JOMAV CONVOCA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DE ANP PARA DEBATER O ESTADO DA NAÇÃO


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O Chefe de Estado Guineense José Mário Vaz convocou uma sessão extraordinária da Assembleia Nacional Popular para o próximo dia 14 de Abril 2016, com o intuito de debater o “Estado da Nação”, bem como outras matérias que os parlamentares consideram pertinentes.
A iniciativa do Presidente da República foi tornado pública através de um comunicado assinado pelo Conselheiro Porta-Voz, que a redação do Jornal O Democrata teve acesso. Segundo consta no documento, a convocação da sessão extraordinária, pelo Chefe de Estado, enquadra-se na alínea d) do artigo 68° da lei magna do país (Constituição da República).
“A sessão, marcada para o dia 14 do corrente mês de Abril, quinta-feira próxima, será consagrada à realização de um debate sobre o Estado da Nação e outras matérias que os deputados considerem pertinentes, antecidido de uma Mensagem de Sua Excelência o Senhor Presidente da república aos deputados e à Nação”, lê-se no documento entregue à imprensa.
Ainda de acordo com o documento, José Mário Vaz, convocou hoje, para uma audiência no seu gabinente de trabalho, o presidente da Assembleia Nacional Popular, que por estar ausente do país, foi representado no encontro pelo primeiro vice-presidente daquele órgão legislativo, Inácio Correia.
“Na continuidade dos esforços de busca de uma solução na base do diálogo político, Presidente da República acredita ser possível, na actual configuração parlamentar, que os Deputados eleitos sejam capazes de construir consensos e estabelecer compromissos políticos suscetíveis de garantir estabilidade governativa até ao fim da presente legislatura”, explica a nota do Gabinete de comunicação da Presidência da República.
De referir que o Supremo Tribunal de Justiça declarou no passado dia 5 do corrente mês, através do Acórdão número 3/2016, inconstitucional a decisão da Comissão Permanente do Parlamento Guineense de expulsar 15 deputados do PAIGC.

JUDOCA TACIANA BALDÉ CONQUISTA MEDALHA DE OURO E SAGRA-SE TETRACAMPEÃ AFRICANA

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A atleta da Guiné-Bissau, Taciana Lima Baldé conquistou hoje, 09 de abril 2016, o título de campeã africana pela quarta vez consecutiva nas provas do judô.
A judoca nacional conquistou a medalha de Ouro no Campeonato Africano de Judô realizado em Tunis, capital da Tunísia, somando 400 pontos no Ranking olímpico rumo ao jogos olímpicos do Rio de Janeiro (Brasil), que se realizará em agosto deste ano.
A rainha da arena guineense na categoria de 48 quilos, ganhou a atleta de Egipto no primeiro combate. Nas meias finais ganhou a atleta de Camarões. Taciana Lima Baldé venceu no final a tunisina conquistando medalha de Ouro.
Tunísia, Madagascar e Argélia ficaram na segunda, terceira e quarta posição respetivamente, nesta competição testemunhado pelo presidente de Federação guineense de Judô, Luís António Correia Landim.
“Hoje fui pela quarta vez consecutiva campeã da África. Estou muito feliz por isso e, agradeço a Deus e dedico esta medalha a todo o povo guineense”, disse a’O Democrata, a atleta tetracampeã africana, que ambiciona somar mais pontos para ficar entre 8 melhores do ranking para ser cabeça de série nos jogos olímpicos de agosto próximo.
Taciana Baldé arrecadou mais de 10 títulos de 2013 a esta data. A vitória de hoje em Tunis reconfirma a guineense como primeira classificada no ranking africano e sexta colocada no ranking mundial da Federação Internacional de Judô.
Ainda faltam duas competições (Azerbaijão e México) até ao final de maio próximo para fechar o apuramento olímpico. Mas Lima Baldé já garantiu a qualificação direta para Rio de Janeiro.
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GRUPO DE “15 DEPUTADOS” AMEAÇA LEVAR À JUSTIÇA O PARLAMENTO GUINEENSE

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O Porta-voz do grupo de 15 deputados expulsos do Partido Africano da independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Rui Diã de Sousa, disse esta sexta-feira, 08 de Abril 2016, que o grupo vai apresentar uma queixa junto do tribunal contra a Assembleia Nacional Popular (ANP) por “perseguição e violência” que sofreram durante o período da crise.
O deputado da bancada parlamentar do partido libertador falava a’O Democrata durante uma conferência de imprensa que visa “agradecer o povo da guineense pelo gesto de solidariedade que demonstrou com o grupo durante a crise”, na sequência do acórdão  do Supremo Tribunal da Justiça que declarou de inconstitucional a perda de mandatos, desse grupo de deputados, deliberado pela Comissão Permanente de ANP.
“Nós fomos perseguidos e violentados internamente dentro do parlamento e até os nossos salários foram suspensos de forma arbitrária e abusiva”, disse o deputado, acrescentando que foram sempre recomendados por ANP para seguirem a via judicial na resolução dos seus problemas. “É o que estamos a fazer”.
O grupo de deputados sancionados pela direção do PAIGC por desobediência partidária, fundamenta a sua intenção de intentar uma queixa contra ANP na base da lei 14/97, por crime de titulares do cargo público.
Solicitado a precisar quanto tempo é que deixaram de receber os seus salários, Rui Diã de Sousa, limitou-se a dizer que numa outra ocasião, vão pronunciar-se sobre o assunto.
Entretanto, O Democrata, apurou que os 15 deputados expulsos do PAIGC deixaram de receber salários a partir do mês de Fevereiro, ou seja, ficaram dois meses sem receber os seus ordenados (Fevereiro e Março).
Nessa conferência de imprensa estiveram presentes em gesto de “solidariedade”, o Secretário-geral do Partido da Nova Democracia (PND), Cirilo Mamadu Sáliu Djaló, representante do Fórum de 18 partidos políticos sem assento parlamentar, Mariama Valu e um dos vice-presidentes do Partido da Renovação Social (PRS), deputado Lassana Fati.
“Posicionamos de lado da verdade, em defesa da Constituição da República”, justificou o representante do PND.

