TAÇA DA GUINÉ-BISSAU DE FUTEBOL


Emblema da Federação de Futebol da Guiné Bissau
DR
Na edição do Desporto, deste domingo, na RFI, vamos falar de futebol, angolano, guineense e francês, a contar para os campeonatos do Girabola, Taça da Guiné e Liga I em França, liderada pelo PSG.
Este fim-de-semana, foi marcado por vários encontros de futebol, a contar para as eliminatórias da Taça da Guiné Bissau, entre os quais, o jogo, entre o Atlético de Bissorã e Quínara, que não se chegou a realizar, por falta de comparência da segunda equipa.
Logo, o Atlético de Bissorã, ficou automaticamente, apurada, para os oitavos-de-final, como nos dirá, a nossa entrevistada, Maria Conceição Évora, Presidente do Atlético de Bissorã da Guiné Bissau.
Falaremos, também, neste programa desportivo, do Girabola, em Angola, e o nosso entrevistado, com o desportista, Badunas, e as perspectivas dos jogos do Petro e ASA, de um lado, e doutro, do Benfica de Luanda e Sagrada Esperança.
Enfim, vigésima oitava jornada da I Liga de futebol, em França, dominada, pelo líder, PSG, com 56 pontos, em segundo lugar, Lyon, com 54 pontos, e em terceiro lugar, pelo Marselha, com 53 pontos, da tabela classificativa.
portugues.rfi.fr

Exportadas mais de 11 mil toneladas de madeira em janeiro


 
No mês de janeiro, a Guiné-Bissau exportou 11.271,804 toneladas de madeira, avançou fonte das autoridades aduaneiras.

Em termos de valores monetários, o governo guineense terá arrecadado para o tesouro público uma soma a rondar os 3.279.259,220 Francos Cfa. (cerca de 4.999,20 euros).

Os troncos de madeira, serrados ou cortados, têm como destino vários países da Europa e da Ásia.

Com a época de seca que se regista neste momento na Guiné-Bissau, o executivo optou pela emissão de novas licenças, para que os proprietários e os operadores do setor tenham condições e autorização de saída da madeira para o exterior.


País «enfrenta redução da ajuda internacional e alegações de envolvimento no tráfico de drogas»

(Foto Mussa Baldé)

«A Guiné-Bissau enfrenta enormes desafios para melhorar o clima empresarial, nomeadamente a redução da ajuda internacional e as alegações de que o país está envolvido no tráfico de drogas para a Europa», considera a consultora britânica Aon Risk Solutions.

Na análise por país que acompanha o relatório de Risco Político-2015, divulgado esta semana, a consultora especializada em gestão de risco sublinha que «o risco de violência política continua a ser muito alto» e notam que apesar da Guiné-Bissau se esforçar por fortalecer as instituições, «os princípios do Estado de direito raramente são aplicados».

«O ambiente empresarial é minado pelas preocupações com a segurança, com os investidores a terem de enfrentar demorados e complexos procedimentos administrativos e custos de criação de empresas proibitivos, o que prejudica enormemente os investimentos estrangeiros no país», pode ainda ler-se na análise da Aon Risk Solutions sobre a Guiné-Bissau
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Abola

Grupo de 54 crianças intercetado na fronteira com Senegal

(Foto Mussa Baldé)
Um grupo de 54 crianças guineenses, com idades compreendidas entre os cinco e os 14 anos, foi intercetado na fronteira com o Senegal, mais concretamente em Cambajú, por se suspeitar de tráfico de menores, avançou fonte da Guarda Fronteiriça.

Os menores estavam distribuídos por cinco viaturas, onde viajavam escondidas «debaixo dos bancos e debaixo de panos, o que levantou suspeitas», descreveu a alferes Rosa Djata, da Guarda Fronteiriça.

Os adultos que os acompanhavam eram pais de alguns deles e justificaram que iam para uma cerimónia religiosa numa aldeia do Senegal, onde as crianças iriam ser benzidas.

O caso será entregue na segunda-feira ao Ministério Público de Bafata e, para já, as crianças ficam instaladas no Centro de Acolhimento de menores de Bafata. 

Abola

Ligações marítimas regulares retomadas entre Bissau e a ilha de Bolama

(fotografia de arquivo)

Após quase dois anos de hiato, as ligações marítimas regulares entre Bissau e a ilha de Bolama foram retomadas.

As alternativas para transporte de passageiros e mercadorias têm sido canoas a motor com condições de segurança reduzidas.

Outra opção passa por uma viagem por terra, a qual pode demorar um dia inteiro.

Redução da ajuda e tráfico de drogas minam o País

A Guiné-Bissau enfrenta enormes desafios para melhorar o clima empresarial, nomeadamente a redução na ajuda internacional e as alegações de que o país está envolvido no tráfico de drogas para a Europa, considera a consultora Aon.

Na análise por país que acompanha o relatório de Risco Político 2015, divulgado esta semana, a consultora especializada em gestão de risco, os analistas sublinham que o risco de violência política continua a ser muito alto e notam que apesar de o país se esforçar por fortalecer as instituições, os princípios do Estado de direito "raramente são aplicados".

O ambiente empresarial é minado pelas preocupações com a segurança, com os investidores a terem de enfrentar demorados e complexos procedimentos administrativos e custos de criação de empresas proibitivos, o que prejudica enormemente os investimentos estrangeiros no país.

A análise da Aon Risk Solutions é feita anualmente a 163 países, com a edição deste ano a registar uma degradação do risco político de fazer negócios em 12 países e uma melhoria noutros sete.

Os países que viram o Risco piorar foram Angola, República Centro-Africana, Burkina Faso, Gana, Guiné-Conacri, Haiti, Líbia, Moçambique, Omã, Paquistão, Serra Leoa e Uganda. Os que melhoraram foram a República Dominicana, Equador, Geórgia, Laos, Panamá, Suazilândia e o Zimbabué.

