O Secretário-Geral Adjunto das Nações Unidas e Secretário Executivo da Comissão Económica da ONU para a África concedeu entrevista ao Vanguarda.
Carlos Lopes, Secretário-Geral Adjunto das Nações Unidas e Secretário Executivo da Comissão Económica da ONU para a África é a figura da Grande Entrevista para o Jornal Vanguarda.Confira um excerto da entrevista concedida ao periódico.
Os fluxos financeiros ilícitos que saem de África alimentam também a corrupção, segundo o relatório Mbeki, mas há uma classe média em ascensão que espera muito dos políticos. Como se resolve este problema?
Há uma comissão para estudar os ilícitos financeiros em África, foi instituída pela União Africana e pela Comissão Económica de que o presidente Mbeki é o presidente e eu sou o vice-presidente. Agora, é muito importante que os africanos não dependam das matérias-primas. E é verdade que África já depende muito pouco das matérias-primas. Portanto, a parte relativa à indústria extractiva, por exemplo, é muito reduzida. Só que quando se trata de exportações, os africanos continuam gravemente dependentes de exportações de matérias-primas não processáveis, representando cerca de 60% das exportações do continente e estas estão sujeitas a uma grande volatilidade de preços e procura. Como é que nós damos a volta a isso?
Primeiro, admitindo que a composição das exportações na economia de cada país, e logo na economia do conjunto do continente, não é tão importante como pode ser. Claro que na realidade é importante para os governos, porque eles vão buscar as suas fontes de renda e porque também fazem grandes esforços para lidar com o resto da economia.
E quando não lidam com o resto da economia, a maior parte desta economia, na qual eles não tratam, é informal. Nós temos que formalizar a economia real, onde se vai puxar a actividade económica, que neste momento está em franco crescimento, porque dois terços do crescimento africano vem da procura interna.
Mas isto tudo está a escapar aos aparelhos fiscais, porque ficam, entre aspas, na preguiça, a receber a renda das matérias-primas, e quando se trata da actividade económica dos seus países muitas vezes perdoam o pagamento de impostos aos grandes actores económicos do país, que muitas vezes são as mesmas empresas extractivas. Isto aqui é uma aberração, em que em vez de se baixar a economia real, fica-se a sugar do leite oferecido pelas exportações.
Isto e muito mais, na edição do Vanguarda, brevemente nas bancas.
Conosaba com mercado/MO
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