«FÓRUM MACAU» BISSAU: PARTICIPANTES SATISFEITOS COM ASSINATURA DE 11 ACORDOS DE PARCERIAS





Bissau 11 abr. 16 (ANG) – Os participantes do 11º Encontro de Empresários da China e dos países de língua portuguesa (Fórum Macau) congratularam-se com o sucesso do evento realizado este fim de semana, em Bissau.

Num comunicado lido pelo Coordenador do Secretariado Técnico para realização do Fórum Macau no país, Bruno Jauad, os promotores do evento manifestaram-se satisfeitos pelo notável esforço das instituições envolvidas na organização e concretização desta edição e pelo alto nível de participação nela registada.

Ao longo do evento foram assinados 11 protocolos de acordos, nomeadamente o memorando de entendimento entre o governo guineense e a China Machinery Engeneering Corporation (CMEC), o protocolo de colaboração entre Federação Sino-PLPE e a Câmara de Comércio da Guiné-Bissau, e um outro de cooperação entre a Federação Sino-PLPE e a associação Nacional dos importadores e Exportadores da Guiné-Bissau, entre outros.

O encontro de Bissau contou com cerca de 280 participantes vindos da China, da região Administrativa Especial de Macau, Portugal e dos países africanos da Língua Oficial Portuguesa, com exceção de São-tome e Príncipe.

Os participantes concordaram com a proposta da Agência cabo-verdiana de Investimentos de realização da próxima edição do Fórum Macau 2017, em Cabo Verde.

No acto de enceramento o ministro da Presidência do Conselho de Ministros manifestou a satisfação do governo face aos resultados saídos do Fórum de Bissau e que, segundo disse, vão ao encontro das expectativas do executivo.

“O Governo compromete-se em tudo fazer para a implementação dos objetivos que nortearam a criação do Fórum Macau e dos resultados saídos do encontro de Bissau”, assegurou.

O governante afirmou que o executivo está a contar com todos os seus parceiros presentes no fórum, para a prossecução do grande desígnio nacional que é o desenvolvimento do país.


Por sua vez, o embaixador da República Popular da China no país, Huang Wa elogiou o sucesso do encontro e disse que ficou satisfeito por ter presenciado a assinatura dos protocolos de acordo.

"Isso demonstra a vontade das partes nomeadamente a Guiné-Bissau e a China e outros países da língua portuguesa de promover o desenvolvimento”, afirmou.

ANG/FGS/JAM/SG/Conosaba/MO

«AINDA, FÓRUM MACAU» PR DESTACA PAPEL DO SECTOR PRIVADO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PAÍS




Bissau, 11 abr 16 (ANG) – O Presidente da República destacou no fim-de- semana que o sector privado é incontornável no processo de desenvolvimento de qualquer país, “porque não há emprego sem empresas e nem empresas sem empresários”.

Falando na cerimonia de abertura do 11º Encontro de Empresários da China e dos países de língua portuguesa, José Mário Vaz disse esperar que, no futuro, o fórum dependa do papel que será reservado ao sector privado e o tipo de Estado que se quer para os respectivos países.

Segundo o presidente da república, sem espaço para o sector privado não pode haver emprego, crescimento económico e desenvolvimento do país. 

“A opção deve ser clara, entre a escolha de um Estado que faz tudo, isto é, que cobra impostos, regula a atividade económica, investe, cria riqueza, actua como agente económico activo, sendo ainda maior empregador, e um estado que se ocupa da sua vocação tradicional de cobrador de imposto, de regulador e criador de ambiente propício para o desenvolvimento de negócios, deixando todo o resto para o sector privado”, referiu .

.O presidente da república sublinhou que a Guiné-Bissau é um país aberto, seguro e determinado a receber investimentos de empresários dos países membros do Fórum Macau. E acrescentou que o país se encontra, presentemente, no início de uma nova e decisiva etapa na sua caminhada rumo ao desenvolvimento.

Disse que não poupará esforços na luta pela consolidação da estabilidade política, garantia do regular funcionamento das instituições democráticas, reforço da transparência na gestão dos recursos públicos e na luta contra a corrupção.

Segundo o ministro da Economia e Finanças, Geraldo Martins, apesar da existência de ofertas abundantes, continuam por satisfazer o financiamento às empresas, sobretudo as Pequenas e Medias Empresas (PME) geradoras de emprego e promotores de crescimento inclusivo. 

O ministro da Economia e Finanças afirmou que, por esta razão, o governo está a trabalhar para remover os obstáculos que dificultam o acesso do sector privado ao financiamento . 

Sublinhou que o país precisa atrair empresas com capacidade técnica para estabelecer uma parceria estratégica duradoura e mutuamente benéfica.

