O Partido da Renovação Social ouviu com alguma admiração as declarações do Presidente do PAIGC, que ontem afirmava que o PRS
tinha declinado o convite para um encontro destinado a definir uma
eventual negociação com vista à formação de um governo. Lamentamos
constatar tal facto, e por isso, oferece-nos dizer o seguinte:
Os ilustres leitores compreenderão que para uma decisão de tamanha
envergadura, seja necessária uma mobilização e audição internas, em
qualquer partido democrático. O PAIGC dispõe, desde sexta-feira passada,
do direito de consulta aos seus órgãos internos, para uma decisão sobre
os destinos do país. Cremos que, na mesma justa medida, e, como partido
organizado e responsável, o PRS, tem todo o direito e dever de
consultar os seus órgãos internos, nomeadamente, a Comissão Política
Nacional, a fim de obter ou não, o competente mandato que lhe permita
encetar eventuais negociações.
Depois de receber o pedido de encontro do PAIGC, às 20h00 do passado
domingo, o Partido da Renovação Social respondeu, apesar da missiva do
PAIGC, endereçada ao Presidente Nambeia, ter sido assinada pelo
Secretário Nacional do PAIGC, numa demonstração inequívoca de falta de
consideração e de falta de boa vontade por parte da direção do PAIGC.
Este convite para negociações do PAIGC, é ainda mais incompreensível, quando
vemos desfilar aos fins-de-semana, nas rádios da capital, figuras pagas
pelo PAIGC, não só com propostas a destilar ódio e raiva em relação ao
PRS e aos seus dirigentes, mas também com prognósticos firmes da certeza
da queda do PRS, nas intenções de voto, nas próximas eleições
legislativas, fruto e obra, segundo eles, da instrumentalização de um
determinado partido, pelo PAIGC, que será capaz de fazer com que o PRS
não venha a conseguir nenhum mandato. Perante estas e outras ameaças,
não vemos a utilidade da nossa integração num governo liderado pelo
PAIGC. Se o PAIGC dispõe de 57 mandatos como afirmam, não vemos a
necessidade do nosso apoio.
Aliás, em boa verdade, a nossa perplexidade é ainda mais evidente, face
aos últimos posicionamentos políticos, com o recrudescer de uma
linguagem pouco própria, que se tem vindo a registar na comunicação
social e nas redes sociais a soldo do PAIGC. A mando deste partido, e
dos seus seguidores, os discursos são caracterizados, sobretudo, por uma
comunicação inqualificável e inaceitável em democracia. O Partido da
Renovação Social, chama a atenção do povo guineense e da comunidade
internacional, para este tipo de comportamento, que, a continuar,
naturalmente, não deixará de ter a merecida resposta por parte do PRS.
O tom infeliz, conferido nestas comunicações, onde se pretende passar a
ideia de que o PRS é um partido menor, dito melhor, partido rapazinho,
para além de falsa, contrasta, enormemente, com a visão pouco clara e
pouco convincente de um Presidente do PAIGC, que não aceita
acatar a decisão do Supremo tribunal de Justiça, e ainda faz confusão
com a hierarquia dos tribunais, fingindo desconhecer que a decisão do
Supremo Tribunal de Justiça prevalece sobre a decisão do Tribunal da
Relação, que não revoga, e nem pretende revogar o acórdão n.º 3/2016 do
Supremo tribunal de Justiça.
Neste mesmo sentido, desiludam-se os que julgam que o PRS está nesta
luta, por causa de meia dúzia de cargos ministeriais. Já o dissemos, e
não nos cansamos de repeti-la, para quem queira ouvir. O nosso propósito
nesta luta é mais abrangente, e pretende, acima de tudo, solucionar, de
forma duradoura as sucessivas crises políticas que abalam o país. E
também já dissemos, que a solução do problema guineense não radica na
realização de eleições, sejam elas antecipadas ou não. As crises
acontecem sempre depois das eleições. Com vontade e com humildade
democrática, sentados à mesma mesa, com frontalidade e transparência,
podemos resolver a atual crise política.
São estas as razões de fundo que nos levam a indagar da oportunidade do
Partido da Renovação Social integrar este novo governo do PAIGC e do
seu Presidente, que para além de insultar os juízes dos tribunais
guineenses, não acata as suas decisões quando não lhes são favoráveis?
A propósito ainda do certificado de menoridade que o PAIGC pretende
passar ao PRS, na sua estratégia de comunicação, nos blogues, nas rádios
e na televisão, disseminada por analistas de circunstância, pagos a
peso de ouro, queremos apenas ressalvar um detalhe importante no
comportamento do Presidente do PAIGC: à boa maneira do
Partido, que ainda se julga único, mandou publicar, antes do
conhecimento do interlocutor, as propostas que deviam ser levadas à mesa
das negociações. Aqui também não se percebe a deselegância e
arrogância.
Um outro exemplo digno de intolerância, deste Presidente do PAIGC,
foi-nos dado a conhecer, há dias, quando, em termos, absolutamente
aceitáveis, o Secretário Executivo da CPLP, o embaixador Murargy,
admitiu, em nome da CPLP, que a organização, aceitaria, uma solução de
governo que não integrasse o PAIGC, desde que isso significasse, paz e
estabilidade para o povo guineense. Apesar de ter dado provas, pela sua
disponibilidade em deslocar-se ao nosso país, aquando de sucessivas
crises políticas, o Secretário Executivo da CPLP foi alvo de torpes,
violentas e injustas críticas da parte de setores a mando do PAIGC, como
se as declarações proferidas fossem um sacrilégio.
Porém, quando recentemente, nos cumprimentos de despedida, ao senhor Presidente da República, o santomense Miguel Trovoada,
que muito deve à Guiné-Bissau, dirigiu a este palavras menos honrosas,
ninguém, do PAIGC se dignou defender a dignidade do cargo do mais alto
magistrado da Nação. Porque, para o PRS, além da pessoa do Dr. José
Mário Vaz, que também merece a máxima consideração, o que estava ali em
causa, era a função de Presidente da República de todos os guineenses, cargo para o qual a maioria de guineenses votou a pedido do PAIGC.
Por outro lado, queremos lembrar, de que a exemplo de outros, e apesar
do PRS dispor de capacidade e argumentos, porventura, não entrará pelo
caminho da violência verbal gratuita, e baixeza moral, por ser um
partido integrado por homens e mulheres com firmeza de carácter, e,
sobretudo, por apurado sentido de responsabilidade para com o povo
guineense que o elegeu
Para tanto, chamamos também a atenção da nossa chamada Sociedade Civil,
da Liga dos Direitos do Homem e do regulador da Comunicação Social,
para os seus deveres e obrigações, para estes casos, para que não
levantem, de forma parcial, as suas vozes, apenas para pedir o bom senso
ao Partido da Renovação Social. Queremos que estas instâncias estejam
atentas para os tempos de antena, animados, nomeadamente, na rádio
Bombolom, onde, vezes sem conta, os dirigentes do PRS, são vilipendiados
com impropérios próprios de quem as profere.
A bem da estabilidade e da paz por que sempre pugnamos, o Partido da
Renovação Social, continua e continuará a lutar pelo bem-estar do povo
guineense.
Bissau, 16 de maio de 2016
O Secretariado Nacional de Comunicação
Fonte: ditaduradoprogresso