Ovídio Pequeno. Foto: Rádio ONU/Amatijane Candé
Em declarações à Rádio ONU, embaixador Ovídio Pequeno abordou as ameaças de milícias como Boko Haram e Al Shabaab; pirataria marítima também preocupa União Africana.
O representante residente da União Africana, UA, na Guiné-Bissau disse
haver ações coordenadas com entidades sub-regionais para combater o Boko
Haram no norte da Nigéria antes que se torne numa ameaça à paz
sub-regional.
Ovídio Pequeno falou à Rádio ONU, na Guiné-Bissau, após a cimeira
conjunta que na Guiné-Equatorial reuniu a Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental, Cedeao, e da Comunidade Económica dos
Estados da África Central, Ceeac.
Ameaça
O Conselho de Segurança pediu a essas entidades que criassem um plano
comum para combater a ameaça do grupo terrorista nigeriano.
Numa entrevista à Rádio ONU, Ovídio Pequeno apontou também as milícias
Al Shabaab no Quénia, a situação na Somália e a problemática da
pirataria marítima como questões que põem em risco a segurança do
continente e que a UA promete combater.
Ao falar de outros fenómenos políticos, Pequeno destacou as várias
eleições que devem acontecer este ano no continente. De acordo com ele,
vários pleitos têm se revelado difíceis tendo em conta a falta, não só
da vontade política de alguns políticos africanos, mas da primazia pelo
respeito a vontade da maioria.
Problemas
"Nós, a nível da União Africana, temos uma mão cheia de problemas e
pensamos que só com a vontade política e pensar, sobretudo, nas razões
que levam as pessoas a terem que votar, que optar, poderemos agir para
que a África ultrapasse essas situações."
Acompanhamento
O chefe do Gabinete da União Africana em Bissau garantiu que a
organização continental continuará a acompanhar os esforços de
estabilização política e de criação de condições de desenvolvimento
socioeconómico da Guiné-Bissau.
Pequeno chamou ainda atenção sobre a necessidade de se gerir as
expectativas criadas em torno do resultado da Mesa Redonda, pois
trata-se apenas do início de um longo processo, acrescentou.
Grupo de Pressão
Ovídio Pequeno aponta a criação de mecanismos de seguimento e
acompanhamento da Mesa Redonda e o estabelecimento em paralelo de um
grupo de pressão junto aos parceiros como melhores vias para traduzir os
anúncios em coisas concretas.
"Nós que participamos da Mesa Redonda e temos acompanhado todo esse
processo desde a transição até aqui, continuamos a pensar que é preciso
que o governo, a classe politica, os fazedores da política nacional
saibam gerir esse processo. A Mesa Redonda, alguns têm dito, e com muita
razão, não é o fim de um processo, é apenas o início de um longo
processo porque comporta anúncios, anúncios esses que levarão algum
tempo para poderem ser materializados."
Estabilidade
Depois da transição, a Guiné-Bissau vive um momento de certa
estabilidade social e política, disse o representante. Ele disse que
“nem tudo está nos carris" e mostrou-se otimista em relação a dinâmica
de busca de consensos na ação governativa, adotada pelo atual governo
liderado por Domingos Simões Pereira.
Ovídio Pequeno exorta entretanto aos líderes guineenses a
primarem por uma maior coesão e coordenação internas, pondo de lado
possíveis desavenças, pois "estão condenados a caminhar juntos”.
De Bissau para a Rádio ONU, Amatijane Candé.