PADRE MAIO APOIA MAIS DE 200 ALUNOS EM EMPADA


Padre Maio da Silva

O jovem padre Maio da Silva apoia mais de duzentos alunos no pagamento das propinas no setor de Empada, Região de Quínara, Sul da Guiné-Bissau, através do projeto denominado “Nô Djunta Mon – Nô Misti Bai Escola”, suportado pelo Instituto Padre Vilson Groh (IVG) do Brasil. O objetivo principal do referido projeto é ajudar os alunos com dificuldades financeiras a concluirem pelo menos o 12º ano de escolaridade.
Numa entrevista exclusiva ao repórter do semanário “O Democrata” explicou que aquela iniciativa nasceu depois de uma visita de Padre Vilson Groh ao seu amigo então padre de Empada.
Já na sua segunda deslocação ao setor de Empada, Groh trouxe na sua companhia três jovens brasileiros que tinham como propósito apoiar os filhos daquele setor sul do país nas suas formações, tendo em conta que os estudantes empadenses manifestaram aos visitantes brasileiros as dificuldades que muitos tinham para prosseguir com seus estudos superiores.
Em jeito de resposta, os jovens brasileiros pensaram de imediato em elaborar um projecto de apoio inicialmente para cinco estudantes daquela localidade na sua formação universitária.
“Em 2013, o Padre Vilson abriu-me o caminho para visitar o Brasil, mas não estava claro o que ia fazer de concreto. Mas padre Vilson Groh já me tinha explicado que tem um instituto com seu nome. Mesmo assim não sabia da vocação do instituto, por isso, a minha visita visava apenas conhecer melhor o IVG”, disse padre Maio da Silva.
Maio considera que aprendeu muito com um jovem que ocupa de elaboração de projetos para captação de fundos para o IVG, que conta com vários centros de acolhimento no Brasil. Acrescentando que “depois de três semanas daquela formação intensiva, fizeram-lhe uma proposta que apresentasse algum projeto para verem se tinha aprendido alguma coisa sobre elaboração de projetos de captação de recursos”.
O jovem padre nascido em Bambadinca confessou que não fazia a ideia se seria confrontado com uma situação daquele género, mas não hesitou e apresentou dois projetos: um para apoiar as crianças no período das férias e outro de ajuda aos alunos com dificuldades no pagamento de propinas.
“Pensei o primeiro projeto para as crianças, porque desde 2005, em Bambadinca, trabalhava com crianças no período das férias, assim como quando estava de estágio em Empada, antes de ser ordenado padre, fazia ‘Djumbai’ com crianças, onde ensinávamo-los a fazer rendas, escavar cabaças e fazer ‘Djedares’ ou seja um tipo de pequenas redes que servem para ensaboar e tomar banho. Sobre o apoio aos alunos com dificuldade no pagamento atempado da mensalidade, neste particular lembro que temos um liceu em sistema de autogestão construída por irmãs, mas o Estado é encarregado de colocar os professores. Como conhecedor da escola e das limitações de alguns alunos, decidi fazer esse projeto que iriam apadrinha alguns estudantes”, explicou Maio da Silva.
Depois da elaboração do projeto do padre Maio, decidiram lançar a iniciativa a nível do Brasil, em colaboração com a IVG.
O projeto foi também acolhido por um grupo de jovens provenientes de Curitiba para uma visita em Santa Catarina, fato pelo qual pediram ao padre Maio que se deslocasse a essa localidade para juntos apresentarem o projeto e mobilizarem os fundos para o mesmo.
“O nosso projeto foi aceite no Brasil, principalmente em Florianópolis, (capital de Santa Catarina) e Curitiba (capital de Paraná), onde se concentra o maior número de doadores do Nô Djunta Mon – Nô Misti Bai Escola. Depois do meu regresso ao país, falei com irmã que era administradora da escola e selecionamos os alunos com mais dificuldades financeiras para entrarem no projeto”, notou da Silva.
Contudo,reverendo  Maio deixou claro que a escolha dos estudantes é duma forma dinâmica, dependendo também do empenho do aluno beneficiário. Acrescentou que o aluno pode beneficiar do apoio durante um período e no seguinte dar oportunidade a outro.
O projeto Nô Djunta Mon – Nô Misti Bai Escola alargou a sua atuação, atribuindo materiais escolares aos alunos em quase todo o setor de Empada. Em invés da idéia inicial que era afetar apenas os 200 alunos.
Maio disse que os brasileiros deram-lhe certa liberdade em definir como o projeto deve funcionar no país, tendo em conta que conhece melhor a realidade guineense e particularmente a de Empada.
SETOR DE EMPADA COM FALTA DE CARTEIRAS NAS ESCOLAS
O Inspetor da Educação no setor de Empada, Manuel Sanca, queixou-se da falta de carteiras em algumas escolas daquele setor que conta com 50 professores efetivos, 30 novos ingressos, 32 contratados e 36 contratados pela população, mas dentro deste numero de professores, o Estado paga o salário a 108 docentes.
“Temos falta de carteiras, assim como dos outros materiais escolares, mesmo assim podemos dizer que o ensino no setor de Empada está bem e caminha para melhor, porque há uma melhoria a cada ano que passa, tendo em conta que a população já tem a noção do valor da escola nas suas vidas”, explicou Sanca, acrescentando que o número de alunos e escolas está a aumentar. Revelou que para o presente ano letivo inscreveram-se 6.946 alunos de 1ª a 12ª classe. Destacou a participação feminina que em sua opinião estão a subir de uma forma proporcional.
Manuel Sanca destacou a ajuda que a educação setorial recebe da parte de alguns parceiros do desenvolvimento que atuam naquele setor.
Apelou aos alunos a assimilarem no máximo os ensinamentos dos professores, porque o tempo urge e é dinheiro.

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