Tanto entre a população da Guiné-Bissau como entre quem no exterior segue o que lá se passa, existe um sentimento generalizado de profunda frustração com o persistente impasse político e suas consequências.
Caíram os governos de Domingos Simões Pereira, de Baciro Djá e de Carlos Correia, qualquer dia poderá cair o de Baciro Djá pela segunda vez; e o Presidente José Mário Vaz é muito mal visto por uma parte substancial dos seus compatriotas.
Devido à falta de entendimento dos principais órgãos de soberania, o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional estão se mais ou menos nas tintas para os sofrimentos do povo guineense.
No dia 30 de Agosto passado, o Conselho de Segurança das Nações Unidas teve um briefing, seguido por consultas sobre a Guiné-Bissau, aquelas intermináveis consultas que se arrastam desde há anos.
Foram ouvidos o maliano Modibo Touré, representante especial do secretário geral Ban Kimoon, o embaixador uruguaio Luís Bermudez e o embaixador brasileiro António de Aguiar Patriota.
Um relatório do secretário geral apresentado no início de Agosto declara que o progresso alcançado após as eleições de 2014 retrocedeu. Três sucessivas mudanças de Governo e um longo período de paralisia política levaram nos últimos 12 meses ao desgaste ainda maior das instituições do Estado.
As reformas nos sectores da defesa, da segurança e da justiça foram suspensas, pelo que nem doadores nem investidores desejam fazer seja o que for pela GuinéBissau.
Mantém-se um regime de sanções, para que as forças de segurança e de defesa não voltem a interferir na vida política de um dos mais infelizes países africanos.
No entanto, o risco de uma nova intervenção dos militares poderá aumentar se a crise política persistir, se não houver reformas e se os soldados não forem pagos.
Responsáveis pelo golpe de estado de 2012, como Ibraima Camará, António Injai, Estêvão Na Mena, Daba Naualna ainda estão impedidos de se deslocar ao estrangeiro, mas em 30 de Junho último Naualna foi nomeado presidente do Supremo Tribunal Militar; e Tchipa Na Bidon presidente do Tribunal Militar da Região Centro.
Enquanto o Presidente da República, o presidente da Assembleia Nacional e os dirigentes dos principais partidos não se conseguirem entender, a Guiné-Bissau não avança, não sai do atoleiro. Por mais relatórios que o secretário geral das Nações Unidas elabore, por mais reuniões que o Conselho de Segurança faça.
À falta de um milagre, ou de uma completa regeneração da classe política, a Guiné-Bissau é um tremendo equívoco. Um pequeno e extremamente complexo país pós-colonial, ainda à procura de si próprio.
"Desde a guerra da libertação até agora, a Guiné-Bissau não dá nem um passo em frente", disse-me há dias um rapaz de 22 anos que pretende deixar Guiné-Bissau e prosseguir os estudos na Europa.
"Quando terminámos a guerra do 7 de Junho (1998/1999), apareceu um Governo do dr. Kumba Ialá e, infelizmente, piorou tudo, até agora. Tínhamos esperança no Governo de Domingos Simões Pereira, mas caiu", acrescentou aquele meu correspondente, que por motivos óbvios não identifico.
"Até agora não encontrámos uma solução para o país.
Lamento imenso a triste sina do meu povo", afirmou ainda o mesmo jovem. Um dos tantos que tentam encaminhar-se para Portugal, o Senegal ou o Brasil, por não verem qualquer
esperança no solo pátrio.
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