Geralmente, as vítimas dos ataques dos chimpanzés são crianças de idades compreendidas entre os cinco (5) a dez (10) anos. Este último caso aconteceu mesmo dentro da cidade de Empada, ou seja, a menos de setenta (70) metros do centro de saúde setorial e a escassos metros da missão católica local, assim como da Escola Comunitária Ambiental (ECA).
Segundo os relatos do professor Cesário Quartel da Silva, a criança foi atacada barbaramente pelo chimpanzé por volta das onze (11) horas de manhã, quando a vítima e três outros colegas foram à procura de calabaceira (fruto silvestre) e de regresso, a criança foi agredida por Chimpanzé que os seguia de volta à casa. Depois de um grito de socorro, Bacar, vítima, foi socorrido por um dos jovens que estava na zona de agressão.
“As crianças estavam numa limpeza na ECA, inaugurada no último fim-de-semana. As salas estavam sujas e era necessário deixa-las num ambiente confortável. Despois dos trabalhos na escola decidiram ir buscar calabaceira, o sítio onde foram procurar calabaceira não dista da ECA. De volta foram seguidos por chimpanzé, que acabou por atingir gravemente a vítima Bacar N’tchassó. O resto de outras se dispersou do animal e conseguiu escapar-se do perigo. Bacar N´tchassó que ficou no local por conta própria não conseguiu e foi dominado pelo animal, que deixou ferimentos um pouco por todo corpo do menor”, explicou Cesário Quartel da Silva numa entrevista telefónica ao jornal ‘O Democrata’.
Bacar N’tchassó é natural da região de Tombali, concretamente, na aldeia de Timbó. Foi viver para Empada muito menor, porque a mãe dava luz e os filhos não conseguiam sobreviver, por isso depois do nascimento de Bacar resolveram tirá-lo de Timbó e lavá-lo para setor de Empada para ser educado [criado] pela avó.
A gravidade das lesões sofridas pelo menor foram reportadas pela equipa médica do centro de saúde de Empada (Hospital Rui Djassi), onde Bacar recebeu os primeiros socorros no dia 5 de dezembro, antes da sua evacuação para Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau no dia 6 de dezembro.
Segundo as informações médicas, Bacar N’tchassó vai precisar de uma intervenção cirúrgico-plástica devido às lesões graves, sobretudo na parte direita do rosto, se não ficaria com uma enorme cicatriz traumatizante.
Setor de Empada já registou, de outubro a 5 dezembro de 2016, sete (7) agressões de chimpanzés, apenas uma não foi grave, as seis outras todas foram graves, conforme relatos médicos.
Solicitado a pronunciar-se sobre os mecanismos a serem levados a cabo pelas autoridades locais e populares, Cesário Quartel da Silva recorda que na penúltima agressão de chimpanzés datada de 10 de outubro, a administração do setor, convocou os anciões de Empada para um encontro, onde discutiram a maneira de travar os ataques dos animais, no qual todos prometeram engajar para pôr cobro à situação, mas decorridos três meses o setor volta a registar nova agressão.
Agora as explicações vindas do senso comum e que se pode ouvir dos habitantes de Empada, apontam que os ataques relacionam-se à prática de feitiçaria, Empada.
Cesário Quartel da Silva, professor há dezasseis anos em Empada, disse que ao longo dos anos que trabalhou naquele setor sul da Guiné-Bissau, nunca algo parecido tinha acontecido, acrescentando que mesmo as pessoas que há trinta anos estão em Empada testemunharam que nunca tiveram visto ou ouvido algo semelhante, em Empada.
A priori as explicações recaíram sobre as frutas silvestres que os homens exploram e os animais tentam as proteger, mas neste momento, a principal fruta que é o fole já não há nas matas, mas os chimpanzés continuam com seus ataques.
Os relatos da comunidade local indicam que houve uma reunião realizada numa das tabancas do setor de Empada, segundo as crenças locais, para clarificar a situação dos Chimpanzés que atacam crianças.
Na reunião, de acordo com as informações da população, falou-se do aparecimento misterioso de chimpanzés e uma das mulheres que estava no encontro reclamou que nunca teria hospedado alguém que se transforma num animal (Chimpanzé), neste caso específico, e atacar as crianças.
A Fonte de O ‘Democrata informou que a criança agredida pelos Chimpanzés é uma das crianças educadas pela mulher que recusou, no campo de feitiço, ter recebido os Chimpanzés, de acordo com os relatos que circulam no sector de Empada.
Recorde-se que as agressões de Bacar N’tchassó assemelham-se ao do terceiro caso de ataques de chimpanzés ocorridos na tabanca de Buducu, arredores da cidade de Empada.
Por: Assana Sambú/Sene Camará
Foto: Cesário Quartel da Silva
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