CIDADÃOS DA GUINÉ-BISSAU QUEREM NORMATIZAÇÃO DO CRIOULO





Um grupo de cidadãos da Guiné-Bissau terminou ontem, em Bissau, a terceira jornada da Kriolofonia para discutir os caminhos para criar normas para o crioulo guineense, falado por mais de 90% da população do país.

O sociólogo Spencer Embaló, da organização da terceira jornada da Kriolofonia, disse à agência Lusa que "saber o crioulo de forma correta também pode levar a que se conheça bem o português e outras línguas".

O Camões, Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa, o Centro Cultural Português e vários cidadãos portugueses a trabalhar na Guiné-Bissau participaram nos "Djumbais" (encontros temáticos), em que foram discutidos os caminhos para normatização do crioulo, em diferentes locais abertos de Bissau.

Num dos 'Djumbais', Filipa Gonçalves, uma investigadora portuguesa, defendeu que ter um bom domínio do crioulo também ajuda na utilização do português.

O sociólogo Spencer Embaló concordou com a ideia e salientou que "o segredo" está no conhecimento da estrutura da língua.

O contrário também se aplica, isto é, quem conhecer bem a estrutura da língua portuguesa não terá dificuldades em praticar ou utilizar o crioulo de forma correta, defendeu Embaló, afastando qualquer antagonismo no uso das línguas crioula e portuguesa na Guiné-Bissau.

A próxima jornada da Kriolofonia está prevista para 2019.

Da edição deste ano, Spencer Embaló destacou "as reflexões e a aprendizagem" recolhidas nos encontros com os alunos de escolas de cegos, surdos e mudos, com os jornalistas que trabalham com o crioulo e ainda com os investigadores e escritores.

A organização quer agora arranjar financiamentos para encomendar um estudo aprofundado da língua crioula para determinar se já é altura para solicitar ao poder político a normatização.

"O crioulo serve-nos neste momento socialmente; é preciso levá-lo a servir-nos formalmente", disse Embaló, que dá um horizonte de 20 anos para que o crioulo seja falado, escrito e utilizado com todas as regras e normas de uma língua.

Conosaba/Lusa/MO

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