DOIS MARINHEIROS GUINEENSES RETIDOS NA GUINÉ-EQUATORIAL REGRESSAM AO PAÍS



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Dois dos cinco marinheiros guineenses, que se encontravam retidos na Guiné-Equatorial há um ano e sete meses no navio de pesca pertencente à empresa espanhola, S.I. Global, já se encontram no país. O grupo reuniu-se esta terça-feira, 21 de Abril, com a imprensa para falar da sua situação de abandono naquele da África Central.
Apesar de terem recebido do governo guineense bilhetes de passagem, três dos cinco marinheiros não viajaram para Bissau. Segundo uma fonte, o grupo permanece ainda no país do Obiang Nguema na tentativa de encontrar forma de obter do armador o pagamento da sua dívida.
Célsio António dos Santos, porta-voz do grupo, relata que a situação era de total abandono sem água, sem luz e nem comida. O marinheiro explica que nos últimos meses o armador tem frequentado país e inclusive teve encontros com o Governo local, mas nunca se dignou reunir-se com os marinheiros abandonados no navio.
“Uma vez recebemos a sua chamada por telefone a partir de Espanha com pretexto de que está impedido de viajar para a Guiné-Equatorial devido o controlo, que não especificou”, explica.
No entendimento do marinheiro, a desculpa apresentada pelo armador não justifica nada que possa esclarecer a situação, uma vez que tinha garantido que a dívida da empresa para com os marinheiros, seria paga pelo governo da Guiné-Equatorial.
No entanto, O Democrata sabe de uma fonte, que a empresa tem colaboração com o governo Equatoguineense, mas que não está explícita. Ainda conforme o marinheiro guineense, com residência no Senegal, a empresa espanhola operava sem problemas na Guiné-Equatorial, mas devido à má gerência foi obrigada a ficar inoperante até agora e incapaz de liquidar dívida que tem para com marinheiros.
Célsio António dos Santos informou ainda que o grupo regressou ao País graças à intervenção do Governo guineense facilitada por Augusto Gomes Baldé, representante do nosso país na Guiné-Equatorial, desde o período de Transição.
Segundo as explicações dadas pelo porta-voz dos marinheiros que estavam retidos na Guiné-Equatorial e que agora se encontram no país, a contratação para trabalhar na empresa espanhola de pesca foi feita mediante uma solicitação da empresa por intermédio de alguns guineenses emigrantes naquele país da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa.
JANUÁRIO JOSÉ BIAGUÊ: “É DISCRIMINATÓRIA A POSTURA ASSUMIDA PELO ARMADOR”
Januário José Biaguê, secretário executivo da chamada organização Amigos Irmãos dos Homens do Mar, disse por sua que o armador do navio espanhol S.I. Global, onde os sete marinheiros guineenses operavam, é um fugitivo.
Biaguê Considera que a atitude assumida pelo armador é discriminatória, “sobretudo quando decide levar uns, porque são brancos e reter outros, talvez porque são pretos ou africanos”.
“Continua incontactável inclusive a sua esposa tentou contatá-lo sem sucesso. Pediu a intervenção da ITF-CONTACT in Guiné-Bissau, em Londres no sentido de reter o navio, que deve ser avaliado para liquidar a dívida dos marinheiros”, refere Januário José Biaguê.
Neste sentido, secretário executivo da organização Amigos Irmãos dos Homens do Mar pede apoios de outras organizações ligadas ao setor que intervenham na busca de soluções consentâneas.
Dados estatísticos indicam que os marinheiros deixaram o país em Agosto e Setembro de 2013, de forma separada e sem serem inscritos pela capitania guineense.
De referir que a dívida total para com os sete marinheiros guineenses até Março de 2015 é estimada em cerca de 90 mil dólares americanos. Ainda conforme as informações, o grupo de marinheiros manifesta a vontade de trabalhar com empresa, desde que a dívida seja liquidada e definida novo formato de contrato para os marinheiros.
Importa informar ainda que estão retidos no navio espanhol, quatro marinheiros, dos quais três guineenses e um maliano.



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