A Constituição da Guiné-Bissau

O exemplo clássico o esquema tripartido de "poderes separados", elaborado na primeira metade do século XVIII por Montesquieu, é a Constituição dos Estados Unidos da América. Porque, além de assegurar a neutralização política de um poder judicial independente, confere ao chefe do poder executivo - o Presidente - uma legitimidade democrática distinta da legitimação democrática própria do poder legislativo.

 
Nem o chefe do Governo - o Presidente - pode dissolver o Parlamento nem este pode demitir o Presidente, salvo no caso limite da responsabilidade por crime praticado no exercício das funções. Pelo contrário, nos sistemas parlamentaristas, o Governo não tem legitimidade própria e está obrigado a cumprir o programa aprovado pelo Parlamento que, a qualquer momento, pode provocar a sua demissão. O tempo se encarregaria de confirmar que a vocação anti-autoritária do princípio da separação dos poderes não se realiza através de um modelo certo e determinado ou de uma estrutura política peculiar mas sim por efeito de uma articulação variável de competências diferenciadas e controlos recíprocos que os constitucionalistas americanos crismaram como "checks and balances".

O "semi-presidencialismo" francês é pois uma variante atípica do "presidencialismo" porque atribui ao Presidente o poder de dissolver o Parlamento juntamente com certas competências governativas, embora fique sujeito à coabitação com o Governo de um partido adverso caso este obtenha a maioria parlamentar. É certo que quem representa a França no Conselho Europeu é o Presidente Hollande e não o primeiro-ministro francês, mas quem representa a Alemanha em Bruxelas é a primeira-ministra (Chanceler) Angela Merkel e não o Presidente da República, e o mesmo ocorre com a Itália, a Espanha ou Portugal, representados pelos chefes de Governo e não pelos respectivos chefes de Estado.

Enfim, a questão relevante não é averiguar se existe ou não um processo de legitimação democrática directa do presidente da República - aliás, nos Estados Unidos, o Presidente é eleito indirectamente e foi dessa forma que George W. Bush se viu reeleito para o segundo mandato presidencial por uma minoria dos votantes! O que importa, sim, é a ponderação rigorosa dos poderes constitucionais confiados ao Presidente, a natureza das funções repartidas entre os vários órgãos de soberania e o quadro de condicionamentos recíprocos em que elas são exercidas.

A Constituição da República da Guiné-Bissau não talhou a figura do seu presidente para governar. Com efeito, o Presidente não pode nomear o primeiro- ministro conforme a sua vontade mas sim de acordo com a vontade popular expressa nos resultados das eleições legislativas e depois de ouvir os partidos representados na Assembleia Nacional Popular. Depois de nomeado, o Governo só subsiste depois de o seu programa ser aprovado no Parlamento que continua a poder provocar a sua demissão, quando muito bem entender. O Presidente pode vetar as leis da Assembleia mas é obrigado a promulgá-las se forem confirmadas por maioria qualificada dos deputados.

A "responsabilidade política" do Governo perante o Presidente não é comparável com a sua "responsabilidade política" perante a Assembleia porque é desta que deriva a sua legitimidade democrática, foi ela que aprovou o seu programa e as leis que está obrigado a cumprir. A Lei Fundamental também não atribuiu ao Presidente tarefas próprias na fiscalização da constitucionalidade. Atribui-lhe, sim, poderes de dissolução do Parlamento e demissão do Governo em circunstâncias excepcionais de crise política que afectem o normal funcionamento das instituições.
 
As dificuldades de "relacionamento institucional" entre o Presidente e o Governo são inerentes ao "normal funcionamento das instituições da República". Não podia o Presidente invocar como fundamento para demitir o Governo a perturbação naturalmente induzida pelo exercício dos "checks and balances" que, justamente com essa finalidade, foram constitucionalmente prescritos. O povo da Guiné-Bissau merece dos seus representantes legítimos um esforço sério de concertação e diálogo.
 