A análise da Aon inclui uma colaboração especial da consultora Roubini Global Economics, recolhendo também a opinião de mais de 20 seguradoras na área do risco político, compilados pelo banco Loyds.

Cada país é avaliado em nove áreas: Transferência de Divisas, Regulamentos e Leis, Interferência Política, Violência Política, Incumprimento Soberano e Perturbações na Cadeia de Distribuição, a que se juntam os Riscos de Negócio, Vulnerabilidade do Setor Bancário e Riscos a Estímulos Orçamentais.

Com base na avaliação nestas nove áreas, é então definido a que categoria pertence o risco que os investidores assumem por investir nesse país, indo do Baixo até ao Muito Alto, passando pelo Médio Baixo, Médio, Médio Alto e Alto.
Lusa

União Europeia errou na reforma militar na Guiné-Bissau

Por, Luís Manuel Brás Bernardino

Luís Manuel Brás Bernardino é Tenente-Coronel de Infantaria do Exército Português, Doutorado em Relações Internacionais, investigador e membro de direção da Revista Militar. Tem vários livros publicados sobre os PALOP, com enfoque nos setores da defesa e segurança.

Na atualidade, qual o papel desempenhado por Portugal na manutenção da paz e resolução de conflitos nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa)?

Portugal tem um papel muito importante na reforma dos setores da defesa e da segurança. Bilateralmente, Portugal tem projetos de cooperação técnico-militar com todos os países de língua portuguesa, que duram praticamente desde os Processos de Independência. Através das suas Forças Armadas, participa ativamente na reforma dos setores da segurança e da defesa, apoiando os Ministérios da Defesa Nacional, a estrutura de comando das Forças Armadas, as próprias Forças Armadas, nomeadamente em termos legislativos, organizativo e de apoio à formação. Multilateralmente, Portugal participa através da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) no apoio à formação das Forças Armadas e na área de cooperação do protocolo de defesa, mediante a realização de exercícios, de fóruns de concertação… Também participa através de outros organismos em África, na prevenção e resolução de conflitos, como a União Europeia, Nações Unidas e NATO.

E no caso da CPLP, qual a capacidade de intervenção da organização em termos militares?

A CPLP tem uma ação direta na prevenção de conflitos. Possui mecanismos de intervenção ao nível da prevenção, mediação e observação eleitoral… Mas ao nível da gestão, peacekeeping, peaceenforcement, quando é necessário ter uma força constituída para intervir diretamente num conflito, a CPLP não tem essa capacidade e, possivelmente, não a terá a curto prazo. Para ter essa capacidade implica possuir um mecanismo que por exemplo, a NATO já tem: nomeadamente uma força mais estruturada, melhor dimensionada, treinada, interoperável, interoperacional e com meios militares adequados.

Em diversos países africanos é comum o envolvimento de militares em questões políticas, incluindo nos PALOP. Até que ponto esta situação é benéfica em matéria de defesa e segurança?

No contexto africano, as Forças Armadas sempre participaram nos processos políticos. As independências aconteceram à volta do ideal político, social e religioso, mas envolvem quase sempre as Forças Armadas. Estas fazem parte da dinâmica libertadora, de independência destes países, são instituições que se confundem com o próprio Estado, como o poder e capacidade para influenciar e decidir. É natural que estas pessoas que em determinados momentos assumiram estes dois papéis – guerrilheiros/comandantes e líderes políticos – tenham um papel importante. Penso que estamos a assistir a um período de transição, ao nascimento de uma nova classe politica, que ainda tem associada uma forte componente militar. As Forças Armadas tenderão a ter o seu lugar dentro de um Estado democrático e os políticos a assumir os seus papéis dentro de um Estado de direito/político. Mas penso que ainda vai levar algum tempo, umas décadas.

Falando em Estado democrático, este ano realizaram-se na Guiné-Bissau as primeiras eleições desde o golpe de Estado de 2012. O país encontra-se no bom caminho para o alcance da paz e segurança?

Penso que sim. Estas eleições na Guiné-Bissau foram consideradas democráticas pelos observadores. Neste momento, existe condições para o caminho da normalização democrática. Penso que o meu acro amigo, engº Domingos Simões Pereira (primeiro-ministro) é a pessoa ideal para levar este caminho a bom porto. O que tem falhado na Guiné-Bissau é a forma como se tem tratado com as chefias militares. Não se pode fazer aquilo que a União Europeia quis fazer com a reforma do setor da segurança na Guiné-Bissau: tomem lá umas verbas e vocês (militares) afastam-se. Não se pode fazer uma reforma do setor da segurança da forma como estava a ser feita. Neste momento, existem condições para criar esta estabilidade; primeiro internamente, que é o que está a acontecer, e depois no âmbito dos apoios externos. A Guiné-Bissau precisa de ajuda externa, de uma normalização democrática dos processos a nível interno e de uma reforma do setor da segurança mais inclusiva. Mas isto levará o seu tempo.

No presente existe o risco de um novo golpe?


O risco existe sempre... As Forças Armadas estão em processo de reajustamento, a sociedade também, não só etnicamente como politicamente. A Guiné-Bissau é um país dividido étnica e politicamente. Mas quanto menos apoios tiverem reunido, quanto menos envolvimento da Comunidade Internacional, mais possibilidade de voltar ao passado recente…esperemos que não…
Fonte-Tchogue

Guiné-Bissau, Veteranos, convencidos em donos do PAIGC



Por, James Wilbonh Flor


O PAIGC, é um partido, que tem que perceber que, o benefício de dúvida que lhe foi dado sempre por razões históricas da luta, já terminou. 

