", destacou.

Desde o segundo semestre de 2014 que o Governo prepara o encontro com diferentes países e órgãos da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), estruturas das Nações Unidas e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), para além de parceiros de longa data, como Cuba, entre outros países e instituições internacionais.

Parte dessas instituições globais participaram num retiro organizado pelo Governo para preparação da mesa redonda, uma reunião que decorreu entre quarta-feira e sábado na ilha de Rubane no arquipélago de Bijagós - parte insular da Guiné-Bissau.

"Foi um excelente exercício" para todos os envolvidos no desenvolvimento da Guiné-Bissau, considerou.


"É reconfortante ver as instituições congregadas à volta da estratégia definida pelo Governo. Não tivemos necessidade de ajustar a nossa visão estratégica: os doadores aceitaram-na", concluiu Domingos Simões Pereira.

TRABALHADORES DE SAÚDE SÃO ESSENCIAIS PARA FIM DA MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA



No Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, Ban Ki-moon reforça importância do apoio de médicos e de profissionais do setor; embaixadora do Unfpa, a atriz portuguesa Catarina Furtado destaca consequências para saúde das vítimas.

No Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, o secretário-geral da ONU está pedindo apoio dos profissionais de saúde para que a prática seja eliminada.

Segundo Ban Ki-moon, a comunidade médica é importante aliada na defesa dos direitos de meninas e de mulheres, sendo que mais de 130 milhões no mundo sofreram mutilação genital. A prática está concentrada em 29 países da África e do Oriente Médio.

África

Neste ano, o Dia Internacional de Tolerância Zero foca a "medicalização", ou seja, quando a mutilação genital é realizada por trabalhadores de saúde, como médicos e enfermeiros. No Egito, em 77% dos casos a prática é feita por médicos, seguido do Sudão, com 55% e do Quênia, com 41%.

A Rádio ONU ouviu a apresentadora portuguesa e embaixadora do Fundo de População da ONU, Unfpa. De Lisboa, Catarina Furtado relembrou de uma viagem que fez à Guiné-Bissau, quando conversou com uma mulher que deixou de fazer mutilação genital feminina.

"Era uma senhora bastante velha, mas que fazia com aquela mesma faca, uma faca velhíssima, oxidada, e era aquela faca que tinha feito o corte em tantas meninas e em tantas mulheres. E ela disse que estava a abandonar (a prática) porque também estava a perceber a questão da violência, da violação dos direitos humanos dessas meninas, sua própria dignidade e depois uma questão de saúde pública."

Silêncio

O chefe da ONU acredita que uma mudança está surgindo dentro das próprias comunidades. Ban Ki-moon destaca que "acabar com o silêncio e com os mitos" são os primeiros passos para eliminar a prática.

A embaixadora do Unfpa lembra que para muitas comunidades, a mutilação genital feminina é um ritual, baseado em razões culturais.

"Há vários tipos de mutilação genital feminina, mas (acreditam que) se não é feita essa prática, que inclui o corte, não é uma mulher bem vista pela comunidade e não é protegida pelos deuses em que eles acreditam. E isso é que tem de ser desmistificado, porque eu acho que é muito possível que a cultura dos povos possa ser mantida e imaculada desde que não viole os direitos humanos."

Líderes

Catarina Furtado destaca que as consequências para a saúde da mulher são várias, incluindo infecções, fístula e dificuldades para engravidar. Segundo a embaixadora do Unfpa, a agência da ONU tem vários programas que incentivam comunidades a abandonar a prática.

Em dezembro, a Assembleia Geral da ONU adotou uma resolução pedindo intensificação dos esforços globais para a eliminação da mutilação genital feminina. O documento sugere aos países que treinem médicos, líderes comunitários e religiosos para que cuidem de meninas e mulheres que sofreram mutilação ou que estão em risco de serem submetidas ao ato.

PORTUGAL APOIA CONFERÊNCIA DE DOADORES PARA A GUINÉ-BISSAU


Álvaro Mendonça e Moura. 

Embaixador português na ONU, Álvaro Mendonça e Moura afirma que seu país está fazendo gestões com nações europeias para apoiar a nova fase de reformas da Guiné-Bissau.

Uma mesa redonda de doadores, com a participação da ONU, está marcada para 24-25 de março em Bruxelas, na Bélgica.

Mendonça e Moura participou da reunião do Conselho de Segurança sobre a Guiné, nesta quinta-feira.

estima que haja mais de 1600 passaportes de serviço e diplomáticos do país a serem utilizados ilegais



O ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Mário Lopes da Rosa, estima que haja mais de 1600 passaportes de serviço e diplomáticos do país a serem utilizados, muitos ilegais, um número «incrível», disse hoje o governante à agência Lusa.

«Houve um descontrolo total nos últimos anos: parece que estão a circular neste momento mais de 1600 passaportes [de serviço e diplomáticos]. É incrível», afirmou Mário Lopes da Rosa, no aeroporto de Bissau, à margem da partida do primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, para um encontro internacional.