Por sua vez, o Embaixador da República Popular da China no país disse a parte chinesa já está preparada não só em termos de vontade política, mas também de recursos financeiros, da tecnologia e de outras áreas indispensáveis para a dinamização da cooperação bilateral e multilateral com os países membros.

Huang Wah garantiu que os empresários chineses estão preparados para concretizar, em conjunto com o povo guineense, o projecto Mon na Lama, patrocinado pelo presidente da república através de uma combinação orgânica com o projecto do governo denominado “Terra Ranka” para garantir prosperidade ao povo guineense.

Segundo o Secretário-geral do Secretariado Permanente do Fórum Macau, Chang Hexi , Macau tem desempenhado um papel de ponte de ligação insubstituível entre os países membros aproveitando-se das suas condições favoráveis de negócio, sistema financeiro saudável, canais de informação eficientes bem como as suas vantagens especificas. 

ANG/FGS/SG/Conosaba/MO

«CAJU» MINISTRO DE COMÉRCIO DA GUINÉ-BISSAU PROMETE FIXAÇÃO DENTRE EM BREVE DO PREÇO MÍNIMO AO PRODUTOR




Bissau, 11 Abr 16 (ANG) – O Ministro de Comércio e Indústria prometeu esta sexta-feira que ainda esta semana o governo vai fixar o preço da castanha de caju na abertura da campanha.

Vicente Fernandes que falava em Quinhamel durante o encontro com agricultores e operadores económicos da região de Biombo disse ter registado as preocupações dos populares relativamente ao processo de comercialização da castanha de caju e prometeu fazê-las chegar ao governo.

O ministro manifestou-se convicto no sucesso da presente campanha e disse esperar que os produtores saiam a ganhar, bem como o executivo também.

Vicente Fernandes anunciou que o preço básico da castanha vai ser muito bom, porque a procura no mercado internacional aumentou devido a entrada dos empresários chineses.

Afirmou que este ano a campanha de castanha de caju vai ter mais controlo e fiscalização, através do sistema informático, e disse que haverá alterações em termos da feitura do alvará para não permitir a falsificação.

Após o encontro, Vicente Fernandes visitou a Delegacia Regional do Comércio e a instalação da Associação de Mulheres Transformadoras da castanha de caju.

Por sua vez, o régulo de Biombo, Cassímo Có, criticou que o ministro veio e não trouxe o preço da castanha de caju que todos esperavam.

Explicou que os agricultores não podem vender as suas castanhas porque o governo não ainda fixou o preço básico.

Em nome dos operadores económicos, Mário dos Santos questionou o porquê de um alvará específico para a compra da castanha de caju se é um produto nacional, onde o Estado arrecada mais receita.

Adiantou ainda que já que existe um alvará específico deve também existir um regulamento para evitar as cobranças ilícitas.

Mário dos Santos disse que os produtores guineenses são os mais pobres do mundo, mais quem enriquece com as castanhas são os exportadores e intermediários.

O inspector-geral do comércio, Carlos Manuel Biaguê pediu a população para denunciarem pessoas que estão a especular os preços dos produtos da primeira necessidade, e afirmou que a região de Biombo é a única que não adultera a castanha. 


ANG/JD/SG/Conosaba/MO

CHINA PREPARADA PARA INVESTIR MAIS NA GUINÉ-BISSAU



Huang Hua - Embaixador
O embaixador da China na Guiné-Bissau defendeu sábado a necessidade de serem criadas condições de estabilidade política naquele país africano para que haja mais investimento chinês.

Huang Hua, que falava em Bissau durante o Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, disse que a China está preparada para colocar na Guiné-Bissau milhares de empresários chineses mas precisa de ser construída uma plataforma empresarial que permita os negócios.

O diplomata, citado pelo jornal Tribuna de Macau, garantiu que a parte chinesa está preparada, com tecnologia e recursos financeiros e tem vontade política de apoiar o desenvolvimento económico da Guiné-Bissau juntamente com os empresários guineenses.

Durante a abertura do encontro, o Presidente da Guiné-Bissau, José Maria Vaz, prometeu estabilidade política e normal funcionamento das instituições democráticas, de modo a serem criadas condições para atrair investimento, tendo em conta que o país oferece “uma mão cheia de oportunidades (…) uma vez que está tudo por fazer.”

Dirigindo-se aos empresários chineses presentes na reunião, o Presidente guineense disse estar convicto que as relações comerciais e empresariais podem sair reforçadas deste encontro criando-se condições para que a cooperação bilateral possa ser desenvolvida ainda mais e atinja um novo patamar quando se realizar a reunião da comissão mista China/Guiné-Bissau.

José Maria Vaz referiu-se igualmente ao Fórum de Macau considerando-o como tendo um papel complementar significativo no reforço das relações entre os países de língua portuguesa e a China. 

Uma assembleia lusófona (quase) sem história


Na última semana, cerca de meia centena de deputados dos estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) estiveram em Brasília para participar da Assembleia dos Parlamentos lusófonos.

 
Do Brasil ao asiático Timor Leste estiveram quase todos. Faltaram apenas os representantes de Cabo Verde que ainda estão em fase de arrumação de casa depois da vitória do oposicionista MpD, por maioria absoluta, nas eleições legislativas que afastaram o PAICV do governo no arquipélago.

