Porta-voz do MCCI, Lesmes Monteiro: “VAMOS DAR UM BENEFÍCIO DE DÚVIDA AO NOVO GOVERNO E AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA”



O porta-voz do Movimento dos Cidadãos Conscientes Inconformados, Lesmes Monteiro afirmou que a organização que representa vai dar um benefício de dúvida ao novo governo e ao Presidente da República, porque conforme disse o “Presidente da República tomou uma decisão que nas suas faculdades mentais acredita que é a solução plausível para estancar a crise, mas, no entanto, vamos responsabilizar o Presidente se essa decisão não vier acabar com a crise”.

O jovem ativista falava durante a entrevista para a nossa rúbrica “Grande Entrevista” para abordar a questão da nomeação do novo primeiro-ministro como uma das soluções para o fim da crise, bem como a situação da ligação dos membros do movimento com os líderes políticos.

Lesmes Monteiro explicou durante a entrevista que o movimento dos cidadãos conscientes inconformados não apoia neste momento nenhum ator político, portanto “o que nós apoiamos é a Guiné-Bissau, ou seja, aquilo que nós achamos que é o melhor para o nosso país”.
“Estamos numa situação muito difícil em que não há aulas nas escolas públicas e a situação da saúde está a deteriorar, como também o nível de vida das populações está a ganhar contornos negativos imprevisíveis. Nós enquanto cidadãos ou organizações de massa queremos ver satisfeita os interesses do povo. Se os decisores políticos chegarem a um consenso e mesmo se não satisfaz toda a parte, mas nós enquanto o povo vamos aguardar pelo desenrolar da situação”, notou.
OD: O movimento tem exigido a dissolução do parlamento e a renúncia do próprio Presidente da República. Com a nomeação do novo chefe do governo, vai continuar a vossa reivindicação?
LM: O Movimento de Cidadãos Conscientes Inconformados é uma organização de massa da população principalmente com vista a condicionar a atuação dos políticos a nível nacional. E neste momento o que nós pretendemos com as nossas manifestações desde o início desta crise é a sua erradicação total. Se podemos conseguir pôr o fim da crise através do entendimento dos políticos, portanto isso é muito bom para nós.
Aliás, tudo o que queremos é a funcionalidade do aparelho de Estado que tem sido paralisado sistematicamente por causa das crises políticas cíclicas. Se consideramos que temos um país que se diz democrático, mas infelizmente todos nós sabemos que a democracia não funciona na Guiné-Bissau. Não iniciamos as nossas reivindicações com a queda do segundo e nem do terceiro governo, aliás, já tínhamos manifestado as nossas inquietações relativamente a situação política que se vive no nosso país desde o golpe de Estado de 12 de Abril de 2016.
Eu pessoalmente fiz aquilo através de facebok e perdi muitos amigos por causa daquele ato, e agora ganhou mais ênfase. Porque neste momento já somos maduros e temos a consciência clara do perigo que estas crises cíclicas representam para o país. Se lembrarem bem no início nós tínhamos exigido ao Presidente a resolução imediata da crise política. Fizemos aquela manifestação a frente do Palácio e que coincidiu com a vinda da Presidente em Exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Ellen Johnson.
Infelizmente fomos recebidos daquela forma pelas forças da ordem que dispararam o gás lacrimogénio contra nós. Atuação das forças de segurança fez com que a manifestação ganhou mais força. Essa atitude da polícia levou-nos a descobrir que além de estarmos a lidar com um Presidente que parece não estar interessado a estancar a crise. Também estamos a lidar com uma pessoa que está a ordenar a proibição da manifestação, bem como está autorizar a intimidação e a represália contra os manifestantes.
Obviamente que não podíamos conter o ânimo das pessoas, por isso, resolvemos avançar com outras exigências que é a dissolução da Assembleia Nacional Popular ou a renúncia do próprio Presidente da República. Pois, estava a demostrar a incapacidade em fazer cumprir o ‘Acordo de Conacri’. Hoje com a nomeação do novo primeiro-ministro e, nós enquanto movimento de cidadãos conscientes e inconformados achamos por bem que vamos dar um benefício de dúvida ao novo governo e ao Presidente da República.