Os passaportes de serviço e diplomáticos distinguem-se dos civis pelos privilégios atribuídos a quem faz parte da diplomacia nacional ou a quem integra determinada missão de serviço oficial - sendo que, no caso da Guiné-Bissau, muitos terão sido entregues a pessoas que não se enquadram em nenhuma situação prevista na lei.

«É preciso ter um controlo efetivo e saber quem são os detentores, como conseguiram os passaportes e, a partir daí, tentar normalizar a situação», retirando os que foram emitidos irregularmente, acrescentou Lopes da Rosa.

O titular dos Negócios Estrangeiros falava hoje à agência Lusa a propósito da medida, divulgada na sexta-feira, relativa à recolha de passaportes.

Governo da Guiné-Bissau decidiu recolher os passaportes diplomáticos e de serviço, entregando-os apenas na altura de viagens devidamente justificadas.

GUINÉ-BISSAU VAI LEVAR AOS DOADORES UM PLANO COM AMBIÇÃO E PRAZOS REFORÇADOS, DIZ PRIMEIRO-MINISTRO GUINEENSE



Governo da Guiné-Bissau vai apresentar aos doadores internacionais um programa "mais ambicioso"e mais longo que os quatro a cinco anos que servem de referência para o encontro de março, anunciou hoje o primeiro-ministro guineense.

Questionado pela agência Lusa sobre se há uma expetativa quanto aos fundos que podem ser angariados para o país, Domingos Simões Pereira não referiu números, mas disse que as necessidades justificam uma estratégia ambiciosa e para vários anos.

"Possivelmente vão sair alguns elementos de referência, mas insistimos em dizer a todos os nossos parceiros que temos uma visão de médio a longo prazo", referiu hoje o líder do Executivo, no aeroporto deBissau, à partida para uma reunião de preparação da mesa redonda com parceiros da África Ocidental, em Accra, capital do Gana.

"Sabemos que os doadores preferem planear para um horizonte de quatro a cinco anos, até porque os planos indicadores têm esse horizonte temporal. Nós temos que ter uma visão muito mais panorâmica e apresentar um programa muito mais ambicioso do que aquilo que sabemos que à partida pode ser o envelope financeiro já pronto pelos nossos doadores", referiu.

Esta postura pretende também mostrar determinação, destacou o primeiro-ministro.

"O que pretendemos dizer com isso é que o programa é nosso, a visão é nossa, os parceiros estão convidados e esperemos que estejam disponíveis para nos acompanhar", sublinhou.

A visão assenta nas prioridades expostas no programa de Governo.

"Tentamos ser bastante consistentes nas grandes políticas anunciadas: escolhemos quatro eixos fundamentais de intervenção: governança, infraestruturas e desenvolvimento urbano, agroindústriase o desenvolvimento humano", sublinhou Simões Pereira.

A biodiversidade da Guiné-Bissau surge como "fator transversal para aglutinar e alavancar todas essas políticas", acrescentou.

A viagem a Accra é a última antes da reunião com doadores internacionais a realizar em Bruxelas, a 25 de março.

Nestas reuniões preparatórias, o executivo guineense espera "dissipar inquietudes que ainda possam existir" junto dos doadores, face ao registo crónico de instabilidade e desgovernação do país.

"Durante muitos anos, a Guiné-Bissau foi apresentada por fatores que não são necessariamente os melhores. Agora estamos a apresentar uma Guiné diferente, pela positiva", destacou.

Desde o segundo semestre de 2014 que o Governo prepara o encontro com diferentes países e órgãos da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), estruturas das Nações Unidas e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), para além de parceiros de longa data, como Cuba, entre outros países e instituições internacionais.

Parte dessas instituições globais participaram num retiro organizado pelo Governo para preparação da mesa redonda, uma reunião que decorreu entre quarta-feira e sábado na ilha de Rubane no arquipélago de Bijagós - parte insular da Guiné-Bissau.

"Foi um excelente exercício" para todos os envolvidos no desenvolvimento da Guiné-Bissau, considerou.

"É reconfortante ver as instituições congregadas à volta da estratégia definida pelo Governo. Não tivemos necessidade de ajustar a nossa visão estratégica: os doadores aceitaram-na", concluiu Domingos Simões Pereira.

Opinião: O LUGAR DA PLANIFICAÇÃO ESTRATÉGICA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO


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Importa ter presente que do ponto de vista geográfico, a República da Guiné-Bissau é um país africano de pequena dimensão (CE, 2006:1), constituída por território continental e arquipelágico «arquipélago de Bijagós, dotado de áreas naturais protegidas, classificadas de acordo com os critérios reconhecidos a nível internacional em Parques e Reservas Naturais» com uma área total de 36.125km2, referenciado na costa ocidental do hemisfério norte, fazendo fronteira a norte com a República do Senegal, a leste e a sul com a República da Guiné-Conacri, e a Oeste com o Oceano Atlântico.
Do ponto de vista demográfico, a população nacional era de 1.500.000 habitantes em 2003 (PNUD, 2005), encontrando-se desigualmente distribuída pelo território nacional, com uma prevalência de 75% de população rural (UN, 2001:1) e concentração de população urbana na capital e nas áreas periféricas.
Quando ponderamos sobre a planificação estratégica e os processos de desenvolvimento, devemos, automaticamente, “olhar” para o território de forma integrada e articulada, analisando as diferentes realidades setoriais, territorial e programáticas em que este se encontra inserido, percebendo a sua dinâmica Interna «as lógicas específicas e muito próprias do país» e Externa «a relação do país com os territórios limítrofes».
Com efeito, é inquestionável que as lógicas associadas à competitividade territorial e aos processos de desenvolvimento estratégico na sua variante mais moderna induzem a necessidade de “olhar” e “ler” o mosaico espacial de uma forma articulada e conjugada a diferentes escalas de observação, no sentido de aferir o seu posicionamento hierárquico e as suas relações funcionais no quadro do sistema urbano e rural, direto e indireto, em que se insere. A partir da análise e definição de um quadro estabilizado de dinâmicas espaciais torna possível estabelecer as linhas de orientação que darão origem à Visão e aos Eixos Estratégicos que se pretendem, capacitando o país e os seus decisores para a definição de um rumo e de um caminho sólido.
Para isso, é importante ter em atenção os seguintes aspetos: A “visão” e o quadro de dinâmicas mais vincadas que marcam o retrato sócio espacial do país; eixos estratégicos de desenvolvimento, nomeadamente a sua filosofia, ambição e espírito, dando a conhecer o porquê da aposta nesse determinado “caminho“ e a sua relação com o território e com a sociedade, a forma e os meios necessários à sua realização; e por último, desenvolver projetos de ação que capitalizam a visão e a estratégia previamente definidas.
Portanto, nesta fase em que o país se encontra, é necessário e importante ter em atenção ao desenho da visão estratégica que abarca não só a componente Competitividade e Economia mas, também, os setores prioritários de Reforma do Estado, designadamente a Reforma do Setor da Defesa e Segurança, Reforma do Setor da Justiça, Reforma e Modernização da Administração Pública, Revisão Constitucional, revisões legislativas, Autonomia e Poder Local; e a Reforma de Desenvolvimento, respetivamente a Educação, Ciência e Ensino, Saúde e Segurança Social, Energia, Recursos Naturais e Indústria, Agricultura e Pecuária, Comércio e Turismo, Obras públicas, Ordenamento do Território e Urbanismo, Infraestruturas e Saneamento Básico, Transportes e Telecomunicações, TIC e I&D, Cultura e Desporto.
Porém, não se pretende aqui aflorar cada uma das áreas prioritárias que a Guiné-Bissau carece, nem abordar com especificidade a questão das reformas, tendo os mesmos já sido discutidos em vários fóruns, tais como o Programa do Governo, Orçamentos Geral do Estado, Documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza da Guiné-Bissau (FMI: 2011).
Contudo, é importante ressaltar a questão da discussão dos instrumentos de planificação estratégica, tais como o Plano Estratégico e Operacional 2015-2020 que se encontra neste momento em preparação para apresentação durante a Mesa Redonda de doadores a ocorrer no próximo mês de Março deste ano em Bruxelas, dando-lhe também um carater participativo da sociedade civil e os contributos que podem daí advir para uma correta aplicação do mesmo no plano nacional.
Creio que este é um dos momentos mais importantes na vida do País nos últimos 40 anos, que aliás combina perfeitamente com a visão estratégica dos seus governantes, que prevejo definirem um instrumento que olha para o desenvolvimento de forma responsável tendo em conta a nossa cultura, identidade e capacidade de nos tornarmos autónomos, devendo o mesmo ser definido com base naquilo que somos como povo. Calculo que a Nação está a viver um momento determinante da sua vida, e as decisões que agora se tomar irão marcar não só o seu futuro, mas, também, dos seus filhos e filhas. Dos poucos instrumentos que existem, poderão vir a existir muito mais, serão necessárias não só as reformas económicas e políticas, mas, também, direcionar os recursos para a valorização e capacitação do País, dos recursos humanos e do emprego, por forma a dar novas esperanças às pessoas e às instituições.
Concedo ao governo da Guiné-Bissau e as instituições do Estado os maiores sucessos nessa caminhada rumo ao desenvolvimento, que tenham sempre presente que os atos não significam nada se não tiverem um propósito maior, por isso é importante ter presente que grandes dificuldades obrigam a tomar grandes decisões.

Lisboa, 07 de fevereiro de 2015.