 (in: JN - Pedro Bacelar de Vasconcelos, 3/9/2015)
 
 

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PRS DESCONVOCA REUNIÃO DA COMISSÃO POLÍTICA INICIADA NO PASSADO SÁBADO


Foto de arquivo

Bissau, 02 Set 15 (ANG)- A Direcção Superior do Partido da Renovação Social desconvocou ontem, a reunião da sua Comissão Política que se destinava analisar a actual crise política, decorrente da demissão do governo liderado por Domingos Simões Pereira.

Através de uma nota a que a ANG teve acesso, a direcção do PRS “comunica à todos os membros da Comissão Politica Nacional de que fica anulada a reunião que devia prosseguir hoje, dia dois de Setembro”. 

Não foi mencionada nenhum motivo para essa desconvocação, feita depois de vários adiamentos da conclusão da reunião iniciada sábado passado, em Bissau.

Dirigentes desta formação politica ouvidos pela ANG, disseram que a reunião serviria “essencialmente”para o partido deliberar se vai ou não integrar um futuro governo do novo Primeiro-ministro, Baciro Djá.

Segundo um antigo deputado do PRS, contrariamente as declarações oficiais do Secretário-geral do partido, “há sim divergências de posições, sobre o assunto, estando o Presidente do partido, Alberto Nambeia a defender a integração num novo governo de Baciro Djá, enquanto o Secretário-geral,Florentino Mendes Pereira “pauta” pelo contrario, em respeito ao acordo firmado com o PAIGC, partido vencedor das eleições legislativas de 2014.

O Presidente da Republica, José Mário Vaz demitiu a 12 de Agosto, o governo liderado pelo Presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, mas que integrava o PRS e mais outras formações Politicas,por alegada má governação e quebra de confiança recíproca entre os titulares dois órgãos de soberania.

Já no dia vinte, o Presidente “JOMAV” oficializou um Decreto que nomeia o antigo Ministro da Presidência de Conselho de Ministros, Baciro Djá para o cargo do Primeiro-ministro.

Acto considerado pelo PAIGC de “inconstitucional”, uma vez que, segundo os “libertadores”, cabe a esta formação política, na qualidade de vencedora do último escrutínio, indicar um nome para a nomeação ao cargo de Primeiro-ministro, através de um decreto presidencial.

Perante esta crise política, não obstante a nomeação do novo Primeiro-ministro, Baciro Djá, o país se encontra há cerca de três semanas sem governo. 

O diferendo aguarda agora uma sentença do Supremo Tribunal de Justiça, solicitado a pronunciar sobre a inconstitucionalidade ou não do decreto presidencial que nomeou Baciro Djá.

MAIS DIÁLOGO PARA SOLUCIONAR CRISE NA GUINÉ-BISSAU, DEFENDEM TROVOADA E MACHETE



O representante especial do secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau, Miguel Trovoada, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, defenderam ontem em Lisboa a necessidade de mais diálogo entre actores políticos guineenses para solucionar a crise no país.

Fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse à Lusa que, da análise da actual situação na Guiné-Bissau feita durante o encontro, "sobressaiu a necessidade de que todos os actores políticos guineenses intensifiquem o diálogo para que a solução para a actual crise, salvaguardando sempre o respeito pela Constituição e pelo Estado de Direito, possa obter o respaldo dos legítimos órgãos de soberania do país e respeite a vontade popular democraticamente expressa".

"Tal solução, colocando em primeiro lugar o interesse do povo guineense, deverá permitir o retorno da estabilidade política e a retoma das reformas em curso no setor da segurança, da justiça e da administração e a implementação dos planos de crescimento económico e desenvolvimento social que libertem o país da situação em que se encontra", indicou a mesma fonte.

Da conversa, "ressaltou também a necessidade de dar sequência aos esforços da comunidade internacional, de modo a que não se percam os resultados positivos já alcançados pela Guiné-Bissau, incluindo a efetivação dos financiamentos anunciados na Conferência de Doadores de Bruxelas, em março", concluiu a fonte do MNE.

No encontro participou também o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Luís Campos Ferreira.

