OPINIÃO de: Aantónio Ali Silva: Mon na lama, pé na pot-pot


A minha fotografia
O principal problema da Guiné-Bissau é o guineense.

Fiz todos os planos para chegar a Bissau no dia 1 de abril de 2015 e graças a uma companhia aérea chamada Air Senegal, consegui!!! A ideia era deixar as pessoas na dúvida. Veio mesmo, ou será mais uma mentirinha do 1º de abril (fiz o mesmo no ano passado, e recebi dezenas de chamadas e mensagens. Entretanto, eu estava em Cabo Verde).

A Air Senegal - que deveria chegar a Bissau às 16 h e poucos do dia 31 - voltou a fazer das suas. Depois de quase 12 longas horas no aeroporto da Praia, com as lojas free-shop todas fechadas, mostraram finalmente quanto respeitam os guineenses. E não é que aterrei mesmo na minha terra no dia 1, depois de quase meio dia num aeroporto? O destino tem destas coisas, e o destino tem sempre a razão do seu lado.

Não sei se será Bissau a consumir-me num ápice ou o contrário. O que sei, e não me escapa, e continua a irritar-me é a má educação que se instalou nesta cidade avermelhada, perdida no tempo, húmida e poeirenta: as pessoas parece que regrediram no tempo. Eis Bissau, a capital decadente da escancarada Guiné-Bissau que já foi - presumo que nem isto supunham - a primogénita do Reino!

Viver em Bissau requer dois pressupostos fundamentais: estar preparado para tudo, para tudo mesmo, e ter paciência de chinês. São, aliás, virtudes mais do que necessárias para se sobreviver nesta utopia, onde tudo é organizadamente desorganizada.

Bissau, a cidade, está cansada e a rebentar pelas costuras. Esventrada por tudo quanto é lado, simplesmente implodiu. Não tem praticamente esgotos e os que tem estão perfeitamente entupidos e nalguns casos solidificados (a Arezky que o diga). Bissau, e não é segredo para ninguém, tem sofrido de ano para ano com a incúria dos Homens; depois, como que numa de vingança, tornou-se numa perfeita madrasta, com mais de quatrocentas mil almas - cada uma com a sua dor.

Os seus melhores terrenos e algumas casas foram sucessivamente ocupadas, algumas vendidas ao desbarato ou ocupadas pelos djintons di aonti ku di aós numa teia de interesses dúbios que ninguém no seu juízo perfeito entende. E no fim, ficará tudo por esclarecer. As usual.

No mercado do Bandim, os vendedores ambulantes queixam-se de uma Câmara Municipal que num minuto diz que os quer ver fora dos passeios, e no minuto a seguir lhes vende as senhas que lhes permitem exercer a sua actividade de chatos ao sol. Extravagâncias nossas. Desde dezembro até hoje, vão uns mesitos. Eles lá continuam, vendendo tudo no passeio. Tudo quer dizer mesmo tudo, e tudo é falso, como Judas. Como nós.

Os policias de trânsito continuam com as manhas de sempre. Estão quase sempre sujos e mal fardados, pedem dinheiro aos condutores, manga e amendoim aos vendedores. Agora, quando nada mais podem exigir a um incauto condutor, perguntam: "tem catana? Sabe, é pela sua segurança!". O tom é normalmente grave. Ah, Santa Imaculada!

Os toca-toca são um mal, ainda que necessário. Os seus condutores são dos mais mal educados e menos formados que eu conhecerei numa vida. Estão sempre sujos, conduzem de chinelos e outros estão simplesmente descalços. Ocupam três faixas, em perfeita sintonia mas em clara competição, e são eles que praticamente alimentam diariamente os polícias de trânsito. Assim, quem os multará? Ninguém. Andam nas vias que lhes estão vedadas, e, se confrontados, insultam e partem para as vias de facto.

Os ajudantes dos toca-toca serão uma espécie que terá existido na terra há milhares, talvez dezenas de milhões de anos e que nunca chegaram a evoluir. A sua especialidade? Em plena via, abrem de repente a porta, sem sequer encostar, para o passageiro entrar. Este, sem sequer pensar que o carro de trás o pode facilmente entalar, estragando-lhe o dia, alinha...

Depois, há os ajudantes dos toca-toca (diz-se que são eles que mandam no carro) . Escarram e cospem na nossa cara, bebem água e atiram depois o saquinho para a via pública numa perfeita indiferença; insultam os passageiros, quase sempre mulheres e até batem nos catraios. Não respeitam as regras de condução, não conhecem os sinais de trânsito sequer.

Enfim, nós os guineenses escolhemos a mediocridade e, perdoar-me-ão a filha da putice, mas essa merda fica-nos a matar! A pirâmide está invertida. O País precisa de ORDEM!!!

Os citadinos de Bissau, na sua maioria coitados, é que não têm para onde fugir. Estão cercados por todos os lados. Fogem mas regressam numa quase doidice e vagueiam na poeira procurando sabe-se lá que tralha. É-me bastante doloroso assitir a esta decadência em dominó.

Aqueles que se especializaram em roubar este Estado idiota, continuam por aqui. Agora, roubarão noutra freguesia: são tirados daqui e colocados além. É fartar, vilanagem! Gente que nunca teve nada na vida, de repente entra para o Estado e começa a exibir sinais de riqueza tais, que uma pessoa fica de queixo caído.

Tenho provas...e isto vai rebentar!

Onde já se viu uma via rápida, e falo da av. dos Combatentes da Liberdade da Pátria, sem uma passadeira aérea ou mesmo subterrânea na Chapa de Bissau? Sair do Alto-Crim e chegar á Chapa de Bissau é um inferno por causa dos toca-toca e dos táxis. Mas passar a rotunda da Chapa é como correr a ultra maratona no deserto do Saara!