FOOT CENTER ONDAME, UMA MINA DE TALENTOS FUTEBOLÍSTICOS


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A Academia “Foot Center Ondame” (FCO) é uma mina de talentos futebolísticos que montou o seu quartel-general nas instalações da Base Aérea da Guiné-Bissau. O FCO conta actualmente com cerca de quinhentos (500) atletas de diferentes faixas etárias entre escolinhas, infantis, iniciados, juvenis e juniores. Tem dez técnicos e um director técnico que trabalham com os jovens jogadores durante os dias úteis da semana. FCO já colocou três jogadores no mercado europeu, dois na Itália e um em Portugal.
O FCO foi criado há seis anos (Abril de 2009). Numa entrevista exclusiva a “O Democrata”, o presidente do referido centro, Alberto da Silva Dias (Beto), disse que a iniciativa surgiu quando era dirigente da equipa principal sénior de Ondame que militava na segunda liga nacional de futebol. Um cidadão de nacionalidade francesa, Richard Eminem, vira Beto a trabalhar com uma dúzia de miúdos e sugeriu a formação de uma Escola de futebol, avançando como nome de “Foot Center Ondame”.
A ideia inicial era apoiar filhos de funcionários públicos e órfãos, “mas foi crescendo até que se decidiu criar uma Academia. Começou a organizar-se então uma estrutura para materializar uma escola de futebol. A ideia de fundar uma escola de futebol vinha sendo desenvolvida desde 2000. Chegou-se a convidar o senhor João Domingos Nafatcha para tornar esse sonho uma realidade, mas este desculpou-se. Apenas em 2009 é que se conseguiu tornar o projecto uma realidade. Nafatcha foi o primeiro técnico convidado para trabalhar na academia na qualidade do conhecedor da formação dos futebolistas”.
Desde o ano passado que a FCO conta com uma parceria com a organização portuguesa, Position Number, que representa os interesses do clube francês Mónaco, que passaria a fornecer os equipamentos necessários para os treinos a Foot Center Ondame. Em 2014 o FCO recebeu da Position Number 400 kits para treinos, entre botas, camisolas, meias, calções e 100 bolas.
Segundo os responsáveis da FCO, a filosofia da Academia foi sempre ir ao encontro dos miúdos e formar um jogador guineense diferente. O exemplo disso são as zonas onde o projecto está presente, como por exemplo, os bairros de Bandim, em Cacoma, Quélélé, CIFAP e Madina. Mas neste momento funciona apenas na Base Aérea e no Bairro de Hafia.
Beto justificou o porquê de traçar o objectivo de fazer um jogador guineense diferente: “na verdade o maior problema dos futebolistas africanos em geral é no aspecto técnico e táctico, porque o seu contacto com a bola é muito reduzido. Por isso, centramos o acento tónico nestes dois aspectos, criando nas crianças uma capacidade de perfeição no domínio da bola”.
O FCO casou-se com a Position Number desde Janeiro de 2014, tendo já recebido muitos apoios em material desportivo, assim como uma assistência da organização lusa para o enquadramento dos atletas da Academia no futebol do velho continente.
O Foot Center Ondame já conta com três futebolistas na Europa, nomeadamente os irmãos gémeos Jean Claude e Jean Pierre, que estão no Sporting de Portugal e Sampdoria de Itália respectivamente, assim como Eduardo Baldé que está igualmente numa outra formação italiana. Neste momento a direcção da Academia prepara um grupo de 9 jogadores com todos os agendamentos feitos devendo deixar o país com destino a Europa. Apesar disso apenas os processos de três deles estão quase concluídos e se tudo correr como previsto seguirão viagem para o mercado europeu no primeiro trimestre deste ano.
Beto mostrou-se confiante na capacidade técnico-táctico dos seus atletas para um eventual teste de admissão nos clubes europeus.
A nossa reportagem assistiu a fase final dos treinos matinais dos miúdos da escolinha da Academia FCO. As crianças deixaram boas impressões e tudo indica que têm potencialidades e que no futuro poderão ser bons jogadores da nossa selecção nacional e revelarão grandes capacidades técnicas dentro do rectângulo do jogo.
No final da sessão matinal, “O Democrata” acompanhou a palestra do técnico Nhaté Mutna Boata com os miúdos. Este monitor aconselhou as crianças para se cuidarem durante o fim-de-semana e não contraírem lesões nos jogos em casa.
O nosso repórter teve uma conversa com uma criança que sonha jogar no Manchester United da Inglaterra. Questionada sobre o jogador que tem como referência, a sua resposta não foi tão comum. Erivelton António Nancassa de 14 anos contou a “O Democrata” que o seu ídolo é Betem Coulibali, o veterano futebolista que jogou vários anos no Benfica de Bissau. Concluiu expressando o desejo de ver os seus colegas de equipa chegarem ao mais alto nível do futebol mundial como ele próprio deseja atingir.