Na visita que efectua a Portugal, Miguel Trovoada reuniu-se na terça-feira com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e hoje foi recebido pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, antes do encontro com o chefe da diplomacia português.

Na quinta-feira, reunir-se-á ainda com a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.

Lusa/Conosaba

«FUNÇÃO PÚBLICA NA GUINÉ-BISSAU» "FALTA DE GOVERNO CAUSA DESLEIXO NAS INSTITUIÇÕES", AFIRMAM ALGUNS RESPONSÁVEIS ADMINISTRATIVOS


Vista principal do Palácio do Governo

Bissau 02 Ago 15 (ANG) – O chefe de Gabinete do ex. ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Leopoldo Djata, lamentou hoje a fraca afluência de funcionários públicos naquela instituição motivada pela ausência do novo Governo.

Leopoldo Djata, em declarações exclusivas à ANG, disse que os assuntos correntes do Ministério estão a ser geridos pelas Direcções Gerais.

Falando do Ministério da Agricultura, disse que muitas actividades se encontram paralisadas ao nível daquele serviço devido à ausência do órgão executivo, que é o Governo.

Aquele responsável apelou ao bom senso e diálogo aberto entre os políticos no sentido de dirimirem a crise vigente no país.

Por sua vez, o Director Administrativo e Financeiro do Ministério da Comunicação Social disse que os trabalhos do seu serviço têm andado “à meio gás”.

“A falta do Governo fez com que as actividades do Ministério sejam realizadas a meio percurso”, considerou Daniel de Barros.

Barros apelou á classe política do país no sentido de se enveredarem pela via do diálogo com vista a tirar o país da crise em que se encontra. 

Por seu lado, Mário Simão Lopes, funcionário da mesma instituição, lamentou o facto de o país ter há já duas semanas, um novo Primeiro-ministro, mas sem um executivo.

“O país parou na expectativa de haver um Governo para dirigir os serviços nas instituições públicas que neste momento estão sendo geridos pelos Directores”,afirmou.

Contrariamente a situação que se verifica noutros Ministérios no dos Negócios Estrangeiros, segundo, Marciano Barbosa, os trabalhos tem estado a decorrer normalmente, apesar da ausência de um ministro.

“Cada funcionário tem cumprido com o trabalho que lhe é atribuído pelo Secretário-geral”, revelou Barbosa.

