PEIXEIRAS DENUNCIAM "ABSURDO" DE ABASTECIMENTO DE PEIXE VIA SENEGAL



nullA Associação das peixeiras da Guiné-Bissau (Amupeixe) denuncia no passado dia 26 de  outubro "o absurdo" de grande parte do pescado que é consumido atualmente no país vir do Senegal e pede a intervenção do Governo.
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A presidente da Amupeixe, Cadi Nanqui, disse à Lusa ser "um autêntico absurdo" que as suas associadas, mais de 100 mulheres, tenham de se deslocar ao Senegal para adquirir o pescado que é vendido no mercado guineense.

"Nós temos mar, peixe em abundancia, mas nos últimos oito meses não temos peixe que chegue, ao ponto de mandarmos comprar no Senegal. É um autêntico absurdo", afirmou.

"Eles (os senegaleses) capturam o peixe aqui no nosso mar, levam para o Senegal, vendem o da primeira qualidade para a sua gente e a nós vendem-nos o peixe da segunda ou terceira qualidade", denunciou outra peixeira, Mariama Djatá.

A Amupeixe costumava receber mensalmente do ministério das Pescas 150 toneladas de pescado para distribuir pelas associadas, mas segundo Eva Indjai os problemas de abastecimento começaram quando o arrastão chinês Hiphen deixou de atracar no porto de Bissau.

O secretário de Estado das Pescas e Economia Marítima da Guiné-Bissau, Idelfonso de Barros, considera justificada a preocupação das peixeiras mas refere "um processo de mudança em curso" no sector que obriga a que o Estado "deixe de vender diretamente" o pescado capturado, entregando essa tarefa aos privados.

Idelfonso de Barros disse à Lusa que o navio Hiphen deve voltar a operar a partir de novembro, com a promessa de descarregar cerca de 300 toneladas de pescado.

Em vez de entregar ao Estado e este vender às peixeiras, o processo será de venda direta do arrastão aos membros da Amupeixe, adiantou Idelfonso de Barros.

Quanto ao facto de as peixeiras estarem a comprar o peixe no Senegal, o governante guineense entende ser "uma saída possível" encontrada para atenuar a falta de pescado, motivada em parte pelo facto de a pesca artesanal sofrer uma baixa nos períodos de março a setembro, quando os pescadores trocam a faina pela apanha da castanha do caju, uma das principais exportações da Guiné-Bissau.

Mata Nharia, outra vendedeira de peixe, diz que em mais de 20 anos nunca viu tanta dificuldade como aquela que tem enfrentado nos últimos meses e referiu que mesmo quando a Guiné-Bissau viveu um conflito armado entre junho de 1998 a maio de 1999 não enfrentou tantas dificuldades no seu negócio como agora.

Mariama Sanhá diz que quer "esperar para ver" mas sempre vai avançado que o consumidor final é quem acaba por sentir mais a situação na medida em que o preço do pescado "é forçosamente alto".

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