A filha de Amílcar Cabral, fundador do movimento pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, lamentou que ontem que tenha havido dois momentos de homenagem ao pai, em vez de um só.
"O ideal seria uma única cerimónia, de um povo unido. Agora houve dois momentos, com o Presidente da República e com o Presidente do partido [Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC]. É a situação do país", referiu Indira Cabral.
Hoje é feriado na Guiné-Bissau, o dia em que se assinalam 43 anos do assassínio de Amílcar Cabral.
Tal como é habitual nesta data, as principais figuras nacionais e do PAIGC procederam à deposição de coroas de flores no mausoléu do pai da independência, dentro do forte da Amura, sede do Estado-Maior General das Forças Armadas, em Bissau.
O Presidente da República, José Mário Vaz, fê-lo pelas 10:00, sem prestar declarações.
Indira Cabral acompanhou o chefe de Estado e permaneceu no local para estar também ao lado da homenagem feita pelo partido.
O presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, e um grupo de militantes chegou pelas 11:00, fazendo votos para que o país consiga chegar à "unidade" sonhada por Cabral, sendo uma nação "onde a paz e a justiça possam reinar".
"Que tenhamos em Amílcar Cabral inspiração suficiente para escolher a verdade e a justiça. Se assim o fizermos somos capazes de encontrar saída para todos os problemas", referiu Simões Pereira aos jornalistas, no local, numa alusão à atual crise política.
Contra a posição das forças vivas do país e da comunidade internacional, o Presidente da República (também eleito pelo PAIGC) demitiu em agosto o governo de Domingos Simões Pereira, alegando divergências pessoais e diversas ilegalidades, mas sem processos judiciais que as sustentem.
O chefe de Estado ainda nomeou um outro primeiro-ministro, mas o novo Executivo seria considerado inconstitucional, obrigando Vaz a recuar e a empossar um governo de continuidade do PAIGC, desta vez chefiado por Carlos Correia.
No entanto, a divisão no partido agudizou-se.
Um grupo de 15 deputados do PAIGC que estão ao lado do Presidente aliou-se à oposição no Parlamento para derrubar o Governo, mas o partido expulsou-os e requereu a respectiva perda de mandato, confirmada na última semana.
Face à decisão, o "grupo dos 15" recusa-se a sair da Assembleia e os protestos levaram esta semana por duas vezes à suspensão da sessão que deveria votar o programa de Governo.
Para quinta-feira esta marcada nova tentativa de continuar os trabalhos em que o PAIGC quer que tomem assento novos deputados de modo a manter intacta a maioria parlamentar.
Lusa/conosaba/MO
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