NOVA IORQUEN - 4ª CONFERENCIA MUNDIAL DOS PRESIDENTES DOS PARLAMENTOS


O Presidente do Parlamento guineense reconheceu esta quarta-feira 02 de Setembro em Nova Iorque, no seu discurso na 4ª Conferencia Mundial dos Presidentes dos Parlamentos sobre o Programa do Desenvolvimento Pós 2015 que a Guiné-Bissau, não pus em prática as recomendações dos objectivos do milénio. E disse ainda; “Não poderá haver uma paz sustentável se nas nossas sociedades persistir a extrema pobreza, uma vez que a paz não significa apenas a ausência de guerra ou de conflito. É fundamental que a ausência de conflito signifique o incremento de condições de vida promotoras da dignidade da pessoa humana.” 
A seguir, o teor do discurso na integra:  
Exmo. Sr. Presidente do UIP
Exmo. Sr. Secretário-geral 
Exmo. Srs. Presidentes dos Parlamentos 
É com grande honra e com particular interesse que hoje participo nesta 4ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, uma vez que o assunto pelo qual somos chamados a reflectir constitui um desafio essencial para o meu país, a Guiné-Bissau. 
O tema desta 4ª Conferência e o momento em que ela decorre chama-nos à atenção sobre o papel crucial que os parlamentos têm na edificação de um Estado de Direito Democrático e na promoção do desenvolvimento através da ação legislativa que é da nossa responsabilidade. 
A Guiné-Bissau está a mais de uma década confrontada com os desafios da paz e da estabilidade, estes processos têm trazido graves consequências no desenvolvimento do nosso país, uma vez que, entre outras causas que identificamos nós não pusemos em prática algumas das recomendações dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. 
Esta conferência poderá marcar uma mudança no nosso caminho rumo ao futuro, uma vez que a troca de experiências entre parlamentos que aqui tivemos serviu de inspiração mutua para melhor podermos defender os valores da paz, democracia e desenvolvimento. 
Hoje, consideramos importante ter uma abordagem holística sobre as causas múltiplas dos conflitos, nomeadamente, a pobreza, o controle e a gestão dos recursos, a gestão dos bens públicos, a intolerância religiosa, a segurança humana e, acima de tudo, a integração das minorias. 
Digníssimo Presidente 
Nós só seremos credíveis nas nossas intenções de boa vontade se nas instituições que dirigimos as mulheres não forem relegadas para o segundo plano, uma vez que as mulheres têm um papel fundamental na democratização das nossas sociedades e a sua participação plena na vida económica, financeira e social será fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade mais coesa, mais inclusiva e mais desenvolvida. 
Nós não seremos mais fiáveis se os nossos esforços enquanto representantes legítimos do povo, encarregues de fazer as Leis, forem contrários à vontade do povo, ou mesmo se tivermos a ousadia de fazer o uso abusivo da sua vontade e dos poderes que nos conferiram. 
O continente Africano dispõe de uma agenda muito ambiciosa para o horizonte de 2063 denominada “ A África que nos queremos”. Esta agenda tem, entre outros objectivos reconfigurar a economia Africana e de integra-la no centro do sistema mundo. Esta reconfiguração económica, baseada sobre as vantagens do potencial demográfico visa essencialmente a transformação das matérias-primas que dispõe o nosso continente para permitir a criação de empregos tendo em conta a inclusão das mulheres e dos jovens, lutando assim contra a pobreza. 
Nós pensamos que esta agenda poderá ser um mecanismo eficaz para o continente promover a paz, a democracia e a estabilidade, no entanto, será importante que as instituições parlamentares do continente possam ao mesmo tempo criar mecanismos de monitorização e seguimento da sua evolução. 
Esta conferência ocorre algumas semanas antes da Grande Cimeira das Nações Unidas sobre o Programa de Desenvolvimento Pós 2015 e eu queria assegurar a este plenário que nós estaremos atentos à acção do governo nesta matéria, nomeadamente no que diz respeito aos Direitos Humanos, à saúde, à educação e à boa governação. 
Digníssimo Presidente, meus senhores e minhas senhoras
Não poderá haver uma paz sustentável se nas nossas sociedades persistir a extrema pobreza, uma vez que a paz não significa apenas a ausência de guerra ou de conflito. É fundamental que a ausência de conflito signifique o incremento de condições de vida promotoras da dignidade da pessoa humana. 
Na Guiné-Bissau, nós temos a plena consciência que nos é incumbida a responsabilidade primeira de assegurar a paz e a estabilidade, no entanto, devido à fragilidade das nossas instituições temos a necessidade de ser acompanhados para conseguirmos assegurar a paz e a estabilidade. 
Para terminar, gostaria de reiterar o compromisso da Assembleia nacional Popular da Guiné-Bissau que eu tenho a honra de presidir, para trabalhar incessantemente na promoção de instituições fortes, para o desenvolvimento e para a segurança.
Muito obrigado pela Vossa atenção

UM PAÍS NO DESTINO INCERTO


Image result for ponto de interrogacaoGuiné-Bissau é um país cujo os políticos e os dirigentes só sabem fabricar problemas e não se importam de como estamos a ser vistos nem do que estamos a perder.

O novo PM empossado a mais de uma semana, Baciro Djá, não tem espaço de descanso perante os contactos apertados de encontrar elementos para formar a equipa do seu executivo.
E como todos sabem, o PRS é considerado o fiel da balança e aposta única nesse jogo desfavorável aos ventos de segurança e de contra-marés fortes. As tristes jogadas de interesse abalam a compreensão dos renovadores, a reunião do conselho nacional que devia aclarar de formal legal o posicionamento do partido, tem andado em balda e a somar adiamentos contínuos...
Outra vez, não há conselho nacional que devia decorrer hoje 02 de Setembro, o que não falta é, as reuniões secretas e as negociações obscuras
DSP não desarma e vai sempre seguindo as vias possíveis de ver reposto ao que outrora estava conforme os estatutos do partido e da constituição da republica. Sem abrandar os contactos com o fiel da balança (PRS) e de gerir a desordem interna e permanente dos libertadores, para não dar por mole e de cair na vala preparada para a sua morte politica.