Aqui, em plena via rápida, para além dos carros, temos de ter atenção a tudo: carrinhos de mão com carga de mais de 1 tonelada, putos de patins em linha completamente alheios aos perigos por acontecer (si bu madjan...), vendedores a cada esquina, gente a mijar nas barbas dos transeuntes e da polícia que também verte as águas onde calha.

Centenas de contentores que deixam a cidade mais suja e muito mais quente, estão plantados em tudo que é esquina ou aberta, sem qualquer preocupação de segurança. Para compor o ramalhete, ainda temos os cães - quase todos coxos, atropelados na via pública - os porcos, as manadas de vacas e de bois, os patos e toda a prole - normalmente muitos patinhos. Bissau é uma cidade suja - e não é de hoje mas também não se pode esconder; mas Bissau podia ser diferente.

Cercada por água, podia ser uma capital belíssima. Está estrategicamente implantada nesta costa. Projecta-se agora uma marginal que começará no Pindjiguiti (a praça será completamente reformulada) e desaguará na praia de Suru. Planos são uma coisa. Veremos.

Bissau é uma cidade onde a má educação dos seus munícipes e a desordem, imperam. Quem tem mais estudos mostra ser o mais bruto dos ordinários! Faz mesmo por isso, o que é uma coisa extraordinária! É a matemática da coisa.

Resumindo: Parece que nós, os africanos, temos o sexo nas mãos. Pois onde metemos a mão, fodemos sempre tudo!
António Aly Silva

UE reabilita maternidade do leste da Guiné-Bissau para aliviar sofrimento das mulheres

Foto de arquivo



A maternidade da principal cidade do leste da Guiné-Bissau vai contar com novas salas e equipamento para "aliviar o sofrimento das mulheres" que recorrem aos serviços de saúde reprodutiva, anunciou a delegação da União Europeia (UE) no país.

"O objetivo deste projeto é contribuir para aliviar o sofrimento das mulheres em relação à saúde sexual e reprodutiva na região de Gabu, apostando numa maternidade sem riscos e no acesso aos serviços sanitários de qualidade", refere a UE, financiadora maioritária, em comunicado. O investimento vai ser inaugurado na terça-feira.

As melhorias vão abranger "o atendimento das mulheres nas consultas externas durante a gravidez, a fase do parto e o puerpério" e incluem formação dada aos profissionais de saúde nos últimos meses. De acordo como os mais recentes inquéritos à população, a taxa de mortalidade infantil desceu na Guiné-Bissau, nos últimos anos, mas registou-se um aumento da taxa de mortalidade materna.

Aquela taxa situa-se agora em 900 mortes por dez mil mulheres, segundo os dados recolhidos em 2014 e publicados este mês pelo Instituto Nacional de Estatística guineense e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Inquérito aos Indicadores Múltiplos (MICS 5).

A reabilitação da Maternidade do Hospital Regional de Gabú foi realizada no âmbito do projeto "Reforço das ações de saúde sexual e reprodutiva" naquela região, em parceria com o Ministério da Saúde da Guiné-Bissau. O investimento ronda 1,1 milhões de euros, cofinanciado a 80% pela UE e a 20% pela ONG italiana Associazione Italiana Amici di Raoul Follereau (AIFO), também responsável pela sua execução, em parceria com a ONG ADIC-Nafaia.

No âmbito do mesmo projeto, vai ser apresentado o livro "Mulheres de Gabu. Saúde e Mobilização no Leste da Guiné-Bissau". O lançamento está marcado para segunda-feira, na Casa dos Direitos, em Bissau. Lusa

CCIAS: Presidente cessante Braima Camará entregou a sua candidatura e garante que sairá "vitorioso"



O presidente da CCIAS, Braima Camara, depositou a sua candidatura no passado dia 25 de abril nas instalações da Câmara do Comércio, Industria, Agricultura e Serviços da Guiné-Bissau . Rodeado de várias associações filiadas e de apoiantes anónimos, o presidente cessante garantiu estar "convicto na vitória, pois a esmagadora maioria dos associados confiam na sua direcção."



Braima Camara sublinha que este desafio é "um acto de exercício da cidadania. Estou bastante orgulhoso, e estou aqui como presidente cessante que está disponível para a renovação do mandato à frente dos destinos da CCIAS."

Para o presidente cessante da CCIAS, "o balanço é extremamente positivo, embora tenhamos ainda uma cultura de mentalidade do não pagamento das quotas e vamos trabalhar neste segundo mandato para que os associados se habituem a este princípio, porque qualquer organização vive da contribuição dos seus associados."

Haverá, por isso, "uma campanha de sensibilização nesse sentido. Temos direitos e deveres, consagrados nos estatutos nos artigos 13 e 14. Ninguém pode reclamar nada na CCIAS se não cumpre estes deveres."

Este segundo mandato será "uma mudança na continuidade", assegura. Quanto ao sector privado, Braima Camara garantiu que "a CCIAS conseguiu a coesão interna e tornou-se numa das instituições mais respeitadas no País. Tem maior visibilidade, demos saltos quer quantitativos quer qualitativos, conseguimos elevar o nível salarial dos nossos funcionários, temos autonomia energética, conseguimos fundar a revista Nova Dinâmica, construímos duas grandes infra-estruturas que poderá tornar-se num porto seco, formamos mais de 750 jovens que hoje assumem um papel muito importante no desenvolvimento da Guiné-Bissau."

Fala de seguida dos feitos conseguidos pela sua direcção: "Conseguimos pagar a dívida interna num total de 7 biliões de Fcfa que disponibilizamos ao sector privado, fundamos o FUNPI graças aos apoios do ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Jr, do seu ministro do Comércio Botche Candé e do das Finanças José Mário Vaz (hoje Presidente da República). A CCIAS fez um conjunto de realizações que nem consigo dizer assim de cabeça, isto para não falar de inúmeras iniciativas no exterior. Agora que marcamos a nossa presença em Bissau, vamos entrar forte nas delegacias da CCIAS nas regiões."