BOLSAS DE ESTUDO PARA BRASIL: JOVENS ESTUDANTES ACUSAM ONG NAUP-GB DE BURLA EM MAIS DE 100 MILHÕES DE FRANCOS CFA


Secretário da Comissão de Bolseiros, Bernardino Mango

A Organização Não Governamental, Nações Unidas com um Propósito da Guiné-Bissau (NAUP-GB), supostamente liderada pelo actual Secretário do Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Abel da Silva, terá recebido mais de 100 milhões de francos CFA de um grupo de 253 alunos guineenses para a concessão de bolsas de estudo privadas para Brasília (Brasil), mas até esta data a ONG marcou e desmarcou várias datas para as viagens dos bolseiros.
O Democrata sabe que além do Secretário Nacional do PAIGC que é o líder da organização, também o deputado da Nação que responde pelo nome de Nanatu, igualmente do PAIGC e membro da ONG NAUP-GB, estão envolvidos no caso. Consta que teriam recebido o valor em causa dos alunos há cerca de um ano. O valor seria destinado ao pagamento de taxas administrativas, porém a as bolsas seriam de caráter privado, mas a título de empréstimo.
Cada estudante teria pago uma taxa administrativa no valor de 350 mil francos CFA, com a garantia da NAUP-GB de que a soma seria aplicada na organização dos dossiês, no Brasil e na Embaixada do Brasil na capital guineense. Nos custos estariam incluídos despesas com os vistos de entrada no solo brasileiro, e o avanço do arrendamento de residências para um período de três meses. Os bolseiros teriam pago ainda um valor de 10 mil francos CFA para a inscrição pelos concursos para as vagas nos cursos pretendidos, totalizando dois milhões quinhentos e trinta mil francos CFA (2.530.000 FCA).
O nosso jornal apurou que desde o dia nove de Janeiro passado, a comissão dos bolseiros já moveu uma queixa contra a NAUP-GB no Tribunal Regional de Bissau, mas que até a data desta edição o tribunal não efetuou nenhum contacto com os responsáveis dos bolseiros sobre o andamento do processo na justiça, mesmo com o pedido de urgência feito pela comissão.

De acordo com informações a que o jornal teve acesso, a comissão tentou contactar os responsáveis daquela organização a fim de saber das razões da morosidade no processo das viagens, mas sem êxito. Segundo os estudantes, a direcção da organização nunca se dignou esclarecer a situação e nem sentar-se a mesma mesa com eles.
Ainda declararam que a ONG teria marcado mais de cinco datas para as viagens, mas que ainda se encontram no país sem quaisquer explicações da parte da NAUP-GB. A primeira marcação fora feita para Maio de 2014. Falhada a primeira data, teriam sido feitas novas marcações para os meses de Agosto, depois Setembro, mais tarde Outubro, Novembro, Dezembro e a última foi em Janeiro deste ano.
Os responsáveis da comissão disseram que solicitaram apoios, por cartas enviadas a diferentes personalidades nomeadamente a Ministra da Educação, o Presidente da Assembleia, os líderes das Bancada Parlamentares do PAIGC e do PRS, ao Secretário de Estado do Ensino Superior e Investigção Científica entre outras. Apenas o Secretário de Estado se dignou a responder, tendo garantido à comissão que faria tudo para resolver a situação no mais curto espaço de tempo.
A surpresa da comissão foi a mudança repentina de atitude por parte do Senhor Secretário de Estado. Segundo declararam, no primeiro encontro com os bolseiros o governante mostrara-se preocupado, mas nos contactos posteriores houve momentos em que ficaram perplexos. Isso levou-os a pensar que, além do Abel da Silva e Nanatu da NAUP, poderia haver algumas altas figuras da nossa capital contra quem o Secretário de Estado nada podia fazer. Isso porque o Secretário já não atendia os telefonemas da Comissão e tornou-se difícil conseguir uma audiência com o responsável do Ensino Superior.
Os bolseiros reiteram que estão cansados, que aguardarão por mais uma semana. Mas que se quem de direito, como por exemplo, o Ministério Público ou a Polícia Judiciária, não fizer o seu trabalho, a Comissão agirá pelos seus meios e que os “dirigentes serão responsáveis pelas consequências”.
Os alunos afirmaram ainda que os responsáveis da NAUP-GB teriam aberto uma loja e que ainda teriam comprado uma viatura que opera como transporte misto ligando Bissau e Canchungo. Na semana passada alguns alunos interpelaram o condutor do referido veículo, que também faz parte da ONG, resultando numa intervenção policial. A viatura ficou retida.
JEREMIAS: “NUNCA RECUSAMOS DIALOGAR COM OS BOLSEIROS”
O Secretário Adjunto da NAUP-GG, Jeremias da Silva Gomes, disse numa entrevista exclusiva a “O Democrata” que em nenhum momento a sua organização recusou dialogar com os alunos. Explicou que a demora da viagem tem a ver com questões burocráticas na Embaixada do Brasil no respeitante a emissão dos vistos, sendo que a representação brasileira no país aguarda por sua vez uma autorização do Governo Brasileiro para que possa emitir as autorizações de entrada.
Jeremias sustenta que o objectivo da NAUP-GB é ajudar os alunos da Guiné-Bissau a realizarem os seus sonhos de estudar e formar-se para um dia poderem dar as suas contribuições ao país. Acrescentou que o processo é limpo e que os bolseiros ganharam vagas na Universidade Juscelino Kubitschek na capital brasileira, Brasília.
No caso do cancelamento da viagem no mês de Outubro de 2014, Jeremias revelou que a embaixada do Brasil disse à organização que não emitia vistos para estudantes depois do início do semestre e que na altura o semestre dos cursos já estava em curso.
“A embaixada já garantiu que já enviara telegramas para o Governo do Brasil e que está à espera da autorização para emitir os vistos. Nós estamos a envidar os nossos esforços no sentido de os bolseiros poderem viajar antes do dia 19 de Fevereiro. Estamos a pressionar a própria faculdade no sentido de usar as suas influências junto do seu Governo para desbloquear a situação”, explicou Jeremias da Silva Gomes.
Saliente-se que os bolseiros é que assumiram os custos das suas viagens até ao solo brasileiro. O Democrata sabe que os pais dos alunos em causa estão preocupados com a morosidade dos processos dos filhos apesarem de terem pago as viagens já há um ano. Pedem à ONG a devolver o valor recebido caso não consiga resolver o problema.
Recorde-se que os alunos correm o risco de ficar sem direito às vagas que conseguiram, porque segundo as informações confirmadas pelo secretário adjunto da NAUP-GB, os bolseiros têm até o próximo dia 19 do mês em curso para se inscreverem. Na mesma data serão iniciadas as aulas, mas a ONG promete resolver o assunto dos vistos antes daquela data.