Achamos que o Presidente da República tomou uma decisão que nas suas faculdades mentais acredita que é a solução plausível para estancar a crise, mas, no entanto, vamos responsabilizar o Presidente se essa decisão não vier acabar com a crise. Nós exigimos a dissolução do parlamento, mas ele apresentou-nos uma outra decisão que é a nomeação do novo primeiro-ministro que pelos vistos é fora do quadro normal constitucional, mas nós aceitamos.
Porque saiu de uma conversação, ou melhor, de um acordo em que todos os atores estavam implicados. Se foi o nome escolhido em Conacri ou não, nós não somos partidos políticos para defender aquilo.
OD: O benefício de dúvida dado ao novo primeiro-ministro por movimento é o sinal do apoio que os cidadãos inconformados pretendem demostrar ao General Sissoco?
LM: Não… o movimento não apoia neste momento nenhum ator político. O que nós apoiamos é a Guiné-Bissau, ou seja, aquilo que achamos que é o melhor para o nosso país. Estamos numa situação muito difícil em que não há aulas nas escolas públicas e a situação da saúde está a deteriorar-se, como também nível de vida das populações está a ganhar contornos negativos imprevisíveis.
Nós enquanto cidadãos ou organizações de massa queremos ver satisfeita os interesses do povo. Se os decisores políticos chegarem a um consenso e mesmo se não satisfaz toda a parte, mas nós enquanto o povo vamos aguardar pelo desenrolar da situação.
Não é que estamos contra ou estamos a favor do novo primeiro-ministro. Queremos que fique bem claro que não temos nada pessoal contra o novo primeiro-ministro e nem contra o Presidente da República, mas o que estamos a combater é todo um sistema implementado.
O certo é que acreditamos que qualquer nomeação decorrente de Conacri não ia resolver o problema, porque com essa nomeação o PAIGC com a União para a Mudança e mais outras formações políticas já fizeram saber que não apoiam a nomeação de Umaro Sissoco Embaló.
Se ponhamos que a escolha recaia no Augusto Olivais apoiado pelo PAIGC, portanto os outros atores políticos, o Grupo dos 15 deputados, o PRS e mais outras formações políticas que agora têm na prática a maioria parlamentar não vão apoiar o governo e consequentemente não vamos ter aprovação do programa do governo.
Estamos apenas a adiar o problema e, é por isso que avançamos com a ideia da dissolução do parlamento e a criação de um governo da iniciativa parlamentar ou de consenso que vai gerir o país num determinado período para podermos organizar as eleições.
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OD: Movimento apresenta-se como uma organização que defende a legalidade e já com a nomeação do novo primeiro-ministro. Que metodologia o movimento utilizará para prosseguir com a sua luta no atual contexto político, onde se perspetiva já a formação do governo?
LM: Surgimos num contexto da crise, mas a nossa luta não vai limitar apenas nos quadros políticos. Podemos dizer que é uma ação da cidadania que vai abranger várias áreas e neste momento estamos a ponderar lançar uma iniciativa para apoiar a seleção da Guiné-Bissau, porque acreditamos que temos a voz.
Temos tido apoios e seguidores e não só na Guiné-Bissau, mas em todos locais onde existem os guineenses e, eu acredito que 80 a 85 por cento apoiam a iniciativa deste movimento. Achamos por bem que enquanto patriotas temos que dar também a nossa contribuição para não ficar apenas a criticar e centralizar nos aspetos políticos.
Nestes termos estamos a delinear estratégias no sentido de apoiar “Os Djurtus”, mas essencialmente com o objetivo de conseguir levar um número significativo de adeptos guineenses que irão apoiar a nossa seleção nacional em Gabão.
Em termos políticos temos ainda outras ações, por exemplo, se o programa do governo e o orçamento passar no parlamento, então vamos avançar com outra iniciativa de atacar os governantes no sentido de deixarem circular com as viaturas oficiais do Estado nas horas inapropriadas e durante o fim-de-semana. Acreditamos que isso tem acarretado vários custos ao Estado, bem como é a razão da degradação das viaturas do Estado.