Sobre a conferência da CE-CPLP que decorreu na semana passada em Bissau, Braima Camara não tem dúvidas: "superou todas as expectativas, não é todos os dias que conseguimos mobilizar nove países, além dos países observadores. Conseguimos resolver um grande problema: vamos instalar um laboratório para a certificação de qualidade dos produtos que respeitarão todas as normativas da UE, permitindo assim que os nossos exportadores cheguem além fronteiras, com a qualidade que ali é exigida."

NOTÍCIA DC: OTONIEL BADJANA é o 5º melhor a nível africano




O atleta guineense Otoniel Badjana ficou esta tarde em 5º lugar na prova de lançamento de peso, nos campeonatos de África de Atletismo (Juvenis). Dois Sul Africanos, um Egípcio e um Marroquino assumiram as primeiras 4 posições e não deram quaisquer hipóteses ao nosso atleta.


Otoniel Badjana, mantém-se assim como o 5º melhor nível Africano.

NOTA: Todos estes quatro primeiros classificados foram levados para o controlo antidoping. Se houver razões, depois saberemos.

BENFICA DOMINA A BASE DE DADOS DE PAULO TORRES

image


O seleccionador nacional, Paulo Torres, incluiu 53 futebolistas na primeira base de dados da federação de futebol, criada com a intenção de melhorar os trabalhos da selecção nacional no futuro. A lista do técnico luso é dominada pelo Benfica com 12 atletas.
O antigo internacional português disse à Lusa que pretende “conhecer melhor” os jogadores para futuros trabalhos, por isso criou esta lista após a primeira volta da “Guines-Liga”, concluída no último fim-de-semana.
Benfica, líder da primeira liga, foi o clube que mais contribuiu para a lista elaborada por Paulo Torres, que incluiu 12 jogadores do emblema de Bissau na base de dados.
O técnico nomeou ainda 8 jogadores da UDIB, 6 do Sporting da Guiné-Bissau, Canchungo, Bambadinca e Portos de Bissau 4, Bula e Bafatá com 3, Estrela Negra de Bissau e Cuntum 2 cada, Ajuda Sport Clube, São Domingos, Mansoa, Bolama, Mansabá, Sonaco, Mavegro e Bijagós todos com apenas um atleta 1 cada, segundo avança agência noticiosa Lusa.

O processo, que decorre hoje na sede da Federação, em Bissau, consiste em receber de cada jogador a documentação pessoal e dados como altura, peso, número de calçado e de roupa, entre outros, para tratamento informático.

Cacine abastecido com pescado após desmantelamento de acampamentos de pesca ilegal


Image result for pesca em cacine guine bissau
O Director-geral de Pesca Artesanal revelou que com o fim do processo de desmantelamento de acampamentos de pesca ilegal no Sector de Cacine, região de Tombali, sul da Guiné-Bissau, a vila já começou a ser abastecida com pescado, situação que não acontecia há alguns anos.

Funcionamento dos tribunais causa apreensão à ordem dos advogados


A Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau encontra-se bastante apreensiva com a situação atual do sistema judicial do país, tendo manifestado essas preocupações ao presidente do país, José Mário Vaz.
«A nossa preocupação é que os tribunais funcionem melhor. Que as condições sejam criadas e que sejam dignificados os magistrados e as funções do advogado no âmbito da administração da Justiça», disse Basílio Sanca, bastonário da Ordem dos Advogados da Guiné-Bissau.
Sanca pretende que o José Mário Vaz exerça a sua magistratura de influência para melhorar o funcionamento dos tribunais e fortalecer o combate à corrupção.
«O chefe de Estado foi recetivo e prometeu analisar todos os pedidos», referiu o bastonário no final do encontro com o Presidente guineense.
A Bola, 24 de Abril de 2015

Presidente da CECPLP elogia potencialidades agrícolas da Guiné-Bissau


O Presidente da Confederação Empresarial da Comunidade das Países da Língua Portuguesa (CEPLP) elogiou a Guiné-Bissau pelas enormes potencialidades agrícolas de que dispõe.
Em declarações a imprensa Quinta-Feira a saída de audiência com o Presidente da República da Guiné-Bissau Salimo Abdula prometeu advogar nos seus países a favor de investimentos na Guiné-Bissau e promover as suas vantagens junto de organizações interessadas.

BOMBEIROS DE BISSAU DISPÕEM APENAS DE TRÊS CARROS PARA COMBATER INCÊNDIOS NO PAÍS

image
Adicionar legenda

O Diretor dos Serviços de Tática Operativa dos Bombeiros Humanitários de Bissau, Luis da Silva, revelou em declarações exclusivas ao semanário O Democrata que aquela corporação humanitária possui atualmente apenas três viaturas de combate ao fogo a nível de todo o território nacional. Informou ainda que devido à limitação de meios materiais e financeiros, os Bombeiros actuam na cidade de Bissau e nos bairros periféricos da capital.
Uma equipa de reportagem do jornal “O Democrata” deslocou-se aos serviços dos Bombeiros para inteirar das condições de trabalho naquela corporação. A nossa reportagem constatou “in loco” o posicionamento das viaturas no parque, sob o edifício principal, onde se nota que a maioria das viaturas de combate aos incêndios está inoperacional.
“O Democrata” apurou que a situação de falta de meios com que o serviço de bombeiros se depara pode no futuro minar a capacidade operacional desta corporação. Segundo informações, os bombeiros estão muito limitados neste momento devido à falta de meios que os permita combater incêndios sem pôr em risco as vidas dos seus operacionais
O diretor de Serviço da Táctica Operativa de Serviço Nacional da Proteção Civil dos Bombeiros Humanitários de Bissau disse ainda ao nosso jornal que a capacidade operativa dos Bombeiros é limitada devido à falta de meios necessários e incapazes de combater incêndios que se registem em materiais diversos de forma combinada com radiações e libertação de gás tóxico.