Durante as várias reuniões que decorreram na Câmara dos Deputados, os parlamentares lusófonos foram recebidos pelos anfitriões brasileiros com a atenção possível no meio da grave e prolongada crise política, econômica e social em que o país foi mergulhado.

Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, um dos protagonistas da crise - ele próprio a braços com a Justiça por suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes de colarinho branco – não deixou de comparecer às reuniões. Cumpriu o dever de casa, para mostrar aos convidados que, apesar de tudo, as instituições vão funcionando.

Como quase sempre acontece em eventos deste tipo, as discussões são mornas. O que não significa que tudo já esteja previamente determinado ou combinado.

Os angolanos, por exemplo, traziam na bagagem a missão de instalar em Luanda a sede da Assembleia Parlamentar lusófona. Angola, também confrontada com grave crise financeira e económica que já obrigou o país a pedir socorro ao Fundo Monetário Internacional, em consequência de políticas erradas, aposta, desde há muito, em conquistar projecção internacional, pelo menos no âmbito regional. Sediar organismos internacionais faz parte da estratégia do Estado angolano. Já que a sede da CPLP está em Lisboa, Angola quer ter na sua capital uma sede física da Assembleia Parlamentar lusófona.

Os deputados angolanos desembarcaram em Brasília com essa missão. Mas, por enquanto, ganharam só apoio verbal, condicionado à aprovação na próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, cuja data de realização, em Brasília, inicialmente prevista para julho, deverá ser adiada devido à crise política e económica. É que, para a instalação de uma sede da Assembleia dos Parlamentos da CPLP, será necessário modificar os estatutos da organização lusófona, como lembrou, na ocasião, o deputado socialista português Jorge Lacão, que esteve em Brasília em representação do presidente da Assembleia da República de Portugal, Ferro Rodrigues (PS).

Para os parlamentares portugueses, a reunião na capital brasileira teve um importante ganho, expresso numa moção e no comunicado final, aprovados por todas as delegações presentes, depois de consultados os respectivos governos, de apoio à candidatura de António Guterres, ex-alto-comissário da ONU para os Refugiados e ex-primeiro-ministro de Portugal, ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas. O tempo dirá se este é um apoio firme ou de grande volatilidade. Por agora, Lisboa comemora.

Para Jorge Lacão, igualmente importante foi o apoio manifestado ao programa "Pessoa" - numa homenagem ao poeta português Fernando Pessoa -, que pretende ser, à escala da CPLP, uma versão lusófona do programa de intercâmbio estudantil europeu Erasmus.

Como já vem sendo habitual nas reuniões parlamentares, a promoção da língua portuguesa e o seu reconhecimento como língua veicular em organismos internacionais também teve o seu lugar nos debates. E os ventos parecem começar a bafejar a pretensão. Na recente assembleia da União Parlamentar, que reúne cerca de 170 países de todos os continentes, realizada em Lusaka, a capital zambiana, o português já teve tradução nas reuniões plenárias.

Menos consensual, ou mesmo nada consensual, é o projecto de estatuto do cidadão lusófono. Um assunto também discutido em Brasília, mas sobre o qual não há entendimento, pelo menos por enquanto. Afinal, questões como direitos de residência, de circulação e portabilidade de direitos sociais, como os relativos à previdência e segurança social, entre outros, não são unânimes entre os parlamentares. Curiosamente, parecem ser os que, num passado relativamente recente, mais defendiam a criação de um "estatuto do cidadão lusófono", os que hoje mais se opõem. É o caso de Angola e Moçambique, a ponto de uma parlamentar moçambicana enfatizar que o seu país "não andou a lutar dez anos pela independência, para isso!". É isso: mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. O que vale é que os tempos mudam rapidamente.

Do que os parlamentares brasileiros pensam sobre estes temas pouco ou nada se ficou a conhecer. Afinal, e compreensivelmente, a grande prioridade do país é resolver a questão do impeachment. O mais rapidamente possível. Como quer o operário José Augusto, de 28 anos, armador de ferro, desempregado, que chegou hoje (11 de abril) a Brasília, depois de pedalar cerca de 2 mil quilómetros desde Altamira, no estado do Pará, acompanhado do cachorro Leon, para pedir a saída de Dilma Rousseff do governo, como noticiou a Agência Brasil. Ora aqui está um exemplo da elite brasileira "golpista", não é verdade sra. Presidente?
 
 

 
 

«ENTREVISTA» A GUINÉ-BISSAU AOS OLHOS DE UMA PORTUENSE



Fara Caetano é natural do Porto mas é na Guiné-Bissau que deixa marca. Por entre “saudades” e um “país em construção”, o Porto24 foi conhecer a estória desta professora de História.


Fara Caetano tem, de há cinco anos a esta parte, a vida dividida entre duas pátrias. A natural do Porto tem passado o tempo entre Portugal e a Guiné-Bissau, onde tem trabalhado na área da educação. O Porto24 foi conhecer as histórias que se acumulam ao trabalhar em várias cidades, de Bissau a Canchungo passando pela Mansoa.


É sobre a Guiné que incide a entrevista, mas é a história de vida de Fara que a pontua, numa dedicação à educação e à melhoria das condições de vida e acesso ao ensino do país que marca uma carreira “feliz” que a ensinou a “relativizar os problemas”.

Licenciou-se em 2010 em História, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Dois anos depois, tornava-se mestre em História, Relações Internacionais e Cooperação, na mesma instituição.