EXPLORAÇÃO DE AREIAS PESADAS EM VARELA: POPULAÇÃO LOCAL ACUSA O ESTADO DE DESINTERESSE EM RESOLVER SEU PROBLEMA


Areia Pisada embalada no saco

Antes do início da exploração das areias pesadas, as bolanhas da foz do Rio Willin estavam todas cobertas de água doce e em excelentes condições para agricultura e pesca. Mas agora ninguém pode beber a água daquelas bolanhas porque já se transformou em água salgada. Até ao próximo ano a situação poderá piorar e ninguém poderá nem cultivar arroz em todo o perímetro à volta do Rio Willin, nem praticar a pesca nas suas águas. Aliás, com o início da exploração das areias pesadas pela empresa Russa Potu Sarl começaram a morrer muitos peixes por causa dos produtos químicos que são lançados ao rio que vai dar às praias turísticas de Varela.
As populações das tabancas que vivem da agricultura e da pesca estranham o silêncio das autoridades nacionais na resolução do “conflito” com a empresa exploradora em face da contaminação ambiental que se está a provocar. Lamentam dizendo que por serem macacos o Estado não está interessado em resolver o problema. Em desespero dizem que estão nas suas tabancas à espera da morte uma vez que não têm outro lugar onde podem refugiar-se nem força para retirar a empresa russa da foz do rio. Esperam que surja alguém de boa vontade que as ajude a resolver o problema.
Na realidade, a exploração das areias pesadas de Varela é um exemplo acabado de como a economia rendeira de uma zona, uma região ou um país pode transformar-se num pesadelo para a população local ou do país. Aliás, há zonas, regiões no mundo, em particular no continente africano, (Delta de Níger no sudoeste da Nigéria) cuja economia rendeira transformou-se num autêntico pesadelo para os seus habitantes.
Sem ainda chegar a dimensão do Delta de Níger ou de outras regiões do mundo cujas economias rendeiras se transformaram em conflitos regionais, os habitantes das Tabancas de Nhiquine, Carruae, Basseore, Tenhato, Sukujaque, Assuka e Yal estão bastante preocupados com a exploração a escassos metros da praia de Varela.
Os populares destas tabancas estão, neste momento, impávidos sem saber o que fazer para acabar com a exploração. O Governo regional não fala a mesma língua com os habitantes das sete tabancas que cultivam arroz nas bolanhas e pescam no Rio Willin. Os populares garantiram à nossa reportagem que desconhecem a existência de qualquer estudo de impacte ambiental da zona porque nunca lhes foi apresentado nem pelo Governo, nem pelos Chineses que iniciaram as actividades de exploração, nem pelos russos que agora a fazem.
Os habitantes de Varela não conseguem ainda compreender os motivos e as razões pelas quais a empresa Russa Potu Sarl não cumpriu as suas promessas de criar as condições infraestruturais e sanitárias para o Sector de Varela. A empresa Chinesa que iniciara a exploração comprometera-se, para além da construção de um Hospital, uma Escola e asfaltar toda via rodoviária que liga São Domingos à Varela, também assumira que pagaria um determinado valor por todas as árvores de frutas que destruísse no espaço de extração das areias pesadas.
“Não compreendemos a razão e o motivo do não cumprimento da promessa de nos criar as condições antes de iniciarem a exploração”, afirmou à nossa reportagem um ancião da tabanca de Yal, concluindo de seguida “o actual governador da Região de Cacheu, o antigo Administrador de São Domingos, disse-nos que a empresa Russa Potu Sarl tem licença para explorar as areias pesadas aqui na Foz do Rio Willin. Só mostrou um papel numa reunião que tivemos com ele, mas não nos deixou ler esse papel”.
