Segundo testemunhas que estavam no barco que levava imigrantes ilegais
da Líbia à costa italiana, discussão religiosa resultou no afogamento de
12 cristãos. Outros 41 morrem em mais um acidente do Mediterrâneo.
Policiais italianos prenderam nesta quinta-feira (16/04) 15 imigrantes
muçulmanos acusados de atirar 12 cristãos ao mar, na sequência de uma
discussão por motivo religioso num barco que os levava para a Itália.
O drama ocorreu no Estreito da Sicília e, segundo a polícia de Palermo,
testemunhas relataram que os muçulmanos, cidadãos da Costa do Marfim,
Mali e Senegal, teriam discutido com cristãos nigerianos e ganeses, em
minoria. Estes últimos acabaram sendo jogados nas águas do Mediterrâneo
e, segundo relatos, todos teriam morrido afogados.
As prisões foram feitas com base nos testemunhos e em fotos tiradas no
momento do ataque. Os acusados deverão responder por múltiplo homicídio,
agravado por ter como motivação ódio religioso. Outros responsáveis
ainda podem ser identificados.
Os sobreviventes contaram que partiram nesta terça-feira da costa da
Líbia, num barco inflável que transportava 105 passageiros. Os cristãos
que sobreviveram só conseguiram permanecer no barco porque formaram uma
"corrente humana" para resistir ao ataque.
Também nesta quinta-feira, outro barco com 45 imigrantes clandestinos
afundou no Mar Mediterrâneo a caminho da Itália. A embarcação foi
avistada por um avião, que acionou o resgate italiano, mas a ajuda não
chegou a tempo de salvar todos a bordo. Apenas quatro passageiros – dois
cidadãos da Nigéria, um de Gana e um do Níger – foram resgatados com
vida.
Segundo os sobreviventes, o bote inflável também havia partido da Líbia,
mas começou a esvaziar assim que a viagem começou. Os quatro foram
levados a Trapani, na Sicília.
Os dois incidentes desta quinta-feira ocorreram apenas quatro dias após
outra tragédia no Mediterrâneo: um barco com 400 pessoas a bordo afundou
também no trajeto Líbia-Itália.
Ao todo, apenas nesta quinta-feira, mais de 500 imigrantes ilegais foram
identificados pela marinha da Itália. A situação levou o governo
italiano a fazer novos apelos à União Europeiab (UE), pedindo ajuda para
o resgate e a acomodação dos imigrantes ilegais, que cada vez mais
arriscam a vida no Mediterrâneo, fugindo de conflitos e da miséria em
seus países de origem.
Em entrevista ao jornal Corriere della Sera, o ministro italiano do
Exterior, Paolo Gentiloni, afirmou que 90% dos custos das operações de
patrulha e resgate marítimos acabam recaindo sobre Roma, e criticou a
ausência de uma "resposta adequada" por parte da UE.
Apenas neste ano, cerca de 20 mil imigrantes ilegais já desembarcaram na
Itália, segundo estimativa da Organização Internacional para Migração
(IOM).
MSB/lusa/afp/rtr/dpa/ap
Nenhum comentário:
Postar um comentário