E, os Parasitas que não tem formação e que assaltaram os prédios do estado, dentro da cidade de Bissau em nome de antigos combates e dali cozinhando todas intrigas e Golpes e conta - Golpes desde 1980, devem perceber que já não a ninguém nesta fase  que esta interessado a ouvir as intrigas, queremos é gentes a trabalhar com competências, tentando resolver o anseio do Povo em geral, através dos Projectos abrangentes a nível nacional, criando assim as infraestruturas que permita alavancar o País (não só Bissau) rumo a um desenvolvimento. Estes ditos OS VETERANOS, que não passa duma legião parasita, maioritários semianalfabetos, ignorantes convencidos em donos do PAIGC e assim de sobrepor-se as leis da República, ao ponto de acharem não sei em nome de quê, ter o poder de influenciar a eventual decisão de Presidente da República eleito por Guineenses.

Que fiquem a saber que o Presidente da Republica, embora seja do PAIGC, é Presidente a partidário, e de todos os Guineenses, tem poder Próprio, conferido pela lei magna da República, que nem precisa de conselhos de nenhum jubilado partidário para o usar como e quando. Portanto, deixem de fazer a figura triste, com igualmente a designação triste de Veteranos, como tem acontecido nos regimes passados.

O vosso protetorado, esta desmascarado, os ventos hoje são outros. Com este Governo, e sobretudo, com este Ministro de Finanças, os Vossos filhos, netos, tem que soarem, para ter Bolsas de Estudos. Tem que esperar para vossos vencimentos, como antigos combatentes-já chega as vivendas que assaltaram. São estas regalias, que não estão a ser acautelados por Ministros das Finanças, por isso a vossa intriga agora é de bater o Governo.

O vosso desejo e caprichos Familiares não e nunca devem sobrepor-se ao interesse Nacional, sabemos que foi isso que sempre fizeram, mas hoje esta dialética egocentrista não tem mais pés para andar. A Guiné-Bissau é de todos e o Presidente Republica é suprapartidário, deve gelar pelos interesses de todos, não de um Grupinho. Com isso não quero defender o Sr. Primeiro-ministro, sei que ele e família como dizem por ai, não são exemplo, até o Presidente da Republica, todos nós sabem a que nível que a corrupção atingiu no nosso País. Mas estas crónicas intrigas, no seio de PAIGC, com objetivos de alternativamente beneficiar um certo grupinhos, em detrimento do Interesse coletivo, deve acabar de vez......

Tenham paciência, regressem nas vossas assaltadas vivendas, e deixem Governo trabalhar e Presidente da República, finalmente rompendo com os vícios de Passados. Chega, deixem a Guine em Paz, e barriga de meia também tem limite.


Nota: Os artigos assinados por amigos, colaboradores ou outros não vinculam a IBD, necessariamente, às opiniões neles expressas.

GOVERNO LANÇA PROGRAMA DE MICROCRÉDITO PARA APOIAR MULHERES

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O Governo da Guiné-Bissau através do ministério da Economia e Finanças lança na próxima quarta-feira, 11 de Março, uma iniciativa de programa de microcrédito para apoiar as mulheres produtoras.
O anúncio da iniciativa do executivo foi tornado público na passada sexta-feira, 6 de Março, por chefe de Governo, Domingos Simões Pereira, à margem da cerimónia de entrega das máquinas de descasque de arroz aos populares da aldeia de Bacu Madina, na região de Gabú, leste do país.
O primeiro-ministro reconhece que o trabalho não mecanizado é muito cansativo.
“Uma pessoa trabalha no campo de manhã até a tarde e apenas se consegue cultivar uma coisa pequena. Este programa de microcrédito, em que as mulheres irão receber a título do empréstimo uma certa quantia de dinheiro, poderá no portanto, alugar uma máquina a fim de cultivar um campo muito grande e não vai se preocupar com a questão de descasca, porque existem as máquinas para descasque de arroz que terá a possibilidade de pagar o serviço com o programa de microcrédito”, explicou o chefe de Governo.

O titular da pasta da Economia e Finanças, Geraldo Martins numa declaração a’O Democrata, explicou que a iniciativa será expandida ao nível de todo o território nacional, dado que o executivo pretende com a mesma aliviar o sofrimento das mulheres.
Questionado sobre a proveniência de fundos, respondeu que o dinheiro utilizado no programa de microcrédito é um fundo do executivo. Acrescentou neste particular que o governo conseguiu o dinheiro através de apoios de algumas entidades estrangeiras, que escusou-se de revelar nomes bem como o valor destinado para este programa de microcrédito.
“Já temos uma estrutura criada ao nível do ministério que irá trabalhar na recolha de informações sobre pequenos projectos das mulheres, com o intuito de financiar as suas actividades produtivas. Vamos trabalhar em colaboração com um dos bancos comerciais da praça de Bissau. Acreditamos que o programa terá um impacto muito grande no seio da sociedade, sobretudo as mulheres que serão as beneficiárias”, assinalou o governante.

