Embaixador junto à ONU menciona situações que marcaram países como Guiné-Bissau, Brasil e Portugal; o diplomata realça impacto para a aposta do bloco em reforçar economia e revela expectativas de ajustes em 2016.
O embaixador de Angola junto às Nações Unidas disse que “pequenas crises” ocorridas em governos dos membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, CPLP, em 2015, afectaram a acção conjunta do bloco.
As declarações de Ismael Martins foram feitas à Rádio ONU, de Luanda, numa entrevista para marcar o fim do ano.
Solução
“Estou a referir concretamente a Portugal e Brasil, mas também à Guiné-Bissau onde ainda não foi possível encontrar uma solução mais certa para o país que tem uma crise que já dura muitos anos.”
Na semana passada, o parlamento da Guiné-Bissau não passou o programa do novo primeiro-ministro Carlos Correia porque não teve votos suficientes. Em duas semanas, o chefe do executivo deve voltar a apresentar uma nova proposta, que se for rejeitada dita a queda da nova equipa.
Correia assumiu o mandato após o país ter ficado dois meses sem governo, na sequência de tensões que culminaram com a demissão pelo presidente José Mário Vaz do governo antes chefiado por Domingos Simões Pereira.
Impactos
Ismael Martins mencionou também os impactos das situações políticas portuguesa e brasileira no andamento do bloco lusófono durante o ano.
“Portugal esteve um tempo sem governo após as eleições. Houve primeiro um processo que levou à sua preparação, depois as eleições propriamente ditas. Portugal para além de ser a sede da CPLP é também um dos países mais importantes do grupo. O Brasil, para além de ser a economia mais forte e o país mais importante do bloco está a viver uma fase que não é clara no tocante à governação com pressões que continuam a ser feitas à presidente Dilma.”
Vantagens
O diplomata disse que além de promover a língua, a CPLP conta com um potencial económico que pode garantir vantagens aos Estados-membros na actual situação internacional.
“Eu espero que que estes aspectos de quase crise possam ser resolvidos tratando-se das duas economias mais importantes da CPLP. É importante que estejam livres de problemas que possam afectar a forma como lideramos em conjunto os processos políticos, de reforço das nossas economias e de ajuste à crise internacional que se vive com os preços de matérias-primas naturalmente a baixar que afectam as economias como nós Angola e Moçambique”
A cooperação económica e empresarial da CPLP foi definida como prioridade do bloco pela actual presidência de Timor-Leste, até o próximo ano.
Para o diplomata angolano, a aposta nessa visão pode ajudar a resolver problemas dos países com economias complementares.
Problemas
“Eu tenho a certeza que 2016 será um ano principalmente para fazer os ajustes necessários para repor as nossas economias numa senda de crescimento e politicamente termos uma estabilidade necessária para os nossos países puderem, efectivamente, crescer e resolver parte dos problemas que têm.”
Angola foi presidente do Grupo dos Países Menos Avançados nas negociações sobre a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática COP21.
No processo que culminou com o Acordo de Paris, o embaixador Ismael Martins destacou ” a boa actuação da CPLP” como um marco.