Mas... ao que tudo indica, a composição do governo deverá ser conhecido em breve e de forma surpreendente ao que muitos estão a espera.
Contudo, já que mais uma vez, o destino politico da Guiné-Bissau, a historia desse mandato, está desenhado dessa maneira e a ser orientado desse jeito, não existe outra saída a não ser tentar até o impossível para aguentar mais uma fragilizada legislatura sujeita a muitos sobressaltos, tensões frequentes que resultará só em gerir problemas para o resto de anos que faltam para termino do período governativo.
Um período que infelizmente o povo guineense vai ser forçado outra vez de aturar dor e sofrimento, enquanto os que dirigem no momento fazem de tudo para evitar eleições antecipadas, se é que a temperatura  politica e as emoções dos políticos assim vier a permitir.
Dá vergonha ser politico e é triste ser governante na Guiné-Bissau

COMUNICADO DO PAIGC



O PAIGC acusa o PR de colocar o país no abismo revelando dados segundo os quais no mês de Agosto passado, as receitas fiscais caíram a pique, estima-se em cerca de 4 bilhões de CFAs as perdas de receitas desde a paragem do país.
Completam hoje vinte dias desde que o Senhor Presidente da República, contra o desejo e os apelos de todos os quadrantes da sociedade Guineense e da comunidade internacional, demitiu o Primeiro-ministro eleito pelo povo nas últimas eleições legislativas.
Tal como o PAIGC sublinhou na altura, este acto do Senhor Presidente da República foi politicamente descabido e perigoso e lançou o país numa verdadeira crise política e institucional com consequências imprevisíveis para toda a Nação Guineense.
Ele representa o culminar de uma atitude de permanente aversão ao diálogo que tem caracterizado a actuação do Presidente da República e que o levou hoje a estar de costas voltadas com praticamente todas as instituições da República, incluindo o governo, a Assembleia Nacional Popular, o poder judicial, as organizações da sociedade civil e os poderes tradicionais.
O PAIGC, plenamente consciente das suas responsabilidades, alertou na altura para o risco de se conduzir o país à instabilidade e ao caos, seguro da inexistência de alternativa séria e credível à governação inclusiva que vinha exercendo com zelo e sentido patriótico. 
Hoje, vinte e um dias depois da queda do governo, constata-se com preocupação que o Presidente da República não tem um rumo para o país. À falta de governo, o país está parado e, subvertendo os dispositivos constitucionais em matéria de competências dos órgãos de soberania, o Presidente da República decidiu exercer o papel do executivo, nomeadamente chamando representantes da comunidade internacional para discutir a forma de utilização dos fundos da mesa redonda, ou comprando botijas de oxigénio para o hospital Simão Mendes, como se viu nos últimos dias. 

Todavia, as implicações desastrosas da exoneração do governo pelo Presidente da República não ficam por aqui. Para além dos evidentes riscos de instabilidade política e institucional e do aprofundamento das fragilidades do Estado, é importante trazer ao conhecimento da opinião pública alguns outros factos que nos parecem relevantes:

Usurpação de competências: Desde a tomada de posse do Primeiro-ministro, nomeado por decreto 6/2015, este tem ignorado de forma grosseira o princípio da continuidade do Estado, chamando a si todas as competências do Governo (em gestão até empossamento do próximo). Assim, para além da já conhecida medida de suspensão da Directora-Geral da Televisão e do Director-Geral da Radio Nacional, o Primeiro-ministro nomeado também tem sido o exclusivo ordenador de todas as despesas públicas.