POPULARES DE BACU MADINA BENEFICIAM DE TRÊS MÁQUINAS DE DESCASQUE DE ARROZ


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O Governo entregou três máquinas de descasque de arroz, 5 toneladas de arroz e óleo alimentar e uma certa quantidade de sementes a populares de vila de Bacu Madina (região de Gabú), no quadro do combate a insegurança alimentar levado a cabo pelo executivo guineense. A iniciativa é do Projeto de Apoio a Segurança Alimentar (PASA) que contou com o apoio financeiro do Banco Oeste Africano de Desenvolvimento (BOAD).
A cerimónia da entrega das máquinas a populares de Bacu Madina foi presidida por chefe de executivo Domingos Simões Pereira, na presença do titular da pasta de agricultura e de alguns membros do governo, bem como da ministra do Turismo e de Investimento de Cabo Verde, Leonesa Fortes.
Domingos Simões Pereira, na sua curta alocução no ato, aproveitou para lançar apelo à mobilização para o desenvolvimento do país. “Não vamos falar muito, porque durante o período de campanha eleitoral fizemos muitas promessas ao povo. Por isso é chegado a hora de trabalhar e o tempo da conversa já acabou”, vincou.
O chefe do executivo assegurou que já há tratores de lavoura que serão distribuídas a diferentes aldeias e serão instruídos jovens sobre uso destas máquinas. Sustentou que a iniciativa visa aliviar o “sofrimento” dos produtores que fazem os trabalhos com as mãos, pelo que mobilizaram os apoios junto dos parceiros para ajudar os produtores guineenses.
Conforme as informações apuradas pel’O Democrata, o custo de aquisição de uma máquina em questão é estimado em 1800 000 (Um milhão e oitocentos mil) francos CFA. O projecto tem a vertente da cria dos animais de ciclo curto, onde alguns produtores irão beneficiar de animais.


Ator de comédia Lino Bedan: “QUERO SER O MAIOR COMEDIANTE DE ÁFRICA OCIDENTAL”


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O comediante e ator Lino Bedan afirmou em entrevista ao nosso semanário que o seu maior desejo é tornar-se no maior actor comediante da África Ocidental. O comediante reconhece as dificuldades que tem pela frente, mas confia no seu talento e por isso, pediu o apoio das autoridades nacionais a fim de poder realizar o seu sonho.
“Tenho qualidades muito maiores que as dos atores e comediantes da sub-região cujos trabalhos costumamos ver. É o caso de Michel Gohou da Costa de Marfim, bem como de alguns atores senegaleses, guineenses de conacri e gambianos. Se houver meios, estarei em condições de fazer melhor trabalho que me tornará no maior comediante da sub-região”, assinalou o ator.
Lino Bedan explicou ainda na entrevista que nasceu normal como qualquer pessoa e que veio a ter a deficiência física mais tarde, por causa de uma injecção de vacina. Avançou ainda que esteve doente de paludismo e a mãe levou-o ao médico que lhe deu a injecção na veia, que acabou por paralisá-lo.
O DEMOCRATA (D): O senhor é comediante e ator de cinema, conhecido ao nível nacional. Quem é na realidade Lino Bedan, nasceu em Bissau ou veio do interior do país para tentar a sorte na capital?
LINO BEDAN (LB): Quero aproveitar a entrevista para esclarecer alguns aspectos, sobretudo do que se fala da minha vida e donde vim. Sou natural de sector de Safim, concretamente de uma aldeia que se chama de Ponta Adolfo Ramos (N´Tus). Foi lá que o comandante Domingos Ramos nasceu. Nasci na aldeia de N´Tus e vivíamos nas zonas de bolanha porque, como se sabe, o nosso grupo étnico (Balanta) gosta de ficar na zona litoral para aproveitar as bolanhas.
Cresci ali com os meus pais. Foi lá que fiz todo o ritual que se deve fazer na fase da juventude, nomeadamente a pastagem de gado com os meus colegas nas matas da nossa tabanca. O meu nome de tabanca é Bisanhá N´Tambu. Era assim que os meus pais me chamavam e cá na cidade as pessoas me conhecem por Lino Bedan.

D: Nasceu com a deficiência ou veio a adquiri-la mais tarde?
LB: Nasci normal sem nenhuma deficiência física. O que aconteceu foi que aos dois anos de idade adoeci e a minha mãe levou-me ao centro de saúde para consultas médicas. Tinha paludismo muito alto, de acordo com a explicação da minha mãe. O médico entendeu que devia dar-me uma injecção e deu-me a injecção na veia. De volta para casa apanhamos uma forte chuvada acabei por apanhar uma infecção.
Foi assim que acabei por ficar paralisado de uma perna e tornei-me num deficiente. A minha mãe percebeu que a minha perna estava paralisada, porque comecei a ter a dificuldade em caminhar. Ela decidiu amamentar-me de novo até aos quatro anos de idade, infelizmente não consegui mais a total recuperação.

D: Qual foi a razão pela qual deixou a sua aldeia natal para a capital?
LB: Como eu tinha dificuldades a caminhar bem como a fazer muitos trabalhos devido a minha deficiência na perna, o meu pai decidiu enviar-me para a capital, a fim de ficar com o meu primo irmão na altura militar para estudar. Foi em 1973. Vim para a cidade de Bissau com um pano atado ao pescoço. Nem sequer tinha vestido uns calções, foi apenas o pano e os pés descalços.
Éramos três rapazes em casa do meu primo. Dois irmãos do meu primo e eu. Passei muitas coisas ali. Momentos bons e outros amargos. Esses momentos marcaram-me até hoje. Jamais os esquecerei. Não desejo aos meus inimigos o que passei naquela casa.
O meu primo militar que estava a cuidar de nós fora transferido para o quartel de Cumeré. Fomos todos obrigados a mudar para Cumeré. Foi lá que iniciei os estudos. O actual Secretário de Estado das Comunidades, Idelfrides Fernandes, e mais outras pessoas cujos nomes já não me lembro, foram colegas de turma.
Mais tarde o meu irmão mudou-se para capital (Bissau). Continuei os meus estudos na escola 1° de Maio (no bairro de São Vicente Paulo). Foi nessa escola que comecei a praticar o teatro. Não me sentia complexo apesar da minha deficiência, e isso levou com que os meus professores apostassem em mim para récitas de poesias nos diferentes eventos. Era “porreiro” para nós na altura, ser chamado para recitar poemas. Eu adorava recitar o poema do Agnelo Regala intitulado “Camara Amílcar Cabral”. Sentia muito bem e à vontade a recitar poemas, gesticulando ao mesmo tempo.

