O país comemorou a jornada nacional de mulher guineense, 30 de janeiro 2017, que assinala o dia da morte da heroína nacional, Titina Silá, no rio de Farim, norte do país. O Jornal O Democrata ouviu três mulheres que se destacaram no exercício das suas atividades, designadamente a Fatumata Djau Baldé, presidente do Comité Nacional para o Abandono das Práticas Tradicionais Nefastas, Helena Assana Said, Responsável da ONG Mozdahir Internacional e a diretora da Informação da Televisão da Guiné-Bissau, Artemiza Bucancil Cabral.
O semanário ‘O Democrata’ ouviu as duas ativistas e jornalista para falarem da contribuição dada pela mulher guineense para o desenvolvimento do país, como também dos constrangimentos enfrentados pelas mulheres no exercício das suas atividades laborais.
FATUMATA BALDÉ DEFENDE APLICAÇÃO DO SISTEMA DE ‘QUOTAS’ PARA OS CARGOS POLÍTICOS
A presidente do Comité Nacional para o Abandono das Práticas Tradicionais Nefastas à Saúde da mulher e da Criança, Fatumata Djau Baldé, defende, durante a sua declaração, a aplicação do sistema de ‘quotas’ para os cargos políticos.
Fatumata Djau Baldé lembra que a mulher guineense, desde a independência, participou com todas as suas capacidades e competências, ao lado dos homens, na busca da dignidade para o seu povo.
“Qualquer pessoa que quer escrever a verdadeira história da luta de libertação nacional, não poderá fazê-lo sem contar com a participação das mulheres ao lado dos homens em todos os aspectos da luta”, assegurou.
A responsável da organização que defende abandono da prática nefasta na mulher e criança acredita que a mulher é capaz de conquistar qualquer lugar de tomada de decisão, desde que esteja num país ondem o concurso público é tido como um dos meios para mostrar a capacidade pessoal. Neste sentido, reclama que a mulher deve ter a mesma oportunidade que os homens quanto às nomeações para os cargos políticos.
“Os homens que estão a ocupar os lugares de destaque na esfera da decisão política, não nos aprovaram que são competentes, pelo contrário, vimos homens que não têm mínima competência a serem promovidos para altas funções do Estado e cargos de dirigentes políticos na governação, por isso é necessário estabelecer um sistema de quotas para os cargos políticos”, acrescenta.
Lembrou que o executivo dirigido por General Umaro Sissoco Embaló está constituído por 37 pessoas, das quais 24 ministros, sem nenhuma mulher a ocupar a pasta ministerial que, em sua opinião, é inconcebível em toda parte do mundo.
ARTIMIZA BUCANCIL DENUNCIA DESCRIMINAÇÃO DAS MULHERES NOS ÓRGÃOS DE COMUNIÇÃO SOCIAL
A diretora da Informação da Televisão da Guiné-Bissau, Artemiza Bucancil Cabral, considera positivo o papel da mulher na comunicação social guineense, após a implementação efetiva da democracia no país em 1994. Lembrou que no período da luta de libertação as mulheres esforçaram e deram duro na então Rádio de Libertação.
“Agora temos mulheres dirigentes da comunicação social, mas antigamente não se verificava devido à descriminação. Impediam-se as mulheres ocuparem cargos públicos ou lugares da tomada de decisões no país. Éramos relegados ao segundo plano como domésticas, ocupando assim dos filhos”, lamenta.
A directora de informação da televisão guineense assegurou ainda que a fraca liderança das mulheres nos órgãos da comunicação social guineense tem a ver com a descriminação que sofrem da parte dos responsáveis dos órgãos. Contudo, avança ainda que as mulheres continuam a lutar para conquistar o lugar na base das suas capacidades.
“As mulheres não têm tendência como os homens de estarem atrás para mendigar a fim de sermos nomeadas para lugares de decisão, por isso sempre fomos relegadas ao segundo plano, mas esta logica não é certa. Queremos que os homens nos dêem uma oportunidade para mostrarmos o que sabemos fazer nessa sociedade que tanto precisa de nós”, implorou.
Por: Aguinaldo Ampa
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