REALIZOU-SE ONTEM NO PORTO O II ENCONTRO - SAÚDE NA GUINÉ-BISSAU

Dr. Carlos Silva, Jornalista Waldir Araújo, Dr. Julião Sousa e Dr. Ricardo Sanhá

Dr. Ricardo Sanhá com Pate Cabral Djob, Administrador do Blogue "Conosaba do Porto"

Neste sábado passado, dia 13 Dezembro, “Casa da Guiné-Bissau no Porto" em parceria com a “Fundação Ricardo Sanhá” trouxeram ao Porto – o II EncontroSaúde na Guiné-Bissau que correu uma maravilha! 

Este encontro teve como objetivo “mobilizar” toda a classe médica e de enfermeiros do Norte de Portugal que queiram partilhar os seus conhecimentos com os colegas guineenses em regime de voluntariado na Guiné-Bissau, assumindo o Estado Guineense as despesas de viagens e estadias.

Jornalista guineense Waldir Araújo, redator da RDP África, que lançou a bem pouco tempo a revista Polón, um projeto que pretende ajudar a promover a "Guiné-Bissau" através de uma aposta na atualidade cultural, económica, política e da sociedade em geral. A revista será trimestral, com mais de 60 páginas, editada em Portugal mas distribuída também na Guiné-Bissau, França, Espanha e futuramente em Angola e em todos os países de concentração da diáspora guineense.


Jornalista Waldir Araújo deu boas vindas aos presentes e agradeceu a disponibilidade de todos. Assim iniciou o II Encontro – Saúde na Guiné-Bissau, pedindo desculpas aos presentes por atraso, porque o encontro que estava previsto a iniciar as 15 horas, só se iniciou as 15 horas e 50 minutos. Apresentou a mesa e disse: ao meu lado esquerdo temos Dr. Ricardo Sanhá Presidente da Fundação, a seguir temos Prof. Doutor Julião Soares Sousa, Historiador e Investigador guineense, especialista em História Política da Guiné e de Cabo Verde.  Ao meu lado direito temos o Médico Obstetra guineense, Dr. Carlos Silva com uma longa e brilhante experiência profissional na carreira. 

Depois do jornalista apresentar a mesa, prosseguiu dizendo que apesar de conhecer mal a “Cidade Invicta”, mesmo assim, adora cidade do Porto! Agradeceu a “Casa da Guiné-Bissau no Porto”, e disse “tenho prazer de estar aqui hoje entre ilustres compatriotas na mesa, entre médicos do norte de várias áreas de medicina para debater a saúde na Guiné-Bissau; depois de ter estado presente no I Encontro em Lisboa. Deu pausa e fez um sinal ao Juca Delgado o nosso compositor musical (incontornável no panorama musical guineense) começou a projetar o vídeo bem caprichado com a “música de fundo do cantor Aliu Bari” na tela sobre a visita da Fundação Ricardo Sanhá à Guiné-Bissau.




A Fundação já realizou pelo menos 4 missões médicas á Guiné-Bissau sem ajuda do governo guineense! A Fundação Ricardo Sanhá recebe muitos doentes vindos da Guiné-Bissau para Portugal, fornecendo-lhes a estadia, a comida e roupas adequado a tempo em Portugal. Com este II Encontro a Fundação pretende retomar o seu trabalho que foi interrompido pela TAP (caso 74 Sírios). Em seguida Waldir Araújo termina o seu discurso brilhante.

Dr. Julião Soares Sousa, na qualidade de moderador entra na cena dando saudações especiais a todos presentes, compatriotas, saudações: ao Presidente da Fundação, Casa da Guiné-Bissau, um especial abraço ao Jornalista Waldir Araújo e ao Dr. Carlos Silva que veio de longe para este encontro de extrema importância. “As pessoas podem estranhar a minha presença e podem perguntar o quê que um historiador esta aqui a fazer? “Meus Senhores e minhas Senhoras levar saúde a Guiné-Bissau é uma responsabilidade que cabe a todos nós”! “Toda gente deveria colaborar com a Fundação Ricardo Sanhá”. “Fiquei muito admirado com o trabalho que o Ricardo Sanhá esta fazer na Guiné-Bissau! Sem ajuda de ninguém e consegue realizar tudo isso! Nunca neguei ajudar ou participar nas atividades da Fundação!


Dr. Ricardo Sanhá entrou em cena agradecendo a todos presentes, em especial o seu parceiro de organização de II Encontro – Saúde na Guiné-Bissau a “Casa da Guiné-Bissau no Porto” e seu Presidente-Coordenador Nilson Silva. Dr. Ricardo Sanhá disse que veio ao Porto convidar Médicos do Norte para aderirem a este grande projeto nobre e de extrema importância para a Guiné-Bissau! A Fundação Ricardo Sanhá é uma Instituição sem fins lucrativos e de utilidade pública geral, que tem como objetivo apoiar iniciativas de assistência social, com especial enfoque no apoio aos cidadãos guineenses no estrangeiro.

A Fundação Ricardo Sanhá foi criada em 2009 para acolher doentes que vinham da Guiné-Bissau (abandonados após-consulta pelo estado guineense sem meios de sobrevivência em Portugal). Neste momento a fundação acolhe 700 doentes guineenses em Lisboa. Daí surgiu a ideia de criar um projeto-médico para operar e tratar doentes em Bissau. O projeto iniciou-se com médicos guineenses e depois estendeu-se aos médicos portugueses! O projeto abrandou um pouco devido a interrupção da TAP (famoso caso de 74 Sírios), por isso, com este II Encontro a Fundação pretende retomar o seu trabalho mais breve possível.