D: Como é que entrou no mundo do teatro?
LB: Foi na escola 1° de Maio onde comecei a fazer teatro. Os meus professores, os que conheciam o meu talento, não hesitaram em escolher-me para ser o protagonista de uma peça teatral, onde fiz o papel de um comandante militar. A peça era muito interessante. Retratava uma história em que um grupo de meninos estavam a tocar o tambor muito próximo do local onde o comandante estava descansar.
Era um barulho enorme e o comandante resolveu mandar um dos seus soldados com a seguinte mensagem: Vá dizer-lhes que “parem lá com isso pá”. Este chega e diz: comandante deu uma ordem aos soldados: “parem lá com isso pá”. Os meninos não pararam. Recomeçaram a tocar e a cantar: “parem lá com isso pá”… “parem lá com isso pá”. O soldado que o comandante mandara começou a dançar. De soldado em soldado, o próprio comandante (eu) acabou para deslocar-se até lá e acabou a dançar também. A partir dali ganhei certa reputação no seio dos meus colegas e dos mais experientes, que começaram a convidar-me para tomar parte em peças teatrais.
Quando passei para o ciclo, mudei para a Escola 3° Congresso em 1976. Ali continuei a fazer peças teatrais, mas também tocava o tambor muito bem. Fui excelente aluno na escola, aliás eu tinha que me esforçar nos estudos para ajudar os meus colegas de turma nas provas e como contrapartida davam-me pães, mancarra e mais algumas comidas. Para dizer a verdade fui tratado muito mal na casa do meu primo e as vezes não comia. Se demorasse a chegar a casa perdia o almoço.
Ia à escola descalço, porque eu não tinha nada. Os meus colegas vestiam-se bem. O meu professor de Matemática, António Djaló, a dada altura comprou-me um par de calçado plástico que se chamava “krintin”. O professor gostava tanto de mim, porque eu era muito bom em Matemática.
Os professores organizaram os alunos para a prática de peças teatrais e escolheram os melhores de cada turma. Constituímos um bom grupo de dança e de teatro que teve grande sucesso, por isso inscrevemo-nos no concurso do desfile do carnaval. Participamos e vencemos. Infelizmente não me recordo do ano. A minha participação nas peças teatrais teve como consequência a reprovação no meu segundo ano do ciclo, porque deixei de estudar com frequência.
Consegui batalhar no ano seguinte para depois entrar no liceu. Estudei no Liceu Nacional Kwame N´krumah, mas com muitas dificuldades. Custou muito. Ajudava o meu irmão na venda de vinho de palma para ajudar no sustento da casa. Também vendia aquela bolacha que se chamava de “bolacha meletchó”. Trabalhava com o Cabum e mais outras pessoas. Fazíamos façanhas que divertiam os clientes que acabavam por comprar as nossas bolachas. A seguir criamos um grupo que denominamos de “Nha amanha iabri um bias” e mais tarde criamos o grupo “Fidjus di Balana”, portanto isso tudo foi em 1976.
Já em 1980 entrei num grupo que se chamava de “Chamas de Revolução”. Foi este grupo que me projectou para um nível mais alto. Tínhamos um instrutor da nacionalidade guineense de Conacri que não brincava no trabalho. Não tolerava nada nem no momento de ensaios. Uma vez, estávamos a ensaiar uma peça. Fiz o papel de uma criança que andava a procura da sua mãe que fora buscar água no poço.
Andei pelo caminho do poço a cantar no dialécto mandinga, a procura da “minha mãe” e como os meus colegas estavam a ver-me e alguns riram-se, acabei também por rir. O nosso instrutor ficou tão mal comigo ao ponto de bater-me nas costas. A partir dali comecei a encarrar o trabalho com toda a seriedade. Mandou-me repetir a peça e consegui interpretá-la muito bem, cantando e chorando como uma criança desesperada a procura da mãe.
Foi a primeira vez que chorei na interpretação de uma peça teatral. A partir dali aprendi o que se diz diafragma. Um ator consegue, através do “diafragma”, transmitir a mensagem ao receptor, ou seja, ao seu público. O ator deve fazer com que o público viva a emoção da peça, fazendo como se fosse uma realidade. Pode gritar, cantar e até chorar se for preciso. Foi através deste grupo que comecei a trabalhar seriamente como ator comediante apresentando peças teatrais. Em outras palavras, posso afirmar que foi graças ao grupo “Chamas de Revolução” que me lancei no mundo da comédia.

