O líder do PAIGC denunciou aquilo que considera de “inverdades” por parte do Presidente da República José Mário Vaz na mensagem proferida ontem à nação, momentos antes da divulgação do decreto que demitiu o governo.
Pereira disse que os factos avançados no discurso do Presidente da República obriga a sua formação política a assumir o desafio de trazer a limpo à praça pública todo o conjunto de factos que esclareçam elementos de desgovernação a que o Chefe de Estado faz referências e que aconteceram nas outras épocas e não período da vigência da sua governação.
O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e primeiro-ministro deposto, Domingos Simões Pereira, disse esta quinta-feira, 13 de Agosto não concordar com a decisão do Presidente da República de derrubar o governo, mas disse respeitá-la.
O Chefe do Governo deposto por um decreto presidencial falava durante uma conferência de imprensa realizada na sede do partido, em reacção à decisão do Presidente da República, José Mário Vaz.
Simões Pereira explicou na sua comunicação que a demissão do executivo é uma prorrogativa da Constituição que assiste o Presidente da República.
“Lamentamos profundamente que neste momento o Presidente da República tenha entendido que as dificuldades de relacionamento não sejam elementos suficientes para justificar esta tomada de posição e tenha feito um conjunto de diligências infundadas e que não correspondam a verdade”, afirmou Simões Pereira.
Em relação à indicação do nome para chefiar o próximo governo, o líder dos libertadores afirmou que os estatutos do partido são muito claros sobre o assunto. “Em caso de vitória nas eleições legislativas o nome indicado para exercer o cargo do Primeiro-Ministro e chefe do governo, é do presidente do partido”, esclareceu.
Em relação à corrupção mencionada no discurso do Presidente, Pereira assegurou que o executivo que dirige não assinou contrato algum desde que assumiu a governação no domínio de recursos naturais.
“O Presidente mencionou o caso da corrupção no seu discurso como argumento e falou de contractos da exploração de recursos naturais. Nós conseguimos provar objectivamente que não assinámos nenhum contrato e fica dificilmente manter qualquer tipo de respeito às palavras do Presidente da República”, contou,
Relativamente ao regresso ao país do Contra-almirante, José Zamora Induta, o ex-primeiro-ministro disse tratar-se de mais uma das inverdades do Presidente da República quando afirma não ter sido informado da vinda do ex-Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas.
“Lamento quando o Presidente da República afirma não ter sido informado sobre o regresso do Contra-almirante José Zamora Induta. O Zamora está no país e pode testemunhar o facto de ter conversado com o Presidente da República, de lhe ter enviado uma correspondência que por sua vez encaminhou para o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas. O segundo elemento é o facto de nós termos um deputado da Nação que intermediou esses contactos entre o Presidente da República e Zamora Induta e que está disposto a testemunhar isso”, afirmou.
Simões Pereira pediu o povo guineense a manter a confiança e esperança no seu partido. Reconheceu que a situação em que se encontra o país é de grande dificuldade, mas mostrou-se esperançado na capacidade de o partido encontrar uma solução que salve o essencial, a paz e tranquilidade
Respondendo à questão de Tabela das Operações Financeiras referida no discurso do Presidente, Simões Pereira explicou que o capítulo da despesa da tabela das operações financeiras não é constituído unicamente de salários.
“Temos a certeza que o Presidente sabe muito bem dessas operações. Qualquer tentativa neste caso, ele corre o risco de não contar a verdade completa. Também corre outro risco de contar alguma coisa de diferente da verdade. Pedimos ao Presidente da República para que corrija os seus dados, pois não são certos”, lançou.
No lugar de 109 bilhões, alegadamente geridos pelo executivo de Julho de 2014 a Julho de 2015, Domingos Simões Pereira avança o valor superior de 118 biliões e promete apresentar proximamente contas detalhadas sobre a gestão do dinheiro.
Acusou o Chefe de Estado de ter ficado desconfortado depois de ter sido informado por uma missão do Fundo Monetário Internacional sobre a performance do governo num período de apenas um ano de exercício.
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