Opinião: DIVERSIFICAR E DIVERSIFICAR, LEI DOS “PROFETAS” DE FINANÇAS



Uma das principais lições de finanças, no momento que o mundo vive, é a vantagem dos empreendedores diversificarem os seus investimentos. “Não ponha todos os seus ovos no mesmo cesto” é uma forma de expressar esta regra. A lógica de diversificação é que, ao aplicar os fundos financeiros em vários investimentos, o empreendedor pode continuar a registar um rendimento elevado e, ao mesmo tempo, reduzir o risco.

Na óptica dos bancos, onde se transformam fundos daqueles que pretendem emprestar para os que pretendem receber empréstimo. Ao fazerem isto, criam-se instrumentos financeiros (como depósitos à ordem e depósitos poupança). Mas, do ponto de vista macroeconómico, o instrumento mais importante é a moeda bancária (ou depósito à ordem) proporcionados, em primeiro lugar, pelos bancos comerciais que operam na Guiné-Bissau (BAO, ECOBANK, ORABANK, BDU e Banque Atlantique).
Os particulares ficam, por seu lado, repartidos entre os que investem na base das empresas e os que tentam adivinhar a psicologia do mercado. A abordagem – na base das empresas – sustenta que os activos (bens e direitos) devem ser valorizados com base no seu valor intrínseco. Para as acções comuns, o valor intrínseco é o valor esperado dos dividendos. Suponhamos que uma sociedade como a MINGA, SARL tenha um dividendo constante de (2 FCFA) por ano e uma taxa de juro adequada para actualizar os dividendos de 5%, o valor intrínseco será: 2 francos dividido por 0,05 [5%] = 40 FCFA por cada acção da MINGA, SARL. A abordagem através da empresa é, por conseguinte, a forma lenta, mas segura, de se enriquecer.
Prova disso, é a prática comercial dos “ditos açambarcadores” do mercado guineense com os produtos, essencialmente, alimentares: Mauritanianos, Senegaleses, Guineenses de Conacri, Malianos, etc, na medida em que, eles “aproveitam-se” da falta de iniciativas e cultura de business por parte dos cidadãos guineense, falta de organização do nosso mercado, vulnerabilidade dos nossos consumidores, fraca capacidade de arrecadação de receitas fiscais pelo Estado, fraca capacidade de obtenção de financiamento destinado aos jovens empreendedores guineenses.
Assim sendo, estes ‘açambarcadores’, maioritariamente, estrangeiros estão, há várias décadas, a ‘controlar’, assustadoramente, a nossa economia. A par disto, confrontamo-nos pacientemente com uma ‘onda’ de empresários ‘sazonais’ que, cada vez mais, invadem o mercado sobretudo de caju [intermediários comerciais, exportadores e agentes de outros segmentos da economia] de forma ‘perigosa’, o que, segundo os analistas atentos, vai provocando fugas de capital e promoção de mão-de-obra “menos qualificada e barata” à economia doméstica guineense.
Da parte guineense, a mania psicológica domina o nosso pensamento sobre o mercado, uma vez que julgamo-nos ‘inúteis’ para as tarefas básicas do comércio (compra e venda), ou seja, preferimos ceder nossos espaços: casas, terrenos, energia, conhecimento, matéria-prima às “mãos alheias”, o que vai influenciando as bolhas especulativas ou colapsos. Uma bolha especulativa acontece quando os preços aumentam, porque as pessoas (potenciais empreendedores – neste caso) julgam que os preços irão aumentar no futuro. Entretanto, as almas impacientes – os empreendedores – podem inspirar-se em Keynes que argumentou que é provável que os investidores se preocupem com o comportamento do mercado, mas não podem e nem devem esperar, paciente e inocentemente, que as acções provem, por si só, o seu valor intrínseco.
É de reconhecer que o exercício do empreendedorismo na Guiné-Bissau, ainda, deixa muito a desejar por razões que se prendem, sobretudo, com o seguinte factor: “uma pesquisa realizada pelo Banco Mundial mostra que para cerca de 70% das empresas entrevistadas, a falta de acesso a alternativas de financiamento é um dos principais constrangimentos ao desenvolvimento privado local. Não obstante, o país ter um forte potencial de desenvolvimento de produtos financeiros apoiados em experiências de sucesso, noutros países em desenvolvimento, tanto para empresas como para a população em geral. Nesta nova paisagem, o conhecimento será definido como conhecimento para o mercado.
O próprio mercado será re-imaginado como o mecanismo principal para a validação da verdade. Como os mercados estão se transformando, cada vez mais, em estruturas e tecnologias algorítmicas, o único conhecimento útil será algorítmico. Em vez de pessoas com corpo, história e carne, inferências estatísticas serão tudo o que conta. As estatísticas e outros dados importantes serão derivados, principalmente, da computação. Como resultado da confusão de conhecimento, tecnologia e mercados, o desprezo se estenderá a qualquer pessoa que não tiver nada para vender.
 
Por: Santos Fernandes
Gestor/empreendedor

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