D: Chegou de beneficiar de alguma formação na área de teatro a nível interno ou externo?
LB: Sim beneficiei de uma formação sobre técnicas de teatro no Burquina Faso, graças ao Toni Tcheka. Reconheço que foi em Burquina Faso que consegui aprender muitas coisas sobre técnicas do teatro. Infelizmente não me recordo do ano em que decorreu essa formação e os nomes de alguns colegas com quem me formei, porque a maioria deles já se encontra no estrangeiro.
Certa vez, uns colegas que estiveram a ver as aulas de ensaio de grupos sul-africanos ficaram com medo e a maioria começou a chorar. Isso deixou-me com um medo tremendo, se conseguiriamos fazer diferença pela positiva. Resolvi regressar para o hotel juntamente com todos os colegas do nosso grupo, para preparar a nossa peça.
O grupo sul-africano apresentou uma peça com façanhas muito semelhantes aos gestos feitos pelos balantas quando velam, choram ou dançam por ocasião da morte ou de um funeral de um parente próximo. Tínhamos algo semelhante a aquilo e resolvemos mudar a nossa peça. Comecei a trabalhar uma peça com o Luís Morgado que também é um grande ator. A peça era “Turbo de Mon Patron”.
A nossa peça conseguiu destacar-se como uma das melhores apresentações durante a formação. A organização tomou a iniciativa de fazer um quadro de fotografias das caras mais destacadas ao longo da formação. Sentimo-nos muito orgulhosos do nosso trabalho. A formação correu muito bem, como também conseguimos aproveitar bem os ensinamentos dos nossos instrutores durante quatro semanas. Os trabalhos decorriam de manhã e a tarde.
Era uma formação intensiva com grandes especialistas na área que não brincavam no trabalho. Infelizmente não permitiram-nos mostrar ao povo guineense o nosso trabalho na televisão nacional da Guiné-Bissau. E ficamos com os diplomas e medalhas que recebemos nas nossas casas, acho que todos já se estragaram neste momento.
A nível interno beneficiei de uma formação de reciclagem na área da técnica de teatro. Na altura estava na cidade de Buba, sul do país, a ministrar uma formação a um grupo de jovens daquele sector na área da comédia. É um trabalho que eu estava a fazer em colaboração com a organização “AMIC”. Entretanto recebi uma chamada telefónica de um dos responsáveis da cultura para me convidar a tomar parte numa formação de reciclagem sobre técnicas de teatro em Bissau.
Beneficiei da formação de género três vezes no país. Todos os formadores que estiveram no país deixaram recomendações às nossas autoridades dizendo-lhes que eu, Lino Bidan, era o melhor ator comediante da Guiné-Bissau. E ao mesmo tempo exortavam as autoridades para que me apoiassem com uma formação séria e com meios necessários para a produção de peças teatrais.

D: O senhor é um comediante com uma deficiência no pé, mas consegue fazer o seu trabalho de comédia sem nenhuma vergonha. Como é que conseguiu inserir-se na sociedade sem complexo e o que faz com que o seu nome esteja em todo o lado?
LB: Não há nenhum segredo sobre isso. Sinto-me uma pessoa normal como qualquer pessoa, porque nasci normal sem problemas de deficiência. Apenas tenho esse problema no pé, mas isso não me impede de fazer o meu trabalho, sobretudo nesta área e por isso não acho que devo complexar-me. Digo-vos o meu sonho e o que exactamente pretendo ou desejo atingir na minha área.
O meu sonho é tornar-me no maior ator comediante da África Ocidental, porque tenho talento e a técnica para conquistar este patamar. E a única coisa que me falta e que pode impedir-me de realizar este sonho são os meios ou as condições necessárias para fazer o meu trabalho. Se eu tivesse os meios como os atores da nossa sub-região, garanto-vos que dentro em breve tornar-me-ia no melhor comediante da nossa costa ocidental e ao mesmo tempo uma das referências ao nível do nosso continente.
Não é que estou a minimizar os trabalhos dos meus colegas da sub-região, mas garanto-vos que sou o melhor. Vi os trabalhos de comediantes cabo-verdianos, senegaleses, guineenses de Conacri, da Gâmbia, do Mali, da Costa de Marfim, sobretudo do Michel Gohou que é o mais destacado. Reconheço que são bons tecnicamente, mas reafirmo nesta entrevista que eu, Lino Bidan sou o melhor. Se houver meios necessários para fazer o trabalho em pouco tempo, ninguém me igualará com estes comediantes.

D: Vimos os trabalhos de comediante de Costa de Marfim, Michel Gohou e sabemos que vivem noutas realidades sócio-culturais e que provavelmente beneficiam de apoios. O que é que se pode fazer para o Lino, ou seja, para os actores comediantes do país chegarem ao nível de Gohou?
LB: Quando se nasce no seio de uma família pobre somos obrigados a viver naquele ambiente de pobreza, dado que somos obrigados a dividir o bocadinho do bolo que temos. Não tenho culpa de estar a viver na Guiné-Bissau que é um país onde a cultura não é uma prioridade. E a meu ver a única coisa que as autoridades podem fazer é pensar na cultura e tirá-la do último plano.
A cultura é o meio que temos para projectar a imagem do nosso país, por isso merece todo o carinho e apoio das autoridades através de um plano bem definido. Na verdade é preciso apoiar os homens da cultura em diferentes vertentes, porque são embaixadores da imagem do país. É urgente o executivo comece a pensar num projecto ambicioso para apoiar os atores da comédia, porque existem grandes talentos no nosso país.
Voltando àquela pergunta sobre como é que consegui ultrapassar o complexo de ser deficiente. Sinto-me como uma pessoa normal e acho que todos os deficientes devem sentir a mesma coisa. Eu quero afirmar aqui que o meu desejo é ser uma referência para os deficientes, para que não sintam complexos nenhuns. Porque basta verem o Lino que é o deficiente de pé, a fazer peças teatrais sem vergonha nenhuma.
Vejamos o músico Dembo Djassi que sentia complexos até de participar em eventos públicos. Apesar de ser cantor, sentia complexos devido a sua estrutura física. Consegui fazer o Dembo Djassi participar numa comédia, e ele conseguiu desempenhar um bom papel. Ele já não sente muitos complexos de se aproximar das pessoas.
Lembram-se da publicidade que fiz com o músico Zeras Bunca Sanhá, sobre a vacina de poliomilite? Zeras também era um deficiente tímido e digo mesmo complexado. Numa das passagens da publicidade, eu dizia assim: “meu primo você tem problema de dois amortecedores e eu tenho apenas um problema, portanto estarei sempre à frente”. O homem não conseguia responder-me, porque sentia vergonha, mas insisti com ele até que ultrapassou aquele complexo.
Quero dizer com estes dois exemplos que o facto de sermos deficientes não pode impedir-nos de fazer o nosso trabalho e o mais importante é que devemos esforçarmo-nos para podermos ter uma formação e assim podermos exigir direitos iguais.

