A Embaixadora da Guiné-Bissau junto das Nações Unidas disse que "é tempo de ações concretas"



A vice - embaixadora da Guiné-Bissau junto das Nações Unidas disse hoje perante o Conselho de Segurança, em Nova Iorque, que "é tempo de ações concretas" da comunidade internacional em relação ao país.

"Os problemas que a Guiné-Bissau enfrenta têm sido relatados uma e outra vez neste Conselho e em vários outros fóruns internacionais. Agora, acreditamos que é tempo de ações concretas, é isso que o povo da Guiné-Bissau espera da comunidade internacional e de todos os que estão presentes", disse Maria Pinto Lopes D'Alva, numa reunião do Conselho de Segurança.

No encontro que avaliou a missão de consolidação da paz no país, a responsável disse que a renovação por 12 meses do mandato do Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), que termina no próximo dia 28 de fevereiro, é bem-vinda.

"A Guiné-Bissau tem sido alvo de enormes dificuldades e desafios durante anos, temos muita necessidade de apoio e ajuda financeira da comunidade internacional para continuar no caminho do desenvolvimento", disse a vice -embaixadora.

No mesmo encontro, o representante do secretário-geral da ONU em Bissau, Miguel Trovoada, fez uma representação sobre o relatório da missão de avaliação estratégica, divulgado a 19 de janeiro.

"Quanto aos objetivos principais, consolidação do Estado de direito, promoção de boa governação e reforma das instituições do Estado, houve progressos encorajadores no domínio do planeamento estratégico e desenvolvimento de legislação, sobretudo nas áreas de defesa, segurança e justiça", destacou Trovoada.

O responsável disse ainda que "apesar de todos estes esforços, a situação permanece frágil" e que, por isso, “o sistema da ONU felicita a aprovação pelo Governo de uma abordagem integrada, garantindo a complementaridade dos esforços para erradicação da pobreza e desenvolvimento económico, com boa governação e promoção de programas sociais."

Lembrando que o auxílio da comunidade internacional não pode durar para sempre, o representante do secretário-geral disse que “a filosofia inspiradora da ação dos parceiros deve ser a criação de condições que permitam à Guiné-Bissau passar sem a ajuda internacional."

Trovoada lembrou ainda as mudanças sugeridas pelo secretário-geral no papel do UNIOGBIS, sobretudo dando ao representante especial "um papel reforçado" nos temas do "diálogo nacional e do processo de reconciliação".

O embaixador do Brasil junto da ONU, António de Aguiar Patriota, enquanto presidente da Comissão de Construção de Paz, também participou no encontro.

"É tempo de mudar a visão antiga de que a Guiné-Bissau é um caso crónico de corrupção, impunidade", disse Patriota.

O embaixador mostrou-se muito otimista em relação ao futuro do país, dizendo que o atual executivo "mostra a diferença que um governo legitimo, competente e inclusive, que trabalha com os parceiros internacionais, pode fazer."

"O que é diferente de qualquer outro período da história moderna da Guiné-Bissau é que, apesar dos desafios, pela primeira vez um futuro melhor e mais estável parece possível", disse Patriota.

O embaixador do Gana na ONU, Ken Kanda, falou como representante da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), bem como a embaixadora de Timor-Leste, Sofia Borges, que representou a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Todos os participantes se mostraram a favor do prolongamento da missão da ONU no país, repetindo a recomendação do secretário-geral.

O Conselho de Segurança deve votar a renovação do mandato no dia 18 de fevereiro.

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