RECADO AOS EMPRESÁRIOS DE FUTEBOL QUE VÃO À GUINÉ-BISSAU


Kecói Queta


Neste caso o difícil é começar. Há tanta coisa para dizer, pequenas coisas, grandes acontecimentos, enfim a situação que de início, nos passa despercebida é que no seu conteúdo são merecedoras de grande reflexão. 

Os ditos Empresários! Chegam a Bissau, bem vestidos despertam a admiração e atenção de quem os via e vê passar e quando entram em contacto com as famílias de jovens jogadores, moral da história: as famílias aceitam na esperança de um dia serem bons jogadores em Portugal.

Mas o mais espantoso de tudo isso, é que quando os jovens chegam a Portugal, apercebem logo, que tudo o que foi dito na Guiné, a maior parte da conversa não correspondia a verdade, alguns conseguem equipas, outros não e mais tarde, esses jovens são abandonados e entregue a si próprios, sem eira e nem beira. Num país estranho e desconhecido; transforma esses jovens saudáveis: em adultos mutilados moralmente carentes. Que sorte lhes espera? 

Esses jovens devem ser ajudados para o desenvolvimento global e harmonioso, nas facetas física, intelectual, emocional, e social, assim como para a sua formação cívica; Proporcionar oportunidades para que os jovens possam viver experiências agradáveis, fazer novos amigos aprender novas habilidades, adquirir hábitos de autodisciplina e aprender a cooperar.

Os ditos empresários! Porque não abrem escolas de futebol em Lisboa ou Porto? A selecção de talentos consegue-se em qualquer parte do mundo; sabem que em Portugal a regra do futebol tem outra exigência as famílias têm conhecimento do mundo do futebol e não correm o risco de serem enganadas, ficando a custo zero. O destino: Num país como a Guiné cuja à situação alimentar da maioria da população é particularmente dramática. Um salário tão diminuto que chega apenas, quando chega para a sua insuficiente alimentação.

Tenham pena dessas pessoas, que trabalham de sol a sol, erguendo a enxada vigorosamente rasgar a terra dura. Merecem ter outro respeito!

Os ditos empresários! Para educador, para o médico, existe a penas uma fidelidade: ao que há de vivo na criança e no jovem e no doente. Se esta fidelidade for estritamente respeitada até os grandes problemas encontram uma solução; a verdade é que todo o médico, sapateiro, mecânico ou educador que queira trabalhar e ganhar o seu pão deve conhecer as suas limitações e ser honesto. 

Os ditos empresários! Já alguma vez pensaram na responsabilidade gigantesca que estes atributos vos conferem; já alguma vez perguntaram a si próprios se pensam correctamente, quer de ponto de vista da trajectória social onde estão inseridos. Nunca vos inquietaram com a possibilidade do que podem estar errados? Mas sim como irá pensar o vosso vizinho com o preço possível da vossa honestidade. Tão cheios da vossa chico-espertice que ganham as paradas, sem olhar para os meios.

Depois de condenar esses jovens à solidão e incerteza, não assumem a devolução ao seu lar e as famílias, ainda têm hábitos de esquecê-los. Seguem o vosso caminho perorando outras asneiras, cometendo outras baixezas, ferindo de novo. Esquecem. Mas é da natureza do grande homem não esquecer nem vingar-se mas tentar entender: a inconsistência do vosso comportamento.

Mas que espécie de homem sou eu? Eu vivendo apenas para o meu trabalho, para minha mulher, para os meus filhos, irmãos e vizinhos os vir ameaçados pelos Espanhóis ou Gambianos, ou quaisquer outros que me imponham a guerra, não será o meu dever defender o que eu amo e me pertence?! Pois claro isso que eu fiz. Tenho uma obrigação moral e ideológica de defender o que é meu.

Creio que com esse governo vai ser possível a criação de uma lei de bases para defender os interesses desses jovens como fizeram alguns países Africanos, quem sai a ganhar é o próprio país. 

Próximo bloco: Qual é a diferença de formação numa Escola de futebol e nos Clubes do futebol

Lisboa 14 de Maio de 2015.

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