A Praça dos Mártires de Pindjiguiti foi ontem inaugurada em Bissau na presença do presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, do ex-Chefe de Estado de Cabo Verde, Comandante Pedro Verona Pires, do primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, de membros do Governo, algumas individualidades e sobreviventes do “massacre de Pindjiguiti”.
A inauguração da “Praça de Mártires de Pindjiguiti” completamente requalificada, insere-se no âmbito da comemoração de 56⁰ aniversário do referido acontecimento.
Na sua intervenção, o líder do Parlamento guineense enfatizou que a homenagem aos Mártires de Pindjiguiti tem um significado especial na medida em que “já passaram cinquenta e seis anos depois do acontecimento e sempre se repetiu a mesma expressão ao longo de épocas”. Para Cassamá a “história de um país deve ter também rostos”.
Referiu ainda que a história tem que ser a soma de histórias de muitos homens e mulheres que são“figuras anónimas e humildes que fizeram a sua obra não porque quiseram ser heróis mas porque lutaram em prol da justiça social”.
“Não é com uma mesa redonda que construímos o nosso futuro, teremos que ser nós guineenses os responsáveis pelo nosso futuro combatendo a corrupção e moralizando o Estado da República da Guiné-Bissau”, defendeu o presidente da Assembleia Nacional Popular.
Por seu lado, o ministro da Função Pública, Admir Nelson Belo afirmou que a preocupação dos Centrais Sindicais coincide exactamente com a preocupação do executivo, consubstanciada na necessidade de promover a reorganização geral do aparelho de Estado.
“Temos que nos empenhar todos para que o processo da modernização administrativa seja uma realidade com vista a encontrarmos soluções para todos os problemas”, afirmou.
Belo reconheceu o papel da comunidade internacional no acompanhamento do país em sectores vitais para o desenvolvimento e disse que o governo tudo fará no sentido de criar condições para a implementação efectiva da visão traçada no Plano Estratégico 2015/2025.
Em relação ao salário dos funcionários públicos, o titular da pasta da Função Pública, disse que o Governo através de um despacho conjunto dos ministérios da Função Pública, Reforma Administrativa e da Economia e Finanças, criou uma comissão técnica com a missão de proceder ao reajuste salarial dos servidores de Estado.
Na sua comunicação, o governante assegurou que nas próximas semanas o executivo terá uma reunião com o Fundo Monetário Internacional (FMI), da qual se irá debruçar sobre a questão da nova tabela salarial dos funcionários públicos.
O presidente da Câmara Municipal de Bissau, Adriano Ferreira (Atchutchy), pediu na ocasião aos cidadãos guineenses a respeitarem os sobreviventes de “massacre de Pindjiguiti” bem como os que tombaram, mantendo limpa a cidade de Bissau.
Para o Secretário-Geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Estevão Gomes Có, a dimensão histórica do massacre de pindjiguiti reaviva a memória ao trágico acontecimento de 03 de Agosto de 1959.
O sindicalista lembrou que nesta data “mais de cinquenta trabalhadores foram ignobilmente assassinados pelo bárbaro regime colonial português”.
“Essa é uma história que remonta cinquenta e seis anos de tristeza e dolorosas recordações, mas que traz com ela a lição de que, vale a pena ser morto por alguém na luta pela nobre causa do que deixar-se morrer a morte natural na escravidão sem merecida dignidade enquanto ser humano trabalhador e transformador da sociedade”, assinalou o sindicalista.
Este sindicalista afirmou que as aspirações dos marinheiros de Pindjiguiti em 1959 ainda não foram, nomeadamente a criação da melhoria de condições de trabalho e de vida. Defendeu o imperativo da boa governação capaz de restituir a confiança necessária e que estimule os trabalhadores a trabalharem com abnegação para o aumento da produção e da produtividade.
“A desigualdade social entre os titulares de cargos públicos e o trabalhador gerador de rendimento ultrapassa os limites admissíveis para o nosso país. A pobreza e a miséria que atingem milhões de mulheres e homens na Guiné-Bissau, requer uma nova aliança contra a exclusão social, injustiça, corrupção, impunidade e a ociosidade, mas estamos convencidos de que não haverá desenvolvimento económico sem a sustentabilidade social e que, sem ambos, teremos um país, cada vez mais inseguro e mais pobre, apesar de riquezas da sua população e dos recursos naturais que possui”, advertiu o sindicalista.
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