Constatamos aqui os filhos e sobrinhos dos governantes a circular com as viaturas oficiais do Estado nas discotecas e noutros locais públicos, portanto achamos que isso é grave. Nós enquanto cidadãos, acreditamos que podemos ajudar com as ideias para estancar essa prática. Vamos apresentar um leque de propostas ao governo e inclusivo ao Presidente da República, sobre as futuras reivindicações que vamos fazer.
O que nós queremos de fato fazer é condicionar atuação dos políticos, mas sobretudo mudar a forma como as pessoas encarram ou fazem a política na Guiné-Bissau. Não tem que ser servir da política para resolver os interesses pessoais, mas sim dedicar na política para resolver os aspetos que nos diz o respeito a todos. Essa luta vai continuar e não vai ficar por aqui!
OD: Movimento é conotado com o PAIGC, ou seja, é tido como uma célula daquela formação política. Quer fazer um comentário sobre isso, ou melhor, explicar as circunstâncias que nortearam a criação do movimento?
LM: É assim, estamos num país onde existe a liberdade de expressão, mas o guineense tem um amor pela intriga e pela difamação. Eu posso assegurar-vos que neste momento nós, nos olhos do PAIGC, somos pessoas respeitadas.
Somos pessoas dignas, porque o PAIGC sabe que não colocou nenhum tostão na nossa organização. A iniciativa não é do PAIGC e não visa satisfazer o interesse do PAIGC. Nós definimos o que é o melhor para a Guiné-Bissau.
Decidimos nos posicionar do lado que nós acreditamos que é de verdade, portanto não importa que coincida ou não como que o PAIGC pretende ou não… vamos continuar fazer a nossa ação e até hoje mesmo o Estado da Guiné-Bissau que pode controlar as nossas telefonemas e os nossos correios não consegue apresentar as provas de que somos aliciados pelo PAIGC. Enquanto isso eu lamento profundamente, porque já estes aspetos de calúnias e difamação é bem crónico na Guiné-Bissau.
Mas isso não vai nos impedir de fazer o nosso trabalho. Hoje é o Presidente, hoje é o poder instituído e a amanhã será o PAIGC. O PAIGC tem tanto medo da nossa organização quanto as outras autoridades, ou melhor, as outras instituições políticas na Guiné-Bissau. Hoje poderá se pensar que estamos a resolver agenda do PAIGC que não corresponde a verdade. As pessoas devem dar tempo ao tempo, porque amanhã vamos estar contra o PAIGC.
O PAIGC é um dos responsáveis também desta crise. O Presidente da República é do PAIGC. Nós enquanto o povo não podemos estar a exigir o PAIGC, porque a decisão que nós queremos não está com o PAIGC, mas sim está com o Presidente da República. Nós enquanto cidadãos devemos exigir o Presidente José Mário Vaz.
Outra questão bem importante no que concerne a este aspeto da conotação com o PAIGC é de realçar que nós somos jovens formados. Não trabalhamos no Estado e temos colocado o nosso dinheiro para a manutenção do movimento.
Quero aproveitar para explicar que o movimento surgiu nos meados do mês de Janeiro deste ano, aliás, não surgiu com a queda do governo de Domingos Simões Pereira como muitas pessoas têm falado. Eu pessoalmente já vinha escrevendo vários artigos no facebok, portanto as pessoas que me acompanham sabem que eu criticava sempre atuação dos políticos. Principalmente do Presidente da República que eu pessoalmente acredito que é um dos principais responsável desta crise, porque eles tinham tudo para dar certo.
Nós fomos a mesa redonda foram prometidos rios do fundos para a Guiné-Bissau e o Presidente decidiu simplesmente demitir um governo eleito pelo povo. Ele poderia até ter razão, mas o momento não era oportuno e qualquer guineense intelectualmente honesto vai compreender que aquela decisão do Presidente tem colocado o país no caos até hoje, porque o Presidente não tem uma alternativa plausível até neste momento.
O risco que isso tudo acarreta é, que amanhã vamos ter pessoas traficantes e pessoas perigosas a ocupar altos cargos na Guiné-Bissau, porque basta ter o dinheiro e para já não basta ganhar as eleições. Podemos ir as eleições e gastar rios de fundos, depois vem uma pessoa com dinheiro comprar consciência de 20 deputados e criar um governo para dirigir a Guiné-Bissau. O grande risco disso é que vai engajar o Estado da Guiné-Bissau em compromissos duvidosos que nós no futuro vamos ter que pagar ou os nossos filhos.
