"Este projecto é importante no quadro da OMGV (Organização para o Aproveitamento da Bacia do Rio Gâmbia, na sigla francesa) que deverá entrar em funcionamento no próximo ano. Cada um dos países membros desta organização deve subscrever a sua cota dentro do programa", declarou Domingos Simões Pereira.
O primeiro-ministro guineense fez estas declarações à imprensa após uma
reunião, no Palácio de Belém, com Aníbal Cavaco Silva, a quem foi
apresentar uma actualização da situação na Guiné-Bissau e "ouvir os
conselhos" do Presidente português.
"A Guiné-Bissau tem uma cota muito importante, se não me engano cerca de
30 megawatts, é algo importante para a Guiné-Bissau nesta fase e, por
isso, chega em boa altura o pronunciamento de alguns parceiros no
sentido de apoiarem a subscrição da cota da Guiné-Bissau para a sua
conexão às duas barragens", afirmou Simões Pereira.
A Guiné-Bissau vai receber um financiamento de 78 milhões de dólares (73
milhões de euros) do Banco Mundial para a construção de 218 quilómetros
de rede de transporte de energia de alta tensão e de dois postos de
transformação em locais estratégicos de distribuição, Saltinho e
Bambadinca.
A concretização do projecto deverá passar agora pelos concursos para
obras e permitirá aproveitar a electricidade que será produzida a partir
deste ano na barragem de Kaleta, na Guiné-Conacri. Ao mesmo tempo
deverá avançar a construção da segunda barragem no quadro da OMGV em
Sambangalou (no Senegal).
Com as duas infraestruturas em funcionamento e com os cabos de
interconexão ligados, o Governo estima que a Guiné-Bissau tenha 40 por
cento das suas necessidades energéticas resolvidas.
A OMGV vai organizar ainda em maio uma mesa redonda de doadores para
construir uma barragem de irrigação agrícola na Guiné-Bissau orçada em
80 milhões de euros.
Sobre a conferência internacional para a Guiné-Bissau, realizada em
Bruxelas em março, Simões Pereira mostrou-se grato pela participação
activa de Portugal, que tenciona assinar até junho um novo programa
estratégico de cooperação com o país africano num montante de cerca de
40 milhões de euros.
No total, a comunidade internacional irá mobilizar uma ajuda à Guiné-Bissau de mais de mil milhões de euros.
Segundo o primeiro-ministro, "outro dos aspectos importantes que é
compreender qual é a forma física deste 'cheque' e como é que se montam
as estruturas para uma implementação cuidada e criteriosa deste
pronunciamento que a comunidade internacional fez. Há um trabalho a ser
feito e a comunidade internacional se afirma disponível a trabalhar
connosco (..)."
"Nós apresentamos em Bruxelas 151 projectos. Isto poderia ser
considerado uma lista de intenções. Nós, neste momento, estamos a
trabalhar com a perspectiva de nos próximos três meses convocar um fórum
económico, no qual esperamos poder desenvolver programas específicos.
Um 'business plan' para cada um dos projectos que aí apresentamos",
afirmou.
"Sempre chamamos a atenção que nós não desenvolvemos um plano
estratégico para a mesa redonda. Nós apresentamos uma visão de futuro,
desenvolvemos uma visão estratégica e agora estamos a implementá-la",
assinalou, dizendo que todas as componentes são importantes.
O primeiro-ministro também disse que o lançamento da campanha da
castanha de caju, nomeadamente o ano agrícola e sua a comercialização,
será no sábado, lembrando ainda que é um "produto estratégico" para a
Guiné-Bissau.
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