D: A peça teatral apresentada na rádio nacional sob a sua coordenação com alguns actores, tais como Cabum, Agente N’ Bunde, Catcho Modja. Tem a ideia de quantas peças teatrais já produziu?
LB: São muitas peças teatrais. Lembro-me que comecei os trabalhos de produção de peças em 1989 na Rádio Nacional. Cabum fora convidado para produzir o programa, mas resolveu chamar-me.
Passei a produzir o programa. Seriei-o como uma telenovela, a fim de motivar os ouvintes em casa para que tenham vontade de acompanhar a edição seguinte. Falavamos de diferentes temas da sociedade de forma a sensibilizar a população sobre os cuidados que poderiam ter sobre um determinado assunto. Produzi muitas peças teatrais e na verdade não consigo recordar-me do número de peças produzidas.

D: Uma das suas peças teatrais transmitidas na Televisão Nacional, na qual interpretou o pepel de um menino que cresceu na casa da família (mininu di criason) e com todas as dificuldades enfrentadas, transformou-se num grande homem na família. Esta peça retrata o passado de Lino ou baseou-se noutro facto real?
LB: Lembro muito bem desta peça. “Mininu de Criason ku Fidju di Casa”. A história da peça retrata o meu passado. Sei que muitas pessoas viveram ou sentiram aquilo que eu senti, quando vivia em casa de familiares. Passei muito mal na casa do meu primo. Ele e a esposa diferenciavam-me dos seus filhos. A mulher diferenciava-me da sua família mais próxima. Mandavam-me ir buscar lenha na mata para cozinhar, todos os dias devia levantar-me muito cedo para ir buscar restos de comida no lixo (iagu di porku) para os suinos. A seguir tinha de preparar-me para ir à escola às oito horas da manhã. Muitas vezes chegava atrasado à escola. Uma vez tínhamos uma prova e atrasei-me bastante a chegar e quase perdi o exame. Se eu fosse filho deles é claro que não iam mandar-me buscar restos de comida para porcos, sabendo que ia à escola de manhã.
Inspirei-me no meu passado para produzir aquela peça teatral. Felizmente foi muito bem interpretada e as pessoas gostaram bem do trabalho. Isto fez-nos sentir bem enquanto atores.

D: Saiu de teatro radiofónico para o mundo da sétima arte (cinema). Como é que entrou para o mundo do cinema?
LB: É verdade que eu fazia teatro radiofónico e nunca pensei em filmes de comédia. Comecei a ver esse género de filmes produzidos por alguns autores da sub-região e percebi que eu podia fazer a mesma coisa, ou melhor. A partir dali comecei a pensar na produção de filmes de comédia e a minha primeira participação em comédia na televisão, foi aquando da produção da publicidade do “sumo lopi”.
Bebi o sumo e a seguir deixei a seguinte frase em crioulo: Lopi i pika. Esta frase ganhou muita força na nossa sociedade, mas confesso que cometi um erro na frase. Queria dizer que o sumo é saboroso, mas acabei por dizer que é picante. Dizer que um sumo é picante! Uma comida preparada com limão e “piripiri” é que se pode considerar de picante, mas sumo não é picante, mas sim saboroso.

D: Quantas produções cinematográficas produziu até hoje e com que meios?
LB: No total até hoje produzi apenas sete filmes de comédia. Alguns tiveram patrocínio e outros foram com os meus próprios meios. O primeiro filme que produzi contou com o apoio de uma organização denominada de “Radda Barnne” que entrou com alguma “coisa” para patrocinar o filme, mas não conseguiu liquidar totalmente o orçamento para a produção de filme.
As pessoas queriam comparar-me a alguns humoristas da praça de Bissau, decidi então produzir aquele filme em que fui roubar um fogão (fugaredu). Mostrei às pessoas que não podem comparar-me aos humoristas e que sou o melhor e continuarei como o melhor comediante da Guiné-Bissau. Aquele filme tem tudo para fazer diferença e mostrar que é um trabalho extremamente profissional.
Algumas pessoas queriam comparar-me com o comunicador (humorista radiofónico) Bipa que apresentava um programa de humor na estação emissora, Rádio Bombolom FM. O filme rodou muito bem no país e no estrangeiro através dos nossos conterrâneos que gostaram e o levaram para Portugal e outros países da Europa.

D: Como vê os filmes da comédia produzida pelos jovens comediantes?
LB: Vamos começar com o trabalho do meu rapaz, Barudju. O filme tem pouca qualidade técnica e isso pode ser notado apenas por um profissional da área. Aquele filme não tem um protagonista e não só, como também fez um trabalho que não está muito bem interligado. O que é que o astrólogo (murro) tem a ver com o ladrão de porco? Não é nada de mal, mas falta muita coisa naquele filme.
O mesmo acontece com a produção de filme “Clara di Sabura”, mas quando fui falar com os produtores de filme reconheceram logo, dado que consegui apontar-lhes as falhas.
Vou contar-vos uma coisa sobre o grupo “Esta é a nossa Pátria Amada”. A ideia do cenário da peça teatral na Alemanha foi minha, mas infelizmente tiraram-me de fora no momento da partida para a Alemanha. Alegaram que não sabia dançar. Foi muito triste; muita pena mesmo…

D: Essa é a razão que levou à retirada do seu nome da comitiva?
LB: Não sei explicar isso. Não fiz o teste, porque havia uma mulher alemã encarregada de fazer os testes às pessoas. Ela disse-me que não era preciso fazer o teste. Fui o primeiro a ser seleccionado e recebi também primeiro passaporte com o visto, mas fui o primeiro a ser eliminado no momento do embarque.

D: Porque é que retiraram o seu nome?
LB: Creio que o Bighatéba sabe e certamente poderá responder a essa questão. Disseram que não sabia dançar, mas eu preparei as pessoas com três estilos ou formas diferentes. Preparamos a dança, a canção e a comédia que poderíamos apresentar muito bem.

