A Polícia Judiciária (PJ) da Guiné-Bissau desmantelou uma rede de desvio de dinheiro proveniente de impostos em conluio com alguns bancos comerciais do país, anunciou o diretor-geral da PJ, Bacari Biai.
Segundo Bacari Biai, no âmbito da operação "Cortar as Unhas", a PJ guineense detetou e desmantelou uma rede que, só em 2016, lesou o Estado em 111 milhões de francos CFA (cerca de 170 mil euros), num esquema que envolveu dois funcionários dos serviços de impostos, um cidadão e colaboradores de alguns bancos, que não quis identificar.
Os dois funcionários dos impostos recebiam os valores, em cheque, que os contribuintes tinham de pagar ao Estado, entregavam a um indivíduo que, por sua vez, fazia o depósito dos valores na sua conta pessoal nos bancos.
De seguida, contou ainda o diretor da PJ, o mesmo indivíduo levantava os valores em dinheiro, dando aos funcionários dos impostos a sua parte, enquanto guardava para si cinco por cento e entregava aos colaboradores dos bancos dez por cento.
"É um processo bem montado. É uma rede bem montada que funciona tal e qual uma organização criminosa", declarou Bacari Biai.
O responsável da PJ guineense abordou igualmente os contornos de uma outra operação de combate à corrupção, envolvendo medicamentos de uso exclusivo do hospital nacional Simão Mendes, mas que apareceram à venda numa farmácia.
O proprietário da farmácia ainda tentou aliciar os agentes da PJ para não avançarem com as investigações.
Bacari Biai contou que o proprietário compareceu na sede da polícia com 1,5 milhões de francos CFA (cerca de 2.300 euros), com os quais tentou aliciar os agentes. Em consequência foi detido, explicou.
A PJ ainda tem em marcha uma outra operação para detetar as fraudes com os pagamentos aos pensionistas do Estado.
Bacari Biai acredita que os processos vão até ao fim, uma vez que a corrupção "é o mal que está a tolher o Estado de direito democrático" e o "desenvolvimento da Guiné-Bissau".
Conosaba/Lusa/MO
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