Este é um risco que não podemos aceitar nesta terra e qualquer guineense honesto e intelectual tem que compreender isso e independentemente de estar do lado deste ou doutro.
OD: O que é preciso fazer para estancar essa prática no entender do movimento?
LM: É preciso um renovar não só de esperança, mas também de um despertar da consciência cívica da população, porque a população pode condicionar a atuação dos políticos.
Temos tido políticos que no nosso entender não são ignorantes, mas sim são pessoas intelectuais com formação académica, mas têm aproveitado e abusado da passividade e do conformismo deste povo. Mas a verdade é que esta vaga de manifestações e pressões que se regista agora da parte dos movimentos de cidadãos, vai provocar uma mudança de paradigma, ou seja, vai mudar a forma como as pessoas encarram ou fazem a política na Guiné-Bissau. É aquela lógica ir para resolver o problema, onde a pessoa se interessa ficar o ministro eternamente, porque consegue resolver os seus problemas através do posto que ocupa.
OD: Há vozes que alegam que estão a procura de afirmação no cenário político guineense…
LM: Não tem nada a ver…eu pessoalmente daqui há 5 a 10 anos ninguém vai ver Lesmes na política. Não estou disposto e nem estou preparado para ocupar nenhum cargo do relevo na Guiné-Bissau. Tenho os meus desafios pessoais… quero fazer mestrado. Tenho que saber falar no mínimo o inglês e francês aquilo que não tenho neste momento, portanto não posso estar a pensar no poder.
OD: Essa é a mesma ideia defendida por outros elementos do movimento?
LM: Sim defendemos essa ideia no movimento. No dia em que algum elemento do movimento e principalmente da direção ocupar um lugar do ministro ou de assessória do gabinete jurídico do ministro ou melhor um posto de relevo, portanto eu, Lesmes Monteiro não vou fazer parte do movimento.
Que fique claro que não estamos a procura de afirmação nem hoje e nem amanhã e, muito menos estamos a procurar resolver os nossos problemas. Estamos apenas atuando em termos patrióticos, porque acreditamos que este país merece mais. Têm surgido vozes tanto em Bissau e como na diáspora no sentido de transformamos o movimento numa formação política, mas isso não faz parte do nosso plano.
Aliás, nós entendemos que a sociedade civil não deve governar. Para nós a sociedade civil tem que funcionar como um elemento de pressão contra os partidos políticos e contra os próprios políticos. A quem cabe governar num sistema democrático são os partidos políticos e quem quer governar tem que ser político.
OD: Constatou-se a presença dos dirigentes do PAIGC nas duas manifestações protagonizadas pelo movimento. Tem uma explicação sobre o sucedido?
LM: Essa é uma das questões que as pessoas nos têm colocado e principalmente a nível das redes sociais, mas a grande verdade é que nós não podíamos estar a exigir a liberdade de manifestação e de expressão, depois passemos a proibir as pessoas irem a manifestação.
Outra coisa a entrevista dada pelos ex-dirigentes do PAIGC não está no nosso controlo. Eles foram lá como cidadãos e eu acredito que eles têm o direito. Mesmo o Presidente da República se ele acredita que a luta que estamos a fazer é benéfico para a Guiné-Bissau, pode participar na manifestação. Uma coisa que eles não podem fazer é pronunciar-se em nome do partido. Aliás, como se sabe, dentro do nosso movimento temos pessoas de diferentes sensibilidades políticas. Temos pessoas do PRS, pessoas ligadas ao partido de Nuno Nabiam, pessoas do PAIGC e de outras formações políticas. Enquanto o movimento não identificamos com nenhum partido.
Esta nossa pretensão também coincide com a pretensão do Nuno Nabiam neste momento, porque é que as pessoas não vão dizer que o Nuno Nabiam nos deu o dinheiro. Ou mesmo as outras formações políticas como por exemplo, a União para a Mudança, o PND ou PCD nos deu o dinheiro.
OD: Não receberam dinheiro do PAIGC e de outras entidades?
