Os populares do Sector de Pirada, região de Gabú no Leste do país,
pedem água potável, infraestruturas escolares, rodoviárias e o aumento
de técnicos para o único centro de saúde que dispõem para mais de 29 mil
habitantes do sector. Pirada é constituído por cinco secções e a
pequena cidade de Pirada, conta com mais de cinco mil habitantes, na sua
maioria comerciantes, criadores de gado, bem como de pessoas que
desempenham pequenas atividades agrícolas.
O sector de Pirada fica à 56 quilómetros da cidade de Gabú e é
considerado uma das zonas mais quentes do país, como também é fortemente
ameaçado pelo deserto. O rio que passa pelo sector e que “regava”
algumas bolanhas daquela zona e que era aproveitado como regadio e que
dava água para os animais, encontra-se neste momento totalmente
escorrido, o que obriga os criadores dos animais à percorrerem
quilómetros a procura de água.
De acordo com a população local, a falta de água, melhor dito, a seca
que ameaça o sector tem a ver com o fecho do rio [no território
senegalês] por parte das autoridades daquele país vizinho.
POPULARES DE PIRADA SENTEM-SE ESQUECIDOS PELAS AUTORIDADES GUINEENSES
A preocupação dos populares deste sector foi manifestada ao Chefe de
Estado da Guiné-Bissau, aquando da sua passagem pelo sector no âmbito da
‘Presidência Aberta’ na semana passada, para se inteirar da situação de
vida das populações. O Chefe de Estado informou igualmente aos
populares das razões da crise política e parlamentar que assola o país
há cerca de dois anos.
Uma das maiores preocupações da população local e que querem que seja
resolvida em curto prazo é a questão da falta de água potável, o que
afecta negativamente as suas vidas e as dos seus animais. A cidade
dispõe de um depósito de 15 mil litros para cobrir a necessidade de mais
de cinco mil habitantes.
O depósito instalado conta com sete fontenários usados para bombear
água. Segundo a população local, isso é insuficiente tendo em conta as
suas necessidades e se se tomar em conta as movimentações das pessoas
naquele sector que se situa na linha fronteiriça entre a Guiné-Bissau e o
Senegal.
Conforme as pessoas abordadas pelo repórter, o sector de Pirada foi
esquecido pelas autoridades centrais que apenas se lembra delas nestas
circunstâncias de propaganda política. Contaram ainda que Pirada é um
sector estratégico para a economia do país, por isso devia merecer certa
atenção das autoridades e, sobretudo estas deviam trabalhar para
melhorar a vida das pessoas que lá vivem.
A população local entende ainda que as autoridades guineenses têm
obrigação de melhorar as suas vidas, pelo menos que lhes ajudem com a
água potável e que façam furos de água para os animais. Muitas vezes as
mulheres brigam por água nos fontenários, que são abertas a partir das
12 horas.
ESTRADA DE PIRADA NÃO BENEFICIA DE OBRAS DE REPARAÇÃO DESDE A INDEPENDÊNCIA
A estrada que liga o sector à cidade de Gabú é a via mais usada para a
entrada de camiões que transportam mercadorias a partir do Senegal para
o território nacional, sobretudo para a capital Bissau.
A cidade é muito frequentada por comerciantes que usam a mesma via
para ir fazer compras no Senegal. Muitas vezes os comerciantes passam a
noite na cidade, ou seja, na paragem até o dia seguinte para prosseguir a
viagem.
Ainda de acordo com as informações apuradas, a estrada de pirada
contribui muito para o crescimento do Produto Interno Bruto da
Guiné-Bissau, razão pela qual a população local exige a sua
reabilitação.
Aliás, uma preocupação igualmente levanta por José Mário Vaz, que
deixou orientações claras ao executivo através do titular do pelouro das
Obras Públicas, Marciano Silva Barbeiro, presente no local,
advertindo-lhe que a estrada deve ser reabilitada e que ele (Presidente
da República) voltaria aquela zona no período da campanha eleitoral, mas
antes quer que o troço que liga o sector de Pirada e a cidade de Gabú
seja totalmente reabilitado.