Terminou dizendo que, a Guiné-Bissau agora entrou numa nova fase e o primeiro-ministro Domingos Simões Pereira esta muito preocupado com a saúde dos guineenses, por outro lado, sendo conhecedor do projeto-médico para operar e tratar doentes na Guiné-Bissau, de certeza irá apoiar até ao exaustão para minimizar o encargo ao estado guineense. 

Nilson Silva entrou mandando recados, disse, “a Casa da Guiné-Bissau no Porto não é uma associação, mas, ela esta aberta a todos guineenses e amigos”! Falou em ciúmes que paira por aí etc. etc. Fez um discurso apaziguador pedindo as pessoas que venham a casa que é de todos! Agradeceu a todos presentes, agradeceu a mesa e terminou.

Dr. Carlos Silva (Médico Hospital Amadora-Sintra), não aparenta a idade que tem, ainda goza duma jovialidade incrível! Afirma que chegou de conhecer pessoalmente o Amílcar Lopes Cabral em 1972 em Conacri. Formou-se na Rússia. Falou e conheceu Dr. Mário Soares ainda primeiro-ministro de Portugal numa visita que este realizou a Guiné-Bissau. 

Foi um dos primeiros grupos de médicos guineenses (Formação Pós-graduada em Medicina) que vieram para Portugal. Estudou e trabalhou dia e noite para tirar especialidade em Portugal e não foi fácil!
Disse, estou aqui a dar a cara para que este projeto de tamanha importância para o meu País chegue a um bom porto. Este projeto não deve ser só para os médicos irem operar, mais sim para dar formação aos nossos médicos guineenses no local em várias especialidades e defendeu incansavelmente a formação e ensinamentos as nossas parteiras e enfermeiros que bem precisam! Terminou e pediu a Fundação Ricardo Sanhá para apostarem nos jovens médicos portugueses. Portugal tem muitos médicos e a medicina em Portugal esta bastante desenvolvida. Lamentou bastante sobre a política (golpes cíclicos) na Guiné-Bissau e tudo funcionava logo após da independência, “tudo o vento levou”, é preciso refundar tudo de novo principalmente o nosso sistema de saúde na Guiné-Bissau
Em seguida o moderador abriu o debate ao público, convidando assim os presentes a colocarem questões a mesa. E assim aconteceu, a mesa foi bombardeada com perguntas e elogios.
Professor Doutor Pais, professor catedrático na Faculdade de Medicina do Porto, especialista em clinica e gestão hospitalar disse que adora África, especialmente a Guiné-Bissau. É uma honra ser convidado pela Fundação Ricardo Sanhá e pelo Governo Guineense para fazer parte duma equipa médica de formadores na Guiné-Bissau. Mandou recados para os médicos de Lisboa que vão a Guiné-Bissau e querem mandar, vão para lá é para ajudar. Quem deve mandar e orientar a missão são os próprios guineenses! 
Defendeu: neste pleno século XXI, a nova ordem mundial devia ser ("Health for All”) “Saúde para Todos”. O Professor catedrático acha que a saúde (deve apostar numa Medicina Colectiva) é que deve deslocar as populações! 
Dra. Gina Santos – Médica Pediatra que vive no Porto já uns largos anos, formou-se na Rússia e trouxe a filha pequena a Portugal para profundar estudos em medicina e tirar a especialidade. Disse que teve dificuldade na adaptação entre as línguas: língua materna, Russa e Português, uma realidade diferente das outras. Tudo passou, conseguiu superar e tirou a especialidade em três anos com êxito. 
Pediu e aconselhou o governo guineense a rever o acordo na área de saúde sobretudo na evacuação de doentes para Portugal e na formação de médicos guineenses em Portugal!
Terminou afirmando que esta pronta a colaborar com a Fundação Ricardo Sanhá neste grande projeto.
Levantou-se um médico jovem português “Abreu” e disse estive na Guiné-Bissau como voluntário na zona de Tombali antes do golpe de estado de 2012. Cheguei a conclusão de que trabalhar na Guiné-Bissau não é fácil. Falta tudo! Desde meios materiais e financeiros, o próprio sistema de saúde não é boa. 
Dr. Hans Dabó, médico pneumologista, muito jovem, formou-se na Faculdade de Medicina do Porto. Disse que gostou muito da ideia e do projeto da Fundação Ricardo Sanhá. Defende a (componente formativo) formação dos médicos, enfermeiros e agentes de saúde no local. Quer ir a Guiné-Bissau um dia desses para enterrar bem do sistema de saúde. Terminou afirmando que na Guiné-Bissau, as pessoas morrem por pouco, por coisas simples que podem ser colmatadas! 
Dr. Januário Lima, natural da Guiné-Bissau, também médico formado na Faculdade de Medicina do Porto gostou do projeto da Fundação, mais, mesmo assim questionou a mesa que “gostaria de saber em que molde estes profissionais vão ajudar na Guiné-Bissau? Quem paga a viagem, estadia, alimentação e como”?
Músico/Compositor Juca Delgado prestou um grande esclarecimento no que diz respeito ao protocolo assinado entre a Guiné-Bissau e Governo Português na área de saúde. No acordo que se fez é que Portugal devia ceder a Guiné-Bissau 300 doentes (junta médica) por/ano, mas o nosso País ultrapassa o número acordado, chegando até 2000 doentes por/ano! Sublinhou que há doentes que não devem nem se quer vir para Portugal, os que deviam vir com urgência (evacuados) não vêem, derivado ao nosso sistema político podre! Juca Delgado pediu a todos os presentes que deviam colaborar e ajudar a Fundação a levar este projeto a Guiné-Bissau. 
O Presidente-Coordenador da Casa da Guiné-Bissau no Porto deu por encerrada a cerimónia, às 19 horas, agradeceu a presença e a disponibilidade de todos. 

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