Um grupo de quinze destacados dirigentes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) suspensos solicitam agora ao Conselho Nacional da Jurisdição do partido a “abertura de competentes processos disciplinares” contra o seu Presidente Domingos Simões Pereira por várias “infracções cometidas” que violam as “disposições estatutárias” do partido fundado por Amílcar Lopes Cabral.
Liderado por terceiro vice-presidente do partido Baciro Dja, os dirigentes expulsos do partido, requereram também a suspensão do Presidente do Conselho Nacional de Jurisdição Luís Silva de Melo, “por ser inequívoco e duvidoso a sua imparcialidade, pelo facto de ser funcionário e colaborador directo de Domingos Simões Pereira”.
Os quinze dirigentes consideram que houve vários, graves e recorrentes violações dos estatutos do PAIGC por parte do seu Presidente Domingos Simões Pereira. Apontam como uma das violações flagrante de Domingos Simões Pereira aos estatutos do PAIGC, foi quando decidiu “intregarar ao governo de iniciativa presidencial” do falecido Presidente Koumba Yalá sob liderança de Mário Pires, assumindo a pasta do Ministro de Equipamento Social. Garantem que Domingos Simões Pereira confrontado com este facto, na quarta reunião extraordinária do Bureau Político do PAIGC alegou que teria apenas integrado um governo de Unidade Nacional.
Os destacados dirigentes do PAIGC consideram ainda que o facto de ser um governo de unidade nacional não iliba Domingos Simões Pereira das suas responsabilidades um vez que este acto de integrar ao governo de Mário Pires violou também de uma forma clara o artigo 15º dos Estatutos do PAIGC. Consideram igualmente como violação flagrante do artigo 30 dos Estatutos do PAIGC, o facto de Domingos Simões Pereira ter formado, “numa coligação de circunstâncias”, um governo de “inclusão” integrado por vários partidos com assento parlamentar e individualidades de proveniência diversas. O que no entender dos quinze dirigentes suspensos do PAIGC é uma usurpação de competências do Comité Central do partido.
Os quinze dirigentes do PAIGC suspensos acusam Domingos Simões Pereira de violar também o artigo 33 dos Estatutos do PAIGC, ao adulterar a estrutura orgânica do governo aprovado pelo Bureau Político do partido. Acusam ainda ao Presidente do seu partido de ter instituído “sem beneplácito dos Órgãos competentes do partido” uma condecoração partidária denominado “Medalha Amílcar Cabral do Partido”.
O Presidente do Conselho Nacional de Jurisdição do PAIGC Luís Silva de Melo escusou-se de se pronunciar sobre estas acusações e solicitação de “abertura de competentes processos disciplinares” por grupo dos dirigentes suspensos contra Domingos Simões Pereira. No seu entender, agora só o porta-voz do Partido João Bernardo Vieira que pode se pronunciar sobre estas acusações e a solicitação de abertura de um processo disciplinara contra o Presidente. Todavia, há duas semanas que o Democrata tentou contactar João Bernardo Vieira sem sucesso.