O presidente cessante da Associação Acadêmica dos Estudantes da Escola Normal Superior “Tchico Té” acusou esta segunda-feira a direção da referida escola de “ser corrupta no exercício das suas funções”.
Ivanir Nunes Ocaia fez estas acusações em conferência de imprensa convocada para fazer o balanço de três anos do mandato da sua direção. Avançou durante o encontro com jornalistas que a direção da Escola Normal Superior Tchico Té, faz trocas de notas dos alunos em função do dinheiro.
De acordo com Ivanir Ocaia, a corrupção que se verifica naquela escola de formação dos professores é recorrente e acontece todos os anos. O estudante refere igualmente que a direção da escola não tem responsabilidade no desempenho das suas funções.
Segundo disse, as decisões tomadas pela direção são “arbitrárias sem fundamentos” e só são reconsideradas quando há posicionamento da direcção da associação dos estudantes.
“No ano letivo transato, a direção da escola decidiu anular algumas pautas sem fazer no mínimo um trabalho de base, isto é, sem fazer um levantamento da situação e apurar se de facto houve produção por parte dos professores nas cadeiras anuladas ou não”, notou o estudante.
Acusa também o Ministério da Educação Nacional de estar a “jogar mau papel” enviando professores sem qualificações para “Tchico Té”. “Basta ser diplomado com um curso superior no estrangeiro ou no país é logo enviado sem se preocupar com as qualificações e as cadeiras a lecionar”, lamenta.
De acordo com Ivanir Ocaia, a Escola Normal Superior Tchico Té não tem uma inspeção a funcionar plenamente e cada docente leciona livremente como quer. Na sua opinião, esta situação é grave e deve constituir preocupação da escola.
Na leitura do presidente cessante, o sistema discriminatório aplicado quanto aos exames do recurso na Tchico Té é, incentivado pelo lucro financeiro de que beneficiam os professores.
“Os docentes ganham com provas de recursos em função de número dos estudantes mandados para os exames. Quero dizer que cada estudante com exames de recurso paga dois mil quinhentos francos CFA por cadeira e deste valor, o professor ganha mil e quinhentos francos Cfa. A nossa avaliação leva-nos acreditar que este fenómeno pode estar na origem de levar indiscretamente um número elevado de estudantes aos exames de recurso sendo todos no fim aprovados”, explica.
Quanto à admissão dos estudantes que pela primeira vez recorrem à escola Normal Superior Tchico Té, o presidente cessante da Associação Académica dos Estudantes refere que durante três anos em que esteve a frente da organização, assistiu ao ingresso de estudantes à escola sem passar por via de testes.
Facto que o levou a afirmar que ninguém da direção, incluindo o próprio Diretor, está em condições de dizer quantos estudantes há por especialidade e por nível. Uma situação que, disse, prova a desorganização naquela instituição.
REAÇÃO DA DIREÇÃO
Entretanto, o subdirector da Escola Normal Superior, Ancelmo Mendes refutou terça-feira as acusações do dirigente associativo, minimizando que as mesmas “não atingem a sensibilidade dos elementos da direção do referido estabelecimento.
De acordo com Ancelmo Mendes, a direção que representa não é corrupta. Sublinhou que a preocupação neste momento é operar mudanças profundas na instituição como forma de devolver a “Tchico Té” a credibilidade que tinha.
Na perspetiva do professor, qualquer mudança que se pretende operar numa instituição é sempre passível de resistências, visto que vai mexer com rotina instalada no sistema que, as vezes, pode ser até uma “rotina viciada”.
Quanto à nulidade de algumas cadeiras em “Tchico Té”, Ancelmo Mendes justifica que a decisão foi tomada ao mais alto nível da direção, justificando que alguns professores não atingiram pelo menos dez por cento das horas lectivas necessárias.
No entendimento do docente, é inconcebível que se aceite receber a ficha de um professor que não tenha atingido no mínimo daquilo que é a exigência, sobretudo numa altura em que se reclama um ensino de qualidade.
No passado recente da escola, assinala Ancelmo Mendes, alunos com uma ou duas cadeiras em falta, por ausência de professores ou por outros motivos são atribuídos notas administrativas de doze valores (12 valores).
Para Ancelmo Mendes, esta situação não vai acontecer com a sua direção, porquanto está a observar o regulamento que determina a forma de avaliação dos estudantes.
Mendes alerta ainda que, quem tiver mais do que duas cadeiras, uma das exigências para se aprovar terá que repetir as respetivas cadeiras e no mesmo nível. Notou ainda que o trabalho realizado pela sua equipa foi um trabalho técnico e não político.
Neste sentido lembra que as mudanças ocorreram numa altura em que o país vivia um contexto político atípico e consequentemente um ano letivo também atípico.
Relativamente aos professores sem qualificações enviados à Tchico Té, Ancelmo Mendes duvida que haja sector da vida pública guineense em que não existem pessoas com a falta de competência para exercer um determinado trabalho.
Segundo Ancelmo Mendes, existe relatório que pode provar que “a nulidade das cadeiras em “Tchicó Té” foi feita mediante um levantamento acompanhado pelos inspectores do Ministério da Educação Nacional.