Os habitantes das sete tabancas ainda queixam-se que “não conseguimos ter o acesso à licença de exploração da empresa Russa nem ao estudo de impacto ambiental. É um verdadeiro genital de uma cobra: impossível de ver”.
Asseguraram à nossa equipa de reportagem que não conseguem compreender o silêncio do Governo em relação à extração das areias pesadas na Foz do Rio Willin e acusam-no de ser cúmplice da empresa Russa que está a destruir o ambiente marinho e terrenos de cultivos de arroz e a pesca em todas as bolanhas junto ao Rio Willin.
“Como se todos estes atropelos e o silêncio das autoridades nacionais não bastassem, nenhum filho de Varela trabalha na empresa Russa Potu Sarl que explora as nossas areias”, denunciam habitantes de Tabancas de Varela. Garantiram que tudo isso causa no seio dos população das sete tabancas uma profunda revolta contra a exploração.
Agora nem um só dos habitantes de Varela quer ouvir falar da empresa Russa Potu Sarl no sector. Nos bares, nos cafés, na praia ou nas ruas estreitas daquele sector turístico do norte do país todos afirmam peremtoriamente que agora não querem que a empresa Russa Potu Sarl continue a exploração. Não querem conflitos com o Estado, mas apelam às autoridades nacionais que solucionem o mais rápido possível o problema antes que seja tarde.
Também estão unânimes em afirmar que gostariam que o Governo desenvolvesse o turismo construindo infraestruturas hoteleiras no sector. Isso contribuiria para empregar muitos mais jovens. Ainda na visão dos habitantes de Varela, a construção de Hotéis turísticos não só empregaria muitos jovens, mas também não causaria nenhum problema ambiental.
A nossa reportagem percorreu todo o campo da exploração e constatou que realmente a água doce que corria nas Bolanhas da Foz do Rio Willin transformou-se, por completo, em água salgada. Quando a empresa chinesa iniciou as suas actividades de exploração havia água doce em abundância na Foz do Rio Willin para cultivo de arroz e a prática da pesca.
Imagem do repórter no fundo, vendo ‘in louco’ o estrago causado pela empresa na exploração da área pesada
Mas hoje milhares de agricultores das sete tabancas não conseguem obter o mesmo rendimento na produção de arroz nas suas bolanhas nem pescar as espécies de peixe que pescavam outrora naquele rio.
A preocupação dos habitantes reside ainda mais na progressão rápida da contaminação das bolanhas de cultivo de arroz e de pesca que afetará todas as tabancas de Varela. Ninguém sabe como encontrar uma solução para conter essa progressão de contaminação ambiental nem como encontrar uma solução para parar a exploração. Os populares de Varela sentem-se abandonados à sua sorte na busca de uma solução para um problema que poderá afectá-los a eles, aos seus netos e bisnetos. Uma vez que não encontram uma solução para parar a exploração, sobretudo da parte do Governo, os habitantes das sete tabancas recorreram aos djambakus ‘feiticeiros, adivinhos’ para ajudá-los a resolver o problema.
Garantiram à nossa reportagem que esta era a derradeira e a única solução para tentar acabar com o pesadelo da exploração da Areia Pesada na Foz do Rio Willin.
“Como o Governo está silencioso e nós não temos nenhum poder de parar a empresa Russa Potu Sarl, então recorreremos aos djambacus para ver se conseguimos parar esta exploração que está a contaminar as nossas bolanhas de cultivos de arroz e pesca em todo o sector de Varela”, explicou a nossa reportagem o Comité de Tabanca de Yal, Armando Djata, visivelmente preocupado com a situação que considera de inaceitável o tratamento a que os habitantes das sete Tabancas de Varela estão submetidos sob o silêncio impávido do novo Governo em quem votaram nas últimas eleições.