Em setembro de 2011 deu-se o primeiro contacto com a Guiné-Bissau, ao dar aulas a uma turma de 7º ano numa escola da capital, Bissau, enquanto investigava “o tema da cooperação portuguesa e o impacto na educação no país”, para a tese de mestrado. Voltou em março de 2012, mas o regresso não tardaria.

No primeiro mês de 2013 estava de regresso, como voluntária num jardim infantil em Mansoa. Foram dez meses de estada antes do regresso a Portugal. A viagem para terras africanas continuou a chamar por Fara Caetano, que experimentou em fevereiro de 2015 a experiência de formar professores, novamente em Mansoa, durante seis meses. “Uma experiência muito gratificante”, conta.

Findas as viagens de ida e volta, chegamos ao ponto atual. A professora dá agora aulas de História a cinco turmas do 11º e 12º anos no Liceu Regional de Canchungo, no norte da Guiné, um trabalho “exigente mas muito compensador”, até porque as condições de ensino “não são as melhores”, por várias razões, da escassez de materiais às infraestruturas precárias e ao atraso na formação dos professores. Além disso, cada turma tem 40 alunos, elevando o total de alunos a aprender História com a portuense para os 200. “Mas sinto diariamente que estou a fazer a minha parte para poder ajudar quem mais precisa”, explica ao Porto24.

As histórias vividas na Guiné-Bissau, bem como o relato único vivido por dentro do modo de vida e dos progressos no ensino no país africano, são inúmeras ao longo das quatro estadas da professora em três localidades diferentes.

Aos 27 anos, radicada em Canchungo com o namorado, um guineense que estudou na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, Fara Caetano deixa ao Porto24 o relato de um trabalho em prol dos outros, por entre recomendações musicais, histórias curiosas e um retrato social e político de um “país em construção”.

Como surgiu o primeiro contacto com a Guiné-Bissau?

O interesse por África começou a crescer durante a faculdade, quando comecei a despertar um grande interesse pelas temáticas africanas no curso de História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A vinda para a Guiné-Bissau acabou por acontecer quase que de repente, no âmbito do mestrado, embora que não por acaso. Apesar de, desde a adolescência, ter aquela vontade (quase cliché) de um dia poder fazer uma missão em África, nunca pensei que pudesse acontecer tão cedo [tinha 22 anos na altura].

Porquê a Guiné-Bissau e não outro país africano?

Por motivos afetivos essencialmente, uma vez que o meu namorado é guineense e foi ele o grande impulsionador do início desta minha aventura em terras africanas.

Como classificarias as condições de vida no país e na região onde vives?

A Guiné-Bissau é um país em construção. Tal como um qualquer outro país em desenvolvimento, apresenta muitas fragilidades no que respeita às condições de vida, nas mais diversas áreas, nomeadamente na área da saúde e da educação. O país está na cauda do o Índice de Desenvolvimento Humano (2013) da Organização das Nações Unidas [em 176º num total de 187 países], portanto só por aí já podemos ter uma noção do estado do seu desenvolvimento.

As necessidades do país ainda são básicas: ter acesso a água potável (e canalizada) e eletricidade, e sem estes dois elementos é muito difícil um país conseguir desenvolver-se. Cerca de 70% da população não tem acesso a eletricidade e esta circunscreve-se, basicamente, a Bissau. A esperança média de vida à nascença é muito baixa [48 anos] e o acesso a cuidados de saúde ainda é muito limitado, tanto por falta de equipamentos hospitalares como de recursos humanos. Além disso, a maioria da população vive em zonas rurais e aí o acesso é ainda mais escasso. E depois existem todos os outros problemas, não menos importantes, como a instabilidade política, o desemprego, o trabalho infantil, o casamento precoce e forçado, a mutilação genital feminina, as desigualdades sociais, a inacessibilidade à justiça…



“É preciso uma reforma profunda do sistema de ensino guineense”

Quais as condições de ensino no país?



Para mim, a educação é, a par da saúde, o principal pilar de um país. E na Guiné-Bissau ainda é uma área muito menosprezada. Ser professor na Guiné-Bissau é um desafio constante. Têm salários baixos, muitas vezes pagos com meses de atraso, ou simplesmente que não são pagos, e as condições de trabalho são muito precárias. Há muitas greves e estas podem durar meses ou mesmo períodos letivos. Aqui existem, essencialmente, três tipos de escolas: públicas, privadas e de auto-gestão, e a qualidade de ensino varia entre elas. O conceito de privado não é igual ao de Portugal, já que existem escolas privadas que são barracas, por exemplo. É comum vermos crianças a levarem a própria cadeira de casa para a escola, diariamente. Os livros escolares são escassos, a matéria é ditada para o caderno e o sistema de ensino/aprendizagem é lento. Muitos alunos fazem quilómetros para poderem ir à escola, a pé ou, se tiverem sorte, de bicicleta, e com o estômago vazio. É a força de vontade que comanda as suas vidas.

Para além disso, em geral, a entrada na escola é tardia e ainda existem muitas disparidades quanto ao género. Ainda persiste a ideia de que as meninas não devem ir à escola, mas sim dedicar-se apenas às atividades domésticas. A educação pré-escolar é vista como desnecessária. As crianças não são estimuladas.

Depois há o problema da língua, o português é a língua oficial no país e obrigatório nas escolas, mas no quotidiano toda a gente fala crioulo e/ou as línguas étnicas. Na maioria dos casos, o primeiro contacto com o português dá-se na escola, quando se aprende a ler e a escrever. Como é que uma criança que só fala o crioulo vai conseguir aprender a escrever, ler e falar uma língua que mal conhece?