RÉGULO DE PIRADA PEDE PRIMEIRO ÁGUA POTÁVEL, DEPOIS A REABILITAÇÃO DA ESTRADA
O Régulo de Pirada, Serifo Só, contou ao repórter do semanário ‘O
Democrata’ que viveu naquele sector mais de 40 anos e nunca testemunhou
uma obra de reabilitação do troço. Afiançou neste particular que a maior
preocupação da população de momento é a falta da água potável bem como
água para os seus animais, por isso apelou às autoridades que comecem
primeiro com os furos de água, bem como melhoria de condição do
funcionamento do centro de saúde e depois pode-se avançar com a
reabilitação da estrada.
Sobre o fecho do rio no território senegalês, Serifo Só apelou às
autoridades guineense e em particular ao Chefe de Estado para usar a sua
influência junto do governo senegalês no sentido de se encontrar uma
solução que seja benéfica para os dois países, porque a “seca já está a
ser sentida fortemente pela população”.
“O rio já não tem água neste período e as bolanhas estão secas. Os
nossos animais sofrem com isso. É urgente resolver essa situação na base
de boa vizinhança, porque se não a seca tomará a conta do sector. O
sector é muito quente e eu percebi que o nível da temperatura aumenta a
cada dia neste momento. Também fazemos parte da população deste país,
portanto merecemos uma atenção especial do governo”, assegurou o régulo.
Relativamente à situação do ensino, o régulo informou que o sector
possuía apenas o ensino primário (1ª a 4ª classe), mas que nos últimos
tempos foi estendido para o ensino básico complementar, ou seja, de 1ª
classe a 6ª classe.
“Aqui na vila de Pirada temos cinco escolas e todas são do ensino
básico unificado. E contamos ainda com uma escola gerida pela ONG PLAN,
que tem quatro salas de aulas. As autoridades alegam que o sector não
possui o número suficiente de alunos que implicasse a implementação do
ensino secundário (Liceu), mas nós discordamos. Imaginem quantos alunos
saem daqui para continuar o ensino secundário no sector de Gabú. Se
houvesse um liceu aqui, certamente que iriam construir mais
infraestruturas escolares para albergar os alunos”, notou.
Revelou ainda que o maior problema enfrentado neste sector tem a ver
com a falta de infraestruturas escolares, o que permitiria a abertura de
mais salas de aulas e consequentemente o alargamento do nível de ciclo
para liceu, pelo menos até a nona classe (ensino secundário).
Explicou, no entanto, que o sector foi totalmente abandonado pelos
sucessivos governos, porque “desde a independência até à data presente
os sucessivos governos não fizeram nada para desenvolver o sector de
Pirada, sobretudo no concernente às questões da educação, saúde,
infraestruturas rodoviárias e a questão da água potável”.
“Desde a independência, cada vez que recebemos a visita de um Chefe
de Estado, tanto do Presidente Nino Vieira, Koumba Yalá e Malam Bacai
Sanhá, fizemos os mesmos pedidos. Transmitimos as nossas preocupações no
concernente a falta da água potável, saúde, educação e a
infraestruturas rodoviárias, mas nunca essas preocupações foram
resolvidas. Não vamos deixar de pedir ou de transmitir a nossa
preocupação, porque Pirada faz parte deste país e as autoridades têm
obrigação de resolver a nossa situação”, defendeu o régulo.
Em relação a situação da saúde, Serifo Só informou que o edifício do
centro de saúde está em boas condições, dado que beneficiou de uma
reabilitação em 2012, com o apoio de um país amigo da Guiné-Bissau.
Contudo, assegurou que o centro trabalha com limitações em termos de
pessoal técnico para cobrir todo o sector.
Avançou ainda que o número das pessoas que recorrem ao serviço do
centro ultrapassa a capacidade de atendimento do mesmo, razão pela qual
apela às autoridades do país no sentido de aumentar o número de técnicos
e mais serviços no centro, para que assim possa corresponder às
necessidades da população que tem vindo a crescer.
“O que nos envergonha mais aqui é transportar um doente para uma vila
no Senegal, Nhanau. Esta vila fica a 8 (oito) quilómetros de Pirada,
mas tem um centro de saúde com melhores condições em termos técnicos.
Muitas vezes preferimos viajar até lá, em vez de Gabú que é muito mais
longe. Para ir até Nhanau gastamos muito dinheiro, porque paga-se o
aluguer do carro e as consultas. É urgente criar condições para os
nossos hospitais, porque a saúde é muito importante e sem ela não
conseguiremos fazer nada”, disse.
Por: Assana Sambú/MO
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