Luís da Silva confessou que os serviços dos Bombeiros da Guiné-Bissau não têm capacidade de dar resposta para certos tipos de incêndio, porque não têm meios de proteção para os seus técnicos.
“O combate ao incêndio ocorrido na Central Elétrica foi duro para o corpo dos bombeiros, porque o fumo que o fogo libertava era pesado e tóxico. Para combater incêndios desta natureza é necessário ter meios de proteção como aparelhos isolantes, circuito aberto, proteção individual e máscaras antigás, mas não temos tudo isso”, realça.
Neste sentido, assegura Luís da Silva que para combater incêndios que envolvam diferentes tipos de produtos, desde os inflamáveis até aos papeis, os homens da sua corporação arriscam-se utilizando equipamento inapropriado como (roupa molhada) para se proteger e poder aproximar-se do fogo.
“Na Guiné-Bissau, é um risco lidar com incêndios desta dimensão. Aliás, a vida de bombeiro guineense por natureza é de risco, porque não temos meios que os bombeiros dos outros países têm. Fatos de aproximação de temperatura, aparelho isolante, circuito aberto, proteção individual e máscaras antigás. Todos esses materiais permitem que o bombeiro em combate ao incêndio penetre e respire facilmente através do aparelho isolante e do filtro de gás da máscara”, explica.
O responsável pelo serviço de táctica operativa de serviço nacional da proteção civil dos Bombeiros Humanitários de Bissau nega, no entanto, que a incapacidade operativa dos bombeiros esteja ligada à falta de recursos humanos ou a incapacidade técnica dos agentes dos bombeiros, que diz estarem cheios de energia e de conhecimentos para combater qualquer tipo de incêndio, desde que sejam disponibilizados os meios.
Afirmou neste particular que os bombeiros têm apenas três carros de combate ao incêndio para todo o território nacional; um primeiro chamado carro de reconhecimento com capacidade para mil e duzentos litros de água, um segundo de três mil litros de água e um terceiro carro de cinco mil litros de água. Às vezes não conseguem cobrir incêndios de grandes dimensões, sobretudo quando usam o “carrinho” de apenas mil e duzentos litros.
“Recorrentemente os bombeiros são criticados na sua atuação. Ora a população diz que os bombeiros deslocam-se para combate a incêndios sem água ou vendem água. Dizem assim, porque desconhecem por completo as capacidades dos carros. Em nenhuma parte do mundo um carro de bombeiros anda sem água”, nota.
Segundo Luís da Silva, cada uma das linhas de agulheta 50 utilizada para lançar água gasta três litros e meio de água por segundo o que significa que em um minuto terá de gastar duzentos e dez litros de água. E tendo quatro linhas disponíveis significa que em apenas um minuto e meio o carro fica sem água não por culpa ou incapacidade dos seus técnicos, mas pela capacidade do carro, que não consegue levar mais litros para além do seu limite.
Luís da Silva referiu igualmente que em certas ocasiões os chefes que comandam as operações são obrigados a fazer preliminarmente um trabalho de base para determinar a superfície do incêndio, avaliação da situação, tomada de decisões e cálculo das forças e meios disponíveis para saber se a capacidade da resposta corresponde ou não à superfície do incêndio e que tipo de ataque será necessário. Se intensivo (combater apenas o perímetro em chamas de dentro para fora) ou defensivo (proteger as partes sob ameaça, quando a capacidade de resposta é limitada).
De acordo com este responsável, neste momento quatro viaturas estão inoperacionais devido a problemas ligeiros (duas ambulâncias de combate a incêndios e duas ambulâncias de assistência).


“É URGENTE ABRIR SERVIÇOS DOS BOMBEIROS NAS REGIÕES E NOS SECTORES”
Um dos operadores de serviço da táctica operativa explicou à nossa reportagem que neste momento não estão em condições técnicas e mateirais de combater grandes incêndios. Este homem, um dos que arrisca as suas próprias vidas para salvar outras, mostrou-se indignado com a situação de “abandono e desprezo” a que os sucessivos governantes deixaram os Bombeiros de Bissau. Na visão do nosso interlucotor, é urgente abrir serviços de bombeiros nas regiões do país, bem como nos sectores, acrescentando que é “é impensável achar que os Bombeiros de Bissau podem cobrir todo o território nacional”, por isso deve-se começar a pensar na possibilidade de abrir outros serviços nas regiões.
Sublinhou igualmente que é “irracional” pensar que equipar ou adoptar os bombeiros de meios e materiais de combate ao incêndio é gastar dinheiro. Rematou assinalado que os operacionais da corporação que combate o fogo não podem trabalhar sem meios e materiais que os proteja.

“Se houver um incêndio de grandes dimensões no país, a única coisa que poderemos fazer é tentar trabalhar para controla-lo, porque não temos materiais de trabalho que nos permitam combater o fogo, ou seja, para entrar e tentar apagar o fogo. Outra coisa é que as nossas viaturas não têm capacidade de levar grande quantidade de água. Portanto isso também é uma das desvantagens. As autoridades devem pensar seriamente sobre o que querem, ou melhor, que tipo de serviços querem que os bombeiros prestem ao país “, exortou o operacional da corporação humanitária de Bissau
O nosso interlucotor avançou ainda que é urgente mudar o rosto dos Serviços dos Bombeiros, tendo acrescentado que o executivo deve adotar aquela instituição de meios de trabalhos necessários.

