A Guiné-Bissau debate-se com o impacto orçamental de uma suspensão da ajuda de parceiros de cooperação e, à semelhança de Moçambique, olha para a China como fonte alternativa de capital estrangeiro, através de investimentos, focando esforços de captação em Macau.
Apesar de ser dos países de língua portuguesa politicamente mais instáveis, a Guiné-Bissau é dos que apresenta actualmente previsões de crescimento económico mais elevadas – 4,8% em 2016 e 5% em 2017 – e é também um dos que tem maiores oportunidades, uma vez que, além de necessidade de infra-estruturas e recursos inexplorados (caso da bauxite), está inserido no mercado regional da África Ocidental.
A agricultura é a principal fonte de rendimento, em particular a produção de castanha de caju, sendo também uma das oportunidades de investimento identificadas.
O boletim de informação Africa Monitor Intelligence noticiou que um recente estudo técnico chinês veio confirmar a aptidão do país, em particular no que concerne aos solos, para a produção em larga escala de arroz, produto que o país actualmente importa para abastecer o mercado interno (cerca de 200 toneladas/ano).
O estudo, a que a Macauhub teve acesso, segundo a mesma fonte, aponta também a necessidade prévia de uma recuperação das planícies alagadiças (bolanhas) aptas para a orizicultura, a maior parte sem uso nos últimos anos ou votadas ao abandono.
O embaixador da China em Bissau, Wang Hua, tem vindo a salientar as excelentes condições climatéricas e de solos que a Guiné-Bissau tem para produzir e abastecer a sua população e reafirmou o apoio da China para a concretização desse objectivo.
“Falta muito trabalho para que a Guiné-Bissau atinja a sua independência alimentar e solucione o problema de fome no país”, adiantou em Maio, durante uma visita ao interior do país.
O novo primeiro-ministro guineense, Baciro Djá, recebeu o embaixador da China na semana passada, poucas semanas depois de tomar posse, tendo confirmado a participação do país na próxima cimeira económica entre a China e os países da África, que vai decorrer em Pequim ainda este ano.
Em Abril, a Guiné-Bissau recebeu pela primeira vez o “Encontro dos Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e o Países de Língua Portuguesa”, à margem do qual foi anunciado que a China Machinery Engineering Corporation (CMEC) vai construir, entre outras infra-estruturas, o novo Aeroporto Internacional de Bissau, alargar a antiga aerogare, construir o porto de pesca de Pikil, no nordeste da Guiné-Bissau, o porto de águas profundas em Buba, no sul, estradas, pontes e ainda habitação social.
Recentemente, a China ofereceu 250 postes de iluminação pública solar para serem instalados em diversos bairros e artérias de Bissau.
O país foi tema de um seminário organizado na semana passada pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), conjuntamente com o Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau).
O representante guineense no Fórum Macau, Malam Becker Camará, afirmou que Macau pode ajudar a internacionalização de produtos do seu país, enquanto a administradora do IPIM, Glória Ung, afirmou que “as empresas chinesas podem utilizar a Guiné-Bissau como plataforma e base para desenvolver a cooperação e o desenvolvimento com os outros países da África Ocidental, com vista a penetrar nos mercados regionais.”
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