Repórter do Jornal O Democrata, entrevistando o Comité de Tabanca de Yal, Armando DjataARMANDO DJATA: “NÃO QUEREMOS EXPLORAÇÃO DA AREIA PESADA”
O Comité da Tabanca de Yal, Armando Djata, disse ainda à nossa reportagem que a população não concorda com a exploração que está ser feita, uma vez que a referida empresa não cumpriu as promessas de construir um hospital, uma escola e empregar mais jovens das sete tabancas do sector no projecto de exploração da Areia Pesada.
Armando Djata explicou igualmente que os populares que cultivavam arroz e pescavam na Foz do Rio Willin já manifestaram-se numa única voz dizendo que não queriam mais ver a empresa Russa Potu Sarl a explorar areia pesada na foz daquele rio. “Não faz sentido. Não cumpriu a sua promessa, nenhum filho desta tabanca trabalha na empresa. Afinal qual será o benefício das nossas tabancas e do Sector de Varela?” – interrogou o Comité de Tabanca de Yal, acrescentando de seguida “a primeira empresa não cumpriu as suas promessas com a nossa população. Lembro-me que o Vice Administrador da Secção de Suzana, Roberto Honório Tamba, informara-nos que, para além da construção da escola, do hospital e asfaltar a estrada, a empresa iria pagar todos os danos causados durante a exploração. Nada disso foi cumprido na prática. Por isso pedimos ao Governo para que nos tire esta empresa da Foz do nosso Rio, porque está a causar-nos enormes prejuízos não só a fome, mas também doenças”.
O Comité da tabanca de Yal garantiu a nossa reportagem que dantes na bolanha da foz produziam arroz em quantidade, mas “com o início da exploração, nunca mais conseguimos aquela quantidade e muito menos qualidade de arroz. As palmeiras estão a morrer, não temos local para cortar palhas para as reparações anuais dos telhados das nossas casas e estamos perante a uma ameaça de erosão do mar que pode comprometer futuro dos nossos filhos e dos nossos netos”. Instado a pronunciar-se sobre um eventual envolvimento dos filhos de Varela que poderiam receber por debaixo da mesa dinheiro da empresa exploradora da Areia Pesada, Armando Djata garantiu ter plena certeza que nenhum filho de Varela recebeu dinheiro da empresa Russa, porque todos sabem que o dinheiro acabará e eles ficarão expostos à fome e às doenças causadas pela contaminação das águas das suas bolanhas.
“Não posso dizer o número exacto de pessoas que cultivam arroz nesta Bolanha, porque quase metade da população da tabanca de Yal tem bolanha. Também há um número significante de gente da tabanca de Assuca que têm bolanhas em Nhiquim. Portanto, neste momento não queremos aqui esta exploração. Se o Governo quer ganhar dinheiro é melhor construir aqui hotéis, mas não esta exploração para nos matar à fome”, explicou Armando Djata.
Questionado sobre a esperança da população da sua tabanca em parar a exploração, aquele responsável assegurou ao nosso jornal que “neste momento já deixamos tudo nas mãos da Comissão de seguimento do dossiê, que está em Bissau para fazer todos os trabalhos que são precisos, porque eles conhecem melhor o dossiê do que nós aqui na tabanca. Portanto, agora qualquer esclarecimento ou outros assuntos relacionados com a exploração de Areia Pesada na Foz do Rio Willin, os membros da referida Comissão são pessoas indicadas para fazer o ponto da situação e esclarecer a nossa posição em conferência de imprensa ou numa reunião”.
Repórter entrevistando uma mulher da aldeia de YalAISSATO CADJAF: “POPULAÇÃO DE YAL NÃO TEM FORÇAS PARA TIRAR POTU SARL”
Por seu lado, a representante das mulheres da Tabanca de Yal, Aissato Cadjaf, assegurou que a sua tabanca não tem força para mandar parar a empresa Russa. Na sua opinião, apenas o Governo da Guiné-Bissau é que pode mandar parar a exploração da Areia Pesada daquela localidade do Sector de Varela. Todavia, os populares da Tabanca de Yal vão continuar a pedir ao Estado que se esforce para parar a empresa na operação de exploração de Areia Pesada. Porque se isso não acontecer, a população morrerá à fome ainda neste ano agrícola, uma vez que não conseguirão cultivar nada nem pescar porquanto a água salgada já entrou e contaminou os terrenos das todas bolanhas, por culpa da exploração das areias pesadas no Rio Willin.
“O Estado tem conhecimento desta exploração, foi ele quem autorizou esta empresa, então não podemos violar a decisão, mas mesmo cumprindo o acordo, pretendemos que a empresa cumpra com a sua promessa de construção de escolas, hospital e estrada. Não aceitaremos a permanência desta empresa porque estamos a correr risco de sair das nossas tabancas tão ricas e bonitas por causa de água salgada do mar que invade os nossos terrenos de cultivo. Por isso continuamos a pedir ao Estado como detentor da terra que pare a exploração da Areia Pesada”, explica Aissato Cadjaf visivelmente desanimada e sem esperança de poder encontrar uma solução adequada que possa paralisar a exploração a curto prazo.
Aissato Cadjaf asseverou ainda a nossa reportagem que antes do início da exploração as bolanhas de Nhiquim estavam todas cobertas de água doce. Mas, agora ninguém pode beber daquela água porque já se transformou em água salgada. Garantiu ainda a nossa reportagem que até ao próximo ano não poderiam cultivar as bolanhas apesar de a agricultura e a pesca serem as principais actividades da população das aldeias.
Acrescentou ainda que “quando a empresa Russa Potu Sarl começou a exploração das areias pesadas começaram a morrer muitos peixes por causa dos produtos químicos que eram libertados para o Rio Willin que liga as praias turísticas de Varela”. A responsável das Mulheres da Tabanca de Yal aproveitou a reportagem do nosso jornal para pedir às pessoas de boa vontade para que ajudem a população de Yal na resolução do problema de exploração, um problema que não deixa os populares das sete Tabancas de Varela dormir à vontade porque passam as noites e dias a pensar no futuro dos seus filhos e netos.

Area pesada concentrada num local para o carregamento
Na realidade a nossa reportagem constatou “in loco” que a exploração das areias pesadas pela Empresa Russa Potu Sarl na Foz do Rio Willin poderá causar danos ambientais com consequências imprevisíveis, não só à população das sete tabancas, mas a todas as tabancas do Sector de Varela, se autoridades nacionais não tomarem medidas de precaução fazendo o estudo de impacto ambiental na Foz do Rio Willin. Aliás, a população local já tem a consciência das consequências futuras que advirão da contaminação das suas bolanhas não só a nível da agricultura e da pesca, mas também da saúde e da fome.
O Democrata procurou falar com o Ministro dos Recursos Naturais Daniel Gomes, sem sucesso. Era necessário e indispensável que o governante se pronunciasse, em relação às declarações dos habitantes de Tabanca de Yal que garantiram a nossa reportagem que nunca existiu um estudo ambiental sobre a foz do Rio Willin onde a empresa Russa Potu Sarl trabalha.

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