“Deve-se arranjar novas viaturas que consigam levar grandes quantidades de água, bem como comprar equipamentos de combate aos incêndios. É preciso também formar e reciclar os homens dos bombeiros de acordo com a evolução do mundo. É urgente abrir serviços dos bombeiros nas regiões e nos sectores, porque é impensável achar que a corporação de Bissau pode cobrir todo o território nacional”, vicou o nosso interlucotor, que entretanto, exortou ainda as autoridades no sentido de priorizar os bombeiros para que não venham a arrepender-se mais tarde.

Mahmoud Cissé: "A insegurança não é exclusivo para a Guiné ''

"A insegurança não é exclusivo para a Guiné '', o ministro Mahmoud Cissé


Para o ministro Mahmoud Cissé, a insegurança não nasceu nos últimos quatro anos, com a chegada do presidente Alpha Condé ao poder. Segundo ele, o aumento desse fenómeno é o resultado de uma série de factores internos e externos, inclusive citando a proliferação de armas ligeiras e de pequeno porte.

Hoje, disse ele, '' nós não temos nenhuma dificuldade em entender este flagelo '', acrescentando que a insegurança não é exclusivo para a Guiné. '' Se a insegurança continua aqui, é porque a Guiné já recebeu muitos refugiados da Libéria, Serra Leoa, Costa do Marfim, Mali e Guiné-Bissau. Alguns deles eram ex-rebeldes chegaram com armas '', disse Mahmoud Cissé.

Ele garante que na Primeira República, as autoridades tinham instalado mais de 2.500 organizações locais que prestavam segurança. Durante a Segunda República, ressaltou ele, não há recuperação política real de armas detidas por ex-rebeldes.

De acordo com o ministro da Segurança, durante os distúrbios na Guiné registados entre 2007 e 2009, '' os depósitos de armas principais foram saqueados pelos indivíduos. Estas armas ainda estão circulando, '' disse ele.


