Os professores contratados
para as escolas públicas da Guiné-Bissau iniciaram ontem um boicote às
aulas por tempo indeterminado para reclamarem o pagamento de seis meses
de salários, disse um porta-voz da classe, Silvério Kletche.
Em declarações à Lusa, Kletche informou que o boicote vem na sequência das "sucessivas promessas de pagamento de salários, não cumpridas" por parte do ministro das Finanças, Geraldo Martins.
A divida em causa, segundo o ministro das Finanças guineense, é relativa
ao ano de 2013 (ainda durante o período pós-golpe de Estado e antes de o
atual Governo ser eleito) e ascende a mil milhões de francos CFA (1,5 milhões de euros).
Geraldo Martins prometeu a 10 de abril liquidar a dívida com os
professores em duas prestações, sendo a primeira, de 500 milhões de
francos CFA, entregue ainda durante o mês de abril e a segunda antes do
final de maio.
Devido à insuficiência de professores nas escolas públicas, o Governo
tem vindo a contratar novos quadros para o sistema, os quais submete a
procedimentos administrativos antes de serem inscritos nas folhas do
pagamento regular - um processo que chega a levar anos até ser
concluído.
O porta-voz dos professores em boicote disse que Geraldo Martins tinha feito a mesma promessa em 2014.
"O ministro foi para a
imprensa em finais do mês de setembro e prometeu que no prazo de 90 dias
ia pagar a dívida e não foi o caso", observou Silvério Kletche.
Depois, antes do final de dezembro, remeteu os pagamentos para logo a seguir à mesa redonda com os doadores, realizada em março.
O porta-voz dos professores em boicote afirmou que o movimento "não tem qualquer fim político", apenas "visa fazer o ministro cumprir as suas promessas".
Silvério Kletche notou que o boicote às aulas deverá durar "até ao dia em que for paga a totalidade da dívida", situação que, admitiu, irá causar "transtornos aos alunos".
O porta-voz dos professores adiantou que o boicote "já está a ter frutos" na medida em que "várias escolas fecharam as portas", assinalou.
A Lusa confirmou que o Liceu Nacional Kwame Nkrumah, o principal do país, esteve paralisado durante toda manhã.
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