Acabar com a fome onde se fala português


Os países da CPLP estudam um plano de erradicação da fome e da subnutrição. Solução passa por apoiar mais o cultivo local de alimentos


Apesar da tendência positiva registada nos últimos anos, a subnutrição permanece como um problema grave nos países lusófonos e que implica que sejam tomadas medidas urgentes. Os números são alarmantes: cerca de 22 milhões de pessoas ainda passam fome na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
 
Para os participantes na primeira reunião extraordinária do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do espaço lusófono (CONSAN-CPLP), que decorreu na semana passada em Díli, Timor-Leste, a estratégia para combater a fome e a insegurança alimentar deve passar pelo fortalecimento da agricultura familiar, já que a grande maioria dos alimentos consumidos nestes países provêm dos pequenos agricultores. Acesso a assistência técnica, tecnologia adequada e compras públicas são algumas das propostas.

O encontro reuniu responsáveis governamentais, organizações da sociedade civil, representantes do sector privado e investigadores dos Estados membros da CPLP, que se sentaram à mesa para discutir formas de combater o flagelo da fome e da subnutrição no espaço lusófono. Resultou na aprovação de um documento, que deverá ser transmitido aos chefes de Estado e de governo dos países de língua portuguesa. Segundo Manuel Lapão, director de cooperação da CPLP, a reunião configurou "o concentrar no tema da segurança alimentar e nutricional, tal como os chefes de Estado aprovaram em Díli, em julho de 2014". Foram validados "mecanismos e directrizes de todos os que intervêm no CONSAN que não Estados, nomeadamente, do sector privado", foi "reformatada a intervenção das universidades e das equipas de investigação" e sedimentada "a cooperação com a sociedade civil". Um passo de extrema relevância, já que a erradicação da fome e da subnutrição implica o envolvimento de todos.

Entre as várias medidas aprovadas e que constam na "Declaração de Díli", o CONSAN decidiu "promover políticas públicas de fomento à produção biológica sustentável e agroecológica" com o envolvimento dos agricultores familiares, bem como "desenvolver programas de inclusão da agroecologia, nutrição e redução das desigualdades de género" nos ensinos primário, secundário e superior.
 
 

 

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