Com um cenário tão negro, que hipóteses há para melhorar as condições?

Mudar as condições do sistema educativo na Guiné-Bissau passa, em grande parte, pelo interesse político e pela sua consciência da importância da educação para o desenvolvimento do país. O orçamento do Estado para a educação não é suficiente nem faz parte das prioridades e para haver mudanças esse aspeto teria de ser alterado.

Para além disso, teria de haver uma reforma profunda, de base mesmo, do sistema educativo, adequando os programas à realidade guineense. Estar à espera de projetos de cooperação internacional não é a solução, tem que haver interesse político e mudança por parte dos próprios governantes guineenses.

Há algum projeto em curso para minimizar os efeitos do subdesenvolvimento?

Existem muitos projetos de cooperação no terreno, alguns deles com um trabalho muito importante e resultados visíveis, principalmente na área da educação e da saúde também. Mas isso não é suficiente. A mudança tem e deve partir de dentro. O apoio internacional é importante, mas não é suficiente nem sustentável. O país (poder político) é que deve tomar a iniciativa de promover mudanças com vista ao desenvolvimento, aproveitando o apoio da cooperação internacional para tentar criar alguma independência e autonomia e não o contrário, a constante dependência do exterior, como se verifica.

“Permanente é uma palavra forte, não tem muito a ver comigo”

É a quarta estada na Guiné-Bissau desde 2011. Há quanto tempo estás em Canchungo?

É verdade, desde 2011 que me divido entre Portugal e a Guiné-Bissau e esta temporada está a ser a mais longa. Já cá estou há mais de um ano e já vivo em Canchungo há cerca de 8 meses.

Ficar permanentemente no país já é uma possibilidade?

Não tenho por hábito fazer muitos planos na minha vida. Deixo que as coisas vão acontecendo e vou tentando fazer as escolhas certas quando tenho que as fazer. Permanentemente é uma palavra forte, que sugere limites e acho que não tem muito a ver comigo. Para já estou aqui e gosto muito de cá estar. Gosto de viver o presente. Apesar de todos os problemas e adversidades que a Guiné-Bissau apresenta, é um país tranquilo, muito acolhedor e cativante, mas só se percebe isso quando cá se está e se sente o calor, não só das temperaturas elevadas, mas essencialmente das pessoas. Gostaria de continuar a dar o meu (ínfimo) contributo para este país por mais tempo, sim, mas não tracei esse objetivo de ficar cá de vez.

O que é que ainda te falta fazer?

A nível profissional estou muito feliz e realizada e sinto que é isto que gostaria de continuar a fazer o resto da minha vida, e, se puder, gostaria de fazer mais e melhor do que tenho feito. Esse é o meu sonho. Gosto de estar perto das pessoas e de trazer alguma mudança na vida delas, por mais insignificante que seja. Na vida, os objetivos que me faltam alcançar são o poder viajar mais e ser mãe. Não sonho muito alto e contento-me com o que tenho. Cada vez mais sinto que sou uma sortuda por ter a vida que tenho, que foi a que escolhi e que não me permite ter muitos luxos, mas que me dá a oportunidade de ser feliz e de ter o essencial. Aqui aprende-se a relativizar os problemas. Viver num país como a Guiné-Bissau ajuda-nos a ver a vida desta forma.

Que diferenças traças entre os dois países?

É tudo diferente. A primeira diferença que se sente logo no primeiro segundo quando se abrem as portas do avião é o clima: abafado, húmido e pesado. Se chegarmos na época das chuvas, como aconteceu na minha primeira vez na Guiné, sentimos o cheiro a terra molhada, uma sensação indescritível de contacto direto com a natureza, acompanhada de uma sensação térmica bastante quente e, ao mesmo tempo, húmida. Se for na época da seca levamos de imediato com um bafo entre os 35 e os 40 graus. Portanto, o clima por si só, já é uma grande diferença, antes mesmo de chegarmos ao choque cultural.

Depois podemos falar das condições de vida, do contacto direto com a pobreza, dos hábitos, comportamentos, costumes e tradições, da religião (há uma minoria cristã, a maior parte da população é animista ou muçulmana), da cultura, da gastronomia, das acessibilidades, enfim, tudo é completamente diferente. Quando chego a Portugal e me perguntam como é viver aqui e quais as diferenças, sinto muita dificuldade em dizê-lo, porque há coisas muito difíceis de explicar. Vejo, sinto, não esqueço, mas não consigo expressar tudo o que vivo aqui.

Também há muitas semelhanças. Pessoas com os mesmos problemas, as mesmas preocupações, os mesmos projetos, sonhos, ambições. Apercebemo-nos que somos seres humanos iguais em qualquer parte do mundo, mas em cenários distintos. Acho que a música “Tás a ver”, do Gabriel o Pensador, ilustra na perfeição essa ideia do sermos no fundo todos muito semelhantes apesar de tudo o que nos diferencia. 

“As crianças aqui são príncipes e princesas num lugar onde não existem contos de fadas”

O que mais te impressionou pela positiva?