"SEJA COMO FOR, KUMBA YALÁ MARCOU PARA SEMPRE A POLÍTICA NA GUINÉ-BISSAU" DIZ DR. GERALDO MARTINS



KUMBA YALÁ

www.facebook.com/geraldo.martins.167/posts/10201933277795139:0

Estou sentado no meu gabinete no Ministério da Educação, olhando para a agenda do dia que a minha Secretária acabara de colocar à minha frente, quando o estridente toque do telefone desviou a minha atenção.
– Senhor Ministro – disse uma voz meio rouca do outro lado da linha – é do Protocolo da Presidência da República. Terá que estar no aeroporto às dez horas. O Presidente vai chegar.
Irritado, olhei para o relógio na parede à minha frente. Eram oito horas e trinta cinco da manhã. Sabia que, como tantas vezes no passado, o meu dia estava estragado e a minha agenda, minuciosamente preparada pela minha Secretária, tornara-se inútil.
As viagens do Presidente Kumba Yalá tinham-se tornado numa desorganização, com chamadas telefónicas de última hora, correrias, anúncios da hora de chegada do avião que nunca se confirmavam, irritação dos embaixadores de países estrangeiros que deixavam de lado seus afazeres para passarem toda a manhã e, por vezes, todo o dia no aeroporto. Tudo isso refletia um pouco aquilo que era a Presidência de Kumba Yalá: improviso permanente.
O homem morreu e, com a sua morte, instalou-se a polémica. Quem era Kumba Yalá? Controverso e excêntrico, amado e idolatrado por uns, odiado por outros, Kumba Yalá era um político que não deixava ninguém indeferente.
Conheci-o pessoalmente no início dos anos oitenta. Eu era ainda estudante no Liceu Nacional Kwame Nkrumah e Kumba Yalá era um quadro que tinha acabado de voltar ao país após concluir sua formação em filosofia em Portugal. A primeira vez que o vi, foi no átrio da residencial Ancar, onde moravam alguns professores cooperantes e também Guineenses. Kumba Yalá foi-me apresentado pelo meu mano Isaac Monteiro, na altura professor e sub-director do Liceu Nacional Kwame Nkrumah. Vestia um fato escuro e envergava uma gravata de seda castanha.
Os nossos caminhos cedo se cruzaram. Estávamos ainda nos primórdios do pós-revolução e eu era um ativo militante da Juventude Africana Amilcar Cabral (JAAC). Enquanto responsável do Departamento de Superação Política e Ideológica da JAAC no liceu, organizava palestras para os estudantes, convidando dirigentes da JAAC e do PAIGC para falarem sobre os mais variados temas. A chegada de Kumba Yalá, que logo começou a dar aulas de filosofia no liceu, entusiasmou-nos, pois vinha reforçar o ‘pool’ de potenciais palestrantes, e isso era motivo de satisfação para mim e para os meus colegas, sobretudo porque o homem era visto como culto e com uma grande capacidade retórica.
Kumba Yalá proferiu duas ou três palestras, a meu convite, e logo as suas palestras ganharam fama, devido à sua incursão fácil em várias áreas do saber, da história à filosofia e à ciência política, e ao seu discurso articulado e vibrante que contagiava todos os presentes, em cujos rostos se podia ler curiosidade e admiração com o desempenho do filósofo.
Mas cedo também ficou claro que Kumba era controverso e provocador, sendo muitas vezes tentado a trilhar o caminho do confronto e da guerra de palavras com seus oponentes. Numa das palestras que organizei no antigo lar masculino (atual liceu Dr. Rui Cunha), Kumba Yalá, que na altura já era sub-director do Liceu Kwame Nkrumah, insurgiu em termos pouco apropriados contra o Dr. Alexandre Furtado, director do Liceu, e com quem andava em desavença. Fiquei embaraçado e no final da palestra disse-lhe que o que ele tinha dito deixava-me mal, enquanto organizador da palestra.
Certa noite, tive o primeiro choque sério com ele, na presença do meu amigo Huco Monteiro. Havia organizado no liceu um sarau cultural com recital de poesia, música e discursos. Convidei o Kumba para a parte dos discursos. Infelizmente, o sarau não correspondeu às nossas expectativas. Poucas pessoas compareceram e o Kumba irritou-se e entrámos em discussão. Disse-me que não discutisse com ele porque era uma pessoa formada, ao que eu repliquei que isso não me complexava, pois sabia que também seria formado e na idade certa.
Por alguma razão que nunca entendi, ele gostava de mim. No ano seguinte, eu dava aulas de formação militante no antigo QG, esperando uma bolsa de estudos, e o Kumba também dava aulas de filosofia alí. Cruzávamos frequentemente na sala dos professores, onde costumávamos conversar. Ele convidava-me regularmente, durante os intervalos em que ambos não tínhamos aulas, para irmos tomar o pequeno almoço (que ele pagava) no hotel 24 de Setembro e, durante esses pequenos almoços, discorria longamente sobre a política e criticava várias individualidades. Curiosamente, estava sempre a criticar o Dr. Viriato Pã, o advogado que tinha acudido ao apelo do Presidente Nino Vieira para o regresso de quadros à Guiné, e que na altura exercia a função de Procurador Geral da República. Eu debatia-me para entender o que o opunha ao Viriato Pã, mas não percebia.
Uma manhã, tinha eu acabado de chegar à sala dos professores quando me disseram que o Kumba andava desesperadamente à minha procura. Quando minutos mais tarde nos vimos, ele lançou:
– Nka kontau, nka kontau, kuru di PAIGC i suma baloiço. Ora ku bu bai riba, ka bu ri, pabia bu na bim bas !!
Com esta metáfora, ele referia-se à prisão na noite anterior do Viriato Pã, que mais tarde acabou por ser envolvido no caso 17 de Outubro, como se sabe.
Anos mais tarde, os nossos passsos voltaram a cruzar-se na política. Nas eleições de 1994, estávamos na mesma aliança. Kumba Yalá era um político corajoso, que desafiava o poder como poucos, o que, no contexto da abertura política na época, lhe valia uma grande admiração por parte de muitos que o julgavam capaz de quebrar tabús e de enfrentar os pesadelos da autocracia reinante. Os seus discursos incendiários arrastavam multidões, e muitos, incluindo eu próprio, viam nele o homem que podia encarnar a mudança que se desejava. Entre as duas voltas das eleições presidenciais daquele ano, tornei-me seu homem de comunicação, tendo dirigido a preparação de todos os seus tempos de antena, quer na rádio quer na televisão. Confesso que sou autor da frase que ficou célébre nessas eleições:
Kumba Yalá, homi ku Guiné misti; dia 7 di Agosto, vota Kumba Yalá!!!
Kumba Yalá não chegou ao poder nesse ano. Só em 2000, nas eleições que se seguiram ao conflito politico-militar de 1998-99, ele viria a ser eleito Presidente da República com 73% dos votos, tornando-o no Presidente mais bem eleito na história política da Guiné-Bissau.
Apesar das extravagâncias que o caracterizavam (como o uso do barrete vermelho) e de algumas incoerências da sua acção política, que se tornavam visíveis a cada dia, ainda havia uma esperança no político jovem, bem formado e com muita energia.
Infelizmente, sua Presidência foi uma decepção. Kumba Yalá nunca conseguiu despir o fato de opositor para vestir o de Homem de Estado. A sua Presidência foi marcada por uma grande instabilidade governativa, com sucessivas mudanças de primeiro ministro e remodelações governamentais (os famosos decretos presidenciais de Kumba Yalá) que não respeitavam quaisquer critérios politicamente aceitáveis, bem como pelo virar das costas da comunidade internacional à Guiné-Bissau, por falta de confiança no rumo do país.
Eu servi o país como ministro da educação durante quase dois anos sob sua Presidência. Sempre mantivemos uma relação de cordialidade e de respeito mútuo, embora não concordasse com muitas das suas decisões e atitudes.
Havia também em Kumba Yalá um lado cómico, que ele levava por vezes ao extremo, e que era interpretado por uns como expressão de simplicidade e de humanismo e por outros como a caricatura do poder ou a banalização da função presidencial. Lembro-me das gargalhadas que dava quando chegava à Presidência de manhã, e que provocavam risos incontidos dos ministros na sala do Conselho de Ministros, ou ainda das suas invectivas teatrais contra os opositores, imitando gestualmente um ou outro ou reproduzindo com ironia seus discursos.
O esmorecer da sua aura começou com o seu afastamento da Presidência pelos militares, num golpe de Estado extremamente caricato. Depois, perdeu a confiança do eleitorado e nunca mais conseguiu alargar a sua base eleitoral, passando a ser visto cada vez mais como um problema do que uma solução, até se ter dado conta que ‘há tempo para tudo’ com a sua última decisão política de não se candidatar às eleições do passado dia 13 de Abril.
A última vez que o vi, foi em finais de Novembro de 2013, quando fui a Bissau em missão de preparação do projeto do Banco mundial para pagamento dos salários dos professores e do pessoal de saúde. Pareceu-me bem disposto e, como sempre, chamou-me pelo mesmo nome com que me costuma chamar ¬– PCD (em referência ao Partido da Convergência Democrática, de que fui militante e dirigente durante o período da abertura política). Abraçamo-nos e ele disse-me que fazia tempo que não me via, mas que sempre perguntava por mim.
Quando um político desaparece, a questão fundamental que se coloca é esta: qual é o seu legado?
No caso do Kumba Yalá, creio que o seu legado político pode resumir-se à seguinte frase: ‘Um político que a dado momento encarnou a esperança de um povo; uma esperança que, infelizmente, nunca se concretizou’.
Seja como fôr, Koumba Yalá marcou para sempre a política na Guiné Bissau.
Paz à sua alma.
As minhas condolências à família enlutada.
Dakar, 25 de Abril de 2014
Geraldo Martins

Entrevista com o representante da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes

Durante encontro em São Paulo, Lopes faz um balanço da situação económica do continente africano.

