O Presidente da República José Mário Vaz admitiu ontem, 17 dezembro 2016, que o mediador da CEDEAO para a crise na Guiné-Bissau, Presidente Alpha Condé revelou o nome acordado durante as negociações alcançadas em Conakri para dirigir o governo.
O Chefe de Estado guineense acrescentou ainda que os participantes no encontro de Conakri em Outubro último negaram que se tenha chegado ao consenso sobre um único nome, e que o assunto nem chegou de ser discutido.
O Chefe de Estado guineense falava à imprensa no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, de regresso de Abuja (Nigéria), onde se encontrava para assistir a 50° Conferência dos Chefes de Estado e do Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
A Cimeira na capital nigeriana tinha em agenda três pontos, designadamente: a situação económica e financeira da sub-região; a crise política da Gâmbia, impasse político na Guiné-Bissau e a situação da rede terrorista ‘BOKO HARAM’ que está a criar insegurança na sub-região.
Sobre a figura do consenso confirmado pela mediador da CEDEAO na crise guineense durante a Cimeira dos Chefes de Estado, Presidente José Mário Vaz admitiu à imprensa que divergiu-se com o seu homólogo da Guiné-Conacri, Alpha Condé, sobre esta matéria.
Interrogado se a divergência com o Presidente Alpha Condé deveu-se ao relatório apresentado pelo mediador que confirma o nome acordado, José Mário Vaz respondeu que o relatório não falou da figura do consenso. “O relatório falou de outras coisas e menos da figura do consenso”, acrescentou.
“Não houve consenso e vocês sabem que não há consenso. Enquanto guineenses não sabem que não há consensos? Vocês falam todos os dias com os detentores dos mandatos e essas pessoas disseram-me que foram a Conacri, mas nunca chegaram a um entendimento relativamente a uma única figura a dirigir o governo a nível dos três candidatos que eu apresentei em Conacri”, adiantou o Chefe de Estado guineense.
Instado a explicar a razão da divergência com o mediador da CEDEAO na crise guineense, Vaz disse que para o Presidente Alpha Condé “há um candidato de consenso a nível dos três nomes. Não há relatório, eu não tenho nenhum relatório e não há nenhuma acta”.
Questionado ainda se o mediador da crise guineense não mencionou o nome acordado, o Presidente respondeu que o “Presidente Alpha Condé mencionara o nome acordado em Conacry, mas as pessoas que estiveram na reunião em Conacri disseram que não chegaram a um consenso relativamente ao nome”..
Solicitado a pronunciar o nome mencionado pelo Presidente Condé durante a Conferência dos Chefes de Estado, o Presidente respondeu desta forma: “vocês sabem, vocês sabem…!”
Por outro lado, José Mário Vaz aproveitou a ocasião para justificar a escolha de General Umaro El Mokhtar Sissoco Embaló para a chefia do governo do consenso, alegando que na lista de três nomes era a figura que tinha mais consenso do qualquer outro nome.
“É do vosso conhecimento que somando os deputados do PRS e mais os deputados do Grupo dos 15, com certeza tem mais acima de 50 mandatos. Ninguém defendeu o candidato Dr. Augusto Olivais, porque houve momento em que eu pensei nomear Dr. Olivais como o Primeiro-ministro, mas imediatamente tive o ‘Não’ do PRS e do Grupo dos 15 deputados”, notou.
O Chefe de Estado lembrou ainda que pediu o Primeiro-Ministro para ser mais flexível na negociação com a Assembleia Nacional Popular, bem como com os partidos políticos sobretudo com o PAIGC na busca de solução para aprovação do programa de Governo.
“A preocupação dos Chefes de Estado e do Governo dos outros países relativamente ao nosso país é normal. Eu tenho estado a dizer que o nosso país não tem problema nenhum. O nosso país está calmo e o único problema que há é de facto esse desentendimento entre os actores políticos”, contou o Presidente José Mário Vaz, que entretanto, aproveitou a ocasião para apelar aos guineenses a abraçarem o trabalho, pois “só o trabalho nos poderá tirar realmente da situação difícil em que nos encontramos”.
Recorde-se que a Conferência dos Chefes de Estado da CEDEAO contou com a presença de 11 Chefes de Estado e representantes dos países membros, bem como representantes das organizações internacionais, nomeadamente as Nações Unidas, a União Africana e a UEMOA.
Por: Assana Sambú
Foto: Marcelo N’Canha Na Ritche
Foto: Marcelo N’Canha Na Ritche
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