A capacidade de sofrimento e de resiliência dos guineenses. Acho que têm uma força incrível para ultrapassar os obstáculos da vida. Com pouco fazem muito e com esse pouco conseguem construir felicidade. E este conceito de felicidade é relativo. Para mim, por exemplo, era impensável ver uma criança a viver num bairro pobre, sem as condições que para mim são básicas, sem amor e sem o mínimo conforto, ser feliz. Mas essas crianças existem aqui. Elas têm pouco, mas acabam por nos dar muito, muitos ensinamentos, muitas lições de vida. Estão sempre a sorrir e sei que sorrir não significa estar feliz. Mas é um passo. Elas dão esses passos que eu acho que seria incapaz de os dar. Elas têm a verdadeira sabedoria da vida. São príncipes e princesas num lugar onde não existem contos de fadas.

Outra coisa que me impressionou pela positiva foi a segurança e tranquilidade do país. Há realmente instabilidade política, mas a vida quotidiana é tranquila. Nunca tive problemas com a questão da segurança e nunca me trataram mal. Os guineenses são um povo muito acolhedor e hospitaleiro e não senti nunca racismo.

Mas também há aspetos negativos, naturalmente.

Sim. Pela negativa, impressionou-me a pobreza extrema, a falta de condições nos hospitais e nas escolas, a desorganização e a ambição pelo poder. Este é um país pequenino, com potencialidades no turismo, por exemplo, mas que ainda não teve a sorte de ter as pessoas certas na política. Ninguém quer passar férias num país instável a nível político. Desde a independência do país, a Guiné foi sobressaltada por crises políticas (e uma Guerra Civil de quase um ano), como uma doença crónica grave. A vida das pessoas está sempre em segundo plano e os políticos têm o dom de retirar a esperança ao povo que vive todos os dias à espera de dias melhores.

Aqui existe uma expressão muito comum e que acaba por ser sempre a resposta final para tudo: “djitu ka ten”, que significa em português “não há jeito”. E é este o sentimento das pessoas. Não têm escolha, não podem tomar decisões, não conseguem mudar as suas vidas, por mais vontade que tenham. E isso é triste num país que se define democrático. Todas as democracias têm as suas fragilidades, mas em alguns países africanos, em que são mais jovens, essas democracias são puras utopias. São apenas um papel escrito.


Aprendo mais do que ensino”

De que forma é gratificante poder ensinar num país em desenvolvimento? 



Ser professora num país em desenvolvimento tem sido, para mim, um privilégio e um desafio enorme. É muito gratificante, porque sinto que a minha presença dentro da sala de aula é valorizada e muito respeitada.

Sei que a minha presença não muda muito, porque fazer a diferença não é fácil, e eu sou mais uma gota no oceano como tantas outras, mas estou a dar o melhor de mim. Se conseguir melhorar, de alguma forma, a vida de um aluno meu já fico feliz. Nem que seja através de um conselho que dei ou de um gesto que fiz. Tudo conta. Ainda assim, e para ser completamente sincera e nada modesta, na verdade quem tem aprendido mais sou eu. Que aprendo mais do que ensino, não tenho a menor dúvida.

Mostra-nos como é um dia típico em Canchungo.

A minha vida em Canchungo é muito simples e normal. Acordo cedo para ir para o liceu, por volta das 06h:20, porque as aulas iniciam às 07h:30 e saio de lá por volta do 12h:10, quando as aulas terminam. Tenho apenas o período da manhã preenchido com aulas, apesar de passar muito tempo do período da tarde também no liceu, porque sou diretora de turma e dou algum auxílio à direção do liceu, nomeadamente nas atividades escolares. Entretanto almoço e, nas tardes em que não tenho que ir para o liceu, aproveito para aceder à Internet, falar com a minha família e amigos e pesquisar matéria que eventualmente necessite, uma vez que é o professor que elabora os apontamentos que vai dar nas aulas, seguindo o programa do Ministério da Educação, claro. Faço também a manutenção do site e da página Facebook do liceu, atualizando todas as informações e atividades que vão decorrendo. Para além do liceu, também dou aulas na Escola Nacional de Administração, no horário pós-laboral, entre as 19h:00 e as 22h:00.

Fora do trabalho gosto muito de ler, ouvir música e dar uns passeios ao fim da tarde até ao rio (quando é possível).



Nas tuas várias passagens pelo país, deves ter vivido uma montanha de aventuras. 

Sim, várias. Aliás, é raro não ter um episódio marcante a cada dia que passo cá, seja ele positivo ou negativo. Há sempre uma história para contar. Uma que me aconteceu logo nos primeiros tempos em que estive cá e que me marcou pela simplicidade. Sempre que venho para cá arranjo um canto generoso da minha mala para brinquedos e presentes para as crianças e, certo dia, dei uma boneca a uma vizinha minha, que tinha uns sete ou oito anos de idade. Ela agradeceu, ficou sem jeito e foi-se embora. Passados uns cinco minutos bateu-me à porta e ofereceu-me uma cenoura. Inicialmente não percebi aquele gesto, mas rapidamente percebi que aquela era a forma que tinha de me agradecer pela boneca que eu lhe tinha oferecido. Não tinha outra forma de o fazer. No final quem ficou sem jeito fui eu. Esta espontaneidade é o que mais me impressiona aqui e o que me faz “esquecer” tudo o resto.