Dos 20 países que mais crescem no mundo, 10 estão na África. Em 2015, o continente (que tem menos habitantes do que a China) terá o mesmo nível de crescimento do gigante asiático. Esses números, citados pelo representante da Comissão Econômica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes, se apresentam no atual contexto do continente africano sinalizando avanços, mas também a necessidade de um crescimento de qualidade.

“Os africanos estão tomando consciência de que precisam de uma estratégia de desenvolvimento industrial e de que só vão conseguir implementar essa estratégia com o controle do seu financiamento. Isso significa que os governos devem ter uma capacidade, uma sofisticação maior em relação aos seus recursos próprios e, nesse sentido, há vários elementos em processo de mudança”, contou, em entrevista exclusiva ao Centro de Informação das Nações Unidas para Brasil (UNIC Rio de Janeiro), Lopes, secretário-executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas para África (CEA).

Dentre esses elementos, Carlos lista a forma como os bancos centrais vem gerindo suas reservas, a introdução de medidas que permitam melhor utilização de remessas de migrantes – responsáveis pelo movimento de 62 bilhões de dólares por ano – e o aumento da quantidade de investimento estrangeiro por meio de incentivos de várias naturezas. Mas o ponto-chave para ele é a reformulação dos regimes fiscais, que ainda impedem um maior avanço da África.

“O primeiro grande problema é que os africanos dependem muito das taxas aduaneiras, mas a gestão das taxas é muito ineficiente. No geral, aquilo que é declarado na saída da África e o que é declarado em outros países de destino é muito diferente. Existe uma enorme desproporção. Todo esse dinheiro perdido poderia ser recuperado, com melhores taxas aduaneiras”, ressaltou o secretário-executivo, que nesta quinta-feira (23), em São Paulo, durante a palestra Desafios para a África no século XXI, no lançamento do Conselho África do Instituto Lula.

Além das taxas, acredita Lopes, outro obstáculo a ser superado é o da pressão fiscal sobre as atividades econômicas, que, na África, está entre as mais baixas do planeta. Ele chama atenção para o problema que fica ainda mais sério porque, à medida que as economias africanas vêm crescendo, a fiscalização não cresce na mesma proporção. Desta forma, o que acontece é que as pessoas estão pagando menos impostos em vez de pagarem mais.

“Esse cenário de descompasso é moldado por três principais fatores. Em primeiro lugar, há um problema de capacidade, das competências dos países africanos para fazer a esse controle fiscal. Poucos como a África do Sul, por exemplo, tem um sistema elaborado, para esse serviço. O segundo ponto seria a precariedade na negociação, já que há pouca tradição de elaborar contratos entre os africanos, o que acaba resumindo as diferentes atividades à compra e venda”, disse Lopes, completando que, para fechar o trio desafiador, ainda existe a corrupção que tira pelo menos 50 bilhões de dólares do continente todos os anos.

No último ano, uma epidemia ameaçou balançar as bases da economia africana. Há sete meses, quando o ébola atingiu em cheio a Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, uma onda de pessimismo tomou as páginas dos jornais de todo o mundo. Há poucos meses, as previsões de afetados pelo ébola eram devastadoras e o impacto na economia da região também parecia ser avassalador.

As previsões chegaram a citar 1 milhão de afetados, mas na verdade, o número de vítimas foi de 26 mil (com cerca de 10 mil mortes), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A desproporção também pode ser abordada na economia, que especulava uma perda de 32 bilhões de dólares até o final de 2015 para a região afetada, de acordo com o Banco Mundial. Na verdade, a perda chegou a 3,6 bilhões de dólares.

“Por conta do ébola, criou-se uma impressão de desespero, de que os impactos seriam gigantescos. Hoje, passados sete meses, chegamos à conclusão de que foi um exagero”.

Em busca do crescimento qualificado

No seu trabalho à frente da Comissão, Lopes conta que o objetivo não é levar a agenda da ONU para a África, mas levar a África para a agenda da ONU. Nesse caminho, foi estabelecida a Agenda 2063, um plano de 50 anos para o desenvolvimento da África, que pode ser considerado um chamado de ação para todos os segmentos da sociedade africana com o propósito de construir uma África próspera e unida.

“Continuaremos no caminho para uma industrialização tardia, que precisa ser diferente daquela que conhecemos. Temos a divida mais baixa de todos os continentes e uma inflação abaixo dos 7%, mas por que não se fala sobre isso no mundo? Porque o pessimismo que envolve a África é maior do que a realidade do continente”, ressaltou, lembrando que dos 1,1 bilhão de habitantes, apenas 100 milhões de africanos são atingidos por conflitos em todo o continente. Esse número é metade dos 200 milhões atingidos na Ásia, atualmente.

Para concretizar esse objetivo, o representante da ONU fala sobre um formato autêntico de crescimento que se daria por uma transformação. Negociando com países de diferentes partes do mundo, principalmente fora da Europa, o continente africano, que em 2050 deverá alcançar os 2 bilhões de habitantes, tem hoje o direito de escolha, diferentemente do passado, quando seus parceiros eram restritos aos antigos colonizadores.


“Isso significa que estamos querendo o aumento da produtividade agrícola, o aumento da industrialização, a transformação da economia informal em formal, uma economia legal! Se fizermos essas coisas, teremos um crescimento com qualidade.” Com as nacoesunidas

Caju está em alta em todo o mundo, mas ainda há muitos pomares sem fruto

 

O preço do caju está em alta em todo o mundo, mas ainda há muitos pomares sem fruto na Guiné-Bissau, numa altura em que os produtores já deviam estar a encher camiões para exportação.


