Nova Iorque: Mais de 100 Chefes Militares reúnem-se para falar de Paz
Por iniciativa do Secretário-Geral da ONU reuniram-se na sua sede em Nova Iorque mais de 100 Chefes de Estado-Maior das Forcas Armadas para reflectirem sobre as ameaças à paz e segurança no mundo. Um encontro nunca antes realizado em qualquer lugar do mundo em que os "Chefes de Guerra" são chamados para falar de como fazer a paz.
Timor-Leste esteve representado pelo Chefe de Estado-Maior Adjunto Brigadeiro-General, Filomeno Paixão, militar e jurista.
O Chefe do Painel Independente de Alto Nível da ONU para as Operações de Paz, José Ramos-Horta, e vários colegas membros do Painel - Ameerah Haq, Gen. Guha, Rima Salah e a Prof. Henrieta Mensa-Bonsu - também participaram como intervenientes.
Acabado de regressar de Timor-Leste, Ramos-Horta fez duas intervenções: no dia 26 e 27 de Marco em que reflectiu sobre os desafios e ameaças à paz e segurança mundiais e delineou possíveis medidas de prevenção de conflitos e de intervenção armada quando estão esgotados os esforços de solução via diálogo.
Como já foi publicitado nesta página, o Painel dirigido por Ramos-Horta, empossado em Novembro de 2014, já realizou muitas consultas públicas e à porta-fechada, em várias cidades-capitais do mundo, com vista à elaboração de um Relatório e Recomendações ao Secretario-Geral da ONU no final do próximo mês de Maio. Estão previstos debates sobre as recomendações do Painel em sessões do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral.
Algumas mensagens transmitidas frequentemente por Ramos-Horta:
1. A prevenção e solução de conflitos dependem da qualidade das lideranças e elites nacionais que terão ou não o sentido de Estado, coragem e humildade para o diálogo e a busca dos caminhos da paz e unidade.
2. A ONU ou qualquer entidade internacional externa poderá contribuir ajudando a criar condições de segurança e espaço para o diálogo entre as partes em conflito mas não se substitui aos actores nacionais e regionais.
3. A ONU pode e deve aperfeiçoar os mecanismos de Paz e Segurança para que ela possa intervir mais rapidamente e com maior eficácia na prevenção e resolução de conflitos.
4. A raiz dos problemas - fragilidades dos Estados, má governação, corrupção, extrema pobreza, desigualdades sociais, exclusão e discriminação - não será resolvida a curto prazo com uma forca de intervenção de Paz da ONU. A comunidade internacional pode e deve apoiar a resolução desses desafios mas cabe às elites políticas nacionais democraticamente eleitas a responsabilidade de diálogo e construção nos consensos em torno de uma visão comum do futuro.
5. A ONU não deve intervir em todas as situações de conflito. O Secretário-Geral deve explicar claramente os limites da capacidade de intervenção da ONU e devendo ela ter lugar só quando existe um consenso internacional e forte vontade política dos Estados Membros, comprovada pela disponibilização pronta de meios financeiros e materiais adequados, proporcionais ao mandato exigido.
Depois de dois dias intensos em Nova Iorque, Ramos-Horta e os seus colegas seguiram para Salvador da Bahia, Brasil, a convite do Governo Brasileiro, para a realização de mais uma consulta regional alargada, a última da série, completando-se assim as consultas regionais alargadas.
Mais de 20 Países estarão representados nesta consulta regional co-presidida por Ramos-Horta e pelo Ministro de Defesa do Brasil.
(via: Ramos Horta)
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