O ministro de Estado, da Energia e Indústria da Guiné-Bissau, Florentino Mendes Pereira, denunciou na cidade da Praia, o que considera ser uma "campanha negativa para difamar" o país, assegurando que a situação política "é estável".
"A situação política na Guiné-Bissau é estável. A Guiné-Bissau é dos países mais calmos que conheço, o que há é uma campanha negativa de difamar a Guiné-Bissau da parte dos que não estão de acordo com o poder deste momento, dos que não concordam com a posição dos que estão a dirigir o país", disse.
Florentino Mendes Pereira, que é também secretário-geral do Partido da Renovação Social (PRS), foi recebido hoje pelo Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca na qualidade de enviado especial do Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz.
O ministro foi portador de uma mensagem do chefe de Estado guineense para o seu homólogo cabo-verdiano, mas escusou-se a revelar aos jornalistas o conteúdo da missiva.
Mendes Pereira liderou uma comitiva que incluiu também a diretora de Gabinete de José Mário Vaz, Gilda Lobo de Pina, e o embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Hélder Vaz.
De acordo com o ministro, a visita ao chefe de Estado cabo-verdiano teve como objetivo a "troca de impressões sobre a situação política na Guiné-Bissau e na sub-região".
Segundo Florentino Mendes Pereira, Jorge Carlos Fonseca aconselhou os responsáveis guineenses a prosseguirem o diálogo e a "tudo fazer para que haja estabilidade internamente".
"O diálogo é a única forma de resolver o problema da Guiné-Bissau e não ir para fora falar mal", defendeu o ministro.
Florentino Mendes Pereira adiantou que a Guiné-Bissau tem um Governo que, segundo afirmou, só não consegue aprovar o seu programa por causa do que considerou um "bloqueio inconstitucional" da Assembleia Nacional Popular, que, "sem fundamento", não convocou a sessão para a aprovação do documento.
"O PRS não teme as eleições. Se forem amanhã estamos prontos, somos o partido mais preparado para as eleições", disse.
A Guiné-Bissau está mergulhada numa crise política na sequência das eleições gerais de 2014.
Divergências entre as duas principais forças políticas no Parlamento guineense, o PAIGC e o PRS, levaram ao bloqueio da instituição desde há cerca de ano e meio, pelo que sucessivos governos não conseguiram fazer aprovar os seus planos de ação ou propostas de orçamento.
O PAIGC, partido vencedor das últimas eleições legislativas, mas afastado do poder devido às divergências com o Presidente guineense, diz que o impasse político só irá terminar com a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições gerais antecipadas.
Uma missão da CEDEAO em novembro conseguiu chegar a um consenso entre as partes para nomear um novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, no seguimento dos "Acordos de Conacri", assinados um mês antes. No entanto, mais de seis meses depois o impasse continua, devido o jogo de interesses.
Conosaba/Notabanca/MO