A Guiné-Bissau vai começar a receber parte da energia eléctrica a ser produzida na barragem de Kaleta, construída por uma empresa estatal da China na vizinha Guiné-Conacri, anunciou Lansana Fofana, quadro do Ministério da Energia.
Responsáveis pela construção da barragem em início de operação, uma das maiores da região, revelaram que um terço da produção de energia eléctrica terá como destino os países vizinhos, em que se inclui a Guiné-Bissau, país que depois das eleições de 2014 procura agora emergir de um conturbado período político e económico.
A barragem de Kaleta foi construída pela China International Water & Electric Corp com um custo de 526 milhões de euros e foi entregue em Julho, antes do prazo inicialmente previsto, triplicando a capacidade de produção do país e permitindo acabar com as faltas de electricidade crónicas.
“Isto vai-nos dar uma base real para a nossa economia pois sem electricidade não há desenvolvimento”, afirmou aos jornais locais Lansana Fofana, que tem a seu cargo a supervisão do novo aproveitamento hidroeléctrico.
Empresas chinesas estão também envolvidas em projectos imobiliários na capital, Conacri, e ainda na extracção e exportação de bauxite, um metal usado na produção de alumínio, de que a Guiné-Bissau tem amplas reservas que estavam a começar a ser exploradas aquando da crise de 2012.
Com a situação em Bissau hoje mais estável e a economia a beneficiar dos bons resultados da produção de caju, principal produto de exportação, regista-se um renovado interesse de investidores chineses pelo país.
Na apresentação de um projecto da chinesa Avic em Bissau no início de Outubro, o presidente da Câmara de Comércio guineense, Braima Camará, afirmou que a Guiné-Bissau “não foge à regra” em relação aos investimentos chineses em África, “prova das potencialidades de investimento e negócios” no país.
A Avic, que já opera em vários países da África a sul do Saara, assinou um acordo com a Câmara de Comércio para a construção de um hotel, um hospital e para produção e transformação de produtos agrícolas.
No domínio da agricultura, a parte guineense irá disponibilizar terrenos para o cultivo de arroz destinado ao consumo local e à exportação, enquanto a companhia chinesa entrará com técnicos e financiamento.
Sinal da revitalização da cooperação a nível oficial, foi o lançamento em 2014 da primeira pedra do futuro Palácio da Justiça, a ser construído e pago pela China.
Ainda no ano passado, o Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China/Países de Língua Portuguesa revelou estar a analisar 50 projectos, incluindo alguns na Guiné-Bissau. (Macauhub/GW/Conosaba/MO