Outra história engraçada tem a ver com os transportes públicos que existem na cidade de Bissau e que têm o nome de “toka-toka”. São carrinhas que fazem o papel da nossa STCP no Porto, mas que funcionam de forma diferente. Chamam-se “toka-toka” porque quando uma pessoa entra e já não existe muito espaço para ela se sentar, o ajudante pede para as outras pessoas se encostarem mais umas nas outras para haver lugar para o passageiro que acabou de entrar, dizendo “toka um bocado” (chega para lá um pouco). Então as pessoas acabam por fazer a viagem todas apertadas, como sardinhas enlatadas, até quando já não couber uma agulha entre ninguém. E durante a viagem acontecem sempre histórias engraçadas.

De que sentes mais saudades?

Da família e dos amigos, sem dúvida. Viver num país, neste caso num continente, diferente não é fácil, principalmente quando não temos as pessoas mais importantes da nossa vida por perto. Não me posso dar ao luxo de dizer “vou apanhar o comboio e vou até ao Porto”. Sempre que venho para cá sei de antemão que é a longo prazo, sem data de regresso e sem possibilidade de uma escapadela para matar as saudades quando me apetecer. As viagens de avião são caras e de Bissau para o Porto ainda não existem viagens low cost. Felizmente tenho o meu namorado que me ajuda bastante nos momentos mais complicados, nas datas mais especiais em que dava tudo para poder estar em Portugal, nos momentos de solidão, mas mesmo assim não é fácil. É preciso ter um bom controlo emocional e espírito de sacrifício.

E depois sinto falta daquelas coisas mais simples, mas que fazem muita falta quando estamos longe, como o conforto da minha cama em Portugal, da comida da mãe, das idas ao cinema, de comer um crepe com chocolate com uma amiga, essas pequenas coisas. E claro, da minha maravilhosa cidade, o Porto.

Fara Caetano

SECRETÁRIO DE ESTADO DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES DA GUINÉ-BISSAU DESAFIA (PGR) ANTÓNIO SEDJA NA MAN A APRESENTAR PROVAS QUE O INCRIMINEM



JoaoBVieiraGBissauEGlobal

O Secretário de Estado de Transportes e Comunicações João Bernardo Vieira desafiou o Procurador-geral da República (PGR) António Sedja Na Man a deduzir a acusação contra ele, caso tenha provas suficientes que consubstanciem um crime que tenha cometido no exercício das suas funções.

Em carta aberta divulgada esta sexta-feira 8 de Abril, João Bernardo Vieira, dirigida a comunidade internacional, advertiu que enquanto cidadão, vai utilizar todos os meios legais e constitucionais para defender o meu bom nome e a sua reputação, tendo apelado a comunidade nacional e internacional a estarem atentos a eventuais ilegalidades de um processo judicial que está a ser conduzido pelo Procurador-Geral da República.

Deixo a minha integridade física nas mãos do Procurador-geral da República e dos seus mandantes sendo certo que irei continuar a trabalhar cada vez mais e com maior determinação, eficiência e humildade para o bem do nosso país”, lê-se na carta.

Na carta o Secretário de Estado interroga se um Procurador-geral da República tem as competências para interferir directamente na gestão administrativa das entidades sobre tutela do Estado.

Sobre a tentativa para a sua detenção, que classificou de ilegal, desencadeada pessoalmente pelo PGR, João Bernardo Vieira afirma que é o primeiro passo de um plano mais amplo com clara intenção de denegrir a sua imagem e a dos outros colegas membros de Governo.

“Estamos perante uma investigação que tem um pouco de tudo, menos imparcial e transparente, não obstante acreditamos na justiça as evidências de que dispomos leva-nos a acreditar que estou a ser vítima de perseguição política, com o único objectivo de me afastar no cenário político por métodos antidemocráticos e ilegais”, denunciou.

O documento recorda o assalto à residência Secretario de Estado de Transportes e Comunicações por homens armados com intenções que estão ainda por esclarecer e cujos autores morais e materiais ainda se encontram a monte, e no momento em que se esperava que o Procurador-geral da República se concentrasse neste caso está mais activo e interessado em convocar membros do governo para serem ouvidos, refere.

“Até então nunca tinha considerado pronunciar-me publicamente sobre as várias acusações gratuitas de que pessoalmente fui alvo, porque sempre acreditei que o bom senso das pessoas iria prevalecer sobre a má-fé e a luta política”, termina a carta.

© e-Global/Conosaba/MO

GREVE A VISTA NO INSTITUTO NACIONAL DA SEGURANÇA SOCIAL




A crise política atingiu de uma forma inesperada o Instituto Nacional da Segurança Social (INSS) da Guiné-Bissau.

Isto porque, a denúncia partiu em conferência de imprensa, dos membros da direção do sindicato de base dessa instituição, acusando o ministro da Função Pública e Trabalho na tentativa de alterar a conta bancaria “fax correio eletrónico” para desviar cem milhões de francos cfa, a fim de serem depositados numa outra conta especial no BCAO, em Bissau.

Como se isto não bastasse, o sindicato mostrou-se surpreendido com as despesas que rondam de oito milhões de francos para a reabilitação do edifício (INSS) que já foi modernizado, montante agora posto como débito.  

A organização sindical de base do (INSS) ameaça avançar com uma greve de três dias, caso o patronato não assumir as responsabilidades que lhe são atribuídas. Cuja paralisação está prevista para os dias 14 à 15 deste mês.

“ESTADO É MAIOR DEVEDOR DE APGB COM MAIS DE CINCO BILHÕES DE FRANCOS CFA

  Não dá para acreditar mas leia a notícia para tirar ilações. “Estado guineense é maior devedor de APGB, com mais de cinco bilhões de fr...