O presidente do PAIGC, partido no poder na Guiné-Bissau, classificou ontem como uma "tentativa de golpe de Estado" a recusa de 15 deputados expulsos do partido em não sair do parlamento depois de terem perdido o mandato.
"Esta tentativa de usurpação do poder pela força é na verdade uma tentativa de golpe de Estado, já há muito em preparação", referiu Domingos Simões Pereira.
O dirigente falava na sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) durante uma cerimónia para assinalar os 43 anos da morte do fundador, Amílcar Cabral.
Segundo referiu, a Assembleia Nacional Popular está "sob sequestro" por parte do grupo dissidente do PAIGC que se juntou à oposição para formar uma suposta nova maioria e derrubar o Governo - de acordo com moções aprovadas à revelia dos órgãos do parlamento e já enviadas para promulgação do Presidente da República.
Face à situação, Domingos Simões Pereira apelou hoje aos guineenses para que se mobilizem contra"uma dúzia de indivíduos que procuram a todo o custo assumir o controlo do país para assim apagarem os traços da sua conduta criminosa no passado e perpetuarem a sua voraz sagacidade",sem, no entanto, apontar nomes.
Face aos protestos e à recusa dos 15 deputados em sair da sala, o que tem levado à suspensão dos trabalhos, o presidente do PAIGC lamentou a incapacidade em manter a ordem no hemiciclo.
"Apesar das cautelas para evitar o eventual choque entre forças de defesa e segurança, é hoje evidente a disfunção destas obedecendo a estruturas desconhecidas e que vão sendo orientadas a partir de lugares incertos", referiu.
Para Simões Pereira, "fica agora evidente a verdadeira razão da demissão [pelo Presidente da República] do ministro do Interior do primeiro Governo do PAIGC, os quatro meses que esse Ministério ficou sem titular" e o facto de assim permanecer a tutela das forças de segurança.
No dia em que é assinalada com um feriado nacional a data em que Amílcar Cabral foi assassinado, o presidente do PAIGC referiu que a melhor forma de homenagear todos os que morreram pela Guiné-Bissau é enfrentar hoje "todas as formas de tirania e ditadura".
"Essas são as ameaças que pendem sobre nós", concluiu.
O parlamento guineense deverá reunir-se de novo na quinta-feira para discutir o programa de Governo.
Lusa/Conosaba/MO
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