Tem nas veias sangue guineense, cruzados com mandingas do Oio, Origens que justificam o seu futebol feito de coração, arte, e raça. Ele pertencia a elite de jogadores com capacidade de definir, como se diz na gíria desportiva, ou seja, é daqueles jogadores que viram sozinho o curso de um jogo e ganham títulos com isso.
Nasceu em Bissau, Bairro chão de papel (Timbora ao pé da central eléctrica), em 1938. Deu os primeiros passos no futebol ao serviço de “onze Africanos, que representava durante duas épocas. Posteriormente assinou em 1954/55 pelo Benfica de Bissau. Mas foi no Benfica que ele iniciou a verdadeira carreira, grande aventura da sua vida como jogador, foi lançado na equipa principal. Cumpriu apenas três presenças, mas deixou os adeptos de “água na boca” e esperançosos em relação a mais um produto de extraordinário valor. A época seguinte foi de amadurecimento, devidamente moldado e explodiu definitivamente. Considerados por entendidos do futebol o melhor ponta de lança de sempre da Guiné e um dos melhores de África.
Foi na geração de Nhartanga, Tato, Maurício, Adão, Didi,Corca Só, Mário, Bobó Queta, Júlio Semedo, Valdemar de Oliveira, Marcelino Cassama, João de Deus, Joãozinho, D`Jinha, Douglas,Honório César Vieira, Lino Gomes, Sadá, e Chico. Que colocavam a Guiné-Bissau no mapa como uma das melhores selecções da África.
Havia sim ciência de facto no apuramento sucessivos da Guiné na taça “ Kwame Kruma, ”Tinha a ver com qualidade de jogadores, mas especialmente com o seu crescimento em ambiente de treino e de profissionalismo muito diferentes dos que eram e ainda são praticados na Guiné.
Nhartanga, era um chefe tribal dentro de uma equipa, tinha suplemento de carácter que lhe permitia ser líder, um líder natural, que não precisa de ser brusco, que nunca precisa ocupar lugar dos outros, e isto é fundamental num jogador que exerce liderança.
Em 1961, por interesse do Benfica de Portugal pelos serviços do avançado, contrata-o e tendo por colegas da equipa nomes como José Augusto, Torres, Santana, Eusébio, Mário Coluna, Nhartanga passava, na época de estreia, por um período de adaptação, em que não conseguia ser presença regular da equipa. Porém, na época seguinte foi dispensado para Beira Mar (Aveiro) e onde jogou e terminou a carreira como jogador; ainda vive nessa cidade.
Pelo seu talento distinto, pelo perfume do seu futebol, merecia inequivocamente, uma atenção especial a sua pessoa foi um génio, maior avançado do sempre do futebol guineense. No futebol português, acabou por ser vítima de uma série de condicionantes… que afectaram, em grande medida o seu futebol. Por isso, nunca conseguiu ir tão longe como o seu talento permitia, por isso foi “apenas” um grande jogador de futebol, quando poderia ter sido um dos maiores futebolistas mundiais.
A história de Nhartanga é a história de um campeão reconhecido não pelo talento mas, sobretudo, pelo profissionalismo e pela personalidade. Ponta de lança possante, fenómeno goleador ímpar João Lopes Cardoso (Nhartanga), foi um goleador que marcou uma era no futebol guineense; com jogo de cabeça absolutamente extraordinário, fazia muitas vezes das defesas meros figurantes e marcava golo. Festejava então com os colegas e o público, que celebrava não só o golo, mas igualmente a aparente facilidade como acontecia. Foi como uma dádiva divina para distribuir a felicidade na terra, para fazer rir (e também chorar) a gente que nunca o esquecerá. Ficará eternamente no coração do seu povo, génio simples, genuíno, modesto.
Foto actual: 'NHARTANGA'
Sentados da esquerda para direita; Afonso santy, Nhartanga, Paulo Inocêncio Vieira (Didi), MaurícioGregório Gomes Dias, Adão Gomes Correia, Manuel Corca só, Aureliano Afonso carvalho (Mário),Eustáquio Furtado Mendonça ( tató),
De pé pela mesma ordem; Júlio Semedo (swift), Valdemar Oliveira, Marcelino Cassama, João de Deus Lima, João Burgo Correia Tavares (Joãozinho), Francisco Gomes da Silva (chico), Manuel de Almeida (d´jinha), Henrique dos Santos Queta (bobó), Luís António Barbosa, Vítor Mendes(treinador), Antero Silva, António Mendes Fernandes (Douglas), Honório Vieira, Lino Domingos Gomes, Pascoal Vaz (sadá).
Por: Kecói Queta
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