O Governo da Guiné-Bissau responsabilizou o Presidente da República, José Mário Vaz, pelo"clima de instabilidade" no país e denunciou uma alegada intenção de deter os membros do actual executivo, sem indicar por parte de quem.
Em comunicado, distribuído após reunião do Conselho de Ministros, o executivo diz ser estranho o silêncio de José Mário Vaz perante a crise que assola o país nos últimos dias, lembrando que o chefe de Estado é "o símbolo da unidade nacional e garante da independência".
"Este silêncio do Presidente da República pronuncia, para o Governo, uma atitude não só de cumplicidade, mas também de apoio a uma tentativa de golpe institucional orquestrada pelos dirigentes expulsos do PAIGC e que, em consequência, perderam o mandato de deputado", no Parlamento, refere o comunicado.
Para o Executivo, um "cenário artificial" semelhante foi usado pelo chefe de Estado para demitir o primeiro Governo constitucional da nona legislatura, em agosto.
O Governo responsabiliza "o Presidente da República, José Mário Vaz, pelo actual clima de instabilidade iniciado com a abusiva demissão do primeiro Governo constitucional da IX legislatura", refere-se no comunicado.
Contra a posição das forças vivas do país e da comunidade internacional, o Presidente da República (também eleito pelo PAIGC) demitiu em agosto o governo de Domingos Simões Pereira, alegando divergências pessoais e diversas ilegalidades, mas sem que até hoje tenham sido apresentados processos ou diligências que as sustentem.
O executivo manifesta-se solidário com a Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento) e exorta ainda as forças de defesa e segurança a manterem-se equidistantes face à situação actual, assumindo a postura republicana que sempre tiveram desde agosto.
O Governo apela ainda às forcas de segurança no sentido de assumirem as suas responsabilidades no actual contexto, garantindo ordem para o normal funcionamento dos trabalhos no Parlamento.
Na quinta-feira, os deputados devem voltar a reunir-se para apreciar o programa de Governo.
A sessão foi suspensa por duas vezes esta semana depois dos protestos de 15 deputados que perderam o mandato e que se recusaram a sair do hemiciclo, contando com o apoio da oposição - o Partido da Renovação Social (PRS).
Lusa/Conosaba
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