A ONU realiza até ao final do mês um encontro com personalidades políticas guineenses e representantes da comunidade internacional para debater a situação do país em busca de um pacto de estabilidade, revelou ontem o enviado especial do Secretário-Geral para a Guiné-Bissau.
Miguel Trovoada disse ser fundamental que se chegue a um entendimento para o avanço da Guiné-Bissau e que era importante realizar um fórum de debate e reflexão com órgãos do Estado, partidos políticos, sociedade civil, forças religiosas e povo em geral para falar das causas da instabilidade e das grandes vantagens que advinham com uma plataforma que garanta a estabilidade.
“Vamos promover essas jornadas de reflexão sobre a problemática da instabilidade. Prevemos para 27 e 28 do mês de Abril, com a participação de algumas entidades do exterior”, afirmou Miguel Trovada, que falou sobre a iniciativa num encontro com o presidente guineense, José Mário Vaz, que concordou com a realização da reunião “de grande importância” para o país.
O enviado especial do Secretário-Geral para a Guiné-Bissau falou das suas expectativas em relação à sessão parlamentar de hoje, a primeira após o retorno de 15 deputados que pediram estatuto de independentes na sequência da sua expulsão do PAIGC. “O Presidente da República fala à nação durante a mensagem à Assembleia Nacional Popular. Aguardamos para ver quais são as pistas, vozes e ideias do Presidente.
O que espero é que se entenda que já é altura de se ultrapassarem essas questões de interpretação, de acordo do que é o interesse de grupos, da constituição e de mais leis. Estamos a meio ano da legislatura, perdeu-se muito tempo. A partir de agora, era bom que uns e outros se concentrassem. É fundamental um entendimento para o país avançar”, disse Miguel Trovoada.
O anúncio do enviado especial do Secretário-Geral da ONU acontece depois de uma alta dirigente do braço feminino do PAIGC afirmar que “apenas a realização de eleições gerais antecipadas” podem tirar o país da “situação caótica e que piora a cada dia que passa” em que se encontra devido ao bloqueio das instituições.
A antiga ministra da Solidariedade Social e actual secretária-geral adjunta da União Democráticas das Mulheres, Bilone Nhasse, acusou o Presidente José Mário Vaz e o Partido da Renovação Social, líder da oposição, de serem os autores “do bloqueio do país”.
As instituições guineenses, lamentou, não funcionam “a ponto de as ajudas internacionais prometidas na mesa-redonda de Bruxelas estarem comprometidas, assim como a campanha da comercialização da castanha de caju”, o principal produto de exportação da Guiné-Bissau.
Jornal de Angola
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