Se por um lado esta medida representa uma violação flagrante dos dispositivos legais e extravasam o âmbito das competências do Primeiro-ministro, configurando portanto um crime que deve merecer oportuna prossecução pelas instâncias judiciais, por outro lado, ela já está a ter repercussões negativas na gestão das finanças públicas, nomeadamente pela não reconciliação das contas públicas no final do mês de Agosto, no âmbito da elaboração da Posição Líquida do Tesouro, ou pelo não pagamento do serviço da dívida com o Banco Mundial devido ao cancelamento de operações de transferência para o exterior.
Queda das receitas fiscais. A Guiné-Bissau nunca antes registara níveis de receitas fiscais equivalentes aos que se registaram em 2014 e agora em 2015. As receitas fiscais em 2014 aumentaram 60% em relação ao previsto e em finais de Julho de 2015, as receitas fiscais já tinham atingido o nível global de 2014. Esta dinâmica foi interrompida com a exoneração do Governo. No mês de Agosto passado, as receitas fiscais caíram a pique. Estima-se em cerca de 4 bilhões de CFAs as perdas de receitas desde a paragem do país. Alguém se responsabilizará? As escolas abrirão a tempo? Continuaremos a ter uma reserva financeira para a prevenção de endemias, nomeadamente da cólera e do ébola? 

Situação económica: Contrariamente aos argumentos do Presidente da República, a evolução da situação económica do país é bastante encorajadora. Em matéria de crescimento económico, todos se recordarão que o PAIGC apresentou no seu programa de governação uma meta de 7% de taxa de crescimento a atingir no final da legislatura. Um objectivo que mais parecia uma miragem perante o ponto de partida de 0,3% em 2013. Se a taxa de 2,7% registada em 2014 já era animadora, a projeção de 4,7% para 2015 foi considerada muito ousada.

Ora, dados mais recentes apontam que o crescimento económico em 2015 ultrapassará 5%, podendo mesmo atingir 7% ainda este ano. Se estes dados, que estão neste momento a ser analisados pelo FMI, se confirmarem, a questão que se coloca é óbvia: em que ficamos face às acusações do Presidente da República de mau desempenho económico e financeiro do governo? Quem será responsável pelo recuo desses indicadores? E, finalmente, se o crescimento económico é o único caminho que pode levar ao desenvolvimento, quem está contra o desenvolvimento do país?

Risco de suspensão ou cancelamento de apoios prometidos na mesa redonda de Bruxelas: Vários países e organizações que em Bruxelas se disponibilizaram a financiar o Plano Estratégico e Operacional Terra Ranka começam a dar sinais de agastamento perante a situação de incerteza que o país vive. Por outro lado, não se pode ignorar que Terra Ranka teve um promotor e a esse em grande parte se associa a relação de credibilidade e confiança entre beneficiário e doador. Será normal aceitar que alguém ponha tudo em causa por razões particulares e quase pessoais? Será normal que as estradas do Sul se mantenham intransitáveis e em terra batida nos próximos anos? Será aceitável que as comemorações do 24 de Setembro continuem sem definição? E as obras prometidas de requalificação para os pôlos de desenvolvimento urbano?

Risco de não cumprimento de acordos com os nossos parceiros e de perdas de outras promessas de financiamento: A situação actual do país está a colocar também em risco o cumprimento dos acordos com os nossos principais parceiros de desenvolvimento, nomeadamente o FMI e a União Europeia. Além disso, um importante apoio adicional do Banco mundial à Guiné-Bissau denominado “Turn-around facility”, no valor de 20 milhões de dólares por ano, no decurso dos próximos três anos, está em risco, bem como outras perspectivas de financiamento. Com a queda do governo e a prevalecente instabilidade governativa, o país terá desperdiçado importantes recursos necessários ao seu desenvolvimento. Quem é que se responsabiliza por estas perdas e prejuízos?

