BOLSAS DE ESTUDO PARA BRASIL: JOVENS ESTUDANTES ACUSAM ONG NAUP-GB DE BURLA EM MAIS DE 100 MILHÕES DE FRANCOS CFA


Secretário da Comissão de Bolseiros, Bernardino Mango

A Organização Não Governamental, Nações Unidas com um Propósito da Guiné-Bissau (NAUP-GB), supostamente liderada pelo actual Secretário do Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Abel da Silva, terá recebido mais de 100 milhões de francos CFA de um grupo de 253 alunos guineenses para a concessão de bolsas de estudo privadas para Brasília (Brasil), mas até esta data a ONG marcou e desmarcou várias datas para as viagens dos bolseiros.
O Democrata sabe que além do Secretário Nacional do PAIGC que é o líder da organização, também o deputado da Nação que responde pelo nome de Nanatu, igualmente do PAIGC e membro da ONG NAUP-GB, estão envolvidos no caso. Consta que teriam recebido o valor em causa dos alunos há cerca de um ano. O valor seria destinado ao pagamento de taxas administrativas, porém a as bolsas seriam de caráter privado, mas a título de empréstimo.
Cada estudante teria pago uma taxa administrativa no valor de 350 mil francos CFA, com a garantia da NAUP-GB de que a soma seria aplicada na organização dos dossiês, no Brasil e na Embaixada do Brasil na capital guineense. Nos custos estariam incluídos despesas com os vistos de entrada no solo brasileiro, e o avanço do arrendamento de residências para um período de três meses. Os bolseiros teriam pago ainda um valor de 10 mil francos CFA para a inscrição pelos concursos para as vagas nos cursos pretendidos, totalizando dois milhões quinhentos e trinta mil francos CFA (2.530.000 FCA).
O nosso jornal apurou que desde o dia nove de Janeiro passado, a comissão dos bolseiros já moveu uma queixa contra a NAUP-GB no Tribunal Regional de Bissau, mas que até a data desta edição o tribunal não efetuou nenhum contacto com os responsáveis dos bolseiros sobre o andamento do processo na justiça, mesmo com o pedido de urgência feito pela comissão.

De acordo com informações a que o jornal teve acesso, a comissão tentou contactar os responsáveis daquela organização a fim de saber das razões da morosidade no processo das viagens, mas sem êxito. Segundo os estudantes, a direcção da organização nunca se dignou esclarecer a situação e nem sentar-se a mesma mesa com eles.
Ainda declararam que a ONG teria marcado mais de cinco datas para as viagens, mas que ainda se encontram no país sem quaisquer explicações da parte da NAUP-GB. A primeira marcação fora feita para Maio de 2014. Falhada a primeira data, teriam sido feitas novas marcações para os meses de Agosto, depois Setembro, mais tarde Outubro, Novembro, Dezembro e a última foi em Janeiro deste ano.
Os responsáveis da comissão disseram que solicitaram apoios, por cartas enviadas a diferentes personalidades nomeadamente a Ministra da Educação, o Presidente da Assembleia, os líderes das Bancada Parlamentares do PAIGC e do PRS, ao Secretário de Estado do Ensino Superior e Investigção Científica entre outras. Apenas o Secretário de Estado se dignou a responder, tendo garantido à comissão que faria tudo para resolver a situação no mais curto espaço de tempo.
A surpresa da comissão foi a mudança repentina de atitude por parte do Senhor Secretário de Estado. Segundo declararam, no primeiro encontro com os bolseiros o governante mostrara-se preocupado, mas nos contactos posteriores houve momentos em que ficaram perplexos. Isso levou-os a pensar que, além do Abel da Silva e Nanatu da NAUP, poderia haver algumas altas figuras da nossa capital contra quem o Secretário de Estado nada podia fazer. Isso porque o Secretário já não atendia os telefonemas da Comissão e tornou-se difícil conseguir uma audiência com o responsável do Ensino Superior.
Os bolseiros reiteram que estão cansados, que aguardarão por mais uma semana. Mas que se quem de direito, como por exemplo, o Ministério Público ou a Polícia Judiciária, não fizer o seu trabalho, a Comissão agirá pelos seus meios e que os “dirigentes serão responsáveis pelas consequências”.
Os alunos afirmaram ainda que os responsáveis da NAUP-GB teriam aberto uma loja e que ainda teriam comprado uma viatura que opera como transporte misto ligando Bissau e Canchungo. Na semana passada alguns alunos interpelaram o condutor do referido veículo, que também faz parte da ONG, resultando numa intervenção policial. A viatura ficou retida.
JEREMIAS: “NUNCA RECUSAMOS DIALOGAR COM OS BOLSEIROS”
O Secretário Adjunto da NAUP-GG, Jeremias da Silva Gomes, disse numa entrevista exclusiva a “O Democrata” que em nenhum momento a sua organização recusou dialogar com os alunos. Explicou que a demora da viagem tem a ver com questões burocráticas na Embaixada do Brasil no respeitante a emissão dos vistos, sendo que a representação brasileira no país aguarda por sua vez uma autorização do Governo Brasileiro para que possa emitir as autorizações de entrada.
Jeremias sustenta que o objectivo da NAUP-GB é ajudar os alunos da Guiné-Bissau a realizarem os seus sonhos de estudar e formar-se para um dia poderem dar as suas contribuições ao país. Acrescentou que o processo é limpo e que os bolseiros ganharam vagas na Universidade Juscelino Kubitschek na capital brasileira, Brasília.
No caso do cancelamento da viagem no mês de Outubro de 2014, Jeremias revelou que a embaixada do Brasil disse à organização que não emitia vistos para estudantes depois do início do semestre e que na altura o semestre dos cursos já estava em curso.
“A embaixada já garantiu que já enviara telegramas para o Governo do Brasil e que está à espera da autorização para emitir os vistos. Nós estamos a envidar os nossos esforços no sentido de os bolseiros poderem viajar antes do dia 19 de Fevereiro. Estamos a pressionar a própria faculdade no sentido de usar as suas influências junto do seu Governo para desbloquear a situação”, explicou Jeremias da Silva Gomes.
Saliente-se que os bolseiros é que assumiram os custos das suas viagens até ao solo brasileiro. O Democrata sabe que os pais dos alunos em causa estão preocupados com a morosidade dos processos dos filhos apesarem de terem pago as viagens já há um ano. Pedem à ONG a devolver o valor recebido caso não consiga resolver o problema.
Recorde-se que os alunos correm o risco de ficar sem direito às vagas que conseguiram, porque segundo as informações confirmadas pelo secretário adjunto da NAUP-GB, os bolseiros têm até o próximo dia 19 do mês em curso para se inscreverem. Na mesma data serão iniciadas as aulas, mas a ONG promete resolver o assunto dos vistos antes daquela data.

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