LM: Não recebemos nada de nenhum político. Se as pessoas tiverem provas de que fomos aliciados que sejam divulgadas através das redes sociais ou outros canais que acham pertinentes para o efeito. Por exemplo, na última manifestação não gastamos mais de 500 Euros, ou melhor, mais de 350 mil francos cfa.
A primeira manifestação que fizemos no dia 05 de Novembro, conseguimos a plataforma através do empresário Braima Canté (Soioio) que nos emprestou e o material dos sons foi alugado no mesmo local através de quota de diferentes pessoas que estiveram na manifestação e temos a lista de contribuição. Conseguimos água e pão que distribuímos para as pessoas graças a contribuição das pessoas no local, onde alguns deram 100, 200 e até mais mil francos CFA.
Na última manifestação alugamos uma plataforma, porque não conseguimos a plataforma de Soioio, dado que estava a carregar contentores no porto de Bissau. Tivemos que alugar o material de sons de Aguinaldo (AguiSons) e mais plataforma no valor de 220 mil francos CFA. Um guineense que trabalha numa organização internacional em Mali é que nos apoiou, porque ficou satisfeito com o nosso trabalho.
Temos tido a conversar nos últimos tempos através da rede social por causa da nossa atividade e ele manifestou o interesse de nos apoiar. Eu disse para ele que se quiser apoiar que envia o dinheiro para a família dele que vai comprar água ou alguma coisa para nos apoiar. No dia da manifestação devíamos dar um avanço de 120 mil francos CFA para alugar o material de sons e a plataforma, mas não tínhamos nenhum dinheiro.
A mãe daquele jovem guineense que trabalha em Mali me ligou na manhã daquele dia para informar que o filho enviou o dinheiro no valor de 80 mil para apoiar o movimento. E liguei para os colegas para informar-lhes sobre aquele apoio, então a pessoa que foi buscar o dinheiro fez uma declaração que recebeu o dinheiro no valor de 80 mil FCFA destinado ao apoio de atividades do movimento.
Conseguimos também uma outra ajuda de um despachante que se chama Saliu, eu contactei-lhe que tínhamos dificuldade financeira para alugar os materiais e ele prontificou em nos ajudar com 50 mil francos CFA. Naquele dia da manifestação o Aguinaldo estava lá atrás a puxar a calça de Bernardo no sentido de concluirmos o pagamento, portanto essa situação levou o Bernardo a decidir tirar o dinheiro da sua conta particular para pagar o montante de 100 mil francos CFA que restava do aluguer de materiais.
OD: Lê-se nas redes sociais, ou melhor, nos blogues a troca de correio-electrónicos entre os dirigentes do movimento e o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, onde abordaram a questão da criação do movimento. Quer fazer um comentário sobre isso…
LM: Eu não creio que se aquilo é verdade… eu sou um dos dirigentes dos Cidadãos Conscientes Inconformados e para mim é ridículo, porque é que o meu nome e o meu endereço não está naquela correspondência. Eu estive no início da criação do movimento, portanto acho que talvez o meu endereço podia estar na cópia.
Outro aspeto muito importante é que as pessoas fizeram a cópia do meu endereço e puseram no blogue, onde alegam que eu fiz alguma correspondência com o João Bernardo Vieira, ex-Secretário de Estado de Transportes e Telecomunicações. Eu desafiei essas pessoas que se tiveram alguma coisa como têm acesso ao meu endereço que tornem público, porque não basta dizer que houve troca de e-mail entre uma pessoa e outra para chegar a conclusão, no entanto, que houve um aliciamento do autor político ao movimento.
Uma coisa mais importante é que o PAIGC tem mais capacidade de mobilização, porque tem militantes e em termos financeiros está mais a vontade do que o movimento. Porque é que o PAIGC vai esconder atrás do movimento e se o próprio PAIGC pode fazer uma manifestação com uma proporção mais elevado.
É de lamentar este facto e muito, porque estamos a fazer as nossas reivindicações com os nossos parcos meios e a vontade próprio, mas infelizmente as pessoas estão nos associar coisas de baixo nível. Vamos continuar a apelar as pessoas que se tiveram provas concretas relativamente ao aliciamento de um ou outro membro do movimento, que nos façam o favor de as tornar público.
Por: Assana Sambú
Foto: Marcelo N’canha Na Ritche

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