D: Qual é a vida real de um autor comediante na Guiné-Bissau, sobretudo a vida de Lino Bidan?
LB: Confesso-vos aqui que eu não tenho nada, mas nada mesmo. Moro numa casa de família há mais de 20 anos. Imaginem! Se pagasse o arrendamento da casa! Claro que teria sido expulso há muito tempo, porque não tenho dinheiro para pagar o arrendamento mensalmente. Tenho apenas um televisor para acompanhar o mundo, um conjunto de sofá e um congelador. Posso carregar os meus pertences em caso de mudança. Não preciso esperar por um camião ou pegar um táxi, porque não são muitos. Sou pai de quatro filhos, vivo com dois e outros estão na casa das suas mães. Divorciamo-nos há muito tempo.
Falo-vos do meu colega Luís Morgado que é um grande ator. Foi despejado da casa onde morava e acabou por perder os bens, porque não tinha dinheiro para pagar o arrendamento de muitos meses. Agora vive em São Paulo. Quando foi chamado para receber o prémio da gala, acabou por dormir na praça, porque não podia voltar àquela hora para o seu bairro.

D: Que comentário fez sobre a gala de distinção de personalidades mais destacadas do país em diferentes sectores…
LB: Não… Acho que o tempo irá esclarecer tudo isso um dia. Se não houver o prémio para o maior comediante guineense, Lino Bidan. Acho que quem de direito terá que responder por isso um dia. Não me convidaram nem sequer para participar no evento. Simplesmente resolvi ficar na minha casa.
Fico mais à vontade a trabalhar para o meu povo que consome o meu trabalho, mas o certo é que continuarei a fazer o meu trabalho com ou sem ajuda. Não vou desanimar-me por isso, porque sei que um dia vou vencer e tornar-me-ei no melhor ator comediante da África Ocidental.

D: O que é que o Estado faz exactamente para apoiar os actores no domínio da cultura?
LB: Não conto com o Estado da Guiné-Bissau há muito tempo no que se refere ao apoio aos homens da cultura. Há um provérbio que diz assim: Quando o filho está cansado recorre ao pai para pedir socorro. Infelizmente isso não acontece no nosso país e aqui cada qual luta para a sua sobrevivência.
O Estado da Guiné-Bissau apenas se lembra das pessoas quando precisa delas para um determinado trabalho. Se houver um evento grande sobre um determinado assunto e então entram em contacto comigo: “Lino se faz favor vai fazer teatro para nós, sobre o tema tal”. Depois dão apenas uma coisinha de nada e às vezes pagam com refeições e táxi.


BISSAU E PRAIA ASSINAM ACORDOS DE COOPERAÇÃO EM NOVE SETORES POTENCIAIS DE NEGÓCIO

Empresários guineenses e cabo-verdianos acordaram cooperar em nove áreas, enquanto os governos dos dois países se propõem realizar cimeiras bilaterais periódicas, foi ontem dia 8 de março  anunciado em Bissau.
Estas vertentes constam do memorando de entendimento assinado entre responsáveis do governo dos dois países no final de uma visita de seis dias realizada por investidores cabo-verdianos à Guiné-Bissau, liderada pela ministra do Turismo, Investimentos e Desenvolvimento Empresarial de Cabo Verde, Leonesa Fortes.
A periodicidade da cimeira bilateral ainda não foi definida mas para já os empresários dos dois países concordaram em estabelecer parcerias nos setores da agricultura, agro-negócio, pescas, turismo, transportes, energias renováveis, construção civil e tecnologia de informação e comunicação.
Os nove setores foram apontados como tendo potencialidades e oportunidades de negócio entre os dois países, mas também foi reconhecido que para tal serão precisos “mecanismos que possam agilizar os acordos”, nomeadamente no âmbito fitossanitário, no setor da indústria, com enfase para o ramo farmacêutico.
A dupla tributação é outra área que deve merecer um acordo nos próximos tempos, segundo o ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau, Geraldo Martins. Houve também um entendimento quanto à urgência de serem implementados os acordos já existentes nomeadamente nos ramos das pescas, agro-indústria e construção civil.
O ministro da Economia e Finanças da Guiné-Bissau considerou de histórica a visita da delegação cabo-verdiana, que hoje termina, por acontecer “numa altura em que os guineenses estão a traçar um novo rumo após anos tumultuosos”. Geraldo Martins enalteceu a solidariedade dos cabo-verdianos e disse acreditar que “desta vez as coisas serão diferentes” em termos de materialização de intenções do empresariado dos dois países.
A ministra do Turismo, Investimentos e Desenvolvimento Empresarial de Cabo Verde, Leonesa Fortes, afirmou que o governo do seu país acredita que “estão a ser criadas as condições” para que “haja confiança” entre os dois Estados e desta forma possibilitar negócios entre o setor privado.
“O maior sinal que a Guiné-Bissau dá a Cabo Verde e ao mundo é a inclusão na governação, apesar da vitória com maioria absoluta, o PAIGC (Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde) fez um governo onde integra todas as forcas politicas”, observou Leonesa Fortes.
Em representação do setor privado dos dois países, Braima Camará, presidente da Camara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços da Guiné-Bissau e José Spencer Lima, líder da Câmara do Comércio de Cabo Verde, sublinharam a disponibilidade dos empresários em “fazer avançar as intenções” das parcerias.
Segundo Spencer Lima, da parte cabo-verdiana, o governo já tem disponível um navio com capacidade para mil toneladas pronto para ligar os dois países e a Transportadora Aérea de Cabo Verde (TACV) irá iniciar dentro de três meses voos diretos entre as duas capitais. A comitiva empresarial já se encontra em Cabo Verde, tendo chegado por volta das 20h locais.

Fonte: Lusa

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