Estas são somente algumas das muitas implicações da actual situação de impasse político em que se encontra o país. A Assembleia Nacional Popular, por via do último debate de urgência, apontou o caminho, e os partidos políticos com representação parlamentar deram corpo ao manifesto, exortando o Presidente da República a se alinhar com os desígnios e aspirações do povo e a não subverter a verdade política ditada pelas urnas.
O PAIGC, vencedor das últimas eleições legislativas com maioria absoluta, tem a responsabilidade de governar, e não existe alternativa a essa disposição. 

Para tal, há que anular o decreto presidencial n.º 6/2015 e convidar o PAIGC a apontar o Primeiro-ministro e a formar um novo executivo. 
A isto se pode associar um pacto de estabilidade para clarificar as regras do jogo e dissipar eventuais dúvidas na interpretação das leis aplicáveis.
Um braço de ferro que não encontre eco na interpretação do povo nem noutra instância de soberania é uma aberração desnecessária e prejudicial para a qual terão de ser apuradas responsabilidades políticas, sociais e judiciais.

Bissau, 2 de Setembro de 2015
O Presidente do PAIGC"

«FUTEBOL/CAN 2017» SELECÇÃO NACIONAL DA GUINÉ-BISSAU INICIA PREPARAÇÃO PARA JOGO COM CONGO



Bissau 02 Set. 2015 (ANG) – A Selecção Nacional de Futebol da Guiné-Bissau iniciou hoje em Bissau os treinos de preparação com vista ao embate de Sábado contra Congo Brazzaville para as eliminatórias do CAN 2017.

Em declarações a imprensa, depois do treino matinal dos Djúrtos no Estádio Nacional 24 de Setembro, o Seleccionador Nacional, Paulo Torres disse que o primeiro treino serviu para os jogadores se adaptarem ao campo.

Acrescentou que escolheram essa hora para o treino pensando no jogo de sábado que certamente vai decorrer em temperatura igual.

Paulo Torres considerou o primeiro treino, que durou uma hora e meia, de positivo *porque os atletas mostraram as suas disponibilidades*, tendo manifestado a sua satisfação pela moldura humana presente no Estádio para ver e apoiar os seus pupilos no treino quando ainda faltam dois dias para o jogo.

“Isso mostra que o povo está a desfrutar com a sua selecção e é isso que pretendemos, o apoio ao nosso jogo de sábado” disse o treinador dos Djurtos.

Perguntado se as condições dos convocados se encontram em boas condições, o seleccionador da Guiné-Bissau disse que estão nas melhores condições sustentando que os jogadores estão numa fase de pré-época, independentemente de os campeonatos já terem iniciado na Europa.

“Todos estão preparados e acima de tudo temos uma grande vontade de dar uma enorme alegria a este povo “ garantiu Paulo Torres.

Questionado sobre a estratégia a usar para contrariar os dados actuais da equipa adversária que já não perde há seis jogos seguidos, o timoneiro dos Djurtos disse que Congo ganhou os últimos seis jogos mas que a Guiné-Bissau também não perdeu os seus últimos dois jogos.

Para Torres o que conta são os 90 minutos que vão ser disputados no terreno, e acima de tudo, o factor casa e um Estádio cheio.

“A Guiné precisa de alegria, estamos cá para trabalhar e construir uma equipa e fazer um bom jogo respeitando o adversário. Tenho a certeza que eles vão fazer o mesmo e queremos ganhar para dar alegria ao povo porque acho que o momento é especial para todos gozarem da sua selecção” afirma Paulo Torres.

Falando de quem o vai substituir no banco como treinador uma vez que ele foi expulso no primeiro jogo com a Zâmbia, Paulo Torres respondeu que a equipa técnica tem os seus adjuntos que serão coordenados e orientados pelo treinador principal independentemente de não estar no banco.

Disse tratar-se de uma situação do futebol e que não vai ser por isso que os jogadores vão deixar de darem o que têm a dar. 

“ESTADO É MAIOR DEVEDOR DE APGB COM MAIS DE CINCO BILHÕES DE FRANCOS CFA

  Não dá para acreditar mas leia a notícia para tirar ilações. “Estado guineense é maior devedor de APGB, com mais de cinco bilhões de fr...