Não basta saber, é preciso "saber fazer"

Educadores devem transmitir não só saber, mas "saber fazer" - ministro Educação timorense.


A formação dos jovens deve transmitir cada vez mais o "saber fazer", com reforço das vias profissionalizantes para preparar melhor os jovens para o mercado de trabalho, disse o ministro da Educação timorense.

"Debater o ensino pela via profissionalizante acaba por ser um desafio que mexe com preconceitos plantados há muito nas nossas sociedades. Temos estado preocupados sobre como transmitir o saber mais (e) muito pouco com o saber fazer", disse Fernando La Sama de Araújo.

"Formamos muitos jovens que não foram preparados para enfrentar o mundo do trabalho e nunca lhes conferimos instrumentos para enfrentar as dificuldades de adaptação aos novos tempos, sobretudo as realidades de desemprego e da mobilidade", considerou.

O ministro timorense falava no arranque de um seminário técnico sobre o Plano Estratégico de Cooperação Multilateral no Domínio da Educação da CPLP, que decorre hoje no salão nobre do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Díli.

Trata-se, explicou, de um momento de partilha de "boas ideias e melhores práticas" dos Estados membros da CPLP sobre uma matéria como a educação, "instrumento essencial para a melhoria de vida dos cidadãos".

Uma agenda "vasta e ambiciosa" que culminará, disse, com a aprovação de um conjunto de documentos essenciais para a cooperação multilateral, no seio da CPLP, no domínio da educação.

E que assenta no reconhecimento das "semelhanças e especificidades dos sistemas educativos dos nove países" da CPLP, a par da "definição de metas realistas" que permitam a sua implementação.

Entre as ideias na agenda, o Governante saudou a proposta para a criação do Programa "Pessoa", uma versão lusófona do programa Erasmus.

"Seria interessante acarinhar esta proposta e ajudar a promover a iniciativa de reduzir a distância física entre os nossos povos. Quem melhor do que os jovens promissores dos nossos países para abrirem a porta comum do futuro", afirmou.

Apesar de não faltarem "boas ideias e projectos interessantes" La Sama de Araújo recordou que "o grande problema da família CPLP" continua a ser a sua implementação, condicionada por factores como as limitações de recursos materiais e humanos.

Ainda assim, disse, dada a natureza estratégica da educação, a CPLP deve ser capaz de procurar encontrar pontos comuns de trabalho para fazer avançar uma agenda multilateral.

No encontro, onde participa também o secretário executivo da CPLP, o embaixador Murade Murargy, os peritos nacionais dois nove Estados membros do espaço lusófono devem aprovar um conjunto de recomendações sobre o Plano Estratégico de Cooperação Multilateral no Domínio da Educação da CPLP e respectivo Plano de Ação (2015-2020).

Intervindo no arranque do encontro, Murargy recordou a importância da reflexão abrangente para analisar instrumentos estratégicos que ajudem a influenciar a qualidade dos sistemas educativos dos Estados membros.

Reconhecendo a dificuldade de articular as especificidades dos sistemas educativos dos nove estados membros, Murargy considerou que é possível "identificar acções de cooperação multilateral orientadas para resultados concretos com vista à melhoria" da qualidade educativa.

O seminário de ontem marca o arranque de uma semana dedicada ao sector educativo, com vários encontros que culminam, na sexta-feira, com a 1ª Reunião Extraordinária de Ministros da Educação da CPLP, sob o lema fomentar a união da CPLP em defesa de sistemas educativos "inclusivos, eficientes e eficazes".

Na quarta-feira decorre um colóquio sobre "Ensino Técnico Profissionalizante na CPLP" e na quinta-feira a IV Reunião Ordinária dos Pontos Focais de Educação.


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