Tal como noutros anos, "deviam estar a entrar em Bissau os primeiros camiões com carregamentos a sério", mas basta circular fora da capital "para ver que há pomares sem fruto", descreve Henrique Mendes, presidente da Agência Nacional do Caju (ANCA) da Guiné-Bissau e investigador na área.

A meteorologia parece estar a tramar os produtores: este ano houve temperaturas mais altas que o habitual em janeiro, que comprometeram a floração, e abril está mais fresco do que é costume, refere Henrique Mendes.

O atraso verifica-se também nos restantes países produtores de caju da África Ocidental.

Na Guiné-Bissau estima-se que haja um desvio de cerca de três semanas.
"No ano passado fizemos a abertura oficial da época de colheita de caju a 30 de março com os pomares quase cobertos. Este ano abrimos a 18 e ainda há árvores sem fruto", ilustra Henrique Mendes.
Apesar de tudo, o presidente da ANCA mantém as expectativas em alta relativamente às receitas deste ano.

A Índia, principal comprador de caju, fechou o ano anterior sem excedente, pelo que precisa de comprar mais para encher os armazéns -- o que é também sinal de que "o consumo de caju está a aumentar", referiu.

A variação do dólar americano também favorece a Guiné-Bissau, cuja moeda (Franco CFA Ocidental) está indexada ao Euro.
Até o atraso na produção está a "puxar pelo preço", ou seja, quem conseguir vender a castanha de caju poderá fazer grandes negócios.
Todos os factores conjugados levaram o Governo, em concertação com a ANCA, a anunciar um preço de referência de 300 francos CFA (48 cêntimos de euro) por quilo para compra ao produtor -- quando em 2014 foi de 250 francos CFA.

Mas olhando ao andamento do mercado, "a tendência é para ainda ir além dos 300", sublinha Henrique Mendes.

Combinando a conjuntura com um combate mais forte ao contrabando de caju, já anunciado pelo Governo com reforço de vigilância nas fronteiras, o presidente da ANCA acredita que será possível à Guiné-Bissau exportar 200 mil toneladas de caju este ano com um rendimento por quilo acrescido para os agricultores.

Do sucesso da venda de caju ao longo da campanha depende a capacidade da maioria da famílias para comprar arroz (base da alimentação) ao longo do ano.
 
 

 

ONU bolsa de voluntariado em português, espanhol, inglês ou francês


A Organização das Nações Unidas (ONU) está à procura de voluntários que sejam fluentes na língua portuguesa para o seu programa de voluntariado. Espanhol, inglês ou francês são outros dos idiomas pedidos.


Em entrevista à rádio da ONU, a assistente de recrutamento internacional do Programa de Voluntários das Nações Unidas referiu que é difícil encontrar profissionais que falem português e, por isso, há várias oportunidades em aberto.

A ONU procura, preferencialmente, pessoas qualificadas em medicina, ciências, engenharias ou mesmo profissionais especializados em apoio logístico ou administrativo para missões de paz. Os interessados devem ter uma idade igual ou superior a 25 anos e experiência de, pelo menos, dois anos na área para a qual se estão a candidatar.

A ONU oferece aos voluntários recrutados uma bolsa de deslocação no início do programa e uma bolsa mensal de estadia (Volunteer Living Allowance) que cobre as despesas diárias, sendo ainda dada uma ajuda de custo para reinserção no final do voluntariado. As viagens entre o país de origem e o país da missão são também asseguradas.
 
 Os interessados poderão inscrever-se no Programa de Voluntariado da ONU, em www.unv.org.
 
 
 

Guiné-Bissau, Conferência empresarial da CPLP

Decorreu durante três dias, em Bissau, a Conferência Empresarial da CPLP. No passado, dia 23 de abril, sexta-feira, teve lugar a cerimónia de encerramento, que a convite da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços – CCIAS foi presidida pelo Primeiro-Ministro, Sr. Domingos Simões Pereira.
O ato contou com a presença do Secretário do Estado do Plano e da Integração Regional, Sr. Degol Mendes; o pelouro dos Conselheiros do Primeiro-Ministro; corpo diplomático e uma vintena de empresários dos países da CPLP.

Usaram da palavra os Senhores: Fernando Lobato, Conselheiro do Presidente da Confederação Empresarial - CE da CPLP; Mário Costa, Presidente da União de Exportadores da CPLP; Salimo Abdula, Presidente CE-CPLP, Francisco Viana, Presidente da CE-PALOP e Braima Camara, Presidente da CCIAS.

O Chefe do Governo, que em nome da Guiné-Bissau, declarou o país como uma grande janela de oportunidades para toda a comunidade de língua portuguesa, lembrando que o país acabou de sair da mesa redonda, que agourou enormes sucessos inesperados, ultrapassando as promessas de 1,5 mil milhões de dólares divulgadas.

Sublinhou a importância do sector privado face ao desenvolvimento do país, o papel do Estado como definidor das estratégias, regulador dos mercados, para garantir a concorrência e promover a igualdades de oportunidades, o emprego, combater a pobreza, criar clima propicio ao investimento e a dinâmica que se espera da “parceira público-privada” sendo “um imperativo para o nosso desenvolvimento.”

Fez apelo, dizendo que o sector privado para ser forte terá que ser unida, concluindo que o “ao contribuir para satisfazer parte significativa das necessidades das populações é certamente um parceiro seguro e estratégico do Governo. Se é verdade que não é possível haver crescimento económico sem o investimento privado, não é menos certo que não é possível que haja investimento privado sem que o Estado crie as condições propícias para o efeito.” Ler mais aqui»»
//Governo da Guiné-Bissau

“ESTADO É MAIOR DEVEDOR DE APGB COM MAIS DE CINCO BILHÕES DE FRANCOS CFA

  Não dá para acreditar mas leia a notícia para tirar ilações. “Estado guineense é maior devedor de APGB, com mais de cinco bilhões de fr...